Rin pov's

Não conseguia pregar os olhos. Meu coração batia mais rápido que o normal. Me sentia sozinha naquela noite chuvosa que não aparentava ter fim. Deixei algumas lágrimas escaparem quando fechei meus olhos a força. Só consegui pensar em uma coisa: chamar o Len. Seria a segunda vez aquela semana. Não posso fazer nada, tenho medo de tudo.Me encorajei e estiquei meus braços em direção a uma das pedrinhas ao lado da minha cama pronta para abrir a janela e tentar tacar algumas na janela bem em frente a minha,a janela do quarto do Len. 
    Nossos quartos tinham janelas que davam de frente uma com a outra. Ele tinha me prometido que toda vez que tivesse medo poderia chamar. Afastei as cortinas e abri a janela. A luz ainda acesa me dava uma sensação de alívio. "Ufa", pensei, "Ele deve estar acordado. Abri a janela ignorando a chuva e arrisquei jogar algumas pedrinhas para ver se recebia resposta. Não demorou muito até que ele aparecesse. Loiro, olhos azuis, um pouco mais alto que eu. Meu melhor amigo, Len. 
    - Rin? - perguntou ele sorrindo olhando diretamente pra mim.- algum problema?
    - E-eu não consigo dormir.- Disse enquanto secava as lágrimas que restavam.
    - Ah... se quiser, pode ficar aqui no meu quarto. Eu estou jogando vídeo games.
    - Sim!- Respondi sorrindo.
    As casas eram extremamente próximas, de tal forma que o mundo servisse como um degrau entre as casas. Len estendeu a mão e sem hesitar segurei a mesma. Me sentia uma princesa
quando ele fazia isso. Dei um pequeno salto aterrissando perfeitamente no muro ainda molhadoe entrei pela janela sem muito esforço.
    O local estava agradável como sempre esteve. Aquele quarto com paredes coloridas, o tapete amarelo, a escrivaninha toda bagunçada, tudo tão... acolhedor.
    Me acomodei na beirada da cama me encolhendo um pouco, estava meio frio.
    - Rin, você está com frio ou algo assim? - Perguntou ele me olhando nos olhos com aquele sorriso doce que me acalmava aos poucos. - Pode pegar um dos cobertores.
    Devolvi o sorriso e caminhei em direção a pilha de cobertores amassados que estavam dentro do guarda roupa. Peguei um deles e me enrolei no mesmo. Caminhei vagarosamente e me sentei ao lado do loirinho que estava extremamente concentrado no vídeo game para prestar atenção em mim.
    - Quer jogar? - Ele me estendeu um segundo controle. Segurei o mesmo com firmeza.
    - Se eu ganhar, você vai me deixar dormir aqui hoje a noite. - Desafiei.
    - Você pode ficar aqui ganhando ou perdendo - Após dizer isso, Len se aproximou de mim e deu um beijo em minha testa. Senti minhas bochechas corarem no mesmo momento. Ele me lançou um olhar tímido e vi suas bochechas corarem também, ele se voltou ao monitor e começou a jogar.

Cinco anos depois...

- Uahh...- Bocejei. O sol parecia se esforçar para penetrar em meu quarto. Me sentei na beira da cama ainda lutando contra o sono. 

Abandonei minha tão adorada cama e caminhei em direção ao banheiro. Após uma higiene geral, vesti o uniforme da escola na qual eu estudava desde meus tão bem vividos sete anos. 

Por último, o clássico laço branco que usava na cabeça. Desde pequena usava o acessório já não mais conseguia me sentir  bonita sem ele. Por último, caminhei até a janela e abri a mesma.

- Bom dia Rin! - O loiro de olhos azuis estava lá, debruçado na janela apenas me esperando. Sorri para o mesmo. - Vamos?

- Calma. Ainda nem comi nem nada, só me arrumei. - Respondi enquanto ainda ajeitava os fios rebeldes que insistiam em me atormentar.

Desci as escadas e fui diretamente a cozinha onde um leve aroma de café e pães pairava no ar. Tentei não comer muito, mas meu estômago parecia não estar satisfeito com aquele café da manhã sem graça. 

A casa estava vazia. Já era de se esperar que meus pais não estivessem presentes. Aqueles dois só trabalham e viajam, trabalham e viajam, trabalham e viajam. Sei lá, tanto faz para mim, já que desde pequena eles me deixam aqui sob os cuidados de babás ou empregadas que agira já não eram necessárias, afinal, já tenho quatorze anos, não sou nenhum bebê.

A mochila estava estirada sobre o sofá. Pendurei-a em meu obro esquerdo e fui até a porta. Girei a maçaneta e senti o ar puro da manhã entrar por minhas narinas. 

- Vamos agora? - perguntou Len insistindo.

Acenei que sim com a cabeça em resposta. Desde os sete anos essa rotina se repete. Eu e Len vamos juntos para escola, voltamos juntos e comemos juntos. Nossos pais sempre foram muito ausentes, talvez por isso nós sejamos tão próximos assim. 

Len pov's

Rin. Rin, Rin, Rin, Rin. Meu coração acelerava só de ouvir aquele doce nome.  Durante sete anos suportei o peso desse amor platônico que sentia por ela. Sempre busco coragem pra dizer a ela meus sentimentos mas tenho medo de perdê-la.

- Rin, você... gosta de alguém? - senti meu rosto ficar vermelho. Oque diabos eu tinha feito?!

- Não tenho ninguém especial... mas sabe, um dia, quero encontrar alguém, alguém que me ame muito. - Deixei um suspiro escapar, um suspiro de alívio. Um dia, eu serei esse alguém, Rin.

Faltava tempo para as aulas começarem, ainda eram lá pelas sete horas. Rin e eu temos a péssima mania de acordar cedo. 

- Aw, chegamos cedo demais hoje. Vamos ficar no jardim um pouco, Len. - Rin abriu um sorrisinho meigo extremamente fofo.

O jardim estava do mesmo jeito. Pequenos arbustos floridos, uma árvore de cerejeira e alguns banquinhos dispostos em diferentes lugares. Nos sentamos sob um dos banquinhos e ficamos observando o nada.

- Eu... gosto das flores de cerejeira. - falei enquanto observava a grande e majestosa árvore. - Elas são lindas.

O som do sinal ecoou pelos arredores da escola.

Rin pov's.

"Len, você é estranho" pensei. enquanto o professor se esforçava para explicar nossa matéria. Eu realmente odeio matemática. Prefiro inglês.

Senti alguma coisa acertar minha cabeça, era uma pequena bolinha de papel amassado. Abri e me esforcei para ler a mensagem escrita.

"Depois da aula, me encontre atrás das arquibancadas. Assinado: seu admirador secreto."