Príncipes Não Choram escrita por Taty M
Só que Trunks não estava jogando.
Tinha tomado banho e estava deitado em sua cama de bruços e no escuro.
— Ei meu amor, guardei seu jantar.
— Não quero. — ele resmungou.
Bulma fechou a porta e entrou no quarto, mas não acendeu a luz. A claridade que vinha do exterior da casa já iluminava um pouco.
— O que houve querido?
— Nada mãe.
Bulma revirou os olhos. Vegetinha estava na área. Só que para sua sorte, Trunks ainda tinha amor. Aproveitou para sentar na cama dele.
— Meu filhinho sei que aconteceu algo, nunca chega a casa batendo o pé, se não tiver acontecido.
— Não quero falar sobre isso.
Ele disse ainda deitado.
— Ei lindão, você sabe que eu amo você. E não gosto de te ver com raiva assim.
— Papai esta sempre com raiva e você não liga! — ele acusou.
— É justamente por seu pai estar sempre com raiva, que não quero você igual a ele. Falar ajuda.
O menino se sentou.
— Se eu te contar, vai falar com ele.
— Trunks...
— Meu pai não gosta de mim. — ele sussurrou bem baixinho, reprimindo um choro.
O coração dela apertou de uma forma descomunal. Segurou a mão dele.
— Querido não precisa forçar para parar de chorar, não é crime.
— Um príncipe não chora, somente pessoas fracas que fazem isso.
Ele falou com seriedade, tentando não chorar. O que fez a própria Bulma encher de lagrimas os olhos.
— Por que acha que seu pai não gosta de você?
— O dia dos pais na escola esta chegando, eu tinha que perguntar ao meu pai o que ele sentiu quando soube que teria um filho e depois desenhar. Todos os alunos teriam que fazer.
Algo apitou na cabeça de Bulma, ela podia prever o que aconteceu a partir dai, mas preferia saber pelo filho.
— E então?
— Então perguntei. Ele me disse que... Ele disse... Disse que não sentiu nada, que nunca quis um filho e que essa “besteira” foi culpa sua.
— Ah Trunks, querido.
O menino bufava tentando não chorar, a voz saía como um rosnado infantil.
— Eu tentei não chorar, mas não consegui, ele viu. E disse que eu era um verme fraco como todos na Terra. E que não sabia onde estava com a cabeça quando resolveu ficar aqui. Disse que os príncipes não choram porque mandam, mas eu não era nada da realeza. Disse que... Disse que...
Bulma o abraçou.
— Meu amor é claro que você pode chorar, é apenas uma criança.
— Mas ele...
— Eu amo você Trunks. De todas as aventuras, de tudo que já vivi ate hoje, você é a que mais me fez feliz. É a pessoa mais importante que já existiu para mim.
— Eu também te amo mamãe.
— Deixei sua janta separada, espere uns minutinhos e vai comer escondido, certo?
Ele concordou enxugando o rosto.
Bulma lhe deu um beijo e saiu, rumando direto para seu quarto.
Após o incidente na hora do jantar, Vegeta foi treinar mais, estava exaltado e com raiva, ir dormir assim só piorava, porque ele sabia que Bulma nunca deixava um assunto para trás.
Ao passar pela sala e subir, Vegeta sabia que Trunks estava na copa ao lado, comendo escondido.
Mas fingiu não ter visto, já tinham tido problemas demais para um dia. E o menino não merecia sentir fome.
Quando entrou em seu quarto, estava escuro e ele seguiu direto para o banheiro, onde Bulma estava terminando de secar o cabelo, enrolada numa toalha.
Muito bom.
Ele ia começar a tirar a roupa para tomar uma ducha, quando a voz dela o fez parar.
— Vegeta, onde você estava com a cabeça quando resolveu ficar aqui? — a voz dela era filme e direta.
Ele conhecia cada palavra daquela, ele mesmo as pronunciou mais cedo. Então Bulma e Trunks já tinham conversado.
— Não me amole com essas asneiras Bulma!
Então a resposta dela foi jogar o secador de cabelo em suas costas, acertou apenas porque foi repentino, mas não fez nem cocegas, apenas espatifou no chão.
— Me responda!
— Fiquei porque fiquei. Não vai me encher por causa do que o pirralho disse.
— O pirralho é seu filho.
— Que seja.
— É tão desgostoso mesmo pra você viver conosco?
Vegeta virou de frente para ela.
Simplesmente não tinha nada para responder.
— Sabe que nunca te implorei nada, acho que tenho esse direito pelo menos uma vez na vida. E não precisa erguer as sobrancelhas, não quero sua caridade.
— Então o que quer?
— Quero que termine seu banho e saia da minha casa.
— O QUE?
— Já arrumei suas roupas, pode levar comida, vou te dar dinheiro e capsulas de nave. Vá para onde quiser, o planeta que tiver vontade, faça o que quiser da sua vida.
Ele colocou as mãos na cintura.
— O que esta falando? Mulher louca!
— Sua liberdade Vegeta, bem longe de mim e de Trunks. Pode comprar sua própria casa, te dou uma nave com treinamento de gravidade para explodi-la à vontade também, vai conquistar alguns planetas, volte para seu planeta Vegeta!
Ela tirou a toalha, completamente nua e falando com toda naturalidade enquanto vestia uma roupa de dormir.
— Ah esqueci... — deu uma risadinha maliciosa. — Seu planeta foi destruído. Mas sei que tem capacidade para invadir um novo. Só quero você fora, vai viver sua vida.
— Não sabe nada sobre minhas vontades! — ele rosnou.
— Não mesmo. Mas sei que engravidar uma terráquea, ter um filho, família, morar na Terra. Nunca foram opções plausíveis para você. Quero seu bem Vegeta, quero que esteja feliz fazendo o que gosta, o que sempre sonhou.
— Bulma!
— Era essa a vida que tinha em mente? Seja sincero.
— Sabe que não. — ele respondeu.
— Adeus Vegeta.
E antes que ela se virasse para dizer algo a mais, ele já tinha ido embora.
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