– Ah, acabei de me lembrar de algo que parecia importante! –Disse Toto.

– E o que seria? –Perguntou Lisa.

– Lembra quando fomos ao Jungle? –Perguntou olhando a menina.

– Claro que lembro. –Respondeu enquanto lia um livro.

– Então, eu lembro que tínhamos falado que iríamos procurar a irmã daquele pinguim depois de caçarmos o Du’Cate. –Disse o menino.

– Tinha me esquecido completamente disso. –Falou olhando na direção do menino.

– Dito isso, já achei o que irei fazer hoje. –O menino deu um pulo do degrau da escada onde estava sentado. – Vou dar um pulinho lá no Jungle e ver o que consigo encontrar. –Disse saindo correndo logo em seguida.

– Ele realmente fica animado com qualquer coisa quando está entediado. –Murmurou a menina enquanto voltava a ler o seu livro.

Toto foi em direção ao Jungle, mas assim que adentrou o local percebeu que uma espécie de flor com rosto e membros estava andando por ali. Ele tinha feições de uma pessoa mais velha e uma flor que saia do topo de sua cabeça e alcançava as suas costas.

– Com licença... –Disse passando perto da criatura.

– Olá, eu sou um Flowerling. –Disse olhando para o menino.

– Flowerling? – Perguntou analisando o Flowerling.

– Sim, somos criaturas que habitam os mais diversos lugares e temos um corpo que te faz lembrar de uma flor. Existem Flowerlings homens e mulheres. –Explicou pacientemente.

– Obrigado pela explicação, mas eu preciso encontrar alguém nessa floresta agora. –Falou o menino.

– Se esse é o caso eu ofereço um serviço de teletransporte psicocinético. –Disse olhando para o garoto.

– Sério? E quanto ele custa? –Perguntou ao Flowerling.

– Custa apenas o seu amor. –Respondeu ao continuar olhando para Toto.

– Que...? –O menino havia ficado um pouco assustado com o que tinha ouvido.

– Então, para onde quer ir? –Perguntou um pouco confuso com a reação do garoto.

– Você poderia me levar para onde o Roane fica? Acho que é esse o nome dele. –Falou Toto.

– Agora mesmo. –Respondeu fechando os olhos logo em seguida.

A visão de Toto escureceu e quando ele se deu conta já se encontrava perto do local onde Roane ficava. Ele apenas caminhou mais um pouco para cima e encontrou o lugar.

– Você é o Roane, certo? –Perguntou se aproximando do pinguim.

– Sim. Você era o aventureiro que veio aqui outro dia não é? –Perguntou o pinguim.

– Sou. Eu lembrei que você tinha mencionado que sua irmã estava investigando as fadas ou algo do tipo. –Explicou o menino.

– Ela foi, mas, ainda não voltou. –Respondeu Roane.

– Eu irei procurá-la então. Tem alguma ideia de onde ela possa estar? –Perguntou Toto.

– Creio que já tenha dito isso mas, ela foi para o Courtyard of Rain. –Falou o pinguim.

– Certo, irei atrás dela agora mesmo. –Disse saindo correndo logo em seguida.

–“ Será que, aquele Flowerling consegue me teletransportar para o lugar que o Roane disse?” –Pensou Toto.

O menino então entrou no território das fadas para poder ser teletransportado para a entrada e foi direto para onde o Flowerling estava.

– Você pode me teletransportar para o Courtyard of Rain? –Perguntou o garoto.

– Como desejar. –Disse repetindo o mesmo processo de antes.

– Ele consegue mesmo. Agora, vamos ver onde a irmã dele se escondeu. –Disse começando a olhar ao redor do local.

Indo um pouco para a esquerda, dois zumbis apareceram na frente de Toto. Ele rapidamente desferiu vários cortes derrotando ambos facilmente. Logo em seguida, um pinguim saiu correndo de alguns arbustos onde parecia estar se escondendo.

– Você é a Selkie? –Perguntou se aproximando.

– Sim, sou eu. Obrigada por cuidar daqueles zumbis. –Agradeceu a pinguim.

– Não foi nada. Seu irmão disse que você estaria por aqui e me pediu para te procurar. –Explicou o garoto.

– Entendo. Bom, agora eu posso voltar para onde ele está. –Disse Selkie.

– Tenha cuidado para não ser atacada por nenhum monstro. –Advertiu Toto.

– Mas antes, irei jogar um feitiço em você para que não se perca, e te darei um mapa mostrando como voltar para a entrada como forma de agradecimento. –Falou olhando para o menino.

– Não precisava, mas, obrigado mesmo assim. –Agradeceu o menino.

Selkie foi embora logo em seguida. Toto então conseguiu chegar rapidamente à saída da floresta utilizando o mapa que ela havia lhe dado.

– Me pergunto se ela conseguiu chegar a salvo. Acho melhor conferir. –Disse para si mesmo.

Decidindo checar se Selkie estava a salvo, Toto utilizou o teletransporte do Flowerling novamente para chegar mais rápido.

– Toto, obrigado por ter salvo minha irmã. –Disse Roane ao avistar o menino chegando.

– Não foi nada. Eu vim conferir se ela já tinha conseguido chegar aqui, mas parece que me preocupei por nada. –Disse Toto olhando para Selkie.

– Obrigado por sua preocupação, graças a você ela conseguiu chegar a salvo. –Respondeu Roane.

– Tee hee hee! Irei me apresentar novamente. Sou a Selkie. Prazer em conhecê-lo. –Falou a pinguim.

– Sou Toto, é um prazer lhe conhecer também. – Respondeu o menino.

– Tipo, você quer se livrar do feitiço do mal que foi lançado em você? –Perguntou Selkie.

– Eu nem sabia que tinha sido atingido por algum feitiço. Se você conseguir tirá-lo, então irei querer sim. –Respondeu Toto.

– Mas, você me faria um favor? –Perguntou olhando para o menino.

– Claro, você vai estar me ajudando afinal de contas. – Respondeu o garoto.

– Yaaaaay! Ok então, aqui está o feitiço anti-maldade. –Disse fechando os olhos em seguida.

O corpo de Toto então começou a ficar envolto por algumas luzes verdes que sumiram algum tempo depois.

– E pronto. Agora você está livre do feitiço do mal. –Falou Selkie.

– E então, o que eu preciso fazer agora? –Perguntou Toto.

– Bem, as Fadas aqui da floresta estão agindo de uma maneira estranha ultimamente. Você poderia tentar descobrir por que motivo elas estão assim? –Pediu a pinguim.

Antes que Toto pudesse responder a pergunta, Selkie começou a falar em seu lugar.

– “Certo, eu irei”. –Disse tentando imitar a voz do garoto. –Sério? Muito obrigada. –Respondeu para si própria.

– Pra que isso? Você sabe que eu já ia te ajudar. –Resmungou o menino.

– Tee hee hee! –Disse a pinguim.

– Que seja, estou indo então. –Falou soltando um suspiro logo em seguida.

O menino então se dirigiu até perto do território onde as fadas se encontravam.

– Acho que agora eu consigo entrar aqui. É tudo ou nada. –Correu o menino em direção ao local.

Assim que entrou, Toto percebeu que as fadas agora estavam ao redor de uma pessoa caída ao chão. Ela estava com uma roupa que cobria o seu corpo inteiro, deixando apenas os olhos, os pés e as mãos aparecendo.

– Esse pedaço de lixo não tem nenhum poder elemental... –Disse uma das fadas atacando a pessoa caída.

– Nós precisamos de uma que tenha fortes poderes para ser a nossa rainha. Tragam a sacerdotisa do templo de Gato! –Ordenou outra fada.

– A sacerdotisa parece uma velha com um milhão de anos. Tem que ser ela? –Perguntou a fada.

– Não, Lorde Irwin disse que a sacerdotisa tem apenas 26 anos. –Respondeu outra fada.

– Nosso Lorde não se enganou? Essa idade é muito pouca dada à aparência. –Retrucou uma fada.

– Nossa última rainha tinha 28.732 anos. –Disse uma fada.

– A nova rainha é uma humana. Eles só vivem cerca de 500 anos. –Respondeu outra fada.

– O tempo de vida é curto assim? –Perguntou uma fada.

– Eu ouvi dizer que é bem menor. –Falou a fada.

– Por qual motivo nosso Lorde escolheu uma humana para ser nossa rainha? –Perguntou uma fada.

Durante a conversa das fadas, um homem que trajava uma armadura estranha com alguns adornos que só chegava até metade de seu tronco, um short curto, um cinto onde uma espécie de capa havia sido colocada chegando até as botas do rapaz, se aproximou do local onde a pessoa estava caída. Ele tinha cabelos loiros que iam um pouco abaixo do pescoço e usava uma faixa verde na testa.

– Fadas, o que vocês estão fazendo com ela? –Gritou o homem.

Ele possuía uma grande espada e com ela desferiu golpes contra todas as fadas no local, as fazendo desaparecer.

– Você está bem? –Perguntou o homem se aproximando da mulher no chão.

– Está tudo bem com ela? –Perguntou Toto chegando mais perto.

– Você! Leve-a até Rosiotti! Ele deve estar a leste daqui e poderá ajudá-la. Ele é um dos Wisdoms. –Ordenou o homem.

– Nós freiras caminhamos com nossos próprios pés. Não dependemos desses tais “Wisdoms”. –Disse a mulher se levantando aos poucos e indo embora.

– Malditas Fadas. Quando foi que se tornaram capangas do Irwin? –Disse o homem irritado.

– Será que você poderia explicar o que está acontecendo aqui? –Perguntou Toto.

– Essa é a Floresta das Fadas. Seria melhor se você saísse daqui. –Respondeu o homem.

– Mas eu não pretendo sair ainda. –Disse o menino.

– Escute, nós não devemos começar uma guerra entre humanos e Fadas. Se puder, evite batalhas. –Aconselhou o homem correndo para a esquerda.

– “Acho melhor ir para onde ele foi e tentar achar alguma pista.” –Pensou Toto.

Seguindo um longo caminho para a direita, Toto logo encontrou um monstro de coloração verde que parecia um pequeno demônio, com um par de asas pequenas, garras afiadas e um grande rabo.

– O que um humano como você faz por aqui? Saia já daqui! –Ordenou o monstro.

– Eu só quero saber o que está acontecendo nessa floresta. –Explicou Toto.

– Assim como você, um homem veio perguntar sobre o Lorde Irwin pouco tempo atrás. Lorde Irwin tem vivido na terra das Fadas pelos últimos 10 anos. Ele possui sangue de um demônio e tem poder absoluto. Ele irá se tornar o rei de ambos os mundos. É só o que tenho a dizer para você. –Explicou o monstro.

– Não achei que você fosse colaborar tão fácil. –Disse o menino.

– Agora saia, ou você será punido. –Aconselhou o monstro.

– Desculpe, mas, não pretendo voltar agora. –Respondeu Toto.

– Então você será punido! –Gritou o monstro.

Toto rapidamente empunhou suas facas e correu em direção ao monstro, porém, quando estava prestes a acertá-lo uma barreira de vento apareceu fazendo o menino sofrer vários cortes e ser arremessado para longe. Ao tentar outra investida o resultado foi o mesmo, então o garoto avançou novamente e antes de conseguir ser arremessado ele jogou uma das suas facas acertando um dos olhos do monstro. Aproveitando o momento de distração, com a outra faca em mãos ele desferiu um grande golpe no tronco do monstro o partindo em dois.

– Nem sempre ficar na defensiva irá ajudar. –Disse seguindo em frente.

Após procurar mais um pouco pelo local, Toto decidiu voltar a Selkie e relatar tudo o que havia acontecido na floresta das Fadas.

– Entendo. Várias Fadas tem ódio da raça humana. O que devemos fazer Rosiotti? –Perguntou Selkie virando-se para a criatura.

– É que, ele esteve dormindo esse tempo todo. –Disse Roane.

– ..... –Toto e Selkie ficaram em silêncio por um tempo.

– Bem...o que tiver que ser, será! –Falou Selkie.

– Tem certeza disso? –Disse Roane relutante.

Assim que a conversa com os pinguins havia terminado, Toto decidiu ir direto para casa, já que achava que não iria encontrar mais nenhuma informação por ali.

– Bem-vindo de volta. Como foram as coisas por lá? –Perguntou a menina.

– Deu tudo certo, só estou com alguns cortes pelo corpo. –Respondeu o menino.

– Certo, vá tomar um banho então para eu poder fazer os curativos. –Disse observando o garoto.

Logo após tomar banho e tratar dos seus ferimentos, o menino decidiu contar ao Li’l o que havia acontecido naquele dia e se dirigiu a cama. Deitado, continuava pensando a respeito, com o olhar fixado no teto.

– “...O que houve com as fadas? E aquele homem sumiu antes de eu o alcançar. E quem será esse tal Lorde Irwin...Estou com um mal pressentimento quanto a tudo isso, espero que seja apenas minha imaginação.” – Pensou o garoto.

Toto ainda permaneceu do mesmo jeito, refletindo sobre o ocorrido durante algum tempo, até finalmente conseguir adormecer.