Festival De One-shot escrita por Mavi


Capítulo 1
Coração masoquista


Notas iniciais do capítulo

Após Maika ser rejeitada várias vezes por Ryuu,finalmente é aceita.
Eles são como qualquer casal,a pesar do fato dele a trair sempre.
Mesmo sabendo disto,ela se recusa a terminar com seu namorado.
Será que isto durará?Quais surpresas o destino guarda para a nossa heroína?



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Eu...estou realmente feliz assim...?

Olá!Eu me chamo Maika Takaya,tenho 16 anos e estou no segundo ano do renomado Colégio Sakura.Tenho longos cabelos pretos e olhos castanhos bem escuros,sou um pouco baixinha e isso me irrita...

Depois de ser rejeitada inúmeras vezes pelo Ryuu Seya,meus sentimentos foram finalmente aceitos!Ele é tão legal e gentil comigo e com todos os alunos,isto o torna bem popular!Eu fico muito contente em dizer que namoramos a três meses.Não somos diferentes de qualquer casal,bem...apesar do fato de que...

–Então...eu falei para a Misa que não precisava dela no meu grupo...hahaha...a cara daquela garota ficou vermelha!-ria Nane,enquanto saíamos da escola.

–Você felou mesmo isso!-falava impressionada Rina-Que cruel!

–Mas...se bem que ela merecia!-comentei.

Por um minuto virei o meu rosto para o portão de entrada e saída...

–O quê foi?-perguntou Nane passando mão na frente dos meus olhos.

–Olha para lá...-cochichou Rina apontando para onde eu estava com o olhar fixado.

–Ah...então é isso de novo...-bem vamos...-disse segurando o meu braço e levando-me para fora daquele lugar.

Mesmo passando de cabeça baixa eu o vi novamente.

Era ele mesmo,era Ryuu de mãos dadas com uma outra garota...

Mas,eu já acostumei-me com isso...mesmo sendo meu namorado...sempre o vi com outras...,após um tempo descubri que...ele me traia com muitas colegias....

Não é como se elas fossem nada além de ficantes;meras paquerazinhas para ele,então não me importei com esta situação.Eu prefiro isto a perdê-lo definitivamente.

–Francamente...o cara é um idiota!-resmungou Rina.

–Maika...não se incomoda com aquilo...?-questionou Nane humildimente.

–Entendo que Ryuu seja muito desejado...seria muito egoísta fazê-lo ficar só comigo,né?-suspirei e continuei-Depois de tudo,eu não sou uma namorada perfeita.Se ele quiser compensar as minhas falhas com outras garotas...não haverá problema...desde que eu ainda possa ficar com Ryuu.-sorri.

As minhas amigas sabiam que era mentira,no entanto,compreendiam o que sentia,logo não criticaram-me.

–Chegamos!-gritou Rina apontando para a estação do metrô-nós vamos até o shopping...quer vir conosco?

–Não posso,sinto muito...tenho que ir para casa terminar as lições acumuladas...

–Ok!Vai sozina?-preucupou-se Nane.

–Sim.

–Então tá.Só tenha cuidado!Houve bastante assaltos pela região ultimamente.-alertou Nane.

–Não se preocupem!Serei cautelosa.Até!-assenei.

–Tchau!-despediram-se e foram embora.

–Bem...o caminho é meio longo...tenho que me apressar..-antes de dar o primeiro passo ouvi um berro vindo de trás.

–Maika,bakaaaaaa!

–Hã...-senti algo batento em minha cabeça-ai!-quando levantei o rosto pude perceber quem era-Yukki-kun?!

–Por quê você não me esperou...?Eu avisei que demoraria um pouco para terminar com a papelada das atividades do club...-disse e desarrumando os negros fios de cabelo.

–Desculpa...não queria que se incomodasse me levando para casa hoje!-argumentei massageando a minha cabeça-Com o que me acertou dessa vez,hein?

–Perdoe-me,entretanto fiquei meio nervoso porque não te encontrei...vamos?

–Vamos!

Yukki é meu vizinho desde que tinha cinco anos.Este garoto nunca deixou de me levar para casa.Ele é meio nervoso e parece mais um adolescente rebelde,todavia tem seu lado engraçado e dócil...

–Como foi seu dia hoje?-tentei puxar conversa.

–Não há motivos para te contar...

–Yukki-kun é mesmo irritante...-socava levemente seu braço.

Puxando-me para si,abraçou-me antes que um carro passesse por cima de mim.

–Pare de ser tão boba!

–Eu...sinto muito...-disse corada.Ele ainda abraçava-me fortemente.

–Por estas e outras você não pode andar sem mim por aí.-respirou fundo e afastou-me.

–Valeu,meu herói...-ironizei.

–O quê seria de uma pobre besta,como Maika-chan,sem mim...?-retrucou em um tom bobo.

Enfim,chegamos à casa dele:

–Vá entre ráido!-ordenou olhando para mim.

–Entra você antes!A minha casa fica ao lado da sua!Eu entro depois!

–Para uma completa imbecíl,deve ser difícil entrar na própria casa!Quero ter certeza que você vai chegar bem!

–Que fofo...se importando com a minha segurança...-satirizei com voz infantíl.

–Deixa de ser bobba!-declarou dando um peteléco na minha testa-Só não quero que se machuque...ou...sua mãe vai ficar brava e sobrará para mim...

Ri e entrei.

Em poucas horas começou a chover.

Estava em meu quarto mexendo no celular,de repente,recebo duas mensagens:”filha,eu não voltarei para Tokyo esta semana,nem seu pai.Têm bastante comida na geladeira e no armário.O dinheiro está perto do vaso azul na sala.Use-o como quiser.”.

–Ah...de novo,ficarei sem vê-los.

A outra dizia:”Maika-chan!Você pode vir ao meu apartamento hoje à noite?Um pessoal vai estar também...vai ser bem divertido.Até,Ryuu.”:

–Sair nesta chuva...-olhava pela janela as gotas caírem insesantemente do céu-Bem...não devo recusar um convite dele...

Abri a porta do guarda-roupa e escolhi um vestiso azul-claro e um casaco bege.Por fim,uma sapatília vermelha,alguns assessórios e uma bolsa.

Encarei-me durante alguns minutos no espelho,maquei-me,peguei o guarda-chuva e saí de casa.

Tive que ir de ônibus,afinal Ryuu morava à seis quarterões adiante.

Desci em uma parada que localizava-se em frente à portaria de seu prédio.O porteiro já me conhecia,abriu os portões e deu um “boa noite” bem caloroso.

Peguei o elevador e subi até o décimo primeiro andar.Bati fracamente na porta.Surpreendentemente,ele surgiu como um raio e puxou-me para dentro:

–Que bom que chegou!

Olhei em volta,não havia ninguém lá:

–Chegui cedo?

–Não...-sorria.

–Cheguei tarde?!-me espantei.Lembro-me de que eram sete e meia quando saí e olhei para o relógio da sala.

–Também não!-a cada vez,seu sorriso crescia.

–O pessoal vai chegar logo?

–Não...-e depois completou-eles não virão...

–Por quê?!Será que estão bem?Seus amigos não costumam desmarcar por qualquer coisinha...-saquei o cecular da bolsa,na intenção de ligar para algum convidado,porém Ryuu o tirou das minhas mãos.

–Maika...está muito lerdinha ou é mesmo ingênua?

–Hã...

–Ninguém além de você viria aqui hoje...sur-pre-sa!

–Por quê a mensagem dizia:”um pessoal”,então?

–Para você poder vir...acho que seus pais não permitiriam deixá-la sozinha em meu apartamento à noite...

–Entendo...mas...meus pais estão fora ainda,além dosso...mesmo que eles estivessem eu daria algum jeito para vir...isto porque...eu gosto de ficar com você Ryuu!-declarei com o rosto coradíssimo.

Ele me abaçou e sentamos no tapete.

Conversamos,rimos e assim o tempo foi passando.Tudo estava perfeito...até que...

–Espere ai,eu vou pegar algo lá no meu quarto.-pediu levantando rapidamente.

–Ah...tá bom...-concordei.

Segundos depois que ele entrara no quarto,seu celular começou a vibrar em cima da mesa.Eu o peguei e li a mensagem recebida:”Lembre-se que ficamos de sair no sábado!Eu estarei te esperando no parque a algumas quadras da sua casa às dez!Vê se não se atrasa.Lila.”.

Aquilo doeu bastante,contudo não podia chorar ou ele descubriria que eu mexi nas suas coisas.Não quero que fique bravo comigo.

Coloquei o objeto de volta no lugar e fingi que nada acontecera:

–Demorei?

–Não...-minha voz trêmula soava com um toque de choro,então falei bem baixinho.

–Tome-era uma caixinha rosa com um laço roxo,que logo desfiz,abri o invócrulo e encontrei uma pulserazinha de pedrinas azuis-escuras.

–Que fofo!Obrigada.

–Eu fui para a praia semana passada e a vi em uma lojinha.Não é lá grande coisa...

–Claro que é!Você pensou em mim...isto me deixa feliz!

Ele me beijou e ergueu a manga do braço esquerdo:

–Eu tabém tenho uma!-uma pulseira igual esteva encolvida em seu pelso.

Novamente nos beijamos.

Um trovão ecuou e me assustou:

–Ah!-gemi.

–Tudo bem...estou com você!

Olhei para a janela e pensei a quanto tempo estava chovendo:”nossa!Chove desde que saí...já deve ter umas três horas...Ah!Eram cerca de sete e meia quando saí...já são...”

–O que foi?Você ficou pálida de repente...

–Meia-noite...e...eu tenho que ir...!

–Quer que eu te leve pra casa?!

–Não é necessário!Têm um ônibus que passa aqui...

–Ok...eu descerei com você...

–Não se incomode comigo.Não quero que se molhe à toa...

Nos saudamos e novamente fiz o mesmo trajeto até o ponto frente ao prédio.

Os ponteiros corriam.O veículo não chegava:

–Aff!Quanto tempo vai...-recordei-me que nos fins de semana o transporte público não passava por lá-É hoje que eu não volto antes da uma da manhã!Eba...

Abri o quarda chuva,segurei a bolça perto ao meu peito e comecei a correr pelas ruas em plena noite.

Depois de vinte minutos,já podia ver a minha casa:

–Estou quase lá...só mais um pouquinho e...

Antes que terminasse,dois homens encapuzados me barraram:

–O que uma moça bonitinha como você está fazendo por aí a esse horário?

Abaxei o rosto e tentei desviar:

–Com lisença!

–Ah!Já vai?-um deles segurou fortemente o meu pulço e puxou-me para um beco:”é o meu fim!”.Colocaram-me contra a parede e começaram a desabotoar o meu casaco.Estava prestes a chorar quando uma pedra atingiu a cabela do mais alto,que logo me largou:

–Ei!

–Hã...-olhei para o lado e vi um vulto veloz.

Mal pude tentar ver o outro capanga.Alguém estava levando-me para fora do beco:

–Que...quem é você?!

–Fique quieta!

Minha voz simplistimente não saia.

Eu não estava mais com medo.

Aquela mão...ela era quente e macia...de quem poderia ser...?

Fiquei tão pensativa com isso,que mal percebi que estava indo para casa:

–Ah!Eu moro aqui...obrigada por me ajudar.

Enquanto andava em direção ao portãozinho,fui puxada para frente da casa ao lado.Não resistia.Era tudo tão rápido e confuso...

Ele abriu a porta e me empurrou para dentro,acendendo a luz logo em seguida.

Virando-se rapidamente,mostrou sua face.Era o Yukki,todo molhado...:

–Yu...Yukki!-gritei aliviada-Obrigada por...

–Não!Sua idiota!O quê te deu na cabeça?!Um tempo depois que você entrou na sua casa as luzes se apagaram e não acederam mais!Até bati na sua porta,mas não havia ninguém la dentro!Já era meia-noite e nem sinal seu!Estava indo para a delegacia quando vi você sendo arrastada para longe!Aonde você estava?!-ele berrava.

Estava tão assustada com tudo,que comecei a chorar:

–Des...descul...desculpa!

–Não...perdoe-me...não chore...-ele se ajoelhou e me conteu em seus braços-eu...estava muito preocupado...

Era a primeira vez que senti sua voz em um tom serio.

Foi uma sensação estranha,senti-me protegida e confortável.

Posso dizer que,eu nunca havia sentido isto antes.

O tempo parecia ter parado.Eu estava contente por cada segundo que estávamos juntos.Era algo diferente.

–Ah...nossa...você está ensopada...-ele me afastou e olhou para o lado.Seu rosto estava corado.

–Hã...-senti-me estranha quando ele me soltou por completo.

–O seu cabelo está pingando e...-ele deu uma pausa,avermelhou-se mais ainda e presseguiu-o seu vestido...

Por um momento,senti a minha roupa mais justa.Reparei que o meu vestido estava bem agarrado ao meu corpo;logo fechei o meu casaco:

–Bem...você ainda não me respondeu...aonde você estava?

–Eu recebi uma mensagem do Ryuu-kun,convidando-me para ir ao apartamento dele junto a alguns amigos.

–Então...você estava com o Ryuu-kun...-ele parecia sem graça,levantou-se e foi em direção às escadas-é melhor você voltar para casa.Tome um banho rápido e vá dormir;do contrário pegará um resfriado.

–Sim.-ergui-me e fui em direção à porta-ah!Yukki-kun!

–O quê?

–De novo,obrigada por me ajudar...

–Só...tome mais cuidado...

“Ele deve estar muuito bravo,é melhor ir logo”.Girei a maçaneta e voltei para casa.

Após terminar de tomar meu banho e colocar meu pijama olhei para a cômoda ao lado da minha cama.Sobre ela havia um porta-retrato com uma foto tirada a vários anos atrás;era eu e Yukki fazendo xifrinho um no outro.

“Ele passou esse tempo todo pensando em mim?Eu realmente devo tê-lo deixado bravo...” refleti.

Um barulho desviou minha atenção.

Olhei para o chão e vi perto da escrivaninha:

–Ah...é a minha pulseira...-disse pegando-a-Ryuu...

Fui para cama e dormi.

A noite foi tranquila,apesar de tudo,o barulho dos pingos d’ água acalmaram-me.

O despertador tocou às oito.Levantei-me sonolenta,esfregando um dos olhos indo em direção ao banheiro.Lavei o rosto e troquei de roupa.

Enquanto descia a escadaria,tentei lembrar do nonho que tivera.Apenas algumas imagens voltavam à minha mente;eram elas o rosto de Yukki com diferentes expressões.

Peguei uma tigela e coloquei uma porção de cereal e leite.Assim que me satisfiz,recolhi a bolça jogada no sofá e fui para o mercado,parecia-me que as frutas que estavam na fruteira estragaram:

–Lá vou eu...

Até que não foi demorado.Não deparei-me com a multidão que geralmente fica lá aos sábados.

Meus braços prendiam as sacolas,que quase caíam.

Na saída encontrei-me com Yukki,que parecia cansado também.Achei melhor fingir que não o vi,mas ele veio até mim:

–Você quer ajuda?-por incrível que paressa,ele sorria.Não estava nem um pouco parecido com o Yukki da noite que passara.

–Não...eu...já estou indo...você deve estar ocupado...-me atrapalhei ao falar com o garoto.Não sei o porquê de seu sorriso me deixar tão envergonhada.

–Tudo bem.Já encerrei o passeio com o meu cachorro,então vamos voltar juntos!

–Mas...onde está o seu mascote...?-perguntei contrangida.Não havia sequer um animal ao se lado.

–Hã...?-estranhou olhando para a mão,que possivelmente deveria estar segurando a coleira.

De repente,um pedido de socorro manifestou-se pelo quarterão.

Ele correu e virou a esquina.

Tentei seguí-lo,só que as sacolas pesavam e quase estouraram.Finalmente cheguei.Uma enorme bola de pêlos estava em cima de uma jovem (por sinal,muito bem arrumada):

–Tire isto de cima de mim!Que nojo!

Yukki conseguiu conter o bichano e ergueu a mão para ajudar a menina:

–Controle seu bicho!-decretou batendo em sua mão.

Demos as costa e ela foi para um outro lado.

No caminho de volta Yukki segurava algumas sacolas e pareceia-me inqueto:

–Está tudo bem?:Você parece diferente...

–Como assim?

–Normalmente,você estaria rindo de mim ou reclamado daquela garota mal-educada...

–Eu...estou pensando.Maika-chan...têm planos para hoje à tarde?

–Não...acho que vou passar o dia de cara com as tarefas...e você?

–Estou pensando em sair...

–Seria bom para você.Geralmente passa os fins de semana jogando.Nunca o vi com um grupo de amigos ou coisa do tipo...não que eu seja uma perseguidora ou nada do tipo!-corei.

–Hahaha!-sua risada soou mais leve-Perseguidora?De onde tirou isso?

–Pare de rir de mim...-virei o rosto.

–Bem é isso...eu...queria saber se...-deu uma pausa;parecia nervoso.

–Hã!-virei-me para Yukki.

–Se...Maika-chan quer sair comigo hoje.

–Po..pode ser...

–Obrigado,seria muito chato passar a tarde sozinho.Eu te pego às onze...

–Não...acho melhor você vir ao meio-dia...assim,terei tempo de preparar o almoço!

–Não é necessário...

–Eu insisto!Prometo que prepararei algo digerível e não mortal ao estômago!-empolgui-me.

–Se persiste com isso...tudo bem,então.-concordou e passou a mão na minha cabeça,dessarumando o meu cabelo.

Passávamos por uma praça quando percebi que atrás de uma árvore estava Ryuu com uma outra mulher:”a mensagem de ontem...já devem ser dez horas...”.:Discretamente vi que a sua acompanhante era a mesma jovem em quem o bicho de Yukki pulara.

Uma risada desajeitada escapou de minha boca e logo em seguida,Yukki segurou minha mão:

–Vamos...

–Vamos...-repeti.

Foi a única vez em que não me incomodei por ver meu namorado com outra.Não entendi o motivo,talvez tenha sido por causa da presença de Yukki.Ainda sim,é confuso pensar isso.

Entrei em casa,guardei as compras,amarrei o avental de cozinheira em mina cintura e comecei a preparar o almoço.

O cheiro de peixe enfestou o local.

O arroz cozinhava na panela enquanto eu temperava o salmão.

Imaginava minha mãe comigo quando era criança.

Espremi as laranjas em uma jarra e dava,vez ou outra,uma espiada no relógio.

Escutei um apito:o bolo estava pronto.Tirei-o do forno e coloquei-o na geladeira .

Respirei fundo;estava quase tudo ok.

–Só falta tirar o avental,que está cheirando mal.-aliviei-me jogando-o na máquina de lavar-Pronto!Que cheiro é esse?!-questionei.

Olhei para a minha roupa pouco suja.

–Então sou eu...-concluí.

Corri para o quarto e tomei às pressas um banho.Saí com a toalha enrrolada no corpo e nem percebi que a cortina não estava estiada.

–Aaaaaaaaaaaaah!-puxei a cortina e baxei a venesiana-Acho que ninguém me viu...agora...é a pior parte...-abri o guarda-roupa-o quê vestir...

Fui esquisito.Por quê fiquei preocupada com isto?Geralmente pegaria a primeira peça que encontrasse.Por quê tentei pensar em um look que Yukki gostaria?Isto não faz sentido!Só passo por esta situação quando vou sair com o Ryuu.

De qualquer jeito,escolhi uma blusinha listrada sobre um short curto vermelho quadriculado com uma meia calça preta 7/8 com uma sapatilha cor de petróleo.


–Finalmente!

Desci e coloquei a comida,os talheres e louça à mesa.

Assim que finalizei a arrumação,ouvi a campainha.

–É ele!Yukki chegou!

Eu simplesmente não sei qual o motivo de me alegrar tanto!O quê é isso?!

Abri a porta ansiosa e o recebi:

–Boa tarde,Yukki-kun!

O meu convidado parecia-me desconfortável.

–O que houve?!Está bem?!

–Não...não é nada...é só que...você está muito...kawaii...

–Ah...não...hã...entre!

–Obrigado...-ele entrou e ficou surpreso ao ver o almoço-você fez tudo isso?

–Sim.

–Não precisava se incomodar...

–Não foi nada!Ande...sente-se!

–Valeu...

Nós nos servimos e conversamos livremente durante meia hora.

–Obrigado pelo almoço...baka...

–Espere!-implorei enquanto tirava uma travessa da geladeira-Eu fiz para você...

–Um bolo de chocolate...hahaha...

–Não gostou?!Não precisa comer!

–Não é isso...é que...parece que você adivinhou do que eu gosto...-ele riu novamente timidamente.

Só que...eu sabia do que ele gostava...o almoço,o bolo e até o meu visual...fiz tudo para agradá-lo.Apenas pensando no sorriso dele.

Yukki lambuzou-se com a cobertura e comeu todos os morangos...parecia uma criança...assim como aquela da foto...

–Está pronta,baka-chan?

–Sim.Samos chato-kun!

Após sairmos da minha casa,andamos até o metrô e pegamos um caminho que não conhecia.Na verdade,fiquei tão feliz com o nosso passeio,que esqueci para onde iríamos...

–Chegamos!

–É...chegamos...

–Você não faz a menor ideia de onde estamos,né?-intimidou-me.

–Claro...não...-corei.

Ele se aproximou de mim e cochichou:

–Mas...é uma verdadeira baka!Venha.-segurou minha mão e levou-me para fora.

Subimos uma rampa e deparei-me com um enorme parque de diversões!

Passamos a tarde brincando e gritando com os brinquedos gigantescos,além de que Yukki conseguiu ganhar vários prêmios e me deu todos os que achou que gostei...

No entanto tivemos que voltar quando o frio dominou completamente o lugar.

–Vamos voltar Maika,não quero que fique doente.

–Vamos...já estou quase congelando...

–Nesse caso...-pausou,tirou se casaco e pôs em meu ombro,logo me abraçou por trás e continuou-devemos ficar assim até chegarmos lá.

–Yukki...eu...

–Só fique assim...tá?

–Tá...

O calor de Yukki passava para mim a todo momento na volta.

Quando me dei conta,estávamos na nossa rua.

Cada passo parecia mais torturante.De algum modo,gostava de estar bem próxima ao Yukki.

O pior aconteceu,já estávamos em frete aos nossos lares.

–Eu..já vou indo...-avisei.

–Antes de ir...

Suas mão quentes afastaram o meu cabelo e envolveram em meu pescoço uma corrente com um pingente de panda.Em seguida,beijou suavemente minha bochecha.

Cheguei no meu quarto,joguei as minhas coisas no tapete e repassei aquele ato na minha cabeça várias e várias vezes.

–O meu coração...está acelerado...?

Meu batimento estava ao máximo,meu rosto completamente vermelho e minha respiração ofegante.

Mal dormi,viava de um lado para o outro,mas o sono não vinha

–Yukki...-por mais que tentasse meus pensamentos estavam girando em torno dele.

Amanheceu e eu não pude descansar.

–Ai...que dor de cabeça...nem preguei os olhos por mais de três horas...-resmungava meio tonta,olhando para a pilha de livros sobre a escrivaninha-...e para piorar...tenho que terminar as lições...

Duas horas haviam passado desde que dei início aos meus afazeres,porém ainda faltava uma pilha de deveres.

–Vou perder o dia assim...vou comer algo e já faço o resto...

Fui à cozinha e tirei uma maçã da fruteira.

Por segundo,olhei para a mesa e logo depois virei o rosto.

–De novo...

Naquela hora imaginei Yukki sentado da mesma cadeira de ontem rindo e brincado como sempre fez.Não podia evitar,tudo que vinha a minha mente era ele.

A cada vez o que o vejo,mais este sentimento estranho cresce dentro de mim.O que é isto?

Finalmente terminei!Juntei o material escolar e arrumei a mala.

Separei o uniforme e já me preparava para cair nas profundezas do sono.

Já era quase dez horas.Estava puxando os cubertore quando escutei a janela do quarto de Yukki abrir.

–Yukki?!

–Maika...

–Como está?-gritei escancarando a janela.

–Pare de gritar!Você sabe que horas são?!

–Dez...por quê?

–Você realmente não conhece a minha voz de sarcasmo?

–Ah...desculpe...nem percebi...

–Vá dormir...

–Tá de mal-humorado hoje?

–Você não tem mais quem irritar?-falou em tom sério.

–Yukki...o que foi?

–Apenas me deixe em paz...

Antes que ele se virasse completamente joguei uma bolinha de papel em sua cabeça.

–Ei!Yukki!

–Maika...posso te fazer uma pergunta?

–Claro!

–Você gosta de mim?

–É lógico que sim!Ykki é meu amigo desde criança...

–Não desse geito...

–Eu não entendo doque você está falando?

–Maika,você está apaixonada por mim?

–...-eu não conseguia responder.Meu corpo congelou,senti um arrepio percorrer minha espinha.-...

–Desculpe-me...mas,eu só saí com você por pura dó.Maika-cha é irritante e não tenho nenhum sentimento especial por você.Não quero que pense que eu goste de ser seu amigo ou algo do tipo.Só te levo para casa,porque é minha obrigação como vizinho mais velho.Na verdade...eu te odeio,Maika Takaya.

Ele puxou a veneziana.

Fiquei sem saber o fazer.Queria chorar,gritar e esquecer tudo...aquele sentimento,os dia em que o conheci,a sua voz,as suas palavras e o próprio Yukki.

Enrolei-me nas cobertas e coloquei o travesseiro sobre a cabeça.

A noite passou lentamente,a dor em meu peito aumentava e destruía todas as lembranças boas que tinha dele.

Meu celular tocou.Hora d ir para o colégio.

Entrei na sala com um sorriso falso.

Nane e Rina virem me comprimentar:

–E aí?

–Tudo bem?

–Sim...

Antes que pudéssemos conversar o professor chegou.

No intervalo expliquei tudo para elas.

–E foi isso...

–Você quase foi estrupada?!Que loco...-comentou Rina.

–Filho da @#$]¢!Como Yukki pode ter feito uma coisas dessas?!-inconformava-se Nane.

–Tudo bem...eu o entendo...

–Quer ver que ele ficou com ciúmes do Ryuu e...-deduzia Rina.

–Boa Sherlock...mas ele resolveu admitir isto do modo errado!-disse Nane.

–Elementar minha cara Nane...elementar...

–Hahaha!Vocês duas sabem me animar!

–Vamos para nossos lugares...a chata da Enma vem ai...-Rina aconselhou.

–Enma?!-ensinouo Nane.

–A tia dos números!-Rina esclareceu.

–Professora nova de matemática.-traduzi.

–Ah..

Na saída do colégio,estava acompanhada das mesmas amigas de sempre.

Quase no portão de saída,virei-me por um segundo.

–Está esperando alguém?-insinuou Nane.

–Claro que não!Quem poderia ser?

De repente vejo Yukki no corredor indo ao encontro de uma garota loira (muito bonita,diga-se de passagem).Eles ficam bem próximos e a colegial dá-lhe uma carta.

“Ela está se declarando para o Yukki”pensei um pouco incomadada.

Depois,ele apenas a abraça e a devolve o envelope.

Sem perceper,lágrimas escorreriam o meu rosto.Sentia como se uma faca tivesse me atravessado e meu batimento estava acelerado.

–Por quê está chorando?-perguntou Nane.

–Eu...não estou chorando...-menti enxugando as lágrimas com o pulso.

–Não minta para si mesma desta vez...-pediu Rina.

–Eu acho que...eu...

–Você finalmente percebeu,né?-riu Rina.

–Sim,mas...-falei olhando para Ryuu,que estava entranso em uma sala com outra garota.

–Faça o que você devia ter feito a muito tempo.Vamos Rina?

–Vamos!Até,Maika-chan...

Elas se fora e eu também.

Ainda vermelha fui até a porta,pela qual meu namorado entrou.

Abri-a e lá o encontrei,sentado,beijando a menina.

–Olá,Ryuu.-sorri.

–Ma...Maika!Eu posso explicar!

–Não é necessário.Ryuu.

–Você não teria coragem de terminar comigo,certo?

–Bem...não antes...-tirei a pulseira que ele me dera a alguns dias.

–O quê foi?Vai jogá-la fora.Já peço desculpas adiantado.

–Não é preciso Ryuu.Até porque...isto acaba aqui.

–Como?

–Fique com isso.-falei jogando o acessório nele.

–Perdoe-me...eu nunca farei isso novamente.Eu te amo.-declarou se aproximando de mim.

–Ryuu.Eu já sabia que você era assim,mas não me incomodava com isso,porque...eu não te amo!

Dei as costas e fui embora sem dar mais satisfações.

“Sinto que um peso enorme saiu dos meus ombros...agora só falta...”,meus pensamentos foram interrompidos ao ver Yukki saindo pelo portão.

–Yukki!-corri atrás dele.

Infelizmente o perdi na multidão.Continuei no meu desespero de encontrá-lo.

Quando finalmente saí não o encontrei.

“Ele não foi para casa...já sei para onde Yukki deve ter ido!”.

Percorria a calçada na esperança de estar certa.

Cheguei em um prquinho abandonado.Meus olhos corriam pelo lugar.Achei-o virado de costas.

–Yukki!

–Você...como me encontrou?-perguntou se virando para mim.

–Você vêm aqui desde criança para poder pensar.

–Saiba que desta vez,estava querendo evitar de ter contato com você.

–Mentiroso!

–...

–Yukki jamais seria tão cruel...

–O quê faz aqui Maika?

–Eu quero falar com você!

–Então fale e não grite.

–Yukki!

–De qualquer modo eu não tenho interesse em falar com você...vá para casa.

–Yukki...eu...entendo que se você me odiar.Eu também me odeio por demorar para te dizer isto...Yukki...e...e...-minha voz não ecoava.Minha garganta congelou,meu coração palpitava nervoso,minhas pernas tremiam,meu peito doía,no entanto,a dor de guardar este sentimento só para mim era maior.Precisava de forças,estava com medo,porém...já que cheguei até aqui...não posso desistir e voltar atrás como sempre fiz.Mesmo que ele me odeie para o resto da vida...eu quero que Yukki saiba o que sinto por ele...Sempre tão gentil,amigo,fiel...o seu calor,a sua voz,seus insultos carinhosos...eu amo cada parte dele...-eu amo você,Yukki!

O silêncio fora finalmente quebrado.

Agora,só resta-me esperar por uma resposta;seja ela qual for...

–Ba...baka.-murmurou puxando-me para seus braços-Esperei todo este tempo para ser correspondido.Desde o dia em que você chegou com um sorriso para mim...eu tenho amado você em segredo...desculpe-me por tratar Maika desta forma tão rude,mas...depois daquele dia em que passamos no parque,encontrei Ryuu.Ele me disse que se eu voltasse a encontrar-me com você,terminariam.Não queria ver você sofrendo mais ainda por um cretino!Tentei te afastar...e isto me torturou.Eu te amo Maika.

Esta frase me fez perceber que não era um sonho.

Nossos rostos corados se aproximavam,nossos olhares se cruzavam e finalmente nossos sabios selaram-se em um beijo intenso.

O tempo parou por alguns instantes e o mundo tornou-se vazio;apenas havia Yukki e eu.

Mesmo que demore,algum dia o amor chega.

Ele chega sem avisar,sem dar qualquer sinal de sua presença,pode até estar disfarçado de amizade ou ódio.

Mas,quando chega a hora,se revela nas formas mais inimagináveis e imprevisíveis.

E só então,é possível senti-lo claramente,com todas as suas formas,com todo o seu esplendor,com todas as suas surpresas.




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Notas finais do capítulo

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