Reinventada escrita por Chloe Stangerson


Capítulo 5
Escolha


Notas iniciais do capítulo

Hey c:
Demorei para fazer esse porque estava bastante em duvida como iria fazer. E agradeço pela paciência de vocês :3
Ah e fiquei MUITO feliz que recebi 4 reviews. Muuito obrigada e continuem assim para eu continuar a postar.
Boa leitura e espero que gostem <4



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Abri os olhos e só conseguia pensar numa coisa: É hoje.

Não estava nervosa, mas minha cabeça estava um caos. Eu estava com dor de cabeça. E quase acordei atrasada. Pulei da cama e fui tomar meu banho. Eu não estava nervosa, não ainda.

Terminei de me arrumar e fui para a cozinha, meus pais estavam comendo calmamente. Hesitei em me juntar a eles e até pensei em voltar ao meu quarto, mas meu pai já tinha me visto. Ele sorriu.

– Venha comer um pouco, você parece esfomeada.

E eu estava. Mas não queria passar muito tempo com eles. Não podia mentir mais do que já tinha mentido. Isso não parecia certo. Dou um sorriso e me sento a sua frente.

Nós comemos silenciosamente, e termino um pouco mais rápido que o habitual. Vou apressada para meu quarto e fico encostada na porta. Isso não está certo. Eu não posso abandoná-los. Mas será que posso viver em mentiras na facção mais honesta de todas?

Eu tenho que decidir isso agora. A minha escolha está feita, mas as duvidas e os medos me impedem de ter certeza.

Me sobressalto com Dayna batendo na porta e me chamando para nós irmos.

≈  ≈  ≈  ≈  ≈  ≈  ≈  ≈  ≈  ≈  ≈  ≈  

            Chegamos ao Eixo. É um edifício bem grande, e me admiro sempre quando o vejo. Hoje viemos de carro, já que meus pais vieram para a Cerimônia de Escolha. É raro as vezes que nós saímos de carro. Meu pai sempre está ocupado com o trabalho, e minha mãe também. Então sempre vamos de ônibus ou andando.

            Sigo os passos de meus pais à minha frente, e Dayna ao meu lado parece tranquila, como se tivesse feito isso a vida toda. Parece que nem eu estou tão nervosa. Atravessamos a grande recepção e nos dirigimos ao elevador. Muitas pessoas estão esperando também, de todas as facções.

Menos a Abnegação.

            Pelo canto do olho vejo pessoas com roupas cinzas passarem ao nosso lado, indo pelas escadas. Eles vão subir vinte andares para dar seus lugares à outras pessoas no elevador. Me admiro com isso. Eu faria isso se pudesse, mas eu ainda sou Franca, e pessoas da minha facção não fazem isso. Se eu escolher ficar, vou ter que aprender a conviver com a obrigação de ser uma Franca. Não sei se consigo fazer isso.

            Finalmente o elevador chega e várias pessoas entram. O elevador se fecha e todos esperam silenciosamente. Algumas risadinhas dos membro da Amizade, mas só isso até chegarmos ao vigésimo andar. Quando ele chega, as pessoas tentam passar todas de uma vez. Eu espero porque não estou com pressa. E essas pessoas parecem estar mais nervosas do que eu.

            O salão está organizado em círculos. O externo é onde ficam as pessoas que vão fazer as escolhas. E os seguintes é onde ficarão nossos pais, que estão divididos em cinco seções, para cada facção.

            Respiro fundo. O suor, as mãos tremendo, as pernas bambas não estão comigo agora, mas eu sinto a culpa me dominando. E isso é pior.

            Me dirijo para onde eu tenho de estar. Ao meu lado está Dayna, e no outro um menino da erudição chamado Aaron Skullar. Ele está olhando fixamente para algum ponto a sua frente, provavelmente tentando tirar a tensão. E Dayna está com as mãos à sua frente, balançando sem parar. Não dá para perceber, mas conheço Day a muito tempo, e sei que ela está nervosa. Pela primeira vez, vejo-a nervosa.

            Antes de meus pais irem se sentar, meu pai me dá um grande abraço.

– Espero que faça a coisa certa. – ele diz no meu ouvido antes de ir abraçar Dayna. Fico confusa imediatamente.

Mas minha mãe vem e ma dá um abraço forte. Ela demorou para me soltar, e isso estava piorando a culpa que estava até nas pontas dos meus dedos.

– Não me abandone. Eu te amo demais para te deixar partir.

            Meus olhos se encheram de lágrimas. Enterrei meu rosto em sua blusa preta e respiro fundo. Não posso chorar, não agora. Depois, talvez, mas agora todos estão olhando e eu não quero parecer fraca.

– Eu nunca vou te abandonar mãe. – eu digo quando acho minha voz. Ela vacila um pouco, mas é o máximo que consigo.

            Não vou abandoná-la; mas isso não quer dizer que eu não possa escolher o que eu quero. Eles se direcionam para suas cadeiras. Olho em volta no salão.

Vejo Lilian de longe. Nunca me importei com ela realmente, mas vejo que ela está pálida, e não é nenhuma maquiagem. Seu rosto está até mais limpo hoje.  

É quando vejo Katina. Ela está com uma blusa listrada preta e branca, e uma calça preta. Seu cabelo está amarrado em um rabo-de-cavalo, destacando seus olhos verde-água. Ela parece abatida. E com olheiras fundas. Eu sei que Kat não dormiu nada, e por isso está tão cansada que nem está nervosa – ou tremendo.

Ela encontra meus olhos e mostra um sorriso tão fraco que sinto vontade de ir até  lá dar um abraço nela e dizer que vai ficar tudo bem.

Mas não vai ficar tudo bem.

Desvio o olhar quando um membro da Abnegação sobe ao pódio, e começa o discurso. Eu não presto atenção, pois não consigo ouvir nada além de meu coração batendo. Foco o olhar nele, mas só vejo seus lábios se movendo. Será que é assim a sensação de desmaiar? Sinto minhas pernas vacilarem, e me agarro a Dayna. Ela olha para mim vejo em seus olhos que ela precisa tanto de apoio quanto a mim. Eu seguro sua mão, e ela a agarra com força. A dor eu quase nem sinto, mas ela me ajuda a voltar a realidade aos poucos. E volto a ouvir o que o membro da Abnegação diz.

–... a agressividade formaram a Amizade.

            Olho para Katina. Mas ela está absorta em pensamentos e respira fundo quando ouve a palavra “Amizade”.

– Os que culpavam a ignorância se tornaram a Erudição.

O menino ao meu lado se mexe, um pouco desconfortável.

– Os que culpavam a duplicidade fundaram a Fraqueza.

Eu culpava? Bem no fundo, sabia que não.

– Os que culpavam o egoísmo geraram a Abnegação.

Meu coração vacila. Sim. Eu culpava. Mas isso não importava. Meu lugar era com a minha mãe. Espero que faça a coisa certa. Penso em meu pai dizendo. A coisa certa é ficar com eles, ou fazer o que eu quero realmente?

– E os que culpavam a covardia se juntaram à Audácia.

Não culpo a covardia. Não totalmente. E secretamente, a Audácia me dava medo. Acho que era isso o que eles queriam passar.

            Paro de prestar atenção novamente. A hora está chegando. Eu vou esperar para que na hora eu decida? Ou eu simplesmente escolho a melhor opção?

Eu não queria fazer uma escolha para algo tão importante.

– Portanto, celebramos hoje uma ocasião feliz: o dia em que recebemos novos iniciandos, que trabalharão conosco em prol de uma sociedade e um mundo melhores.

As pessoas batem palmas. Faço o mesmo, perdida. O membro da Abnegação começa a ler nomes, de um em um. Vejo de relance.

            Uma menina da Amizade escolhe a Amizade. Uma menina da Erudição escolhe a Franqueza. Um menino da Erudição escolhe a Audácia. Um garoto da Abnegação escolhe a Amizade. E então chega a hora do menino ao meu lado.

– Aaron Skullar.

            Ele anda devagar, como se fosse cair a qualquer momento. Para à frente dos recipientes, e olha todos com um olhar calculado. O homem da Abnegação oferece a faca para ele. Por um momento, ele hesita, e então pega e corta sua mão sem se importar com a dor. E antes que qualquer um possa perceber, ele estende a mão para o recipiente com as pedras cinzas. Ele se encaminha para o grupo da Abnegação. Poucos estão lá, mas ainda falta muito para saber.

– Melissa Silver.

Aperto a mão de Dayna segundos antes de soltá-la. Eu tenho que ser forte. Enquanto me encaminho para lá, olho de relance para minha mãe. Ela está com um sorriso. Ela sabe que eu vou escolher a Franqueza, e por sua causa.

O homem me oferece a faca. Eu a aceito e a olho por um momento. Brilhante e afiada. Olho para meu lado esquerdo onde se encontram as pedras; e no meu lado oposto, o vidro. Meu coração acelera nessa hora.

Passo a lâmina em minha mão com força, para dar firmeza. Mas acabo me machucando um pouco mais do que pretendia. A dor é angustiante, mas nada comparado ao pesar que sinto.

É essa hora que eu sou consumida pelo instinto. Não me importo com promessas, dores, culpas, ou destino. Agora eu só quero escolher algo para mim. Para mim ser feliz, mesmo que isso seja egoísta. Eu penso nas palavras de meu pai e então falo para mim mesma. Espero que eu esteja fazendo a coisa certa.

Eu posso ser egoísta uma ultima vez.

Lanço meu braço para as pedras.


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Notas finais do capítulo

Gostaram?? Respondam por favor ok?
Ficou um pouco menor do que imaginava, mas espero que gostem ^^
Reviews ok? Digam o que acharam <4