Estava eu sentado na cama da Annabeth, olhando os desenhos que ali tinham, passei o dedo sobre o notebook que havia em cima da cama. E Thalia estava me contando sobre algumas as coisa que aconteceram nesse meio tempo, em que não nos falamos.

—Quem sabe sobre esse lance do tio Paul? – Thalia questionou me senti desconfortável, tentei não demostrar.

—Literalmente, todo mundo. Menos a minha mãe e bem... – engoli a seco, era ruim ficar lembrando que estava mentindo para Annabeth.

—Percy? – estava perdido demais nos meus pensamentos, balancei a cabeça e voltei a encarar Thalia. Ela já devia ter sacado, conhecia aquele olhar, não havia mudado.  – Você não contou pra e.. – Thalia foi cortada, pela porta do quarto sendo batida, e a rachando mais num pouco.

—Por favor, não se matem! Eu cheguei! – gritou uma Piper, nos encarando assustada primeiramente, sua boca se abriu e vi que ela não sabia o que pensar. Thalia tinha um sorriso divertido no rosto. –Mas. – ela apontou para a porta, me encarou e eu comecei a gargalhar.

—Estamos de boa, Pipes. – Thalia disse eu sorri e balancei a cabeça positivamente, acho que a ficha de Piper caiu naquela hora porque um sorriso de orelha a orelha saiu de sua boca e seus olhos começaram a brilhar.

—É sério? Não brinquem com o meu emocional. – Thalia deu um tapa na sua testa, me fazendo rir. – Não precisa ser bruta.

—Você realmente acha que se a gente não tivesse de boas, eu não teria matado ele. – Thalia disse apontando para mim, Piper revirou os olhos e sentou na sua cama. – Posso supor que ela saiba né? – assenti, Thalia queria me questionar de novo sobre aquilo, pensei que tinha me safado dessa.

—Saiba o que? – Piper disse, levantando a sobrancelha.                                      

—Sobre meu pai. – respondi, Thalia fez um coque no cabelo e me encarou seria.

—Você não terminou de me responder a minha pergunta. –Thalia arqueou a sobrancelha, se sentando na cama e ficando de frente para mim.

—Ela não sabe. – disse passando a mão no cabelo, tentando não encarar nenhuma das duas.

—Não contou ainda? – Piper perguntou, seu olhar era duvidoso. – Ela não vai te julgar se é isso que está pensando. Annabeth não é assim, eu te prometo isso.

—Não vai mesmo, esse é seu medo? – assenti com a cabeça, me entretendo com meus pés que no paravam de sacudir. Estava mais inquieto que o normal, aquele assunto me incomodava.

—Eu tenho medo de perder ela. -Sentia até a cor do meu rosto ir embora, só de pensar na possibilidade de um dia isso acontecer. Fechei os olhos pensando no sorriso dela, aquele sorriso que fazia o meu coração acelerar e ter sensações estranhas na minha barriga. – Eu vou falar, logo.

—Se você está dizendo, acredito em você. – disse Piper sorrindo de lado, pegou o celular dentro do bolso. – Estão distribuindo sorvete perto das arvores, na praça.

—Mentira. – Thalia disse se levantando. – Tem sorvete e não me chamaram?

—Estamos esperando o que? – disse rindo, Piper deu um sorriso largo enquanto nos três saímos do quarto. Olhei para a porta que estava com a maçaneta quebrada. – O que faremos em relação a porta?

—Eu resolvo isso mais tarde, eu sou presidente esqueceram – disse Piper com um ar de superioridade, jogando o cabelo para trás. Eu e Thalia nos entreolhamos e começamos a dar muita risada, Piper revirou os olhos verdes. Notei que esse corredor levava a festa do sorvete, não faria mal uma corrida até a porta.

—Um.. Dois.. – disse e vi um sorriso nos lábios de Thalia, enquanto Piper nos encarava com a  cara confusa.

—Três. – Thalia berrou e saímos disputando quem venceria a corrida.

—Ei! Espera ai. – Piper gritou e eu comecei a rir, perdendo a corrida. Cheguei na porta gargalhando, Thalia estava fazendo uma dancinha comemorativa. Tinha muita gente ali, todos estavam com os olhos arregalados, porque eu estava rindo junto de Thalia e Piper. As pessoas sabiam na raiva dela por mim, sabiam o outro lado da historia.

—Perdedores. – disse Thalia ainda dançando animada, Piper revirou os olhos verdes sorrindo. O cabelo de Thalia estava muito bagunçado.

—Pelo menos meu cabelo está arrumado. – Piper disse em meio sorriso debochado, Thalia lançou um olhar do chamado “foda-se”.

—Olha para minha cara de quem se importa.

—Eita! Dois a um pra Thal’s. – Nós três começamos a rir, de longe nossos amigos estavam com a boca aberta, provavelmente não entendendo nada que estava acontecendo ali. – Estamos esperando o que pra pegar sorvete? – Thalia parou a dancinha que fazia e arregalou os olhos azuis.

Annie, Dan, Josh, Leo, Travis, Connor, Chris e Clarisse estavam bem perto dos potes gigantes de sorvetes coloridos distribuídos em mesas brancas. Annabeth abriu um sorriso de orelha a orelha ao ver que eu me aproximava, levantou do pano estendido na grama que estava sentada. Abraçou-me bem forte e claro eu retribui na mesma intensidade.

—Parece que não se viram a três anos, meu Deus. – Thalia disse, Annie soltou um riso.

—Perai.- Josh disse tomando o sorvete provavelmente de chocolate. – Eu não to entendendo mais nada Brasil.

—Não é só você. – Connor disse nos encarando confuso, seu olhar ia de Thalia e para mim. Eu deveria imaginar que ninguém iria entender nada, já que ontem Thalia queria me matar e jogar meus pedaços aos cachorros.

—Voltaram a se falar? Tipo de boas? – Dan perguntou um tanto eufórico. Piper soltou uma risada.

—Não fui só eu que fiquei espantada, tá vendo. – Thalia revirou os olhos, me encarou esperando que eu falasse alguma coisa para eles calarem a boca.

—Sim, a gente se entendeu. – Estendi a minha mão na direção de Thalia e a gente fez um high five. Josh e Dan estavam mais perplexos que todos ali, provavelmente teria que contar a eles o tamanho da merda que Luke havia feito. Já Annie abriu um sorriso maravilhoso, ela parecia transbordar de felicidade.

—Ei Thalia quer sorvete? – Travis perguntou, mostrando o balde que tinha atrás dele de sorvete de menta. Eu não acredito que roubaram um dos potes que estava em cima da mesa, meu Deus. Piper e Thalia comeram o sorvete que estava ali, mas eu queria um azul.

—Vai comigo pegar sorvete azul? – perguntei me virando para Annie, ela assentiu e fomos de mãos dadas até a bancada.

—Estava pensando, vamos lá em cima pra tomar sorvete. – Annie disse enquanto pegava uma vasilha transparente.

— Vamos sim, então pega tipo muito sorvete. – Annie soltou uma risada gostosa, fiquei uns minutos procurando sorvete que eu queria e quando achei coloquei umas cinco bolas de sorvete azul, enquanto Annie pegou de morango e chocolate. Não demorou muito para estarmos sentados no sofá do telhado, conversando e tomando sorvete.

—Eu te falei.

— O que? – perguntei levantando a sobrancelha, enquanto levava mais uma colherada cheia até a boca.

 -Que as coisas iriam melhorar. – Sorri, enquanto Annie fazia um coque, estava bem quente o sol estava começando a abaixar. Estava encarando Annie, quando fui pegar mais sorvete sem olhar e errei a mira invés da minha boca acertei a minha bochecha e ela começou a rir escandalosamente.

—Não ria da minha cara. – tentei fazer uma cara sem sucesso algum, Annie ria muito com a mão na barriga. – Não vai parar? – passei o dedo no sorvete que estava já acabando e passei no rosto de Annabeth, que me encarou com a boca aberta, totalmente indignada. Comecei a rir alto, já a Annie pegou o pote da minha mão e pegou o resto de sorvete e passou no meu rosto. Virou uma guerra porque eu limpava do meu rosto e passava no dela e vice versa, até que eu como o gênio, cheio de planos mirabolantes passei na boca dela e para encerrar a guerra a beijei com intensidade.

(...)

Ficamos ali curtindo o fim de tarde, era incrível como o tempo do lado dela parecia voar, como nossa conversa fluía e como eu tinha vontade de parar o tempo para ficar a eternidade ao lado dela.

—Annie, você já foi ao lago? – perguntei, ela me encarou um tanto confusa e eu me diverti com aquele olhar difícil de ter dela.

—De qual você tá falando?

—Como assim Annabeth Chase não conhece o lago da escola. – perguntei dando ênfase em seu nome, ela odiava quando eu fazia algo do tipo. Sua reação não foi diferente do que eu imaginei olhos semicerrados. – Quinta a gente vai lá okay?

— Ganhando sorvete que mal tem. – um sorriso maldoso esboçou no rosto dela, bufei. Aquela ideia ainda me atormentava, eu era paranoico.

—Um a zero para Annabeth. – disse com mau humor, ela sorriu e me puxou pela nuca, me trazendo um arrepio. Ficamos nos encarando por longos segundos.

—Vai ser paranoico até quando amor? – no impulso a puxei para um beijo intenso, depois daquela vou tentar não ser paranoico. Ela me chamou de amor? Havia uma parte de mim me imaginando sambando na cara de Luke, mas foi passageira.  

—Ainda estou esperando o convite para conhecer a Nina. – Annie disse com a cabeça deitada no meu ombro, sorri ao ouvir aquilo.

—Já te convidei para almoçar em casa no domingo, se você quiser eu te busco. – Vi Annie sorrir, peguei meu celular no bolso vi que ainda faltava meia hora para o treino que Ares havia marcado.

(...)

Depois de alguns minutos eu e Annie descemos do telhado, eu fui para o vestiário me trocar e ela foi para a biblioteca já que ia estudar com Piper e Thalia.  Me vesti rapidamente, coloquei a regata e short. Comecei a correr em volta da quadra, para me aquecer e logo meus amigos começaram a adentrar na quadra e correr junto comigo. Ares estava sentado esperando dar o horário, até que ele entrou na sua sala e voltou com três caixas grandes, uma em cima da outra.

—Venham me ajudar! – Connor e Leo, o ajudaram a levar as caixas até o meio da quadra, estava todos lá. Clarisse fuzilava Chris com o olhar, não deixei de notar.

— O que tem nessas caixas? – perguntou Josh curioso, ele estava com uma bandana preta na cabeça. Ares não respondeu, abriu a primeira caixa e meus olhos brilharam.

—As camisetas para os jogos. – Gritos foram ouvidos, o pessoal começou a abrir as caixas com muita pressa, vi Ares revirar os olhos e vi que  uma estava na sua mão, junto com um bracelete laranja, eu gelei. – Vem aqui Jackson, quero falar com você em particular. – o pessoal começou a fazer uns barulhos estranhos do tipo “iiiiiiii”, Jason estava entusiasmado com a camiseta dele e nem se pronunciou, desde que contei a verdade para ele. Jason parece mais leve, menos preocupado c om as coisas, só sempre está com um semblante triste,  eu apostaria que era sobre Piper. Segui Ares até sua sala, ele não parecia muito bravo, me entregou a camiseta, era laranja, tinha algumas listras brancas e um centauro preto no meio. Eu a virei de costas e estava escrito “Jackson” em baixo o numero “03”.  Era meu numero preferido, esbocei um sorriso gigante.

— Porque o senhor me chamou aqui? – perguntei um tanto confuso, ele sorriu de lado.