[Lysandre] Lady De Circo escrita por La-Fenix


Capítulo 12
Surpresa


Notas iniciais do capítulo

Sorry pelo tempo sem escrever ^^



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Três meses depois

–Hey! Lys! -Saltei no pescoço do meu namorado. -As férias chegaram!

Ele levantou os olhos de um casaco que estivera costurando e olhou nos meus olhos com um ar mal-humorado.

–Você não vai poder viajar porque tanta animação? -Era verídico o fato de que eu ia ficar treinando o dia inteiro para as apresentações de verão.

Ainda que eu tivesse escolhido a vida de circo para fugir de uma vida abusiva e pouco amigável, ás vezes ter que treinar até que meus músculos pedissem por descanso era exaustivo, ainda mais com o Dimitry sabendo do meu namoro. Como o previsto ele me obrigava a treinar em dobro para não ficar namorando pela cidade, e isso gerava algumas discussões, mesmo com o meu irmão de alma tentando não brigar ou discutir comigo desde que sus ações causaram meu acidente.

–Ué, não tem mais escola… E, eu vou poder ficar na tenda até duas da tarde… Bom, na verdade eu acordo mais cedo pra comer, e pra alimentar a lhama, e pra tirar o pó dos móveis. -Dei um sorriso, mostrando todos os dentes.

Era uma deixa para dizer que eu precisava de férias, férias de verdade. Com passeios com os amigos, tempo pra dormir até cansar, e subir de nível no namoro.

Lysandre deu um sorriso malicioso o me puxou para seu colo.

–Por isso que eu intimei seu treinador a te dar um dia pra irmos a praia. -Ele me beijou antes que eu pudesse ficar de queixo caído.

Imaginar o Lysandre falando numa voz ameaçadora com o Dimitry era assustador, ainda mais com a voz séria que ele tinha, e com a altura absurda dele, sem contar os músculos, que eu sabia estarem escondidos em baixo das roupas vitorianas.

Me afastei do beijo, consternada, e coloquei o rosto de Lysandre nas minhas mãos.

–Como você conseguiu isso? Quer dizer… Você tem uma cara de mal dos infernos quando quer, e parece estar sempre com raiva, mas o Dimitry é casca grossa. -Ele deu um sorriso torto de roubar corações.

O Dimitry era mesmo casca grossa, se pudesse me prendia no circo o dia inteiro só para me manter ‘segura’. Eu o amava, mesmo com os surtos de “Mary, é você?”, mas imaginar ele torcendo o braço para o meu namorado era novidade.

–Só saiba que além de dar comida pra lhama vai ter que escová-la, e ser a nova assistente do Jair. -Congelei no mesmo instante.

O Jair era atirador de facas, se eu fosse assistente dele teria de ficar no meio de um alvo enquanto facas se cravavam ao meu redor. Duas coisas que eu detestava na verdade: ficar impotente, e ficar perto de alguém com facas. Pulei do colo do grisalho, e me apressei em sair da tenda.

Só me dando mais trabalho é que eu conseguiria ter um dia pra sair, era esperado algo assim, mas ficar perto de um maníaco com facas não rolava.

–Celina, onde você vai? -A voz dele era preocupada e ao mesmo tempo imperativa.

“Vou sambar ali na esquina, vestida de elefante.” Eu queria dizer aquilo, era uma tentação enorme ser grossa e ignorante, mas ele era gentil demais pra se fazer isso.

–Vou falar com o Dimitry, ainda dá tempo de cancelar a praia. -Lysandre pegou meu pulso e gaguejou sem a costumeira confiança.

–De… Desculpa, Celina, eu achei que você ia gostar de ter uma chance de sair. Você está sempre trabalhando ou treinando, pensei que um dia de sol na praia te deixaria feliz. -Olhei novamente naqueles olhos pidões e brilhantes, e meu coração derreteu por completo.

“Manteiga derretida dos infernos, eu ainda me ferro com isso”.

–Tudo bem, eu me resolvo depois. Vamos a praia. -Dei um sorriso forçado, mas tentei compensar perguntando sobre a praia. -Que dia?

Ele tirou uma mecha de cabelo do meu rosto e colocou atrás da minha orelha.

–Amanhã, quero ver você arrumada ás seis da manhã, vamos com o Leigh e a Rosa. -Engoli em seco imaginando o quão fundo eu teria que cavar no meu baú para encontrar roupa de banho. A última vez que eu fora à praia havia sido na época que eu ainda ficava com o Dakota, e isso tinha um certo tempo.

–Pelo menos eu gosto do seu irmão, ele é gente fina. Apesar de achar minhas medidas ‘interessantes’ -Fiz aspas no ar- e de me mandar roupas pra fazer propaganda da loja dele.

Ok, o irmão dele era estranho, mas era… gente fina. Ou como eu preferia pensar uma versão esquisita, silenciosa e tímida do Lysandre.

–Que bom, nós nos vemos amanhã então. -Lysandre me deu um selinho nos lábios e saiu da minha tenda.

Esperei ele sair do meu campo de visão para xingar.

Eu estava enrascada, depois da praia eu me imaginava tirando medidas para ser a nova assistente do Jair, eu teria que usar uma roupa provocante e uma maquiagem sexy, bem diferentes das roupas inusitadas que eu usava no trapézio. Eu não estaria com esse problema se a antiga assistente não tivesse se despedido, e ela havia se despedido por uma razão muito boa.

O Jair era um ótimo atirador, mas a platéia não estava se entusiasmando muito numa noite, talvez por causa do clima de marasmo do dia, ou talvez porque um circo não encantava mais como antigamente, de qualquer maneira nosso atirador percebeu isso. O Jair nunca foi o tipo de pessoa normal, ele tinha os olhos meio vidrados no nada e um sorriso que surgia do nada quando a gente conversava com ele, mas naquela noite -a cerca de duas semanas atrás, na nossa última apresentação- ele quebrou todos os limites de civilidade.

Do nada ele começou a atirar as facas rentes a assistente, a Sara, as partes afiadas começaram a cortar a pele da coitada, principalmente nas bochechas e nas pernas. O público vibrou com aquilo, achava que tudo fazia parte do espetáculo, mas dos bastidores era possível ver o verdadeiro olhar de medo da Sara, a minha vontade era de correr na direção do Jair e lhe chutar as jóias para ele parar com aquilo, entretanto o Dimitry me segurou. Disse que se eu fizesse aquilo colocaria as pessoas em estado de pânico e destruiria o circo.

No final do número deles soltamos a assistente, ela estava com as bochechas tão vermelhas que parecia ter borrifado blush na cara, e com as pernas tão rubras que a meia-calça que ela usava se tingiu de vermelho. A Sara deu um tapa no rosto do Jair e na mesma noite foi embora do circo.

“E você será a nova assistente dele! Parabéns Celina!” Minhas vozes interiores eram bem sarcásticas, queria ver elas sendo tão engraçadinhas quando eu me tornasse um tomate cortado. As conhecendo como eu conhecia elas continuariam rindo da minha cara.

Fiquei com pena da ignorância do Lysandre, eu devia ter contado a ele sobre o caso com o Jair.

–Eu não posso ficar brava com o Lys. Mas estou fula da vida com o filho da P!@# do Dimitry! -Ele sabia do caso e havia me deixado ir pras garras do lobo.

–Hey, gata! Relaxa um pouco. -A Cigana apareceu do meu lado colocando as mãos no meu ombro. -Você tem que encontrar um biquíni pra sair amanhã com seu namorado.

A Cigana era uma sacana passiva, não ia me meter em nenhum problema mas ia rir da minha cara, quando eu tivesse um. Aquela era uma situação exemplo, em que ela ficava com um sorisinho provocativo durante um ataque de desespero meu.

–Eu não tenho biquíni, eu tinha um maiô. -Ela fez uma falsa expressão de horror e me puxou até o trailer dela.

–Não se preocupe, eu tenho um biquíni perfeito pra você, era da época que eu tinha um corpo igual ao seu. -Ela abriu o baú de viagens dela e tirou de lá uma bolsinha de retalhos vermelhos e rubros com ligeiras linhas douradas. -Tome. É seu agora, aposto que ele vai babar nesse seu corpinho de trapezista.

Corei ao imaginar Lysandre medindo meu corpo, e ficando rubro logo em seguida, eu ainda me lembrava do constrangimento dele ao me ver de pijama sem sutiã, e de como eu fiquei irritada com ele por ter me visto daquele jeito. Na época a ente não deveria estar namorando, ele estava indo me visitar para ver se eu estava bem depois do ataque.

O momento em que eu pranteei nele foi o momento em que me apaixonei por ele.

Voltei para a minha tenda e tirei minha bolsa surrada de escola do canto, me livrando de todos os livros que não me seriam necessários na praia e colocando no lugar protetor solar, toalha, uma muda de roupa, e outros objetos importantes. Pensei em pegar um lanchinho na cozinha, mas eu tinha dinheiro para uma refeição satisfatória na carteira.

–Bom… É isso, não falta mais nada.-Fui me trocar para dormir, mas me lembrei do biquíni da Cigana e decidi experimentar.

Ele era bonito, um sutiã vermelho escuro, com umas linhas decoradas ligando a parte de trás à parte da frente. A calcinha era da mesma cor e tinha umas bolinhas douradas no tecido. O todo ficava bonito, até eu me dar conta de que o Lysandre me veria assim.

Aí eu fiquei com o coração disparado até ir me deitar, e com um monte de pensamentos constrangedores em mente.


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Notas finais do capítulo

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