Entrelaços escrita por Coisas ilusórias


Capítulo 12
Gravity


Notas iniciais do capítulo

Meus amores, cá estou eu com mais um capítulo pra vocês! Estou amando cade vez mais o modo como vocês estão participando da fic. Me dá até vontade de escrever com mais frequência. Beijos enormes pra vocês.

Boa leitura! Espero que gostem ♥

#TeamIsa x #TeamBianca



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ISABELLA

Sete horas da manhã de sábado, era o que anunciava o barulho infernal daquele despertador. Eu estava decidida a mudar a rotina, as últimas duas semanas não tinham sido lá muito boas. O que eu mais ouvi ao longo desse período foi o quanto a Manu e a Bianca estavam felizes com o relacionamento perfeito e estável delas. Isso era estranho, muito estranho. Porque na minha cabeça a Manu só ficaria com uma mulher, que, no caso, sou eu! Eu é que amo a Manuela e depois daquele beijo eu tive a absoluta certeza de que ela me amava tanto quanto eu, ela devia ser minha, eu cheguei primeiro. Tá bom! Foi a Bianca que desencadeou tudo, mas ela devia ser aquele personagem da história que ajuda indiretamente o casal principal a ficar junto, eu amo a Manuela desde que nem sabia o que era o amor direto, eu tinha feito a maior burrada da minha vida não tendo contado tudo o que eu sentia quando quis e tive a chance. A culpa era minha, eu deixei espaço para que ela se apaixonasse por outra pessoa.

Levantei relutante da cama, tinha que me preparar física e psicologicamente pra encarar o meu casal preferido daqui à uma hora! Eu consegui que o Arthur e o Léo convencessem a Manu a me deixar passar o fim de semana com o Otávio. Pelo menos o amor dele ainda era correspondido, desde que o garoto chegou à cidade, era praticamente uma briga a cada semana pra ver quem ficaria com ele nos fim de semana.

Eu estava um desastre aquele dia, assim como todos os outros das ultimas semanas. Meu rendimento no trabalho tinha caído, eu dormia no máximo 4 horas por dia. Tudo o que eu queria era colocar as coisas de volta nos eixos, Otávio era a única pessoa, além da Manuela, que preenchia o buraco dentro do meu peito deixado pela morte do meu irmão e pai dele. Nada como uma criança pra alegrar o dia de alguém.

Cheguei até o meu destino exatamente no horário marcado, cumprimentei o porteiro e segui em direção a enorme casa, avistei duas pessoas na piscina que antecedia a entrada, e juro, desejei nem ter levantado àquela manhã. Quem diabos fica aos beijos dentro de uma piscina a essa hora da manhã? Aquilo era um absurdo! O meu sobrinho morava ali, não era adequado que o Otávio se deparasse com a mãe e a namorada daquela forma logo cedo, além de inadequado, isso soava muito estranho. A dor que aquela cena me provocou foi equivalente a alguns muitos socos no estômago, foi uma versão bem piorada da primeira vez que eu as vi juntas.

– Bom dia. – Falei me esforçando para manter o sorriso e ignorar aquela cena.

– Bom dia Isabella, quer se juntar a gente? – Ironizou a ruiva, envolvendo Manuela em um abraço.

– Muito obrigada Bianca, eu até poderia aceitar, no caso de você não estar inclusa no pacote. – Retruquei entrando na casa.

Aparentemente apenas o “casal perfeito” estava acordado, não se ouvia barulho nenhum de movimentação na casa além dos empregados. Em poucos minutos Manuela entrou envolta por uma toalha, me deixando um pouco nervosa demais, se já era difícil controlar meus olhares normalmente, imagina só agora.

– O Léo e o Arthur saíram hoje mais cedo com o Otávio, ele cismou de que queria um almoço especial hoje, algo sobre comida japonesa. Eles já devem estar voltando, fique a vontade! – Disse enquanto caminhava até a cozinha.

Apenas permaneci em silêncio, e então Bianca entrou no cômodo.

– Isa, quem diria? Nós duas unidas novamente pelo destino, e sem remorsos, é claro. – Falou a ruiva sorrindo abertamente.

– Ora, Bianca, não seja cínica. Nós não precisamos falar uma com a outra, particularmente eu até acho melhor. – Retruquei irritada.

– Tudo bem, já que você insiste. – Disse com um sorriso cínico nos lábios enquanto se direcionava a cozinha.

Passei algum tempo sentada no sofá da sala, pensando em mil desculpas que eu poderia criar pra ter que sair dali naquele momento. Mas felizmente o meu santo era forte, aparentemente alguém da família da Bianca ligou pra que ela fosse até sei lá onde. Pelo menos foi isso que deu pra escutar. Ela saiu já vestida, mas ainda com os cabelos úmidos, passou por mim rapidamente e sussurrou um “Cuidado, a garota é minha.” Na boa, eu quis matar aquele cosplay barato da batwoman, juro que juntei todas as minhas forças pra não ter que responder por homicídio culposo.

– Quer comer alguma coisa, Isabella? – Questionou Manu, fechando a porta principal da casa e mantendo uma distancia confortável.

– Você! D-digo, eu preciso conversar com você – Falei atordoada reparando um pouco demais naquele corpo perfeito.

– Olha Isa, se você vier novamente querer entrar naquele assun.. – Tentava explicar quando eu a interrompi.

– Não, eu apenas quero que nós voltemos a ser amigas, como nos velhos tempos. – Disse fitando aquele olhar verde misterioso e incrivelmente lindo.

– É, acho que não temos mais motivos para continuarmos a agir como desconhecidas. – Retrucou se aproximando de mim.

Me aproximei um pouco mais e a envolvi em um abraço forte, que foi correspondido com a mesma intensidade.

– Eu senti tanto a sua falta. – Sussurrei.

– Eu também, Isa. Eu também. – Retribuiu no mesmo tom de voz.

Tudo que eu queria era morar naquele abraço, sem dúvidas, Manuela tinha o melhor abraço do mundo. Assim como o melhor sorriso, o melhor beijo, o melhor cheiro, tudo dela e com ela era melhor. E eu a amei mais naquele momento, não sabia como, nem porque, mas a amei. À medida que o abraço foi se desfazendo, a toalha que cobria aquele corpo bronzeado foi de encontro ao chão. Ao contrário do que pensei, a loira não se moveu e nem aparentou constrangimento, minhas mãos pousaram em sua cintura e ela me encarava atenta. Eu conhecia tanto aquele olhar, eu nunca ousaria esquecer, foi o mesmo que ela me lançou antes do nosso primeiro beijo. Eu a queria tanto, e rezava pra que lá no fundo ela também me quisesse. Colei nossos corpos e ela deixou que as minhas mãos passeassem por suas costas delicadamente, não ousei dar um passo além, não queria estragar aquele momento.

– Por favor, Isabella, isso não parece apropriado. – Sussurrou me fitando um pouco nervosa.

– É apenas um abraço. Não é como se nós estivéssemos fazendo algo errado. – Retruquei afastando uma mecha de seu cabelo para trás da orelha com uma das mãos.

Depositei um beijo leve na curva de seu ombro e ela adentrou minha blusa com ambas as mãos, me pressionando contra ela.

– Eu quero um ultimo beijo. – Voltou a sussurrar.

– Não precisa ser o ultimo. – Falei já me aproximando para unir nossos lábios.

– Precisa sim. E-eu estou apaixonada pela Bianca, eu te amo, mas, não posso magoar ela. – Falou pausadamente.

– Eu também te amo Manu, mas, nesse momento, eu odeio você pra caralho! – Falei me afastando dela bruscamente.

– Espera Isa, não vai embora! – Pediu.

– Mais tarde eu venho pegar o Tavinho, vamos apenas esquecer isso tudo, somos amigas, afinal. – Retruquei antes de sair.

Assim que saí daquela casa, foi inevitável controlar o choro. Eu não queria ser fraca, mas diante dela, eu adquiria toda fragilidade do mundo. Só Manuela tinha esse poder de me reconstruir e me fazer voltar às ruínas em poucos minutos.


MANUELA

O que diabos eu estava fazendo? Não podia alimentar mais nada em relação à Isabella. Tudo parecia ter ficado tão menor depois de toda aquela história com a Fernanda. Ela não tinha o direito de ir e vir quando quisesse, e ainda mais agora. Ela não tinha o direito de reascender uma chama que já estava a ponto de ser apagada. Se foi difícil entender o que eu sentia por ela, ter que anular esse sentimento foi ainda mais. “Céus, o que diabos eu estava fazendo?” Essa sim era uma pergunta constante.

Estava decidido, assim que voltei de viagem, prometi pra mim mesma afastar toda essa loucura de amar a Isa. Bianca, sem sombra de duvidas era uma das paixões mais repentinas que eu já tinha vivido, ela era a namorada que toda pessoa sonharia em ter, uma mulher incrível! Era com ela que eu devia ficar. Esse era o certo. Difícil mesmo é convencer o coração a distinguir qual lado escolher, Bianca nem que quisesse conseguiria chegar perto de disputar com a Isa pelo meu coração, porque esse era quase que inteiro de Isabella. Mas, de fato, eu estava realmente apaixonada por Bianca, era algo diferente, divertido e novo. Tudo o que eu tinha que fazer era retomar as coisas com Isabella como nos velhos tempos. Amigas? Seria possível? Eu não sabia se era, e também não parecia ser o que eu realmente queria.

Eu tinha medo de amar Isabella, medo de ser magoada por ela, medo de estragar tudo e perder ela de vez. Bianca era o caminho mais fácil, um caminho indolor e ameno. Era covardia, eu sabia disso, ninguém deveria se negar a um amor por falta de coragem, e eu estava me negando. Preferia assim, mantendo a minha distancia, tendo o controle da situação em um relacionamento que não me trazia instabilidade nenhuma. Seria mais fácil se a lembrança dos lábios de Isabella nos meus não me torturasse tanto, lembrar daquele beijo era quase como trazer ela a minha frente novamente. “Não Manuela! Você só pode estar enlouquecendo.” Me repreendi mentalmente. Já estava feito o plano, eu ficaria com a Bianca e esqueceria a Isabella.

Depois que o Otávio chegou com os pais, passei o resto da manhã no meu quarto, desci apenas para almoçar, aleguei estar com dor de cabeça e retornei ao local. Por volta das 4 da tarde desci apenas para me despedir do meu filho.

– Se cuida meu amor, e vê se obedece a tia Isa! – Falei beijando o garoto e posicionando a mochila em suas costas.

– Pode deixar mamãe, a tia Isa é tipo minha segunda mãe. – Retrucou o garoto sorridente.

– Liga pra mamãe mais tarde, tá bem? E vê se como direitinho também. – Finalizei.

– Tá bom mãe, eu sei me cuidar, esqueceu que eu sou um rapaz? – Gritou enquanto corria ao encontro do carro da tia.

Fechei a porta e permaneci sorridente, o Otávio adorava sair com a Isabella, sempre me contava a quantidade de coisas divertidas que os dois faziam juntos, e olha que foram poucas as vezes que os dois saíram juntos. Deitei no sofá da sala e fique pensando no quão bom seria se nós 3 saíssemos juntos, era uma espécie de pacote completo de felicidade.

– Me deixa adivinhar, Bianca é o motivo desse seu sorriso enorme? – Questionou Leonardo se posicionando ao meu lado.

– Nem notei você entrando aqui! E não, dessa vez não é “o” motivo, e sim “os”. – Falei.

– E quais seriam esses fabulosos motivos? – Voltou a questionar sentando-se no braço do sofá.

– Isabella e Otávio! Amo a interação entre eles. Estava justamente pensando como seria se nós três saíssemos juntos. – Respondi.

– Você devia convidar a Isabella para passar o feriadão com a gente na fazenda. Acho que seria uma ótima oportunidade para interagirem os três, além disso, é uma chance pra você mostrar pra Bianca que já superou a Isabella. – Sugeriu me fitando com aquele persuasivo par de olhos âmbar.

– Claro! Ótima ideia. – Falei tentando demonstrar empolgação.

Eu convidaria Isabella, mas não sabia como poderia lidar com aqueles dias ao lado dela e Bianca. Mas, pensando bem, aquilo podia me fazer esclarecer muita coisa.


ISABELLA

Eu e o seu pai sempre vínhamos aqui quando tínhamos a sua idade. – Comentei.

– Esse lugar é um máximo! Dá pra ver toda a cidade daqui. – Falou empolgado. – A mamãe me falou desse lugar uma vez.

– Fui eu quem trouxe ela aqui pela primeira vez, mas nós voltamos algumas vezes aqui junto com o David. – Expliquei.

– Tia Isa, você e a mamãe já namoraram? – Questionou um pouco confuso.

– Claro que não Otávio, de onde você tirou isso? Sua mãe namorava o seu pai, o meu irmão David. – Respondi meio atordoada com a pergunta.

– Mas a mamãe me falou que esse era um lugar especial porque a pessoa que ela amava que mostrou esse lugar pra ela. – Explicou.

– A sua mãe deve ter se confundido, ela deve ter achado que foi o seu pai que a trouxe, mas, esquece isso. Agora levanta desse banco que eu quero te mostrar uma coisa. – Falei sorridente.

Peguei na mão do garoto e caminhamos um pouco por entre as arvores que cercavam a lateral do lugar. Até que finalmente avistei aquela que tanto procurava.

– Tá vendo essas iniciais aqui, Tavinho? Essa é a minha, a outra é da sua mãe, e ultima do seu pai. – Falei apontando para as iniciais cravadas na madeira do grande carvalho.

– Que maneiro! Tia Isa, foi mesmo o meu pai que fez isso aqui? – Questionou o garoto apontando empolgado para a assinatura do David.

– Foi sim meu amor, ele quem cravou as três iniciais. – Respondi.

– Tira uma foto minha do lado da arvore, a gente tem que enviar pra mamãe! – Sugeriu com aqueles olhinhos verdes brilhando de empolgação.

– Claro meu amor, ótima ideia. – Concordei.


MANUELA

Tenho certeza! Você só está comigo pelo sexo. – Falou Bianca fingindo birra e me atingindo com o travesseiro.

– Ora, não seja dramática Bianca! – Disse dando risada de sua atitude.

– Tá bom, eu paro. Mas só se a gente repetir a dose, agora. Que tal? – Indagou usando um tom de voz malicioso e se posicionando encima do meu corpo.

– Justo! – Disse, me inclinando para beijar a ruiva.

O barulho do celular anunciava uma nova mensagem, me separei relutante dos braços de Bianca e peguei o aparelho a fim de ver o conteúdo.

Meu sorriso foi enorme ao ver aquela foto, a Isabella era mesmo incrível. O Otávio ao lado da nossa “árvore do futuro”. E a legenda da foto dizia:

“Parece até um flashback vendo o Tavinho nesse lugar. Ele é mesmo a cara do David. Você tinha que estar aqui!”

Bianca me olhava curiosa, e eu continuei a observar outras fotos que estavam sendo enviadas sem dar qualquer explicação.

– Posso saber o que lhe provocou tanta felicidade? – Questionou Bianca sentando-se na cama.

– Você acredita que a Isabella levou o Tavinho no nosso lugar preferido? Ela é mesmo incrível. – Falei sem conter a empolgação.

– Hum! Vocês tem um lugar favorito, então, que lugar é esse? – Questionou apontando pra uma das fotos.

– Foi lá que eu tive certeza que amava a Is..- Parei ao perceber o que estava falando.

– Ótimo, Manuela, ótimo! – Disse Bianca virando pra o lado contrário da cama.

– Desculpa! Eu não quis falar isso, foi espontâneo. – Falei deixando o celular de lado, voltando minha atenção à ruiva.

– Só me deixa quieta um pouco, tá bom? – Retrucou se levantando.

– Espera Bianca, senta aqui pra gente conversar! – Pedi.

– Eu vou lá embaixo tomar uma água, a gente conversa depois. – Respondeu depositando um beijo em minha cabeça, e saindo em seguida.

Eu sei, já fazia dois meses que eu namorava a Bianca, e eu tinha que achar urgente uma maneira de me redimir pelo que eu tinha acabado de dizer. Só que por mais que eu devesse, não conseguia evitar sorrir feito uma boba ao me lembrar das fotos do Otávio e da Isa. Que bela situação eu havia me metido! “A Isa é só minha amiga.” Repeti como um mantra. Mas que bela mentira! Nós não erámos amigas, éramos muito mais que isso, mas também já não éramos tanto assim. Então, o que diabos éramos nós?









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Notas finais do capítulo

Assumo, eu escrevo essa bagaça aqui, e eu quem comando as personagens, mas, eu mesma gosto de ficar me trollando.
Sou #TeamIsa assumidíssima! E vocês?

O que acharam desse lance de "último beijo"? A Manu foi meio babaca, mas, ninguém é perfeita.

Gente, amo o Otávio e a Isabella juntos sz. Alguém amou essa cena final tanto quanto eu?