A Volta Das Relíquias Da Morte escrita por Eline Sandes


Capítulo 7
Capítulo 7 - A Carta




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– Ei, psiu! Acorda! Sua amiga acabou de sair!
Abri os olhos, os raios fracos de sol entravam por entre as frestas das cortinas. Algumas camas estavam arrumadas, outras ainda estavam ocupadas por suas donas. A menininha de cabelos loiros estava encurvada ao meu lado.
– O qu... ah... - bocejei - já vou, calma...
A menininha entendeu que eu queria trocar de roupa. Coloquei a primeira blusa e a primeira calça jeans que vieram na frente. Passei os dedos por entre os fios de cabelo para tentar arrumar a situação e calcei umas sapatilhas velhas. Minha pele estava incrivelmente oleosa e eu estava com vontade de fazer xixi.
– Onde é que fica o banheiro? - perguntei, abrindo as cortinas da minha cama
– Entra no armário - a menininha respondeu - a monitora explicou isso ontem, assim que chegamos no quarto.
Abri as portas do armário. Deduzi que poderia ser uma espécie de Sala Precisa e pensei que precisava muito usar o banheiro. Uma porta apareceu no fundo do móvel e eu entrei. O banheiro não era bem um banheiro: tinha apenas um vaso sanitário e uma pia para lavar as mãos.
Depois de uns cinco minutos, desci guiada pela menininha até a sala comunal. Vitória não estava lá. A menininha falou que ia checar se ela não tinha voltado para o dormitório do terceiro ano. Vitória também não estava lá.
– Ela deve ter ido direto para a biblioteca - falei, interrompendo o devaneio da menina, que tentava usar um feitiço convocatório ("accio amiga da menina do meu lado").
– Então vamos lá - ela sugeriu, agitando a varinha para cima e para baixo.
Eu não queria que a menina me seguisse, mas desde que ela estivesse calada estava tudo bem.
– Aqui ela não está - ela falou, assim que chegamos à biblioteca.
Eu disse que ia ficar por ali mesmo, caso Vitória aparecesse. A menininha ficou comigo por um tempo e depois decidiu ir embora para tomar o café da manhã.
Por volta de quinze minutos depois eu resolvi ir tomar o café da manhã. No caminho, me deparei com vozes berrantes:
"VOCÊ NUNCA ME CONTOU QUE ELE ERA SEU PRIMO!"
"E DAÍ SE NON CONTEI? FICOU CON INVEJA DE ME VERR ABRRAÇANDO ELE, É?"
"E SE FIQUEI? EU ACHAVA QUE VOCÊ ERA MINHA AMIGA!"
"MAS EU SOU!"
"NÃO É O QUE PARECE!"
"É MELHOR EU IRR EMBORRA ANTES QUE O FILCH NOS VEJA E NOS DENUNCIE!"
"ISSO, VAI EMBORA MESMO, SUA VACA FILHA DA MÃE. TALVEZ EU TAMBÉM ARRUME UM 'PRIMO'!"
Ouvi passos e resolvi fingir que não tinha ouvido nada. De relance, vi uma menina de cabelo castanho-escuro sair apressada de uma sala. Fingi que estava pegando minha varinha do chão quando a menina passou. A outra menina saiu em disparada à outra direção com um ar de superioridade, era negra e musculosa, parecia estar desejando que tivesse estrangulado a outra.
– E você, o que está fazendo aí?
Me levantei, percebendo que eu estava agachada encarando a menina, que chegou vem perto de mim, empinando o nariz.
– Você é a nova aluna do terceiro ano, hein? Eu vi você falando com o Alvo ontem.
Ela falava de um jeito tão arrogante que me deu vontade de dar um Avada Kedavra nela. A garota era da Sonserina, segundo a gravata verde e prateada que usava sem nenhuma necessidade, porque não estávamos em período de aula.
– É melhor você ficar bem longe daquela garota. Ela é uma mestiça imunda e uma vaca também!
A garota saiu em seguida com o nariz empinado e a coluna erguida, mas parecia a ponto de chorar. Fui correndo até o Refeitório e encontrei a garota que tinha saído primeiro chorando no canto da mesa da Corvinal.
– Posso sentar aqui? - perguntei, e a menina fez que sim com a cabeça, enxugando as lágrimas. Ela tinha os olhos meio puxados, e era um pouco mais bronzeada que eu. Muitos fios de cabelo dela estavam grudados no rosto, e os óculos dela estavam em cima da mesa. Senti vontade de consolá-la, mas eu sempre fui péssima nisso. Fiquei calada.
Olhei para os alunos que estavam na mesa: parecia que toda a Casa estava lá, menos Vitória.
– É buon que ela esteje trriste mesmo - a garota murmurou em um sotaque francês, e não falou mais nada até se retirar do Refeitório. Comi rapidamente e já estava saindo novamente a procura de Vitória quando as corujas surgiram, sobrevoando todo o Refeitório. Uma carta caiu bem na minha frente.

"Elisa Oliveira/Sophie Ravenclaw - O Refeitório

Prezada senhorita Oliveira, gostaria de ter te chamado ontem à noite, mas não consegui avisa-lá a tempo. Também não posso simplesmente te chamar pessoalmente pois estou sendo vigiada. Peço que compareça ao meu escritório assim que receber essa carta. Leve-a e não deixe ninguém te ver.

- Professora Minerva McGonagall, explosivins"
    O que será que ela queria falar comigo? 
- Ei, ei! Finalmente te achei! - a menininha loira apareceu do nada enquanto eu ia até o escritório da professora McGonagall - Achei sua amiga! Ela estava no Corujal! Acho que ainda está lá, mas não sei se vai ficar lá por muito tempo! Vai lá, rápido! 
- Não posso - respondi, abaixando um pouco para ficar do tamanho da garotinha - não agora. Tem como você enrolar ela? 
A menina me olhou com dúvida, mas concordou e saiu correndo. Chegando nas gárgulas, dei a senha "explosivins" e entrei. Subi pela escada rolante de mármore e bati na porta antes de entrar:
- Entre
    O escritório era fantástico. Tinha os retratos dos antigos diretores da escola (todos estavam dormindo ou não estavam presentes), um armário (onde deduzi que era onde ficava a Penseira) e várias outras coisas. A Professora McGonagall estava sentada em uma cadeira de couro. Sentei em uma outra cadeira, de frente para ela.
- A senhorita foi notificada - ela começou, já me fazendo pensar se eu teria feito alguma coisa ruim nas minhas primeiras quinze horas ali - de que a memória de todas as pessoas ligadas a você seriam apagadas, certo?
- Sim senhora
- Pois então. A senhorita também perguntou se era possível fazer com que seus pais lembrassem de você, não é?
- Sim senhora
- Então, quero que a senhorita fique sabendo que sua avó materna será responsável por isso. Não apagamos a memória dela. Ela concordou que a senhorita pode passar as férias de verão na casa dela, se quiser.
   Ela CONCORDOU? Minha avó materna, uma mulher tão obcecada por religião e contra a magia como minha mãe, havia concordado em me manter na casa dela durante o período de férias e lembrar meus pais de que eles tinham uma filha?
- Se é assim...
- E outras duas coisas: a primeira é para que não fale sobre Harry Potter por aí. Se ficassem sabendo quem ele era e o que fez, a escola poderia ser fechada e muitos poderiam ir para Askaban, principalmente o professor Longbottom.
O que? 
- Sim senhora.
- A segunda é que a senhorita escolha duas matérias extras, já que todos os outros alunos escolheram ano passado.
- Hm... - pensei em Adivinhação. Parecia uma matéria fácil, mas fora isso, não havia nenhuma outra matéria que eu queria estudar - Adivinhação e... - qualquer coisa! - estudo dos trouxas.
    A diretora virou as costas e abriu uma gaveta.
- Aqui estão os livros para as devidas matérias. São da minha biblioteca, mas pode ficar com eles. Na verdade, são de alunos mais velhos que já se formaram. Enfim, a senhorita já tem permissão para se retirar.
   Peguei os dois livros pesadíssimos e educadamente pedi "com licença" para me retirar.
    Minha mente estava muito confusa. Primeiro, minha avó havia concordado em ficar comigo durante as férias, e segundo, eu não poderia falar sobre, provavelmente, um dos bruxos mais incríveis da história? Best-seller do New York Times?
- Oi! Estamos indo para a cabana do Hagrid, o professor de Trato das Criaturas Mágicas. quer ir também? Quero dizer, se você não tiver nada para fazer, é claro!
- Rosie! - Alvo exclamou
- Ei, só acho que ela não deve ter ninguém com quem ficar, afinal, todos aqui já tem amigos!
- Ok, ok - ele ajeitou os cabelos, coisa que o fez parecer um idiota - então...?
- Ah, claro, pode ser. Só tenho que falar com alguém antes de ir. Podem ir indo, eu sei o caminho. 
Saí apressada até o Corujal, onde encontrei a menina loira e Vitória.
- Oi - eu disse
- Ah, que bom que você chegou! Ela já estava achando que você não queria mais ser amiga dela.
   Sorri para a garotinha e fui até Vitória, que observava tristemente os alunos se divertindo no lado de fora do castelo. 
- Por que você não foi na biblioteca? - perguntei - eu e a garotinha te procuramos lá, na sala comunal e no Refeitório! 
- Ah, é, eu sei. Me desculpe, eu recebi uma carta hoje cedo e...perdi a vontade.
Sem querer parecer curiosa demais, fiquei calada.
- Esquece - Vitória falou, virando a cabeça para longe da vista dos alunos lá fora. Minha cabeça já estava ocupada demais com pensamentos sobre minha avó e o famoso Harry Potter.
Foi a minha vez de olhar lá para fora. Me lembrei do convite de Rosie assim que vi a cabana de Hagrid.
- Ah, eu tenho que ir visitar o professor de Trato das Criaturas Mágicas agora.     Devo voltar por volta de uma hora, se você quiser, podemos passear por aí quando eu voltar. Ou ir na biblioteca fazer a pesquisa.
Vitória pareceu ficar feliz e deixei o Corujal acompanhada por ela e pela menininha, que foram para a torre da Corvinal, a menininha como uma sombra para Vitória. Por um breve momento me veio a cabeça se ambas não tinham outros amigos, quer dizer, as duas eram tão comunicativas e gentis, além do mais, Vitória estava na escola desde o primeiro ano, ela com certeza conhecia mais gente do que eu. 
Mas mesmo assim, as duas pareciam meninas excelentes e ótimas amigas.



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Notas finais do capítulo

E aí está o capítulo sete!



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