The Big Four - As Legiões Colidem escrita por River Herondale


Capítulo 46
|Merida| Proud to be who I am


Notas iniciais do capítulo

Ooooooooooooooooi legionários!
Então, aqui está mais um capítulo da reta final da fic, espero que gostem :D



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Toda a fumaça em sua volta dissolve e Merida então consegue ver onde está.

A guerra estava ocorrendo no exato momento. Merida soltou um leve grito quando viu um cavalo morto estirado no chão todo ensanguentado. As casas estavam em fogo, gritos de mães desesperadas eram agonizantes e crianças andavam perdidas entre tanta poeira e violência.

Olhando mais atentamente ela se localizou: estava no território da Legião da Água.

Não era muito diferente da sua, na verdade. Haviam casas, lojas e árvores. Mas a arquitetura era claramente diferente. As casas de sua Legião eram na maioria das vezes feita de pedras escuras que suportavam o fogo. O deles era feita de teto de madeira e parede dura de pedras claras e polidas.

O que foi um erro. Todos os tetos pegavam fogo.

Merida sentiu uma súbita raiva ao chegar à conclusão de que seu pai, sua legião, é que estavam incinerando as casas daquelas pessoas. Como podiam? Eles também tinham vidas!

Merida ignorou os olhos assustados que a analisavam enquanto ela corria entre o caos a procura de seu pai. Estaria louca? Provavelmente, porque a chance de vê-lo entre tanto fogo e pessoas era uma missão impossível.

Ou nem tanto.

Merida imaginou que seu pai, como o rei, deveria estar em um lugar de prestígio. Todos corriam em direção a longe dos cavaleiros, mas Merida ia adiante, adentrando entre o perigo da guerra. Merida se incomodava com todos os olhares julgando-a enquanto passavam. Era porque ela estava caminhando até a guerra? Era porque ela era da Legião inimiga?

Não. Era porque estava com as pernas inteiras a mostra.

Merida ficou estupefata. Era sério isso? Eles se preocupavam mais com o fato de ela estar com a saia do vestido cortado do que com o perigo da guerra? Que mundo é esse?

Ignorando os olhares que iam diretamente aos seus joelhos, Merida começou a correr entre os cavalos. Um cavaleiro gritou raivoso a ela:

– Saia daqui, sua prostituta! Não há nada que uma coisa suja como você deva estar entre tantos homens honrosos.

Merida não podia acreditar no que ouvira. O pior é que o cavaleiro era de sua Legião. Ela levantou o olhar de um modo confiante e nobre e disse com segurança:

– Você deveria pensar mais antes de falar asneiras. Olhe para mim, olhe bem para mim e diga que sou.

O cavaleiro pareceu estremecer por trás da barba cheia, ele pigarreou e disse:

– Não pode ser.

– O que não pode ser, seu insolente?

– Você está morta. A princesa está morta.

– Aonde você tirou a ideia de que eu estou morta?

– Foi Sir Griflet. Sir Griflet nos trouxe seu arco e flecha em prova de que morrera. Ele estava arrasado, tinha até um cacho da senhorita.

– Aquele mentiroso... – Merida estava toda vermelha de raiva.

– M-me desculpe, senhorita, por chama-la de prostituta. Mas suas saias estão tão...

– Estão nada. São apenas pernas, vê? Garanto que já viu muitas, principalmente abertas para você. – Merida estava irritada demais para conversa mole.

– Princesa...

Ela sabia que fora vulgar, mas e daí? Tinha pouco tempo.

– Desça do cavalo.

– Sim majestade

O cavaleiro desceu e Merida subiu de modo estabanado. Sentou-se com tudo, mesmo que isso significasse que sua saia iria subir alguns centímetros, revelando mais de sua cocha.

O cavalo levantou as patas dianteiras quando ela começou a pegar velocidade, empurrando todos os cavaleiros ao seu redor. Ela não se importava, apenas precisa chegar até seu pai e pará-lo.

O rosto de todos era um borrão. Estava totalmente focada em achar o corpo grande do pai.

Em uma grande praça estava seu pai encarando um homem que obviamente era o rei. Dois reis apenas se olhando enquanto toda a guerra acontecia, seus homens se matando, a Legião do Fogo ateando fogo em todas as casas, pessoas inocentes perdendo suas vidas por um problema tão fútil. O que levara essa guerra, afinal? Após o ataque no noivado tudo começara, mas qual era a razão maior?

– Pai! – gritou Merida. Fergus virou a cabeça bruscamente junto com rei Akvo. Pareciam animais selvagens com suas expressões ferozes.

A expressão de Fergus suavizou quando viu sua filha. Ele não tinha palavras para aquele momento, mas o olhar já explicava: ele também achara que ela havia morrido.

– “você sequestrou minha filhinha, eu quero ela de volta caso o contrário eu destruo sua Legião.” – zombou Akvo. – Sério mesmo? Sua filha tá bem ali, montada em um cavalo mostrando toda a perna.

Fergus não se importava. Sua filha estava ali, sua garotinha.

Merida não perdeu tempo. Estava emocionada mas o tempo era curto.

– Os senhores tem que me escutar. – Merida começou a falar, pulando do cavalo e indo até seu pai e rei Akvo, que estavam em frente ao castelo real, que ficava bem na praça principal. – Breu, o deus, está de volta.

Alguns cavaleiros que lutavam por perto ouviram e ficaram quietos para escutar. Ela precisava ser convincente.

– Há dezesseis anos ouve uma profecia. Pai, o senhor sabe disso!

Fergus fez que sim com a cabeça, envergonhado de ter escondido.

– Não há mais tempo a perder. Os deuses estão presos e precisam de nossa ajuda. Breu quer que nós guerreemos um contra os outros. Mas está errado! Nós nos completamos, precisamos nos unir e agir contra esse ser maligno que quer extinguir nossas vidas para governar.

Fergus parecia bem convencido das palavras de Merida, mas Akvo não. Akvo aproximou-se da garota e falou com total confiança:

– Como posso acreditar em você? Como posso saber se não é um plano para que minha Legião saia perdedora?

– Vê esse arco na minha costa? Foi dada pelos deuses. Vê essas manchas, esses machucados pelo meu corpo? Eu lutei. Eu luto. Agora, vê o que está acontecendo em sua volta? O caos está nos matando, rei. E não sobrará ninguém para você governar.

O rei estremeceu de raiva, mas assentiu com a cabeça. Se distanciando da garota, ele exclamou:

– Deveria ter vergonha de ser quem é. Enfrentando homens como se fosse párea! Uma sem vergonhice andar por aí com esses cabelos soltos entre o rosto e essa saia curta como uma selvagem! Deveria ter mais respeito com seus superiores.

Um grunhido saiu de trás de Akvo. Fergus com a espada empunhada na mão correu até o rei da Água pronto para acertá-lo. Antes que agisse, disse:

– Vire-se e olhe em meus olhos e repita tudo o que disse.

– Pensei que seria covarde e me mataria pelas costas. – comentou Akvo com sarcasmo na voz.

– Eu quero ver seus olhos perdendo o brilho quando eu enfiar minha espada dentro de você.

– Será uma honra ter essa luta com você. – Akvo empunhou sua espada, lutando frente-a-frente com Fergus. Merida queria pará-los, mas como? Sabia que seria pior tentar interferir naquele momento.

De trás dela houve mais barulhos estrondosos. Seres negros feitos de fumaça surgiram com espadas. Começaram a lutar contra as duas Legiões inimigas, matavam facilmente e pareciam não ter vida.

A tropa de Breu havia chegado.

Fergus se distraiu momentaneamente para ver o que acontecia. Ele se virou bruscamente, espantado com aqueles seres estranhos lutando. Será que agora Akvo se convenceria de que Merida falara a verdade?

Por conta da distração de Fergus, Aquilo aproveitou e enfiou sua espada na panturrilha do rei. Fergus estrilhou de dor, agachando-se para tocar a perna ferida. Akvo riu amargamente:

– Está fora de forma, hein, Fergus?

Sangue escorria compulsivamente, o ferimento era horrível. Mas Fergus demonstrou coragem ao se levanter mesmo com a dor estridente e olhar no fundo dos olhos de Akvo.

– Seu covarde... – Um movimento com a espada foi certeiro, enfiando a ponta da lâmina na barriga de Akvo profundamente, a ponta aparecendo nas costas do rei. – Suas mentiras acabam aqui.

Lágrimas brotaram nos olhos de Merida, pois acompanhara toda a cena. Era horrível ver seu pai ser ferido, mas ver seu pai doente de vingança, matando um homem era pior. Merida correu até o pai e o abraçou forte. Akvo apoiou-se na filha, reprimindo gritos de dor na perna.

– Pensei que nunca mais te veria. – revelou Fergus enquanto segurava nos ombros da filha.

– Eu pensei o mesmo, papai. – Merida soltou um suspiro aliviado. Parecia não ter respirado por segundos.

– Me explique o que está acontecendo.

– Preciso ser rápida. Falta muito pouco, acredito que menos de dez minutos para Breu estourar todos os castelos e levantar o seu. Preciso que pare a guerra e que convença que todos lutem juntos contra a tropa do Breu. É temporário até matarmos ele, pai. Preciso que faça isso rapidamente.

Fergus assentiu e beijou o topo da cabeça da filha.

– Estou orgulhoso de você.

Merida ajudou o pai a subir no cavalo. Era impossível ele andar por conta da dor na panturrilha, mas cavalgar amenizaria o sofrimento. O cavalo relinchou. Antes de partir, Merida perguntou ao pai:

– Orgulhoso mesmo que eu nunca queira casar, que não saiba cozinhar nem costurar? Orgulhoso mesmo que esteja vestida de modo desonroso?

Fergus sorriu de modo grande ao responder:

– Principalmente por isso.


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Notas finais do capítulo

Vou deixar umas coisinhas aqui:
1. Por que todo esse preconceito com a Merida? Antigamente as garotas como todos sabem, sofriam muito com esse negócio de inferioridade. Não podiam falar de igual para com homem (muitas nem falavam com homens se não fosse da família) e nunca tinham voz ativa. Pouquíssimas mulheres eram ousadas o suficiente para quererem trabalhar, não casar e ter seus próprios direitos. Acho triste uma mulher depender de homem e a Merida é a representante #GirlPower da história, mostrando dependência desde o momento que seu melhor amigo é garoto, não querer casar e claro, preferir uma arma do que uma colher de pau pra mexer na panela. Eu amo a Merida por isso, é toda contraditória, mas não perde sua feminidade. O ato de "cortar a saia" foi um grito de liberdade que eu amei escrever, mas o preconceito é explícito na história! Enfim, falei demais.
2. Eu sei que usei um termo forte no meio do capítulo, mas estava doidinha para escrever algo sujo, hehe
3. Espero que não esteja ficando confuso.
Podemos conversar nos reviews? Claro, né! Beijin