Cap 03

–Ally, abra os olhos...
As mãos ainda estavam sobre mim, mas as vozes eram diferentes, eram as vozes de Janny e Jully, abri o olhos e ambas estavam a meu lado, me olhado com expectativa e medo. Minha cama tremia, ou seria eu? Minha respiração estava entrecortada, tentei acalmar meus batimentos cardíacos mas foi totalmente em vão.
–Ta tudo bem,apenas respira fundo, nos estamos aqui.
Jully se afastou correndo em busca de um copo d’água, ela me passou o copo e disse delicadamente.
–Bebe, isso vai te fazer bem...
Com esforço consegui segurar o copo e tomar alguns goles, ambas esperaram pacientemente enquanto eu me acalmava, busquei pelo relógio na cabeceira da cama e notei que ainda eram 06:22, o que significava que eu era culpada por acordar as duas. Após longos segundos Janny resolveu se manifestar.
–O que aconteceu?
Sacudi a cabeça em negativo, a ultima coisa de que precisava naquele momento era colocar em palavras aquele maldito pesadelo.
Ter pesadelos com ele era uma coisa, outra bem diferente era ter Megan metida no meio deles...
Talvez meus pensamentos tenham sido misturados a meus pesadelos, pelo fato de eu ter encontrado com ela antes de deitar, ela ficou em minha mente, bagunçando a ordem de tudo...
Era estranho o fato de não ter sonhado com nada na noite que passei com Jon...
Levantei, pois não queria dormir outra vez, eu precisava pensar com clareza, mas aquele não era um bom lugar... Janny acompanhava meus passos como uma sombra, me virei pra ela e tentei materializar um sorriso em meu rosto.
–Meninas eu to bem, se fazem questão de saber, eu apenas sonhei que estava caindo de um prédio gigante, e eu tentava me segurar mas não conseguia, é ate engraçado não acha?
Ela me olhou com desconfiança...
–Se é assim volta pra cama...
–Ah não, vou aproveitar pra fazer uma caminhada , mas as duas podem dormir, eu vou ficar bem...
Com relutância ambas voltaram pra cama, peguei uma roupa que considerei como sendo confortável e parti rumo a minha caminhada.
O ar ainda estava frio, o que me fez encolher instantaneamente ao chegar ao saguão. Contornei o prédio andando lentamente. Eu tinha muito que pensar. Era como um quebra cabeça onde faltavam muitas peças.
A cada passo tentava enumerar o que eu sabia sobre os ocorridos. Primeiramente Janny havia sido enfeitiçada, assim como aconteceu com Frank e os outros garotos, o responsável por tal atrocidade havia fugido, não sabíamos quem ele era ou de onde vinha, Evans havia capturado Frank, tentaram de varias formas entrar na mente dele, mas foi em vão...
Passei três dias totalmente apagada por causa de uma nuvem negra lançada sobre mim. Antes de apagar tive o vislumbre de um anjo, estranhamente em muitos de meus pesadelos o homem do capuz sempre me chamava de “anjo”...
Parei perto das arvores respirando com dificuldade, eu me sentia sufocada, tanta coisa havia acontecido e eu não tinha respostas... Olhei em volta mas não havia ninguém a vista. Sentei no chão enquanto lagrimas escorriam por minha face, era tudo tão frustrante...
Continuei ali por um bom tempo, ouvindo o cantar dos pássaros, vendo o contorno das nuvens e tentando encaixar as peças, mas nada fazia sentido...
O tempo passou sem que eu percebesse, e quando dei por mim já passavam das 09:00.
Levantei, limpei minha roupa e voltei vagarosamente pro quarto.
Haviam alunas para todos os lados, aproveitando mais um dia de folga.
Passei direto pro quarto, entrei vagarosamente achando que as garotas ainda estivessem dormindo, mas para minha surpresa não estavam...
Decidi tomar um banho pois sabia que isso ajudaria a colocar as idéias no lugar.
Entrei no banheiro e apenas encostei a porta, como de costume, fui tirando a roupa lentamente enquanto a banheira enchia, joguei alguns sais aromáticos na água e mergulhei, o calor foi desfazendo minha tensão, fiquei ali por uns quarenta minutos submersa na água...
Só sai quando percebi que minhas mãos começaram a enrugar...
Procurei um dos roupões de Janny, mas não achei nenhum, dei de ombros, sequei um pouco meu corpo e depois enrolei a toalha em meu cabelo.
Senti o sangue sumindo de meu corpo no momento em que percebi que já não estava mais sozinha no aposento, sufoquei um grito em minha garganta no mesmo instante...