Príncipes Não Choram escrita por Taty M


Capítulo 2
2.




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Só que Trunks não estava jogando.

Tinha tomado banho e estava deitado em sua cama de bruços e no escuro.

— Ei meu amor, guardei seu jantar.

— Não quero. — ele resmungou.

Bulma fechou a porta e entrou no quarto, mas não acendeu a luz. A claridade que vinha do exterior da casa já iluminava um pouco.

— O que houve querido?

— Nada mãe.

Bulma revirou os olhos. Vegetinha estava na área. Só que para sua sorte, Trunks ainda tinha amor. Aproveitou para sentar na cama dele.

— Meu filhinho sei que aconteceu algo, nunca chega a casa batendo o pé, se não tiver acontecido.

— Não quero falar sobre isso.

Ele disse ainda deitado.

— Ei lindão, você sabe que eu amo você. E não gosto de te ver com raiva assim.

— Papai esta sempre com raiva e você não liga! — ele acusou.

— É justamente por seu pai estar sempre com raiva, que não quero você igual a ele. Falar ajuda.

O menino se sentou.

— Se eu te contar, vai falar com ele.

— Trunks...

— Meu pai não gosta de mim. — ele sussurrou bem baixinho, reprimindo um choro.

O coração dela apertou de uma forma descomunal. Segurou a mão dele.

— Querido não precisa forçar para parar de chorar, não é crime.

— Um príncipe não chora, somente pessoas fracas que fazem isso.

Ele falou com seriedade, tentando não chorar. O que fez a própria Bulma encher de lagrimas os olhos.

— Por que acha que seu pai não gosta de você?

— O dia dos pais na escola esta chegando, eu tinha que perguntar ao meu pai o que ele sentiu quando soube que teria um filho e depois desenhar. Todos os alunos teriam que fazer.

Algo apitou na cabeça de Bulma, ela podia prever o que aconteceu a partir dai, mas preferia saber pelo filho.

— E então?

— Então perguntei. Ele me disse que... Ele disse... Disse que não sentiu nada, que nunca quis um filho e que essa “besteira” foi culpa sua.

— Ah Trunks, querido.

O menino bufava tentando não chorar, a voz saía como um rosnado infantil.

— Eu tentei não chorar, mas não consegui, ele viu. E disse que eu era um verme fraco como todos na Terra. E que não sabia onde estava com a cabeça quando resolveu ficar aqui. Disse que os príncipes não choram porque mandam, mas eu não era nada da realeza. Disse que... Disse que...

Bulma o abraçou.

— Meu amor é claro que você pode chorar, é apenas uma criança.

— Mas ele...

— Eu amo você Trunks. De todas as aventuras, de tudo que já vivi ate hoje, você é a que mais me fez feliz. É a pessoa mais importante que já existiu para mim.

— Eu também te amo mamãe.

— Deixei sua janta separada, espere uns minutinhos e vai comer escondido, certo?

Ele concordou enxugando o rosto.

Bulma lhe deu um beijo e saiu, rumando direto para seu quarto.

Após o incidente na hora do jantar, Vegeta foi treinar mais, estava exaltado e com raiva, ir dormir assim só piorava, porque ele sabia que Bulma nunca deixava um assunto para trás.

Ao passar pela sala e subir, Vegeta sabia que Trunks estava na copa ao lado, comendo escondido.

Mas fingiu não ter visto, já tinham tido problemas demais para um dia. E o menino não merecia sentir fome.

Quando entrou em seu quarto, estava escuro e ele seguiu direto para o banheiro, onde Bulma estava terminando de secar o cabelo, enrolada numa toalha.

Muito bom.

Ele ia começar a tirar a roupa para tomar uma ducha, quando a voz dela o fez parar.

— Vegeta, onde você estava com a cabeça quando resolveu ficar aqui? — a voz dela era filme e direta.

Ele conhecia cada palavra daquela, ele mesmo as pronunciou mais cedo. Então Bulma e Trunks já tinham conversado.

— Não me amole com essas asneiras Bulma!

Então a resposta dela foi jogar o secador de cabelo em suas costas, acertou apenas porque foi repentino, mas não fez nem cocegas, apenas espatifou no chão.

— Me responda!

— Fiquei porque fiquei. Não vai me encher por causa do que o pirralho disse.

— O pirralho é seu filho.

— Que seja.

— É tão desgostoso mesmo pra você viver conosco?

Vegeta virou de frente para ela.

Simplesmente não tinha nada para responder.

— Sabe que nunca te implorei nada, acho que tenho esse direito pelo menos uma vez na vida. E não precisa erguer as sobrancelhas, não quero sua caridade.

— Então o que quer?

— Quero que termine seu banho e saia da minha casa.

— O QUE?

— Já arrumei suas roupas, pode levar comida, vou te dar dinheiro e capsulas de nave. Vá para onde quiser, o planeta que tiver vontade, faça o que quiser da sua vida.

Ele colocou as mãos na cintura.

— O que esta falando? Mulher louca!

— Sua liberdade Vegeta, bem longe de mim e de Trunks. Pode comprar sua própria casa, te dou uma nave com treinamento de gravidade para explodi-la à vontade também, vai conquistar alguns planetas, volte para seu planeta Vegeta!

Ela tirou a toalha, completamente nua e falando com toda naturalidade enquanto vestia uma roupa de dormir.

— Ah esqueci... — deu uma risadinha maliciosa. — Seu planeta foi destruído. Mas sei que tem capacidade para invadir um novo. Só quero você fora, vai viver sua vida.

— Não sabe nada sobre minhas vontades! — ele rosnou.

— Não mesmo. Mas sei que engravidar uma terráquea, ter um filho, família, morar na Terra. Nunca foram opções plausíveis para você. Quero seu bem Vegeta, quero que esteja feliz fazendo o que gosta, o que sempre sonhou.

— Bulma!

— Era essa a vida que tinha em mente? Seja sincero.

— Sabe que não. — ele respondeu.

— Adeus Vegeta.

E antes que ela se virasse para dizer algo a mais, ele já tinha ido embora. 


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