Caça e Caçador escrita por Prímera


Capítulo 5
A noiva de Shaoran.


Notas iniciais do capítulo

Adorei os comentários, tanto que devido a eles não me contive em posta logo o quinto capítulo.

Espero que goste. Boa leitura o/



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Sakura fita desgostosa a comida na bandeja. O cheiro estava de todo um modo delicioso, contudo, desde sua chegada no dia anterior que não consegue se alimentar direito, a barriga aparentemente fazia greve de fome. O máximo que conseguiu comer até então foi uma maçã que pegou da fruteira na mesa da cozinha.

Afastando a cortina que separa a cozinha do pequeno corredor que dá acesso a sala de jantar, não avança mais de um passo, logo parando ao ver Shaoran sentado a mesa defronte para si. Entretido na conversa com os visitantes, mal repara nas pessoas que serviam os demais na mesa, muito menos nela que acabara de entrar no cômodo com sua refeição. Seu semblante era preocupado, um tanto indiferente com um “q” de vazio. Poderia ser graças ao que estivesse dominando sua mente e o desfalcando uma vez ou outra da realidade, que ainda se encontrava viva naquele covil de trackers.

Seu estomago roncou. De forma espontânea, toca a região do estomago.

Mas é claro! Faz tanto tempo que não me alimento da energia de um ser humano, que acabo não reconhecendo meus próprios instintos. Ele deve pertencer a uma linhagem pura de tracker, assim como aquela mulher da noite passada. Fechando um pouco os olhos, apreciou o aroma tentador que bailava no ar. Entretanto, há uma mistura inigualável em sua energia que o difere de qualquer outro nesse lugar. Sua boca salivou.

Sakura passa a língua nos lábios sentindo uma excitação lhe percorrer o corpo. Hum... Geme. Que sensação é essa? Cruzando as pernas, a mão que mantinha na barriga escorrega, porém se detém apertando a aba do avental.

Uma das empregadas sai detrás da cortina esbarrando consequentemente na menina que estava no caminho. Como fumaça ao vento, o aroma dissipa e Sakura rapidamente equilibra a bandeja evitando que a comida fosse direto para o chão.

– Não fique parada no meio da passagem como uma tonta, menina. – Reclama contornando Sakura, que a observa envergonhada fazendo um bico raivoso.

Mais vermelha ficou ao notar ser o centro das atenções. Shino a chama fazendo gestos discretos para que se mova e volta a servir Meiling sentada de frente para o primo.

– Como dizia; – A voz da chinesa é alta o suficiente para todos escutarem. – Modos vem de berço, não é para qualquer um...ma. – Lança de fininho seu olhar superior na direção de Sakura.


(...)


Minutos antes...

Todo o trajeto até o casarão, Sakura percorreu de maneira ausente. Em suma era corpo presente, mas sua cabeça e pensamentos vagavam por outro lugar. Shino por sua vez tagarelava sem ao menos reparar que a menina ao seu lado não ouvia uma palavra sequer, embora balançasse a cabeça em concordância.

De súbito para e logo atrás Sakura se esbarra. – Essa não... – Queixa-se.

– O que foi? – Procura saber o motivo para tanto lamento na voz. Massageando o nariz observa o interior da cozinha, e a primeira coisa que vê já explica a reação da criada.

– A Srta. Meiling está novamente coordenando o almoço. Ela é irritante. – As ultimas palavras são ditas num cochicho entre ambas.

Sakura tinha que admitir, a chinesa era eficiente. Ela mandava e desmandava em todos os empregados da cozinha, mantendo um certo nível de organização e não deixando de participar na elaboração do almoço. Nada lhe passava despercebido, assim como as duas empoleiradas na entrada também não escaparam.

– O que fazem ai? – Questionou. Shino e Sakura ficam eretas, tensas com o referimento. – Você. – Aponta para a morena do lado esquerdo. – Ajude a cortar os legumes... E rápido.

– S-Sim! – Afirma correndo para seu posto, tendo os olhos avermelhados como acompanhante até sua chegada.

Eu sou a próxima. Pensa, não contendo o nervosismo. No entanto, apenas a vê diminuindo a distância entre si até ficarem frente-a-frente.

– Antes de tudo, não desgaste seus neurônios achando que vou pegar leve com você só por que é uma serva “exclusiva” do meu Shaoran. – Faz aspas no ar ao dizer com menosprezo a palavra exclusiva. – Pode ter o privilégio de dormir no mesmo quarto que ele agora, mas tão cedo será desprezada quando ele notar sua inutilidade, e eu farei questão de coloca-la no olho da rua.

Nossa! Mais justo seria me colocar com as demais empregadas da casa. Qual a razão para tanto ciúme, se ele mal me enxerga? Revira os olhos. Espere ai... Deixe-me analisar a proposta. Eu não sendo útil, Shaoran me descarta e por fim estarei no olho na rua. O rosto da jovem flor se ilumina. Minha carta de alforria! Vou poder procurar minha família...

– Fechado! – Sakura a interrompe. – Q-Quero dizer; sinto muito. – Abaixando a cabeça, tenta demonstrar tristeza, quando por dentro esta explodindo de felicidade.

– Não sinta. Se o problema for emprego, conseguirá muito bem em outra casa. Agora se apresse e vá olhar a panela do arroz.

Risonha e cantarolando em tom sussurrante, a menina vai à procura começando pelas que estavam fervendo no fogão. – Achei que a Srta. Meiling estava reclamando com você. – A voz desconfiada de Shino faz Sakura petrificar, começando a suar frio. – Então, qual é a causa da alegria?

Esperando o momento adequado, ou seja, a saída de Meiling da cozinha, senta ligeiramente na cadeira ao lado soltando tudo o que acontecera, incluindo seu plano, de uma só vez.

– Não Sakura! – O choque foi tão repentino que a fez derrubar a cadeira ao se levantar. – Não pode fazer isso, precisamos de você aqui.

Ela já sabia que essa seria a reação de Shino, por isso ficou nervosa a principio. Se demorando para responder, pega uma maça da fruteira e a esfregando no avental dá uma mordida considerável. O tempo passa e Sakura termina de comer toda a fruta.

– Eu gostaria de ajudar, mas tenho uma família perdida por algum lugar do Japão, ou sabe-se lá de que outro país. Não faço a menor ideia de como estão, se foram realmente escravizados... Se ainda vivem... – Os olhos verdes inundam, transbordando pelas laterais.

Lamentado ter acabado com aquela alegria estonteante de outrora e causado essa dor, a morena oferece-lhe um lenço. – Me desculpe pela maneira como falei.

– Tudo bem. Eu que peço desculpas por isso. – Sorri timidamente. – Meu pai e minha mãe sempre me ensinaram a não agir com egoísmo, porém dessa vez, e somente dessa vez, serei egoísta por eles. – Conclui com determinação.

– E eu a apoio. – Shino envolve as mãos de Sakura nas suas.


(...)


Momento atual...

Contando mentalmente de um até dez, a jovem flor consegue aos poucos se controlar, evitando que seu plano, o primeiro e único - caso dê certo -, fosse por água a baixo. Seu objetivo é fazer com que Shaoran fique furioso ao ponto de não suporta-la mais, o que a levaria para a liberdade.

Obrigada Srta. Meiling! Agradece em pensamentos, voltando a ficar eufórica. Aiaiai... Preciso me controlar ou vou gritar de pura alegria.

Há uma curta distancia, preste a por em prática a primeira parte do plano, coincidentemente Sakura depara-se com as profundezas cálidas de um oceano impresso nos olhos de uma garota sentada ao lado do rapaz. Sua pele pálida era o completo oposto dos cabelos ondulados escuros. Mas o que intrigou a menina foi às feições, poderia jurar que a conhecia de algum lugar... Podendo não ter sido nem desta época. Impossível! Censura de imediato seu devaneio, depositando calmamente sobre a mesa o prato com a comida.

Por fim, ela lhe sorri com carinho. Constrangida, Sakura vira a face. – M-Me desculpe, não tive a intenção de ficar encarando.

– Não foi nada.

Até a voz lhe é familiar. Surpresa, abre a boca na intenção de perguntar se já haviam se visto antes. Através de alguma amizade de sua mãe, talvez. Mesmo recusando a herança de seu pai, optando por casar-se com um arqueólogo de renda baixa, permaneceu com os contatos e amigas de classe alta. Só que, ao invés disso grita assustando Shaoran que estava na segunda garfada.

– O que deu em você?

– É que... Não o servi da maneira correta como fui ensinada, então preciso pegar de volta... – Erguendo o prato, Shaoran a impede igualmente segurando na outra ponta.

– Fica para a próxima vez.

– Não! Q-Quero dizer; Eu faço questão senhor. – A menina emprega mais força.

– Preste mais atenção depois. – Puxa novamente.

– Eu insisto...

Os dedos do rapaz escorregam, e o prato vai direto para o busto de Sakura, salpicando pelo rosto e boa parte de seu fardamento. A imagem não foi uma das melhores, tirando o fato da comida ainda esta quente.

– Olha o que você fez. – Reclama brava. Nem sabia por onde começar a se limpar.

– A culpa foi toda sua. Que ideia de retirar a comida após servir. – O chinês estende seu guardanapo de pano, pigarreando para disfarçar o sorriso.

– Achou engraçado?! – Sem o consentimento do dono, mete a mão na comida de Kurogane. – Então toma isso.

A camisa clara é tingida pela mistura de arroz, molho e carne.

– Ponto! Ficou muito melhor agora.

Incrédulo com a ousadia da menina, porém não deixando por menos, Shaoran enche a mão de macarrão e lança para completar de sujar o alvo a sua frente. Instantes depois, uma guerra de comida a dois se inicia, eram validos tudo que se encontrasse, até as bebidas. A situação de ambos ficando cada vez pior.

– Já chega! – Yelan bate na mesa encerrando os arremessos.

Apesar dos dois serem culpados, a bela mulher direciona somente para o rapaz todo o seu desagrado. Para ela, Sakura nem estava naquela sala, quanto mais ter participado da guerra de comida. O pesar veio em sua consciência. Sentiu que deveria se intrometer e fazer algo a respeito, pois se havia culpa em toda aquela situação, mediante aos seus pensamentos de outrora, seria totalmente sua. Portanto, partes daquelas palavras rígidas deveriam ser direcionadas para ela.

– Perdão Sra. – A voz da jovem flor saiu como um sibilo, mas houve silêncio quando se pronunciou da parte da mulher. – Eu... Eu... – O que tinha acabado de pensar em dizer, de forma traidora a abandonou. Sakura mira o rapaz de cabeça baixa, e por entre os fios de cabelos que compunham sua franja ele franze o cenho, meneando negativamente a cabeça. A menina fica tonta. Aiaiai... Cadê as palavras.

– Estou esperando. – Yelan puxa a atenção novamente para si.

Enchendo o peito, solta qualquer coisa. – Quis a atenção dele pra mim!

Seu coração dispara. As palavras certas eram; Eu o provoquei! Por que eu disse essa besteira com tantas coisas que poderia falar? E agora o que pensarão de mim... Da forma como se curvou para se desculpar, ficou, não teve coragem de erguer a cabeça. Os olhos enchendo d’água pelo constrangimento.

– Pois bem, estão dispensados para trocarem essas roupas imundas.

– Vamos Sakura. – Shino a toca no ombro tirando-a do cômodo, enquanto Shaoran pega uma outra direção.


No escritório...


– Não acreditei no que havia dito. – A morena espanando os livros na parte superior, ria entusiasmada relembrando a cena. – Você é corajosa. Se bem que eu desconfiava.

– Mas esta errada, e sabe muito bem disso. – Sakura lhe dá uma dura soltando à escada onde a criada estava, rumando para a mesa de mogno escuro. Seus dedos deslizam sobre a superfície. – Minhas verdadeiras intenções está primeiramente sair logo desse lugar, e não ter um caso amoroso.

Encostando a testa no vidro da janela, aprecia a frieza adentrar pelos poros.

– É até irônico cogitar na hipótese de uma bruxa ter algum tipo de relacionamento com um tracker, não nessa época de caça as bruxas.

Shino desce cuidadosamente os degraus sem tirar os olhos da menina, que parecia mais esta se lamentando do que lhe dando uma resposta plausível ao comentário que fez. Esse sentimento é complicado, ficando ainda mais quando se teima em ignora-lo. Bufa batendo os pés impaciente.

– Mas ele é diferente, e você percebeu. Tem um cheiro delicioso.

Sakura logo a fita. Sempre se esquece de que Shino pertence a sua espécie. Deve ser por isso que se dão tão bem.

– Mas um tracker é um tracker. A propósito, como faz para não ser influenciada pelo cheiro deles?

– Eu desconsidero. – Dá de ombros, sem importância. – São gostosos, mas não tudo isso. Mantenho-me com alimentos ou animais selvagens, o que me enfraquece no caso, mas fazer o quê? Gosto da minha vidinha.

– E de uma boa adrenalina, pois se descobrirem... – Sakura passa o dedo pela garganta dramaticamente.

Shino sacode os ombros. – Sabe por que estou aqui, então pouco me importa.

Um sorriso orgulhoso sai dos lábios da jovem flor, ela volta-se tocando as vidraças separadas por linhas de madeira, apreciando as montanhas ao longe, bem em meio ao horizonte. Conhecendo sua fraqueza, assim mesmo ainda continua aqui a espera de alguém que possa nos salvar... Comprimi os lábios comparando-se. E por que só eu tenho essa sede incontrolável por eles, em especial por Shaoran? Ela realmente parece não ser atingida. E quem é esse homem que tanto teme? Suspira com pesar. São tantas questões...

Seus olhos captam uma cena abaixo que a deixa tão intrigada ao ponto de chamar a criada para ver.

– Ah! Aquela com Shaoran é a Tomoyo. A mãe dela, Sra. Sonomi Daidouji é muito amiga da Sra. dona dessa casa, Yelan Li. A mulher que estava na ponta da mesa para quem declarou seu amor por Shaoran.

– Não fale mais nisso!! – Sakura grita com o rosto pegando fogo.

– Já que não sente nada por ele, me deixou claro... – Sakura concorda com a cabeça tranquilamente. – Não vai se importar de saber que eles são noivos.

– O quê?


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Notas finais do capítulo

Como eu amo uma intervençãozinha de alguém nesses contos amorosos *...........* E vocês?
No próximo capítulo, Sakura começa agir de forma grosseira com Shaoran, deixando claro para quem os assistia diariamente o ciúme impresso. Tomoyo faz uma revelação que deixa a pobre menina de cabelos em pé. O que será?

Conto no próximo capítulo o/ Até.



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