The Big Four - As Legiões Colidem escrita por River Herondale


Capítulo 34
|Jack| The first cry


Notas iniciais do capítulo

Eu sei, eu sei... Eu estou extremamente atrasada, mas tenho motivos!
Primeiro: fiquei sem internet a semana inteira.
Segundo: semana de provas.
Terceiro: não tem terceiro.
Eu gostaria de agradecer aos reviews passados e confesso que embananei toda nele, hehe, vamos para um capítulo novo? Espero que gostem ;)



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Os pensamentos de Jack estavam enevoados de tantos pensamentos, porém nenhum se concretizava. Rapunzel, a profecia, Rapunzel, o recado do mal, Rapunzel, seu destino.

Rapunzel.

Era difícil acreditar em como tudo estava indo contra ele. Tanta maldade, tantas dúvidas! Ele apenas desejava que pelo menos uma, uma coisinha fosse esclarecida a ele.

O vento soprava seu rosto enquanto ele corria. Era difícil correr enquanto tremia de aflição e principalmente quando você está tão mentalmente cansado. Mas ele não podia parar, ele tinha que ver como estava Rapunzel.

O som das asas de Jamie batendo próximo a ele acalmava, pelo menos. A bela águia voava com confiança e poder, algo que em Jack faltava. Ele estava com medo.

Era sempre assim: Jack pegava seus sentimentos e os enterrava no mais profundo lugar de seu coração para eles não afetarem sua sanidade. O coração ao mesmo tempo em que é o nosso maior aliado ele também é o nosso maior inimigo.

Quando chegou à cabana, suas pernas tremiam descontroladamente. Ele poderia desabar ali mesmo, mas sua maior preocupação naquele momento era achar Rapunzel.

Soluço já havia chegado. Ele esperava na frente da cabana, claramente exausto e tão cheio de pensamentos quanto Jack. Ele alimentava o cavalo roubado e conversava silenciosamente com o pai. Stoico parecia preocupado.

Quando Stoico notou que Jack chegara, ele correu até ele e o encarou:

– Você está bem? Está branco...

– Eu sou bem branco, na verdade. – respondeu Jack, tentando arrastar seu pavor para fundo e se concentrar em seu lado imponente. – Mas sim, eu estou bem. Um grande baque, apenas.

– A deusa te deu uma profecia?

– Deu. Quando todos chegarem eu conto melhor.

Stoico o olhou docemente, até com um pouco de pena, o que irritou levemente Jack. Antes de ele sair, Stoico o abraçou.

– Fico feliz que esteja bem, filho.

Jack levantou os braços para retribuir o abraço e deu tapinhas na grande costa de Stoico. Ele adorava Stoico, mas a sensação paterna era algo ainda bem estranho a Jack. Seu tio Elijah nunca era carinhoso e compreensível.

De trás de Jack, o barulho de cavalo se aproximou. Quando ele se virou após se soltar do abraço, ele notou que era Merida que havia chegado.

Ela parecia tão cansada quanto ele. Seus cabelos estavam molhados de suor e seu vestido todo amarrotado. Quando ela pulou do cavalo, Rapunzel chegou.

Ela vinha andando tranquilamente e seus olhos estavam esbugalhados. Jack imaginou se a deusa havia dito algo de ruim a ela. Mas de todos, ela era a mais controlada, o que era estranho.

Rapunzel cheirava bem, comparando com os três. Seus cabelos longos cheiravam a flores enquanto Soluço cheirava suor e Merida a... carvão? É. Ela cheirava a carvão.

Rapunzel provavelmente notara os olhos espantados, pois imediatamente sua expressão ficou rígida. A garota de cabelos longos correu para se aproximar de Jack e o abraçou.

Jack ao sentir os braços delicados de Rapunzel envolvendo seus ombros (ela não chegava até o pescoço, já que era bem menor que Jack), ele a distanciou. Ele precisava deixar de amá-la. Precisava mostrar ao tal mal que não, ele não amava ninguém para tirar dele.

Rapunzel o encarou com seus grandes olhos verde com decepção aparente. Isso cortou o coração de Jack ao meio, mas ele se conteve, desviando do olhar persistente da garota. Droga, pensou Jack, sempre os olhos.

Merida sussurrava algo para Soluço, o qual Jack não pôde ouvir. Alguns minutos depois, os quatro estavam sentados na cozinha, contando sobre o que tinham acabado de ouvir.

A primeira foi Merida. Ela contou em como chegara até a caverna, em como era quente e descreveu detalhadamente a aparência do grande deus Muspelheim.

– Então sua profecia diz que você nos une e um terá que nos guiar em um grande problema? Isso não me reconforta. – disse Soluço, quando Merida terminou de falar.

– Eu estou preocupada – comentou Rapunzel, que passava a mão pelos longos cabelos, como se isso a acalmasse. – Nuvens negras de desespero? Espero que seja apenas uma metáfora.

– Eu também, Punzie. Mas eu tenho mais medo sobre o que quer dizer a tal “escolha importante” que farei. Eu... não posso fracassar.

Em seguida, Rapunzel começou a falar. Ouvir sua voz que antes para Jack era reconfortante, agora era doloroso. Ele tentava agir normal, mas estava claramente inquieto. Ele batucava na mesa com os dedos longos descontroladamente e chacoalhava seus pés em ritmos diferentes.

Era impressionante a descrição de Rapunzel sobre o jardim, a árvore e a deusa. Pelos olhos brilhantes da garota, Jack pôde imaginar que de todos os templos, esse era o mais simpático.

– O que mais me surpreendeu é que apenas eu tenho o poder de cura – disse Rapunzel, olhando para todos com surpresa aparente.

– Sua Legião é ótima em cura, mas nada instantâneo como o que você fez com o pai de Soluço. Realente, seu poder é superior. – Disse Merida, delicadamente. – Mas o que me incomoda é que a deusa disse que seu poder apenas existe enquanto você ama? Isso é realmente estranho.

Rapunzel lançou um olhar para Jack, como se o lembrasse de que o ele era o que ela mais amava. Isso o preocupou mais ainda, porque se ele fosse estúpido de continuar a amá-la, ambos iriam ser vítimas do mal...

Não bastava ele parar de amá-la. Ela também deveria esquecê-lo.

Antes que Jack pudesse pensar em mais modos de salvá-la, Soluço começou a contar como conseguira sua oferenda, em como ela voara para longe e principalmente em como Banguela se tornara belo como a oferenda.

– Ele disse que eu tenho que usar meus entendimentos estratégicos, já que sou o cérebro da equipe. Eu achei estranho, pois nunca fui um dos mais inteligentes da minha idade...

– Mas você é bem esperto, Soluço. O modo como você consegue encontrar soluções são realmente brilhantes! Um... amigo meu é bem inteligente, porém um pouco lento em momentos de pressão. Você sabe, Soluço, que há uma grande diferença entre inteligência e esperteza. – Merida ao dizer a palavra amigo, ela vacilou. Algo dizia a Jack que o tal amigo era aquele Elliot que a beijara durante a fuga no noivado.

Ao notar que só faltava ele para contar sua visita ao templo, Jack suspirou, batendo mais forte com os dedos na mesa, o que assustou a todos. A julgar pelos olhares dos amigos, ele deveria estar parecendo um maluco.

– Ótimo, vamos começar. Bem, não foi muito diferente da experiência de vocês, na verdade. Eu fui guiado pela natureza e blá blá blá, cheguei em uma caverna e cortei uma estalactite e blá blá até que finalmente a natureza me levou para o templo.

Rapunzel estendeu a mão pela mesa e a pousou em cima da mão de Jack, o que fez com que Merida arregalasse os olhos de surpresa. Ela com seu olhar carinhoso, pediu:

– Você poderia ao menos agora ser menos indiferente, por favor? Isso é importante.

Jack puxou a mão e a colocou em seu colo, secando-a na blusa, por mais que não estivesse suada. Ele apenas queria se livrar dos últimos vestígios de Rapunzel.

– Beleza, a pedido da loirinha eu vou ser, hm, menos indiferente. – essa palavra o incomodou. – A deusa surgiu a mim em um redemoinho e disse o quanto lamentava da minha desgraça de ter perdido minha memória e como nossos sofrimentos são recorrentes ao tal mal. Ela sabe meu passado, ela sabe sobre mim, mas não pode me contar.

Então Jack começou a pronunciar sua profecia enquanto seus amigos prestavam atenção com os olhos arregalados.

Jack decidiu naquele momento que não contaria sobre o mal. Por mais que eles tivessem prometido um ao outro não manter segredos, esse em especial ele tinha medo de dizer. Jack sentiu que, se contasse, seu plano de tentar salvar Rapunzel falharia.

Jack se sentiu egoísta por pensar nisso, mas era o que ele tinha no momento. Jack afastou o pensamento rapidamente da cabeça e encarou Rapunzel.

– Posso falar um pouco com você? – ele perguntou, se dirigindo a ela, que levantava da cadeira após a reunião entre os quatro.

– Claro. O que é? – Rapunzel perguntou, cruzando os braços na cintura, levemente incomodada. Será que ela percebia que Jack estava diferente? Jack esperou que não.

– Tá, mas não aqui. Venha comigo. – Jack disse a última palavra enquanto se virava para sair da cabana, a fim de conversar a sós com ela.

Jack a levou para longe da cabana. Eles se sentaram em umas rochas perto de árvores longas e com copas cheias. O dia estava indo embora, o sol se despedia, dando espaço para sua mais antiga companheira, a lua. Jack não sabia por que, mas a lua o cativava.

Rapunzel estava mudada. Desde o dia em que se conheceram, a garota havia amadurecido rápido demais. Da garota inocente e impressionável do primeiro dia em que Jack a vira nas pedras, ela agora mostrava confiança e competência. Mas nesse momento em especial ela havia voltado a ser como antes: tímida e sem confiança.

Jack achou que seria brutal neste momento contar a ela sobre o rompimento, mas era agora. Por mais que isso fosse deixa-la arrasada, era o único modo. Ele. Precisava. Terminar.

– Rapunzel, eu...

– Você está escondendo algo. – disse Rapunzel o interrompendo.

– Não! Quer dizer, eu...

– Por favor, Jack Frost, fale logo! – pediu Rapunzel, serrando o punho. Ela parecia sem paciência.

– Você está brava comigo? – perguntou Jack, inocente. Ele se arrependeu das palavras imediatamente. Ele precisava terminar com ela, não reconfortar.

Rapunzel ia responder, mas recuou, cobrindo os olhos com a manga de seu vestido. Ela parecia mal.

– Eu não aguento a pressão, Jack.

– Eu sei que não é fácil.

– A deusa me disse que eu nunca deveria ter ficado presa na torre. Ela me disse que tudo está errado. Eu deveria estar sendo enganada... Eu e minha mãe estávamos sendo enganadas.

Jack sentiu vontade de reconforta-la, mas não podia. Ele apenas a olhou com doçura e tamborilava os dedos inquietos nas pernas. Ela não conseguia parar de mexer os dedos.

– Mas por que você acha que escondo algo? – perguntou Jack, um tanto bruto. Se ele queria que ela parasse de amá-lo, ele teria que se esforçar para ser bem insensível. – Há algo sobre mim que eu não saiba que te deixou irritadinha? – A última palavra soou como um deboche.

Rapunzel ergueu os olhos para encarar Jack. Ela parecia que tinha cido atingida por um cabo de vassoura no meio da costela. Ela parecia decepcionada com Jack.

– Você quando está nervoso, tamborila os dedos. Você pode não mostrar, mas você sente.

– Sinto o quê? – perguntou Jack, sentindo-se exposto. Ela realente sabia mais dele do que ele próprio.

– Sentir. Você tenta, mas a verdade é que você é movido a sentimentos.

– Eu não preciso disso. Sentimentos são para pessoas fracas e impressionáveis.

– Mas você é movido. Não tente mentir, Jack. Você age por amor.

Isso doeu profundamente em Jack. Parecia que seu muro resistente construído para ele ser inatingível estava sendo derrubado. Ele não podia deixar que os sentimentos o influenciassem em sua decisão.

– Eu te chamei aqui, Rapunzel, porque eu tomei uma decisão. – disse Jack, ignorando o comentário anterior de Rapunzel. – Você gosta de mim, que eu sei. Mais eu não gosto de você.

As pupilas de Rapunzel dilataram no exato momento em que ouvira as palavras. Jack se segurou para manter o seu plano em mente.

– Nós nunca fomos um casal. Eu apenas te tratei como eu trato todas as garotas! Vocês são sempre tão tolas e ingênuas a ponto de acreditar que cada palavra bonita que digo é verdade.

A expressão de Rapunzel ficou rígida, como se ela tivesse acabado de tomar um tapa na cara. Jack suspirou para poder continuar.

– Eu consegui o que queria de você. Foram apenas beijos insignificantes que nem lembro mais o sabor. Eu achei que você era diferente, Rapunzel. Eu por um momento te achei interessante, mas... é uma burrinha.

Desça vez as palavras não doeram apenas em Rapunzel, como também em Jack. Ele a achava interessante, única, especial. Mas se ele queria que ela não o amasse mais, precisava pegar pesado.

Os olhos de Rapunzel lacrimejavam e ela parecia derrotada e desiludida. Jack podia perceber que ela lutava para não acreditar no que ouvira, mas não era possível. Ele já tinha feito.

– Você é um idiota – disse Rapunzel com os lábios trêmulos. – Bem que minha mãe me dissera que todos os homens são um problema. Você não presta! Você é um...

– Eu estou te poupando de muitas dores, loirinha. Sabe, nunca daria certo nosso relacionamento. Somos de Legiões diferentes.

Jack realmente tinha medo desse fato. O que aconteceria se um casal de legiões diferentes tivessem filhos? Jack afastou rapidamente o pensamento ao perceber que Rapunzel ia embora.

Jack correu para alcançá-la e tocou seu ombro. Rapunzel tirou a mão do garoto com um tapa e gritou estridentemente:

– Não ouse em tocar em mim!

E de longe Jack pôde perceber a garota indo em direção ao Leste – sua Legião – sem mesmo se despedir de Merida, Soluço e Stoico.

Um lado de Jack se sentia feliz por ter conseguido o que planejara. Outro se sentia na beira de um precipício, pois Jack não se sentia mais completo. Uma parte dele se fora.

Jack notou que seu Soul-Patronus, Jamie, estava no chão com aparência doentia. Um pavor passou por todo seu corpo.

Jack correu com todas suas forças restantes até o lago. O lago em que ele beijara Rapunzel pela primeira vez.

A imagem de Rapunzel com os olhos lacrimejados ficaram presos em sua retina. Era o único modo, ele tinha vontade de falar, estou fazendo isso porque te amo e preciso te proteger!

Então foi nesse momento que ele percebeu como seu ato fora equivocado. Ela podia não amá-lo mais, mas... ele continuava amando-a.

Pensar doía. Nesse momento Jack gostaria de poder afastar todos os pensamentos e ficar sem nada na consciência. Porém como Jack sabia, justamente quando você mais deseja não pensar é que seu cérebro é inundado de pensamentos.

Jack não sabia se já havia chorado antes de perder a memória. Pelo menos durante esse ano pós-amnésia ele não havia. Mas nesse momento ele chorou.

Um choro que começou com uma lágrima tímida escorregando pela bochecha se transformou em soluços desesperados e dor de cabeça. Enquanto as lágrimas se esvaiam, Jack sussurrava: Rapunzel, Rapunzel...

Ele estava com medo de que se o mal já havia pegado-a. Isso apenas fez com que mais lágrimas caíssem.

Um arrependimento passou por todo seu corpo ao notar que seus amigos também perderiam alguém que amavam (inclusive Rapunzel).

Jack não percebeu, mas nesse momento seu Soul-Patronus havia crescido um estágio.

Sua maior coragem fora tentar salvar Rapunzel.

***

Quando seus olhos ficaram sem lágrimas de tanto chorar e seus músculos haviam restaurado a força novamente. Jack abandonou a floresta, que estava escura por conta da noite que chegara.

Caminhando lentamente de volta para a cabana, Jack entrou e se deparou com Soluço e Merida a sós.

– Cadê Stoico? - perguntou Soluço, enquanto Jack percebia o que o pai de Soluço não estava no cômodo.

– Ele foi buscar água já faz algumas horas e não voltou. Estamos preocupados, pois já anoiteceu. – disse Merida, enquanto segurava no ombro rígido de Soluço.

Uma onda de remorso passou pela espinha de Jack. Se havia alguém que Soluço mais amava, esse alguém era seu pai.

Ele também havia sido raptado.

Jack acumulou sua coragem restante e se sentou na mesa.

– Soluço, Merida, eu não contem a vocês uma coisa que aconteceu no templo.

– Que coisa? – perguntou Soluço, sentando-se também na mesa.

– O grande mal que teremos que enfrentar... Ele entrou em contato comigo quando eu estava no templo.


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Notas finais do capítulo

Ui, ui, ui! Será que Rapunzel foi também? Qual será a reação de Merida e Soluço quando Jack terminar de falar? O que eles farão agora? Genty, estamos entrando na parte final da fanfic, uhuuuuu agora muitas guerras, sacrifícios, aventuras e desafios (mortes) XD
Reviews por favor, eu amo de paixão reviews ♥
(OLHEM MINHA CAPA NO PERFIL, ELA É TÃO ♥)