O carro estava completamente amassado, virado de cabeça para baixo.

Os meninos acordaram, e empurraram os ombros do pai.

- Papai, acorde. – pediu Louis, choramingando. Eli o abraçou.

- Está tudo bem. Papai e Liv irão acordar. – disse, tranqüilizando o irmão mais novo. Louis assentiu.

Elliot gemeu, acordando em seguida.                                

- O que aconteceu? – indagou, limpando o sangue que se acumulara em seu pescoço. – Vocês estão bem?

Os meninos assentiram. Elliot sorriu carinhoso, e olhou para a mulher ao seu lado.

Olivia ainda se encontrava desacordada.

Ele gaguejou.

Deu uma cotovelada no vidro do carro, quebrando-o. Em seguida, conseguiu soltar o cinto.

Os meninos estavam no banco de trás, abraçados com os travesseiros.

- Mamãe, acorde! – pediu Louis, esvaindo-se em lágrimas. Eli o embalou num abraço.

- Cuidado, meninos! Protejam-se com o edredom! – gritou.

Os meninos fizeram o pedido, e logo depois, sentiram cacos de vidro caindo sobre si. O mais novo choramingou, enquanto o irmão cantava baixinho para ele. Elliot conseguiu abrir a porta de trás, e mandou os meninos descerem do carro.

- Eli, ligue para o 911, peça para virem aqui, rastreando-nos pelo meu celular. – disse Elliot, entregando o celular para Eli.

O menino assentiu.

- Papai? – chamou Louis.

- Sim, Lou? – assentiu Elliot, virando-se para os filhos.

- Preciso fazer xixi! – disse ele, meio acanhado.

- Sim... Er, Eli, leve-o, please. Vou tentar acordar Olivia.

Eli assentiu, e começou a caminhar com o irmãozinho pela mata.

- Não se afastem muito! – gritou Elliot, quebrando o vidro da outra janela de trás. Eli assentiu.

Fitou Olivia preocupadíssimo. Lembrava-se de como havia sido para ela, quando ele havia sofrido o acidente.

Quando conseguiu abrir a porta do carona, viu-a completamente ensangüentada, e isso lhe quebrou o coração. O airbag dele havia funcionado, mas o dela, não.

Ouviu gemidos, e sentiu-se melhor.

Ela ainda estava viva!

°°

Na sala de espera, Elliot acariciava os cabelos de seus filhos, esperando uma notícia boa, sobre o estado da esposa.

Eli logo distraíra Louis com um jogo de videogame. Elliot sorriu, e observou os primogênitos;

- Família Benson? – chamou o médico. – I’m doctor...

Elliot o cortou.

- Carl, sim. Como ela está? – indagou Elliot, preocupado.

- Olá, senhor Stabler! Já faz tempo! Ela já está no quarto, número quinhentos e dezenove. Podem ir.

- Thanks, doc. – e correu para longe, seguido por seus filhos.

°°

Aproximando-se do quarto, Elliot deu algum dinheiro aos meninos, para que comprassem guloseimas, e entregou seu celular a Eli novamente, para que ele ligasse para Cragen, e para sua avó.

Quando os meninos já estavam a uma distância boa do quarto, Elliot abriu a porta, e viu-a parada ali, folheando uma revista.

- Elliot! Oi! – disse ela, contente.

- Hei, babe... – respondeu sorridente.

- Babe? Que história é essa? – indagou, colocando a revista de lado. Ela viu Eli abrir a porta, e sorriu. – Meu Deus! Quanto tempo eu dormi? Venha cá, garotão!

Eli correu para ela, e afundou-se em seus braços. Olivia cheirou o cangote do menino, que riu baixinho. Louis entrou no quarto também, e observou a mãe.

- Mamãe? – chamou ele. Olivia largou Eli, e fitou o menino.

- Elliot, o que está acontecendo aqui? – perguntou ela, deixando que Eli caísse da cama. – Oh, sorry.

- Tudo bem, Liv. – disse ele, aproximando-se do irmão.

- Meninos, deixem o papai e a mamãe a sós, please. – os meninos assentiram, e saíram do quarto, deixando-os a sós.

- El, que história maluca é essa de “papai e mamãe”? – indagou – E quanto tempo eu dormi? Porque Eli está enorme, e...!

- Olivia, olhe para mim. – pediu, puxando o queixo dela. Ela o fitou.

O castanho penetrando os azuis.

- Por favor, diga que se lembra de alguma coisa... Qualquer coisa... – sussurrou. Ela negou, e depois riu.

- O quê? Está bem, você é Elliot Stabler, meu parceiro, teve cinco filhos, e um deles cresceu igual à capim. E, agora, você vem me dizer que eu tenho um filho. – disse ela, naturalmente. Ele sentiu os olhos marejarem.

Jogou-se na cadeira de visita, e deixou as lágrimas caírem.

- El! Por que está chorando? – indagou ela, sentando-se eretamente. Ele respirou fundo.

- Liv, eu sofri um acidente cinco anos atrás, toda a minha família morreu, menos Eli. – disse. Olivia levou as mãos à boca, chocada. – Você ficou lá comigo, até que eu melhorasse, e, depois, eu lhe pedi em casamento, você aceitou, e tivemos um filho, Louis.

Olivia encostou sua cabeça no travesseiro, e permitiu fechar os olhos.

- Por que eu não me lembro? Elliot, eu tive um filho... Nós tivemos um filho, e eu não me lembro! – gritou chorosa. Lágrimas corriam rapidamente por seu rosto. Ele aproximou-se dela, chorando, também.

- Porque você sofreu um acidente. Teve as mesmas sequelas que eu tive, só que você ainda se lembra de mim... Ainda lembra-se de Eli...

- Do que você está falando? – indagou.

- Eu não conseguia me lembrar de você. – respondeu ele, suspirando.

Olivia fechou os olhos, e respirou fundo.

- Chame nosso filho. Eu quero vê-lo, El, please... Do it for me... – pediu. Ele assentiu, e chamou o primogênito, depois de algum tempo do lado de fora.

Olivia encostava-se ao travesseiro, coberta até a cintura, com a colcha azul esverdeada do hospital.

- Mommy? – chamou Louis, sentando-se na cama. Olivia abriu os olhos, e deparou-se com aquele pequeno ser, chamando a de mamãe.

- Hey, there, baby... – disse ela, puxando-o para um abraço. O menino acomodou-se nos braços dela, e Olivia permitiu-se chorar. Elliot foi até ela, e segurou suas mãos.

- Não chore, mamãe. Eu vou lhe proteger desse monstro que está na sua cabeça! Eu vou fazer você lembrar-se de mim, ok? – disse ele. Olivia riu baixinho, e assentiu, abraçando-o novamente.

Eli entrou no quarto, com o celular no viva-voz. Cragen estava na linha.

- Hey, cap... – disse Elliot, ao pegar o aparelho.

- Elliot, where are you? – indagou o chefe.

- Mercy’s Hospital... – respondeu, com um tom infeliz. Olivia o fitou, Louis fitou a mãe.

Olivia olhou para o filho, e beijou-lhe a cabeça, o que o fez rir.

- Why? Quem adoeceu? – indagou o capitão.

- Liv lost her memory.