A Volta Das Relíquias Da Morte escrita por Eline Sandes


Capítulo 14
Capítulo 14 - A reunião




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Outubro logo chegou, junto com o ar frio de outono. Era o terceiro dia do mês, uma quinta feira, quando os avisos da visita a Hogsmeade foram pregados.
- Eba! Vai ser no dia do meu aniversário! - Vitória falou empolgada.
    A visita seria no sábado da outra semana, dia doze. Eu esperava que a Professora Minerva assinasse para mim, já que não tinha mais ninguém responsável por minha pessoa...
"Para Elisa Oliveira, o Salão Principal:

Olá, minha querida netinha, como vai a escola? Espero que esteja tudo bem por aí! Soube da visita a Hogsmeade e não queria que você perdesse a oportunidade de visitar o lugar! Ah, mas não ande sozinha, combinado? Grampeei sua autorização. Tenha um bom dia
."

   Como minha avó havia descoberto da visita? Bom, pelo menos eu tinha uma autorização.
    A aula de Transfiguração daquele dia foi a melhor de todas. Devíamos começar a fazer um trabalho em grupo sobre como transformar uma xícara em uma vela. Meu grupo era Chloë, Vitória e Maxon, então foi bem fácil trabalhar daquele jeito, sem ter que me preocupar em passar uma imagem boa. O trabalho seria dividido em duas partes: a parte teórica, em que deveríamos escrever todos os feitiços utilizados e os movimentos da varinha durante o processo; a segunda parte era prática: na semana seguinte teríamos de transformar uma xícara em uma vela na frente de toda a classe. Vitória foi quem pareceu mais preocupada.
- Eu não posso fazer isso! Todo mundo vai rir da minha cara!
   Todos nós ignoramos ela. Na aula de Herbologia, começamos a estudar as plantas carnívoras que comiam humanos, o que foi bem interessante, e que, segundo o professor Longbottom, caía nos N.O.Ms desde 2001. Depois de sair da estufa, Chloë e Vitória pediram para que eu esperasse enquanto elas perguntavam sobre como as plantas carnívoras dispensavam a comida, já que não tinham ânus, mas ouvi uma parte da conversa.
- Hoje? Mas a Carolina fica na Sala Comunal até meia noite!
- Shh, não fala o nome dela. O Maxon concordou em distrair ela. Dizem que ela tem uma quedinha por ele.
- Ela tinha! Agora é óbvio que ela gosta do Malfoy.
- Tá, tudo bem, mas ele vai distrair. O Alvo vai me emprestar a capa pra entrar no dormitório dela. O que? Ah, sim, ele conseguiu a poção. Ótimo. Até amanhã!
    Fingi que estava esperando as meninas da frente da estufa. Elas saíram discutindo sobre como as plantas carnívoras eram interessantes. Eu não conhecia Carolina direito, mas sabia que esse tal "plano" ia ter alguma coisa ruim. Mas eu também não queria que minhas amigas soubessem que eu ouvi elas conversando sobre isso.
Chloë e Vitória não saíram depois do período de aulas, o que me impediu de procurar Carolina. Eu decidi que ia contar para ela que iam fazer alguma coisa com o quarto dela no dia seguinte. Já era quase hora do jantar quando resolvi mentir para Vitória e Chloë, dizendo que ia buscar um pouco de água no Salão Principal. Procurei Carolina por todos os lados, mas não a achei em lugar nenhum. Ela devia estar na Sala Comunal da Sonserina. Tive uma ideia muito maluca, mas achei que podia dar certo. Fui até a biblioteca e escrevi uma carta rápida, com uma caligrafia nem um pouco parecida com a minha.
"Bolaram um plano contra você. Não esteja na Sala Comunal depois do jantar."
   Não assinei meu nome. Esperava que ela entendesse que eu estava tentando realmente avisar ela de um (possível) perigo.
- Essa carta é pra quem, hein?
Vi Alvo surgir do nada ao meu lado.
- Não te interessa - tentei soar amigável, mas acho que não deu certo.
- Ah, sério, você acha que eu não vi nada? Acho que você sabe de alguma coisa que não deveria saber.
Respirei fundo para pensar em alguma coisa.
- E o que você estava fazendo, me bisbilhotando?
O olhar dele mudou de confiante para irritado.
- Não mude de assunto. Onde você ouviu sobre esse plano?
- Depois da aula de Herbologia. Sabe, foi sem querer - ah, não foi não!- eu acho que vocês não deviam fazer isso. Não conheço a Carolina tão bem quanto vocês, mas sei que ela não merece isso.
- Ah não, é? - ele retrucou, puxando uma cadeira para sentar do meu lado - cara, pelo jeito você não conhece suas amigas direito, né? Por acaso a Chloë te contou que depois que elas brigaram, a Carolina juntava sua gangue pra bater nela? E que e doida pediu para o elfo doméstico dela mandar uma carta com poção tóxica para a melhor amiga da Vitória todos os dias, até que ela ficasse ruim demais e fosse internada no Saint Mungus? E que ela e o Escórpio ficam chamando a Rosie dos piores nomes possíveis? 

Não. Ela não seria capaz de fazer isso. Carolina tinha apenas treze anos, assim como eu.
- Mesmo assim. Olho por olho, dente por dente? Já ouviu essa expressão? Não vale a pena fazer isso!
- Por que você está defendendo ela?
   Eu não ia contar que vi Carolina chorando por causa da perda de sua melhor amiga.
- Nem o pior prisioneiro de Askaban merece isso. As pessoas fazem coisas sem pensar, às vezes.
Alvo colocou a mão direita na testa.
- Você não entende. Ela faz isso desde o primeiro ano. Ela sempre se livra dos inimigos dela, sendo deixando-os com medo ou pedindo para alguém os torturar. Nós temos que fazer isso. Aliás, pode ficar tranquila, porque você não vai ficar metida em confusão. É por isso que não convocamos você para o grupo.
- Que grupo? - perguntei, já zangada, tanto com Alvo, Rosie e os outros quanto com os atos de Carolina
- A Associação Invisível, claro. Criamos para dar uma lição em todos os filhinhos da mamãe da escola.
- Olha, eu sei o quanto vocês odeiam ela, mas se ela faz coisas erradas, ela deve ter um motivo para isso. Pense nisso na hora de executar esse seu plano.
   Peguei o pergaminho e devolvi a pena ao balcão da bibliotecária. Olhei para trás, para ter certeza de que Alvo não me seguiria. Ele estava parado do mesmo jeito que estava quando me levantei da cadeira. Fui até o corujal para enviar a carta, insegura se confiava em acreditar que ela merecia a punição ou que não a merecia. Enviei a carta.
- Você não tem jeito mesmo - Alvo apareceu novamente do meu lado.
Eu nunca senti tanta vontade de socar o filho de alguém famoso. Por que diabos ele continuava me seguindo?
- Sai daqui - eu respondi, já saindo do corujal.
- Tudo bem, eu vou sair, mas eu vou te falar uma coisa: você traiu todos nós.
    Sim, eu traí todos eles, mas foi para o bem de uma pessoa que se sentia completamente solitária e que já estava quebrada demais para aguentar a tristeza. Naquela noite, não jantei. Fiquei com medo de a "Associação Invisível" acabasse comigo. Deitada na cama, lembrei de Alvo dizendo que eu era uma traidora, e senti raiva de mim mesmo por ter sentido pena de Carolina e brigado com um dos meus únicos amigos. Pensei que talvez teria sido justo que punissem Carolina por ter batido em Chloë e mandado cartas tóxicas para tentar matar a melhor amiga de Vitória. Então era por isso que ela estava triste no corujal, no meu primeiro dia em Hogwarts? O motivo dos desaparecimentos repentinos de Chloë estavam acontecendo porque batiam nela? Será que era por isso que as duas eram tão amigas? Eu não devia saber nada mesmo sobre tristeza. Meus únicos amigos tinham um clube secreto em que eu não era bem vinda porque eles não queriam me "meter em confusão?" Mas que ótimo, meu maior sonho se tornou meu maior pesadelo. Além do mais, já não bastava a constante perturbação da minha cabeça sobre o motivo de não mencionarem o que Harry Potter fez para o mundo bruxo. Todo mundo iria me odiar quando soubesse que eu contei para "a inimiga número um" sobre o plano de dar uma lição nela.
- Você tá bem? - ouvi uma vozinha do outro lado da cortina.
Percebi que eu estava chorando. Annabel entrou sem que eu respondesse.
- O que foi? - ela perguntou, e eu contei. Contei porque precisava que alguém me ouvisse, e por mais estúpido que parecesse, pedi um conselho para ela. "O que você faria se fosse você?"
- Acho que você devia contar para os seus amigos que você não acha que maltratar uma pessoa é legal - ela contou - sabe, eu não tenho nenhuma amiga na escola, todo mundo acha que eu sou doida, ou sei lá, mas eu não ligo. Às vezes, umas meninas malvadas entram no meu quarto e espalham tudo o que eu tenho pelo chão. As vezes bagunçam minha cama também, ou levam alguma coisa. Mas eu não odeio elas por causa disso. Odiar faz mal.
- É por isso que eu não quero que perturbem a Carolina - falei - por mais que ela tenha feito coisas ruins, eu acredito que ela pode perceber que isso não vai levar ela a nada. Eu já falei pra os meus amigos sobre isso, e eles acham que eu sou uma traidora.
Annabel olhou para cima, do jeito que ela sempre fazia antes de se deitar na cama.
- Eu vou contar pra eles que fui eu. Vou contar que ouvi a Chloë e a Vitória conversando sobre o plano e que...
- Não, todo mundo deve saber que fui eu. Além do mais, mentir é desnecessário nesse caso.
- Você quem sabe - Annabel respondeu, e tirou a varinha de trás da orelha - Orquídeo - um buquê de flores surgiu da ponta da varinha dela. - Toma, pra você se sentir melhor.
Ela colocou o buquê em um copo de vidro com água suja que estava na estante dela e foi embora, provavelmente para a Sala Comunal.


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