Cartas Em Chamas. escrita por Hitomi Ai


Capítulo 6
Alguém de bem




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A enfermeira falou que eu poderia tirar os curativos em dois dias. Com a ajuda de Louis e Zain, consegui voltar para o nosso dormitório. Eu estava relaxado. Como se eu estivesse extravasado toda a minha raiva naquela luta. Sorri um pouco.

– O que foi, Masao? –Perguntou Zain.

– Nada, é que... De alguma forma me sinto relaxado. Não sei explicar. –Respondi enquanto olhava um pouco para cima.

Comecei a ter um ataque de riso. Mas eu não estava feliz. Por dentro eu estava gritando. Por que estava rindo, será?

– Chegamos. –Disse Louis.

Quando chegamos, fui posto em minha cama. Louis abriu o guarda-roupa, e tirou uma mochila. Pus meu braço direito sobre meu rosto. Até que fui surpreendido.

– Aqui. –Disse Louis, me oferecendo uma comida que parecia pão. Só que mais redondo.

– Pão? –perguntei, enquanto segurava o alimento.

– Sim, mas está enfeitiçado. Quando você comer, irá expressar todos os seus sentimentos mais sinceros.

Achei que aquilo poderia ser bom, já que, não queria continuar rindo quando na verdade me sentia péssimo.

– Obrigado... –Eu disse enquanto dava a primeira mordida.

– Vai ser bom para você. –Disse Zain me enviando um sentimento positivo.

Me encostei na cama. Comecei a comer lentamente. De repente então, não fiquei mais com vontade de rir. Fiquei sério por uns instantes. Pus minha mão esquerda um pouco abaixo do meu rosto e senti minhas lágrimas caindo. Comecei a chorar. Então eu abaixei minha cabeça.

– Isso... Isso é o que eu realmente estou sentindo, não é? –Perguntei.

– Sim. –Louis respondeu enquanto sentava ao meu lado.

– Então eu devo estar muito deprimido mesmo... Eu queria que alguém apagasse as minhas memórias. Assim talvez eu consiga continuar em pé, daqui para frente.

– Você sabia? Louis tem uma incrível capacidade de confundir memórias das pessoas! –Disse Zain enquanto comia um pacote de jujubas.

Olhei para Louis que estava bem ao meu lado.

– Zain! –Gritou Louis.

– Foi mal, foi mal, mas é que como temos uma aliança, achei que não devíamos esconder isso do Masao. –Zain se defendeu pondo suas mãos para o alto, ironicamente.

A atmosfera estava ficando sinistra.

– Por que você está de ironia hoje, Zain?! –Disse Louis, cerrando os punhos.

– Calma, eu não fiz nada demais. –Zain continuava ironizando.

Louis ficou visivelmente irritado. Então partiu para cima de Zain. Mas de alguma forma, meus reflexos foram muito bem apurados, então no momento em que percebi que Louis ia para cima de Zain, pulei da cama com tudo, sem me importar com meu ferimento, para intervir naquela briga. Momentos antes de Louis acertar Zain, eu me pus na frente, evitando que Louis fizesse alguma coisa à ele. Mas em compensação, eu levei o soco em seu lugar e caí com tudo no chão.

Nesse exato momento, os dois arregalaram os olhos. Acho que não esperavam que eu fizesse isso.

– Por que você fez isso, idiota?! –Disse Louis.

Tentei levantar. Pus minha mão em meu nariz, que estava começando a sangrar de leve.

Zain ficou paralisado. Me aproximei de Louis, cambaleando.

– Eu... Precisava impedir vocês dois de brigarem. –Eu disse de cabeça baixa.

– M-Masao! Isso foi totalmente desnecessário! Seu estado físico já está ruim, só vai piorar! –Disse Zain.

Quando finalmente cheguei mais próximo possível de Louis, levantei minha cabeça e abri um sorriso, tentando ignorar o fato de meu nariz estar escorrendo sangue.

– Afinal, temos uma aliança, não é? –Eu disse.

Logo em seguida eu dei uns passos para trás, com a cabeça baixa. Me sentei na cama.

De repente ouvimos batidas na porta. Zain foi abrir para ver o que era. Ele olha para baixo e vê uma bandeja de prata. Em cima havia um kit médico, e estava escrito “Para Masao se recuperar de seus ferimentos.”

– Olha, Masao, é para você. –Diz Zain.

– Para... Mim? –Pergunto um pouco surpreso.

Zain vem trazendo a bandeja com o kit médico para mim. Eu abro. Não há remetente. Será que era da enfermaria?

Pego um pouco de algodão para limpar o sangue do meu nariz. Em seguida coloco um curativo, pelo menos para amenizar.

Me dirijo para a porta. Quando coloco a mão na maçaneta, Louis me pergunta:

– Aonde você vai?

– À enfermaria. Quero saber se foram eles que me enviaram isso. –Respondi sem olhar para trás.

– Tome cuidado! –Disse Zain.

A enfermaria não ficava muito longe do dormitório. E eu ainda não conseguia acreditar que havia uma enfermaria aqui nesse inferno.

Quando cheguei na parte em que precisaria atravessar o campo de batalha, reparei numa coisa: Não havia ninguém treinando. Estava tudo deserto. Então pude atravessar o campo de batalha tranquilamente.

Nada estava em ruínas. Estava perfeito. Na verdade, parecia que estava mais brilhante; mais vivo. O cheiro de sangue havia desaparecido, as marcas de luta também. Parecia que havia sido reformado. Quando andei um passo à frente para o campo de batalha senti uma energia muito forte. Parecia almas. Tentei ignorar.

Finalmente cheguei à enfermaria.

– Com licença...? -Eu disse enquanto batia na porta.

– Entre, por favor. –Disse uma enfermeira. –Ah, você é o garoto de ontem?

– Ah, sim...

– Há algum problema com seus ferimentos? Voltaram a doer?

– Na verdade não. Eu vim apenas fazer uma pergunta.

– Oh, uma pergunta? Prossiga. –Ela disse enquanto se sentava em uma poltrona.

– Vocês costumam mandar um kit médico para os jogares?

– Não, na verdade... Apenas se alguém pedir. Mas geralmente nós tratamos das feridas dos jogares aqui mesmo na enfermaria. Por que?

– Ah, por nada. Bem, então é isso, obrigado.

– De nada. –Ela disse sorrindo.

Fiquei pensando. Se não foi a enfermaria, então... Quem poderia ter mandado um kit médico para mim?

Nisso J aparece na minha frente.

– Aaah! De onde você surgiu?! –Perguntei espantado.

– Olha se não é o novato que ficou popular em toda Cartas Queimadas... –Ele disse enquanto tirava sua cartola.

– Eu? Popular? Nem sei como tudo aquilo foi acontecer.

– Você poderia me acompanhar? –Ele me convidou. Mas senti que era uma obrigação.

– S-sim.

– Há alguém querendo lhe ver. –Ele sorriu.

Não poderia imaginar quem seria. Não tenho amigos aqui nesse mundo. Apenas Zain e Louis, ninguém mais. Me senti um pouco nervoso.

– J, há chance de alguém ser possuído aqui nesse mundo? –Perguntei.

– Na verdade, só se o jogador for alguém que fez um pacto com algum demônio. Mas isso é extremamente raro. Isso se tornou proibido aqui em Cartas Queimadas por conta de haver uma grande concentração de demônios ruins.

– E existe demônios bons...? –Franzi a testa.

– Sim sim, claro que há! Existe um belo exemplo aqui.

Então J parou de andar. Colocou a mão no bolso e tirou um guarda-chuva.

– COMO VOCÊ FEZ ISSO?! –Recuei um pouco.

– Aqui nesse mundo nós precisamos dos meios menos comum para poder sobreviver. As nossas façanhas.

Então ele me puxou mais para perto de si e abriu o guarda-chuva.

– Mas o que...

– Segure-se!

Então nós começamos a ir em direção ao céu/teto (não sei exatamente o que é). Velocidade máxima. Gotas d’agua começaram a cair de nuvens. Parecia chuva, mas não era. Até que chegamos num local totalmente decorado de prata, com fortificações gregas, algo que parecia um palácio. Mas no fim havia uma garota. Aquela mesma garota que abriu asas no dia da luta!

– Aqui está ela. Vou deixar o local por algum tempo. Qualquer coisa me chame! –Disse J, mas quando virei a cabeça, ele já havia ido embora.

– Você é Masao Hikari? –Disse ela enquanto levantava de algo parecido com um trono real.

– S-sim. –Respondi.

Ela estava diferente de antes. Ela não parecia tão fria. Então ela abriu um sorriso.

– Prazer em conhece-lo, meu nome é Lya.


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Notas finais do capítulo

Nossa, finalmente o capítulo 6! Agora que eu acho que a história vai "entrar em chamas" (risos). Essa história foi graças a um sonho que eu tive no sábado de madrugada, mas eu ainda não vou contar para não estragar a surpresa! Enfim, nunca achei que dormir fosse ser tão importante! (mais risos) Espero que tenham gostado!



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