Jogos Meio-sangrentos escrita por Lord Camaleão


Capítulo 5
Capítulo 5 - Armadura completa


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoal, quanto tempo não?
E confesso que demorei um pouco pra postar esse capítulo. Mas é que minhas aulas voltaram e tá muito puxado. Mas pretendo voltar a escrever com frequência. Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/398290/chapter/5

Se não fosse pela gigantesca cabeça de javali na entrada, o Chalé 5 poderia ser confundido com o 12.

Ouviam-se risos. Ou melhor, gargalhadas. Sobre alguns bancos de troncos e sobre latões de ferro, alguns filhos de Ares apostavam. Quem seria morto primeiro, quem eles matariam primeiro, por qual arma o primeiro tributo iria ser morto. Eram botas, cintos, facões em jogo. Duas caixas de papelão antes destinadas ao armazenamento de CDs de rock e rap foram postas em cima de uma mesa de madeira escura já arranhada e rabiscada com dizeres do tipo “Cassie cara de javali” ou “Luther gosta de lutar pelado”. Os filhos de Ares não prepararam algo mais arrumado para a colheita, como os outros chalés, por dois motivos: Não sabiam e não queriam.

Havia várias rodinhas compostas pelos mais diversos filhos do deus da guerra. Em uma delas estava Ethan Litvyak. Ele e outros irmãos seus estavam na aposta mais desafiadora do chalé: Qual deles seria sorteado para os Jogos. Em jogo estavam as armas favoritas de cada um. A mesa era composta por verdadeiros brutamontes. E mesmo com o rosto de mocinho, Ethan não ficava atrás. Com seu grande porte e músculos, ele era tão desafiador quando um gangster. Com seu olhar cinzento e penetrante, ele agora olhava seus irmãos como adversários. Como se eles fossem russos e ele fosse o soldado americano.

–Então quer dizer Ethan, que você vai apostar esse pedaço de ferro velho? Qual é, seja mais honesto – gargalhou Ojore. Ele era completamente diferente de Ethan. Com a pele negra como terra úmida e um corpo não tão musculoso quanto o mesmo, ele havia lutado em várias guerras por comida no leste da África. Mesmo com apenas quinze anos não deixava de ser ousado e desafiar seus irmãos mais avantajados.

–Você quer testar o estrago que faz este ferro velho? – desafiou Ethan, desembainhando o fio do canivete.

–Opa, opa, vá com calma alemão! – riu Ojore fingindo rendimento com as mãos – Quando eu vencer os Jogos essa coisinha aí ainda vai me ser útil.

–V-veremos – Ethan estremeceu ao ser comparado a um alemão. Ele precisava parar de fazer esses paralelos com o passado de sua família. Precisava ser forte. Precisava vencer.

Um par de botas entrou no chalé de Ares. A figura imponente atraiu a atenção dos demais, que voltaram a conversar logo em seguida. Sem dizer uma palavra, o corpo musculoso andou até a mesa e observou as caixas de papelão. Em uma das suas faces, cada uma delas tinha um javali sanguinário desenhado. A diferença de um para outro era que em um deles o javali tinha um laço no topo da cabeça, o que não deixava a caixa das garotas mais feminina.

–Argh, isso deve ser trabalho de garotos. Quem fez esta porcaria aqui?... QUEM FEZ? – disse desembainhando uma espada. Trajando uma camisa demasiada folgada e jeans rasgados, Hipólita calara seus irmãos.

–E-eu fiz isso, senhora – um garoto rechonchudo do fundo do chalé declarou.

–Ah sim, típico de vocês meninos. Mas eu não estou aqui para dizer o quanto vocês são inúteis. Estou aqui para mandar dois de vocês para a morte. Ou para uma possível vitória.

Quem não sabia sobre a sua história diria que Hipólita era apenas uma ativista de algum grupo feminista. Mas ela era mais do que isso. Era a mais conhecida líder das Amazonas, um grupo de garotas que procuravam ao máximo mostrar para o mundo mitológico o quanto são melhores que os homens. E ela estava ali, em pé, olhando para eles com os olhos fulminantes de raiva.

–Como sabem, dois de vocês, uma menina e um argh menino serão enviados para uma arena. Lá vocês lutarão até a morte com outros vinte e dois campistas. No final restará apenas um. E tanto eu como nosso pai esperamos que seja um de vocês.

Ah sim, ainda havia a pressão por serem filhos de Ares. Filhos do deus da guerra deveriam vencer uma competição que se baseava apenas em guerra, guerra e mais guerra. Mas havia uma peça fundamental nos Jogos: a sobrevivência. Conseguiriam os filhos de Ares vencerem a luta contra a fome?

–Vou começar a sortear a nossa campeã – Hipólita pela primeira vez sorriu. Seria uma honra para ela se uma filha de Ares vencesse os jogos – E a nossa brava semideusa representante do Chalé 5 será...

–Eu me ofereço! – gritou uma voz ao fundo. A garota levantou-se. Julgando pela voz potente e determinada poderia imaginar-se uma verdadeira Amazona, com músculos definidos e rosto de guerras vencidas. Mas a dona da voz era uma garota de treze anos, baixinha e de olhos puxados que contrastavam com a pele morena.

Hannah desprendeu os cabelos pretos com mechas vermelhas e sorriu. Abrindo caminho por entre os irmãos, a menina orgulhava-se do que havia acabado de fazer. Então começou a lembrar-se.

“Será que você não pode passar um segundo sem me arranjar confusão? Sem ser um atraso na minha vida?” dizia ela. “Eu vou embora dessa casa se é isso o que você quer!”, dizia Hannah.

“Haha, sei o porquê de você ser esquentadinha assim. Já ouviu falar sobre deuses gregos?” Foi o que aquela garota disse pela primeira vez para Hannah. “Eu sendo filha do deus dos ladrões e você do deus da guerra. Seremos uma dupla imbatível!” Sim, somente as duas, desbravando pelas ruas afora, derrotando monstros disfarçados, roubando. Sim, aquela era uma amizade perfeita.

“Vai, me ajuda!” gritava Hannah. A quimera rosnava e babava sobre sua testa. A garota havia sumido. Sumido e deixado Hannah sozinha. Só ela e aquela cabeça de leão prestes a atacá-la. Com muita sorte, Hannah conseguira pegar a adaga que a traidora deixara cair e fincar na jugular do monstro. Ele silvou e reduziu-se a pó, deixando a filha do deus da guerra imunda. Hannah olhou para os restos do monstro

“Nunca mais vou confiar em alguém” Prometeu a si mesma.

–Hannah? Hannah levante-se! – dizia uma das suas irmãs. Hannah estava no chão. Tivera um devaneio enquanto andava rumo a Hipólita.

–Não precisa, eu sei me levantar sozinha! – Hannah não queria mais passar como ridícula. Limpou a poeira do jeans e andou até a Amazona com o queixo erguido, como se não tivesse tombado no chão.

–Meus parabéns, jovem irmã. Essa é uma prova de que todas vocês, até as mais novas, podem ter a coragem de participar dos Jogos. Qual o seu nome?

–Hannah Dalewood – disse ela, forçando para falar o sobrenome.

–Certo, Hannah Dalewood. Repetindo, foi louvável sua atitude. Mas agora vou sortear os meninos. Alguém se voluntaria?

Silêncio geral. Ninguém iria se voluntariar, pois sabiam que a aposta principal seria decidida por meio do papel que Hipólita tirasse.

–Nenhum voluntário, como eu suspeitei. Vocês homens nunca terão a coragem e a garra que eu, Hannah ou qualquer mulher tem. Mas sem mais delongas, sortearei o nome – a rainha das Amazonas retirou um papel da caixa com o javali macho – E o sorteado é... Ethan Litvyak.

Diferente de Hannah, diferente de todos os tributos sorteados no Acampamento, Ethan expressou alegria. Com um sorriso cínico, piscou para seus irmãos e juntou os artefatos apostados sobre a mesa. Ojore estava perplexo. Piscando para o irmão menor, Ethan disse.

–Quero que cuide disso tudo pra mim, ok? E quando eu voltar, vou contar tudo de novo e verei se vocês não roubaram.

–Você acha que vou roubar algum de seus novos bens preciosos? –riu Ojore.

–Sim – riu Ethan e seguiu para junto de Hipólita, que olhava com desdém para ele.

–Agora quero que apertem as mãos em cumprimento – disse ela – E que vença a melhor!

Ethan era musculoso e forte. Hannah parecia rápida e feroz. Os dois seriam fortes juntos como um batalhão.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E aí o que acharam? Foi a maior responsabilidade pra escrever este capítulo, já que sou filho de Marte (Ares romano). Só não sei se me saí bem. Deixe sua opinião nos reviews ;)