Demons escrita por Ninsa Stringfield


Capítulo 11
Capítulo 10




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Fazia muito tempo que ela não dormia daquele jeito. Na verdade, pensou ela, nenhuma noite de sono havia sido como aquela. Rox se mexeu em cima do monte de roupa que cobria o chão frio embaixo dela e sorriu. Não era uma das camas mais confortáveis do universo, mas para alguém como ela, que nunca havia dormido de verdade em toda a sua vida, aquela sensação era maravilhosa.

Desde que conseguia se lembrar, sua vida não passara de um rotina sangrenta de lutas e guerras. Ela nasceu em meio a guerra assim como muitos outros de sua espécie, e por isso, essa era a única realidade que conhecia. Até que um homem lhe ofereceu a paz. Então sua vida queimou nos portões do Inferno.

Rox suspirou com a lembrança e se virou para o outro lado, encostando o ombro no chão frio. Era tão bom poder ser vista novamente, poder sentir quando alguém tocava em sua pele, poder conversar com alguém que não fosse ela mesma. Era tão bom, mesmo tendo conhecimento da realidade em que se encontrava. A realidade que ela tinha ajudado a criar.

Ela abriu os olhos. Nunca tinha pensado que voltaria aquele lugar, então nunca havia parado para pensar em como tudo aquilo ali era. A névoa, as cavernas, as montanhas e o que se escondia atrás delas… ela nem ao menos tinha certeza na hora que criara tudo aquilo se o plano daria certo. Rox nunca duvidou dela, nem uma única vez. Mas aquela Rox não era a mesma de antes.

Rox desviou o olhar do teto que estava encarando e olhou para os lados, procurando Katherine. Foi ai que ela percebeu. Ela se levantou de um pulo e andou até o canto que anteriormente Katherine estava deitada, mas quando chegou lá só encontrou suas cobertas. Ela olhou ao redor mais uma vez. O quarto estava vazio, nem mesmo Rosely estava em sua cama. Ela praguejou para o vento e trocou de roupa rapidamente colocando uma calça jeans de Rose que lhe ficara um pouco curta e foi em direção à porta.

Antes que pudesse por a mão na maçaneta, a porta se abriu com força e Rox desviou a tempo para trás, cambaleando um pouco para se manter em pé. Ela abriu a boca para perguntar o que estava acontecendo, mas exatamente como antes, ela foi interrompida, e um vulto negro a jogou na direção da parede. Ela bateu as costas no muro que não lhe dava muito segurança e pôs as mãos na frente do corpo como que para se proteger de seja lá o que estivesse ali em sua frente.

O vulto se aproximou, e sem que ela conseguisse reagir, a prensou na parede, forçando seu pescoço para trás, como se uma mão a estivesse estrangulando. Ela engasgou e tentou usar os pés para se defender, mas algo segurava suas pernas também, mantendo-as grudadas na parede junto com o resto de seu corpo. Rox piscou com força quando o vulto começou a mudar de forma.

O que anteriormente não passava de um monte de fumaça escura e disforme, agora começava a possuir a silhueta de um ser humano. Primeiro o tronco, depois a perna, e então a cabeça... formando o corpo de um homem. Ela piscou mais uma vez e encarou a pessoa na sua frente. Ele tinha um rosto anguloso e um cabelo comprido e loiro que lhe caia no rosto, suas feições eram macabras, com a linha dos lábios fina demais e uma cicatriz que cortava uma boa parte de seu rosto na lateral do olho esquerdo. Seus olhos transmitiam tanto ódio que ela teve medo de que ele fosse lhe morder, como um animal feroz correndo atrás de sua presa.

Mas eram os olhos, sempre os olhos, que, mesmo tendo aquela aparência animal, não faziam com que ela esquecesse de seu rosto. O homem curvou os lábios para cima numa tentativa desesperada e doentia de um sorriso, e deu uma risada forçada, mas ao mesmo tempo, assustadora.

– Parece que você veio afinal - ele disse finalmente, a voz cortando o ar até os ouvidos dela como o disparo de uma arma.

– Eu devia ter imaginado - disse ela - Que era você o tempo todo.

– Pensei que eu fosse sua primeira suspeita...

– E foi - ela o encarou - Eu só não queria acreditar.

– E por que não? - perguntou ele - Pensei que você ficaria feliz em ver a sua própria obra de artes. Já que foi você que criou esse lugar.

– Você sabe que eu não tinha escolha - ela tentou se soltar, mas o aperto dele em seu pescoço ficava cada vez mais forte, então sua voz começou a sair falhada - Ela... me obrigou... a fazer isso.

Ele a soltou e ela caiu de joelhos no chão, respirando com dificuldade e massageando o pescoço.

– Você não viu como ela ficou - continuou ela - Depois do que aconteceu com Katherina ela...

– Não - gritou ele a interrompendo - Eu não quero saber como ela ficou. Você era o anjo-da-guarda era o seu dever protegê-la.

– Meu dever? - perguntou ela incrédula tentando se levantar - Nós dois sabemos que eu fiz de tudo para arrumar as coisas! - ela sentia os olhos ardendo agora enquanto segurava as lágrimas - Não fui eu que a transformei naquele monstro, Peter! Eu fui a pessoa que ficou ao lado dela quando a irmã morreu. Eu. Então não me venha com essa de que era "meu dever protegê-la", porque mesmo que fosse, você não pode dizer que eu não tentei.

Ele havia virado de costas para ela, encarando o chão com os olhos vidrados, mas agora que a ouvira falar, se virou novamente na sua direção.

Tentar não resolveria nada - gritou ele de volta - Você devia ter feito algo!

– E eu fiz - agora eles se encontravam perfeitamente um na frente do outro. Olho por olho - Eu te tranquei aqui junto com a praga que você tinha passado a carregar em seu sangue. E foi ideia dela. Você pode não acreditar em mim, mas foi.

– Como que trancar aqui poderia ter sido uma solução?

– Foi a solução que eu encontrei para mantê-lo longe dela. Rox não era mais ela mesma, e você também não. Manter os dois juntos seria o mesmo que clamar sua ruína.

– Então que clamasse a porcaria da ruína - sussurrou ele. Seu semblante exibia mais ódio do que antes, e uma veia saltava em seu pescoço - Eu preferia ter morrido com ela do que ter que viver todos esses anos isolado do jeito que eu vivi.

– Mas você não estava sozinho, não é mesmo? - ela estreitou os olhos - Você conseguiu sair da caverna. Você não conseguiria fazer isso sozinho e lançar o feitiço para toda a cidade a sua volta. Você teve ajuda. Quem te ajudou?

Ele voltou a sorrir. E agora seu sorriso parecia mais verdadeiro do que antes, como se ele soubesse de algo que ela não sabia e se divertia por isso. O que, de fato, era a verdade.

– Por que você roubou o nome dela? - ele perguntou de repente, desviando da pergunta dela.

Ela piscou.

– O quê?

– O nome de Rox - explicou ele - Eu vi a menina te chamar assim, aquela que você protege. Por que você não contou qual o seu nome verdadeiro?

Ela respirou fundo e seus ombros caíram involuntariamente para a frente, como se a barreira que ela construíra ao redor de si para se proteger dos outros estivesse ruindo. Até mesmo seu sembrante parecia mais cansado, os olhos caídos e rugas na testa.

– Eu não lembro qual o meu nome verdadeiro - ela disse por fim - Esse foi um dos preços que paguei ao me juntar aos Caídos.

Ele levantou uma sobrancelha e ela recuou um pouco e cruzou os braços.

– De qualquer modo, isso não é de sua conta.

– Ah, sim - exclamou ele - Com certeza não é - ele olhou para além dela como se estivesse observando o horizonte - Mas imagino que nossa querida Katherine irá ficar muito feliz em saber quem seu anjo-da-guarda realmente é, você não acha?

– Ela sabe que eu vou um deles.

– E ela sabe qual é a história deles? - perguntou ele - Ou de onde eles vieram, o que fizeram? Ela pelo menos sabe da sua própria origem, Rox?

– Isso não é da sua conta.

– Também acho que não - concordou ele - Mas sempre gostei de me intrometer na vida dos outros - ele sorriu novamente para ela e também começou a recuar - E a sua vida tem... alguma coisa que me deixa particularmente interessado.

Antes que ela pudesse sequer pensar em alguma resposta a altura, a imagem dele começou a ficar disforme como antes e voltar a ser apenas um vulto negro que em um piscar de olhos desapareceu do quarto, evaporando no ar como se fizesse parte dele. E então, mais uma vez, Rox se lembrou da névoa, e do que se escondia por trás dela.

***

– Então, Niah - começou Lane assim que elas chegaram na sua sala - Vamos direto ao ponto?

– Sabe, Lane - observou Niah - Se eu não a conhecesse, eu diria que está se divertindo.

A bruxa sorriu e se sentou em uma cadeira com almoçadas entalhadas com desenhos no estilo persa. O quarto todo aliás, era decorado com o estilo persa nas tapeçarias. O escritório dela era na verdade uma sala ampla que era do tamanho de pelo menos dois blocos dos complexos da caverna do Inferno, e todos os seus móveis; dos pequenos entalhes nas laterais de xícaras e cálices, para os contornos de cadeiras e mesas, eram revestido em ouro puro, dando um brilho a mais para o ambiente.

Todas as vidraças da janela possuíam uma espécie de imagem de algum santo ou passagem da Bíblia cristã e da pagã. E assim como todos os cômodos da Basílica, aquele era todo contornado por janelas (diferentemente do Forte), fazendo com que a luz jorrasse para dentro e iluminasse todos os cantos.

Niah, Finn e Blake, haviam sido conduzidos para aquela sala por duas das Três Irmãs, Iris e Lane, como se eles fossem bandidos que devessem ser vigiados. E logo que entraram no quarto, encontraram a terceira, Leda. As Irmãs eram as mais temidas de todas as bruxas, e não só por serem descendentes de Sansy, a bruxa que criou o primeiro monstro de todos, mas também por terem um talento especial cada uma.

Segundo o que se ouvia-se pelas Sombras, e pelas notícias que as próprias Irmãs faziam questão de espalhar para supostamente intimidar seus adversários, pensou Niah, elas eram as primeiras a terem aqueles talentos em séculos. O talento de Iris era com a carne do ser humano; o de Lena com a pele; e o Lane era sobre o sangue, como se pudesse controlá-lo, assim como Niah.

– Eu nunca me divertiria em uma situação como essas - respondeu a bruxa após uma longa pausa.

– Eu me pergunto como você sabe sobre o que aconteceu.

– E eu me pergunto porque você acha que eu posso ajudá-la.

– Você é a bruxa aqui - apontou ela - E têm aqueles poderes estranhos - Lane levantou uma sobrancelha e ela completou: - Sem ofensa.

– Você deve ser muito burra mesmo, Niah - disse Leda - Para vir até aqui esperando ajuda da minha irmã.

– Ah, não - exclamou Niah - Eu não vim esperando a ajuda de ninguém. Eu sei que ela vai me ajudar.

– E o que te faz pensar isso, criança? - perguntou Iris.

Niah encarava Lane nos olhos quando respondeu:

– Porque eu querendo ou não, ela continua sendo nossa mãe - Lane mexia seu dedo para cima e para baixo em seu rosto, fazendo o desenho de um oito, distraidamente - E Katherine vai morrer se ela não fizer nada.

– Então eu já começaria a preparar seu túmulo, se eu fosse você - sugeriu Leda.

Niah se aproximou, a raiva quase visível em seus olhos avermelhados.

– Você ser da minha família, Leda - disse a Filha do Diabo - Mas, você sabe, eu sempre tive um problema com essa coisa de laços de sangue.

Chega– ordenou Lane novamente, se levantando e se aproximando de suas irmãs, que se encontravam uma ao lado da outra um pouco na frente de sua cadeira - As duas, me esperem lá fora. E reúnam os Caçadores, eu tenho uma missão para eles.

Leda a encarou incrédulo.

– Irmã! - ela disse indignada - Você não pode fazer o que ela quer.

– Eu não estou fazendo o que ela quer - respondeu ela sem tirar os olhos de Niah - Estou fazendo o que eu quero.

– Você não pode fazer isso! - insistiu a bruxa - pode ser uma emboscada, uma armadilha, ou...

– Eu sei disso, tudo bem? - gritou Lane com os braços para cima e os dedos esticados mexendo-os ainda como se não tivesse consciência sobre isso - Apenas espere lá fora e reúna os Caçadores, você já vai entender. Iris - ela se virou para a outra irmã - Por favor...

– Certo - Iris suspirou como se essa ordem sempre se direcionasse a ela - Eu levo ela. Tente não fazer nada que eu não faria.

Lane apenas assentiu e esperou que as irmãs saíssem do quarto. Quando isso aconteceu, ela se virou para os Filhos do Diabo na sua frente.

– Eu te ajudo a encontrar Katherine e a resgatá-la - Niah quase respirou fundo com alívio, mas a bruxa continuou: - Com uma condição.

– Você sabe - comentou Niah - Bem lá no fundo eu tinha certeza que você falaria isso cedo ou tarde.

– Eu te ajudo se você me entregar o Livro Vazio.

Niah deu uma gargalhada forçada e Lane apenas cruzou os braços.

– Como é que é? - perguntou a Filha do Diabo.

– Você me ouviu.

– Ela é sua filha! - Niah gritou como se quisesse que a outra enxergasse algo óbvio - Você está mesmo me cobrando para resgatá-la?

– Parece que não somos tão diferente assim Niah - ela disse por fim já indo em direção a porta - Nós nunca fazemos nada de graça. E principalmente... - ela abriu a porta e parou na entrada se virando para ela com um sorriso no rosto - Não fazemos nada sem ter certeza absoluta de que seremos nós que acabará vencendo.

***

A névoa era quase tão insuportável quanto o ar abafado daquele lugar. Ela pinicava a pele de Katherine que fosse feita de ácido, e pregava truques com a visão dela como que querendo que eles caíssem no chão. E de fato, era isso que acontecia a cada cinco minutos.

Devido a densidade das nuvens que os rondavam, Katherine, Rose e Jamie decidiram andar de mãos dados para não se perderem um do outro. Katherine estava no meio dos dois, e eles não se falaram até a névoa parecer menos perigosa e permitir que eles enxergassem o chão à sua frente.

Eles atravessaram aquilo que parecia uma floresta feita de neblina e só quando viram uma colina alta se estendendo na sua frente foi que soltaram as mãos. Rose assoviou.

– Então é isso que têm atrás da névoa?

– Acho que devíamos estar nos perguntando porque ninguém nunca voltou - disse Jamie.

Eles encaram a paisagem que se estendia na frente deles. Eles estavam no pé de um morro, e embaixo dessa havia uma grande floresta formando um círculo perfeito, e ao redor desta, um rio cortava a terra, um distância considerável entre o lado em eles se encontravam e a floresta. Atrás da floreste e do círculo que o rondava havia uma grande colina. Alta o suficiente para que eles não conseguissem ver seu topo, que também era coberto pela névoa densa.

– Cidade grande, essas que vocês vivem - comentou Katherine curiosa - Isso sempre esteve aqui?

– Não que eu saiba - respondeu Rose - Quer dizer, Gerald nunca nos falou deste lugar.

– O que me faz pensar que este lugar não é real - concluiu Jamie.

Katherine se virou para ele.

– Não é real? - repetiu ela - Como uma ilusão gigante?

Ele deu de ombros.

– Talvez. Não sei - admitiu ele - Juntando tudo o que eles nos contaram desde que eramos crianças, esse cidade era para ser pequena, esse lugar - ele apontou para a direção da colina -, supostamente não deveria existir.

– Então alguém criou isso depois que a cidade foi devastada? - os outros dois assentiram - Certo. Então é melhor dar uma checada nisso tudo.

Os outros dois assentiram de novo e eles começaram a descer o pequena morro em que se encontravam, tomando cuidado para não cair rolando para baixo.

Eles chegaram na base e foram surpreendidos por pedras gigantes que barravam seu caminho, grandes o suficiente para esmagar os três juntos. Katherine engoliu em seco.

– Eu não me lembro de ter visto isso lá de cima.

– Eu também não - concordou Rose.

As pedras formavam uma espécie de labirinto em seu caminho, formando três opções para que eles seguissem. Katherine se virou para os outros dois garotos parados ao seu lado.

– Se eu dissesse que devemos cada um seguir um caminho e depois o que achar o caminho certo voltar e encontrar os outros - começou Katherines - Rose me daria um soco?

– Eu te daria um soco de qualquer jeito - garantiu ela.

Mas logo depois de fazer isso ela revirou os olhos e entrou no caminho do meio. Jamie olhou para onde a amiga havia desaparecido e depois deu de ombros, seguindo para o caminho a sua esquerda. Katherine não viu escolha senão seguir o caminho da direita.

Ela achara um graveto no caminho e marcava as pedras com algum desenho toda vez que se deparava em um corredor com duas direções e tinha que escolher entre as duas. No final das contas, ela se deparou com um corredor sem saída, e suspirou irritada se virando para dar a volta e tentar outro caminho, mas assim que se virou, ela congelou.

Havia um garoto parado na sua frente com as mãos nos bolsos de sua calça jeans. Ele usava uma jaqueta de couro com as golas para cima, e uma camiseta branca lisa por baixo desta. Seus lábios estavam curvados em um sorriso sedutor, e seus olhos a fitavam com desejo. Katherine prendeu a respiração.

– Finn? - perguntou ela incrédulo - O quê... Como você chegou aqui?

Ele sorriu e fez um movimento com a cabeça jogando os fios de cabelo que antes se encontravam em cima de seus olhos, para trás. Mas toda vez que ele a olhava, Katherine sentia que havia algo errado, e seu coração não acelerava no ritmo que ela tinha se acostumado toda vez que ele estava perto dela.

– Eu acho que não, querida - disse ele, e assim que ele falou, sua imagem começou a tremeluzir e a se deformar, se transformando em outra coisa.

Agora havia um homem parado na sua frente, ele ainda usava as mesmas roupas que a imagem de Finn, mas agora seu rosto era diferente. Ele não tinha os olhos vermelhos, mas pela intensidade de desprezo que ela via ali, ele com certeza poderia ter sido um Filho do Diabo, com a veia pulsando em seu pescoço para o sorriso frio que estampava no rosto, e ainda a cicatriz na lateral de sua bochecha.

– Melhor assim, não? - perguntou ele. Ela não respondeu e ele sorriu - Me desculpe por aquilo, não resisti.

– Aquilo o quê?

– Por ter me transformado no seu amado - ela engoliu em seco e ele sorriu ainda mais - Você provavelmente está se perguntando como eu sei disso.

– Na verdade - respondeu ela - Eu estou me perguntando o que você está fazendo aqui. Você é a Besta.

Ela não estava perguntando, e pelo modo que o homem a encarou, ele também sabia disso.

– Só vim dar uma checada - disse ele, se encostando em uma pedra próxima - Você sabe, para garantir que está no caminho certo.

– E por que você quer tanto que eu o encontre?

– Você não está curiosa? - ela não respondeu - Não está curiosa para saber a verdadeira história desse lugar? Você não quer ajudar essas pessoas?

– Mas por que eu? - perguntou ela dando um passo a frente - Eu quero saber o por que de eu ser tão importante assim para você ter o trabalho de checar se eu estou no caminho certo.

– Eu temo que seu Anjo seja a única pessoa que possa responder essa pergunta.

Katherine franziu o cenho.

– O quê a Rox tem a ver com isso?

– A verdadeira pergunta é: em que seu querido anjo, Rox, não está envolvida?

– Você conhece ela?

Ele apenas sorriu.

– Então - disse ele mudando de assunto - Eu vejo que você está no caminho certo. Por que parou então?

– Eu já estou seguindo a sua maldita trilha, o quê mais você quer de mim?

– Para que toda essa raiva, meu senhor? - ele perguntou fingindo inocência.

– Por que diabos você pensa que eu estou com raiva - gritou ela - Olha onde você me trouxe! - ela levantou os braços para indicar o local todo ao redor deles.

Ele deu outro sorriso malicioso e outra longa pausa antes de responder:

– Sabe por que você não está entendendo nada, Katherine? - ela não respondeu, apenas cruzou os braços - Porque você está passando muito tempo procurando pelas respostas de perguntas que você não conhece.

– Que perguntas?

– Esse é o ponto, querida - disse ele - Você passou sua vida inteira procurando por algo que você não sabia o que era - ela continuava a encará-lo atônita, com a boca aberta sem conseguir formular nenhuma frase completa, então ele continuou: - Há muitos segredos em sua vida, Katherine. E se eu fosse você, eu tentaria mantê-los longe de seus amigos.

– E por que você acha isso? - ela conseguiu perguntar.

Ele sorriu novamente, e antes que Katherine pudesse dizer qualquer outra coisa, ela ouviu um grito vindo da direção que Rose havia desaparecido.


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