[Lysandre] Lady De Circo escrita por La-Fenix


Capítulo 8
País onde mora a minha mente


Notas iniciais do capítulo

Voltei! E não demorei!



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Quando Lysandre chegou no circo eu estava sentada na mesa da área comum -onde costumávamos comer – não estava fazendo nada de especial, somente embaralhava um carteado de Uno, para caso alguém quisesse jogar. Eu estava impossibilitada de fazer muita coisa, e treinar era uma delas, mesmo que eu quisesse não poderia fazer acrobacias.

O baralho colorido pelo menos me distraia dos problemas que eu tinha. Misturar cartolina colorida parecia de total importância no momento, não havia maiores complicações na atividade do que ter que virar cartas.

–Você parece bem melhor Celina. –Lysandre havia chegado tão sorrateiro que eu me assustei e derrubei minha pilha de cartas.

Uma cacofonia de cores e números voou pela mesa e a minha expressão podia se rotular como ‘Seu nojento agora vai me ajudar a catar tudo’.

–Oi. –Levantei-me do banco e comecei a pegar as cartas que haviam caído no chão, o rapaz deu um risinho abafado e me ajudou a recolher. Por dentro eu estava explodindo de felicidade por ele ter vindo, nunca alguém havia se mostrado tão carinhoso comigo e aquilo me deixava extasiada.

–Estou perdendo muita matéria? –Contudo ainda me mostrava à rainha dos foras.Com tanta coisa pra falar e eu digo isso...

Lysandre me deu um maço de cartas que havia juntado e pensou por um momento antes de responder, eu gostava do jeito que ele ponderava sobre o que ia falar, era tão diferente do que eu fazia.

–Não muita. Eu disse aos professores que você iria faltar por alguns dias devido a um ferimento de treino. –Sentei-me novamente no banco e convidei Lysandre a se sentar também.

A sensação de ser uma anã era constante ao lado dele, sua postura transmitia seriedade e suas roupas vitorianas me faziam sentir-me como uma desmazelada total. Ele vestia-se até com um colete por baixo do casaco, e a camisa dele era imaculadamente branca e elegante.

Meu vestido verde de mais cedo tinha a barra carcomida por traças e era sujo de barro, - costumeiramente eu o usava para brincar no campo – não tinha nada demais nele, isso e contando que eu estava descalça.

“Literalmente, você é uma menina de campo, você nunca vai conseguir esconder isso”.

–Você já teve a impressão de conhecer alguém antes mesmo de ter conhecido? –Uma sensação de Déjà vu impregnava a minha mente, olhar para o grisalho me deixava com essa impressão. O rapaz deu um sorriso sincero e me olhou fundo nos olhos de uma maneira constrangedora -pra quem não gosta de olhar nos olhos de outra pessoa, eu:

–Tive essa sensação quando te vi pela primeira vez. –Por um momento eu juro que vi a luz lhe tocar e formar um halo em forma de asas em suas costas, era um anjo vitoriano cercado de luz.

Abaixei a cabeça, avermelhada pela situação, e tentei disfarçar colocando as cartas na caixa e levantando rapidamente da mesa.

–Eu tenho que pegar uma coisa que você deixou no meu quarto... Já volto. –Corri para a minha simplória tenda e tirei o bloco de baixo do travesseiro.Passei os dedos por sua lombada em forma de espiral e reli pela última vez a primeira página. Meu coração doeu por ter que entregar aquela relíquia ao dono.

Voltei à área comum segurando o bloco contra o peito. Lysandre estava distraído quando eu cheguei e se surpreendeu ao receber o bloco.

–Obrigado eu estava louco procurando por isto! –Ele guardou o bloco no bolso interno do casaco. –Não sabe o quão preocupado eu fiquei disto aqui cair em mãos erradas.

Coloquei a mão na nuca e fiquei sem saber o que falar. Não por causa de ter lido o bloco de notas dele, os meus olhos eram os mais certos para lê-lo, mas por ficar simplesmente sem saber o que falar no momento.

“Onde estão os assuntos idiotas quando se precisa deles...”.

–A Rosa me falou que você tem uma tatuagem... Porque você fez isso? –Lysandre arregalou os olhos e ficou me olhando com certa dúvida, o olho dourado parecia brilhar conforme me encarava.

–Talvez para me sentir livre... –Quis lhe perguntar o que aquilo significava, mas ele rapidamente mudou de assunto. –Onde é o barracão de fantasias? A Cigana havia me pedido para remendar algumas roupas de show.

Minha decepção não foi visível por fora. Eu peguei sua mão e fui com ele até a minha tenda.

–Cada um guarda a própria roupa de show, não temos um lugar específico para isso, portanto você teria que ir de tenda em tenda arrumando cada roupa. –Entrei na minha tenda com ele me seguindo, e me ajoelhei perto do meu baú tirando dele um saco onde estavam as minhas roupas de apresentações. –Por sorte eu estou mega desocupada e posso pegar as roupas dos outros pra você.

Lysandre pegou o saco e tirou dele o longo vestido preto que eu usaria para uma apresentação, seus dedos desamassaram o tecido e passaram delicadamente por toda a sua extensão. Coloquei em cima da minha cama uma saia longa que eu usava para ajudar os outros durante as apresentações e que estava rasgada.

–O vestido parece inteiro, o que tem de errado nele? –Seus olhos inquisidores brilharam parados em mim. –Na verdade eu acho que ele ficaria lindo em você.

Corei levemente nas bochechas e peguei novamente o vestido lhe colocando frente ao corpo, o tecido era de seda e realmente me deixaria elegante.

–Você é alto, mas as baixinhas sofrem com essas coisas longas. –O vestido ainda tinha três palmos depois dos meus pés. –Vou tropeçar nisso aqui antes de subir no poste do trapézio.

O heterocromo riu e colocou a mão na minha cabeça:

–Você é realmente baixinha. –Seus dedos se enroscaram nos meus cabelos acinzentados e ele se aproximou de mim olhando fixamente nos meus olhos, suas iris bicolores brilhavam intensamente e meu coração começou a palpitar. -Ainda bem que eu posso alcançar seus lábios...

Nossas bocas se encontraram numa mistura de amor e calor. Ele tinha um beijo sedutor e quente, mãos que envolviam a cintura de forma carinhosa e uma pulsação forte e ritmada que era palpável pelo seu pescoço, bem onde repousei minha mão.

Minha outra mão acariciou os cabelos do grisalho, meus olhos já estavam fechados a muito tempo e eu podia sentir a escuridão dentro de mim ser envolvida por toda doçura do momento, e se dissipar no ar. Não sei dizer se o beijo durou uma hora ou um minuto.

Nunca me senti tão adorada com apenas um gesto e por um momento ele me fez sentir como uma deusa. Me senti como no meu sonho, voando sem estar voando e caindo sem estar caindo.

–Perdão... Tenho um trabalho a fazer. –Lysandre se separou do beijo vermelho e foi remendar a saia que eu havia lhe dado junto do vestido.

“Bicho estranho, porque ele fez isso?” Ele tirou uma caixinha com linha e agulha e se pôs a costurar o rasga na saia rapidamente.

–Ah, você aqui... –Dimitry havia entrado na minha tenda e segurava nas mãos pesos de treino. –Eu vim aqui deixar estes pesos para você treinar enquanto não volta ao trapézio. Se bem que você parece estar ajudando seu amigo aqui com outras coisas.

“Ele ouviu o Dimitry por perto!”

A expressão do mais velho ficou séria e ele encarou Lysandre com olhos de quem não quer visita. Lysandre também o encarou duro e os dois trocaram olhares hostis por um tempo.

–Eu só estou ajudando ele com o serviço, você é que é obcecado por treinar. –Peguei o menor peso da mão dele e o levantei com um pouco de dificuldade. –Quanto pesa isso aqui?

Dimitry estava com mais dois pesos na mesma mão e os segurava com facilidade.

–O seu é de vinte, e os que estão comigo são de vinte e cinco e trinta. –Olhei um pouco nervosa para Lysandre tentando ver se ele ainda encarava Dimitry. –Ouviu Celina?

–Estou sempre atenta. Vou treinar, pode relaxar Dimitry vai ajudar a Nette com a rena. –Dimitry hesitou por um momento antes de sair da tenda.

“Ai minha Deusa! O que eu faço?”


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Notas finais do capítulo

Não faço muitas cenas assim, ficou bom?



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