Jogos Vorazes - 71º Edição escrita por GS Mange


Capítulo 14
A Arena parte 4: A Aliança cresce.


Notas iniciais do capítulo

A medida em que tempo passa, mais difícil é para os tributos. Medo, fome, frio. O psicológico deles fica cada vez pior, ao passo que seu desespero aumenta. É neste ponto do jogo, onde os Idealizadores mais se envolvem. Onde os primeiros planos das Alianças começam a vingar.



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– calma Ton – eu digo me levantando em sua direção – ela é uma amiga. Só veio nos ajudar. Veja ela trouxe roupas e comida para nós.

– é – diz ele – foi o que a velha bruxa fez antes de jogar as pobres crianças no fogo!

– ela não é bruxa!

– é pior! – responde ele pegando uma faca em cima da estante ao seu lado – ela é uma assassina.

– chega – grito, extravazando raiva – ela fica. E ninguém vai dizer o contrário! Preciso ser mais claro, Colton do distrito 12. E você Anise do distrito 9, entendeu?

– e desde quando você decide? – pergunta Colton num tom mais alto que o meu?

– ta vendo só – começa Anise – ela só traz discórdia!

– desde quando EU tenho mantido vocês dois vivos! – respondo furioso. Neste momento os três se calam e olham para mim.

– você não tem feito isso sozinho sabia? – continua ele – eu tenho te ajudado ao máximo.

– eu sei disso – baixo o tom – me desculpe. Só que, ela está tentando nos ajudar e vocês nem sequer tentam ouvi-la.

– bem, isto pode ser explicado pelo fato de ela ser uma... – ele hesita

– carreirista – completa Anise.

– ela é uma de nós agora! – digo alterando meu tom de voz novamente.

– ah, qual é?! – diz ele – ela te convenceu disso? Eu realmente pensava que você era mais inteligente. Pelo visto que subjulguei!

Estou tão furioso agora que o agarro pelo colarinho da camisa e o empurro até a parede que está às suas costas. Olho diretamente nos olhos negros dele e digo:

– não me importa o que você pensa ou deixa de pensar. Eu só estou tentando nos manter vivos.

Ele me empurra para trás num golpe em minhas mãos. Está me olhando com cara fechada e ainda sim continua olhando em meus olhos – se essa garota matar você, não lamentarei. Você está cego!

Será? Laureen sempre me chamou a atenção, desde o momento em que a vi pela primeira vez. Sua beleza e sagacidade. Até mesmo sua simplicidade, totalmente diferente dos outros carreiristas. Não. Agora vejo que eu não estava errado a seu respeito. Ela poderá ser uma excelente aliada.

– eu... Eu... Laureen hesita – eu não quero ficar. Só vim para conversar com você Florian. Vou embora.

– não! – arquejo – você fica! Tenho certeza de que mais ninguém aqui nesta sala discorda da minha opinião. Não é mesmo?

– você que sabe – diz Colton – não diga que não te avisamos.

– veja eu trouxe comida – diz Laureen – tem muito lá na cornucópia, mas não pude trazer muito se não eles perceberiam.

– se você não os avisou de que estava deixando o bando – digo – eles irão a sua procura. Ou para te resgatar ou... – hesito – para te...

– para me matar- completa – é, provavelmente. Conheço Killian desde sempre. Ele não é do tipo que se convenço com qualquer coisa. Com certeza depois que ele se der conta de que eu desertei ele virá me matar. Mas não estou preocupada com isso. Me preocupo com você Florian Daffodil.

– está vendo – diz Anise – ela irá nos colocar numa furada.

– encrenca é seu nome – completa Colton.

– acho que já conversamos sobre isso?! Ou será que ainda há algo para ser resolvido?! Então Laureen, porque quer me ajudar.

– a coisa tá ficando feia lá no bando deles!

– como assim? – pergunta Anise.

– Killian assumiu a liderança desde o treinamento. Ele não é o mais forte, mas é o mais capaz.

– é – digo – percebi que é ele quem encabeça o bando.

Ela ri – sim... Ele tem perdido o controle ultimamente. Tem ficado muito irritado com todos nós. Veja!

Ela me mostra seu braço. Há um hematoma roxo enorme e também em seu pulso – porque ele fez isso com você?

– é como disso. Ele esta perdendo a cabeça ao longo dos dias. Tem um menino, do 3...

– é o pequeno Hamilton – digo – ele ainda está vivo?

– sim – responde e logo eu fico aliviado – ele tem lhes causado bastante dor de cabeça.

– por quê? – pergunta Colton.

– ele é muito esperto, mais até do que Killian. Ele tem roubado nossos mantimentos. Tem burlado a segurança que o próprio Killian elaborou. Ele ainda envenenou alguns alimentos que Genevieve e Sapphire comeram. Elas passaram muito mal ontem.

– ele é realmente muito esperto. Tentei recruta-lo, mas ele me ignorou. É orgulhoso e obstinado. Que ganhar isto sozinho – digo.

– sim. E isto tem perturbado Killian. Ele propôs uma caçada direta ao menino, mas eu intervim e ele fez isto em mim. Segurou-me com tanta voracidade que me machucou.

– sinto muito Laureen – digo

– não sinta. Não é culpa sua. Não é culpa de ninguém. Mais o pior não é isso?

– o que pode ser pior do que um assassino louco de raiva perambulando pela Arena? – pergunta Anise, sem compreender.

– ontem ao anoitecer – começa ela – ele teve um acesso de fúria e acabou extrapolando...

– o que ele fez? Pergunta Colton. Eu continuo olhando fixamente para Laureen, sem deixar escapar nenhum detalhe.

– ele matou Mica!

– quem é esse? Pergunta Colton e Anise juntos.

– é o tributo do 1 – respondo – ouvi Daisy falar sobre os carreiristas durante um jantar. Mas porque ele fez isso?

– ele disse que Mica era muito fraco. Que ele não merecia estar conosco.

– ele não estava matando os outros? – pergunto

– não! Ele só matou um tributo no primeiro dia. Um tributo do 8. Ele não se mostrou muito propenso a matar mais.

– e você? – pergunta Anise desconfiada – você gosta de matar?

– entendo sua preocupação, mas é mais fácil para uma mulher disfarçar.

– ainda não respondeu a pergunta dela! – diz Colton. Eu não o interrompo. Também quero saber a resposta.

– eu matei a garota do 3. A amiga do pequeno Hamilton – ela explica, com um pesar enorme em suas palavras mortais – mas, por favor, não me julguem, com vocês não foi diferente, com aquele garoto do 10.

– isso é verdade – diz Colton – não tive outro pensamento a não ser de matá-lo.

– e sua parceira, Florian tem se mostrado uma assassina voraz – ela diz, virando-se para mim.

– Daisy?! – havia me esquecido dela – como ela está? Prometi ao seu Tio, o Prefeito Geranium que iria protegê-la.

– esqueça isso – diz ela – ela não precisa. Tem se mostrado mais capaz do que qualquer outra de nós.

– fama e glória eterna – penso e acabo dizendo em voz alta – é isso o que ela quer.

– é o que todos eles querem!

– e nós aqui – diz Anise – tudo o que queremos é sobreviver.

– eu lamento – diz Laureen.

– e você? – pergunto – o que você quer?

– neste momento? Quero comer alguma coisa – diz ela rindo, tentando mudar de assunto, mas eu não irei deixá-la escapar.

– ótimo. Então vamos todos comer. – digo derramando a comida da bolsa de Laureen no chão. Pegamos algumas barras e frutas e bebamos bastante água. Afinal isso é o melhor que temos e que comemos desde que entramos na Arena. Todo mundo começa a ficar cansado. Decido então tomar um bom banho, pego uma muda de roupa que ela trouxe e...

– estou indo tomar banho – digo em voz alta – se por ventura acontecer alguma morte nesse recinto quanto eu estiver lá dentro, eu asseguro que independente de quem seja o culpado, não estará vivo pela amanhã! Fui claro?

– cristalino – brinca Laureen.

– me prometam.

– tudo bem – diz Anise – prometemos.

Entro no banheiro. Está horrível. Infiltrações por toda a parte e eu juro que vi passar umas baratas e formigas pelo canto. Abro o chuveiro velho, parecido com o lá de casa. A água está deliciosamente fria. É reconfortante tomar um banho novamente. E decente! A água escorre por todo o meu corpo e vou me esfregando dos pés à cabeça, para tirar toda aquela sujeira de mim. Sinto-me limpo novamente. Fecho os olhos e me perco em meu devaneio irrigado de nostalgia. Os minutos passam, quando finalmente dou por mim e abro os olhos. Enxugo-me com um lençol velho que peguei ponho minha roupa de baixo, seguido do meu macacão impermeável e visto uma calça escura, uma camisa branca e um blusão idêntico ao de Laureen.

– voltei – digo – ainda estão vivos?

– claro – diz Colton – tudo em ordem por aqui.

– excelente. Vejo que até trocaram de roupas – sabia que eles iriam ceder.

– também vou tomar um banho se não se importam – diz Laureen.

– claro que não – digo – pode ir. Só toma cuidado. O chão está escorregadio. – ela ri para mim e entra para o banheiro com uma muda de roupa na mão.

– mais uma para você tomar conta – diz Colton

– não enche Ton – digo – ela nos está sendo muito útil

– é to vendo... Olha pra Anise, tão cansada, já dormiu! Você pode ficar de vigia esta noite?

– claro. Preciso mesmo conversar com Laureen.

Depois de alguns minutos ela sai do banho. Eu entrego para ela uma das espadas e fico com a outra. Pego também algumas facas de arremesso e a levo até o terraço. Ela pega alguns lençóis, nossas jaquetas e dois sacos de dormir que eu tirei de minha mochila e subimos até o terraço. Eu a chamo para passar a noite lá em cima, junto a mim. Só assim terei certeza de que ninguém vai morrer hoje.

– valeu por me deixar ficar – diz ela, olhando para mim.

– não é nada demais – olha rapidamente para ela e viro-me novamente para as ruas.

– trouxe uma coisa para você. Vai ser bastante útil. – ela me entrega um óculos, todo preto, aparentemente normal – ele melhora a visão no escuro.

– ah, obrigado – digo sorrindo para ela. Como ela me chama a atenção. Sua voz, seu jeito, sua beleza.

– lembra o que eu te disse sobre esquecer a Daisy?

– sim, o que tem isso?

– falo sério. Você não pode tentar protegê-la. Ela é uma deles agora. Não há como cumprir sua promessa.

– é, eu sei, mas...

– ela está tentando cativar a confiança de Killian cada vez mais e, pouco a pouco ela está conseguindo isso. Já a vi matar e ela não é diferente deles.

– era isso o que eu temia...

– ele disse a ela que teria total confiança nela, quando ela entregasse você a ele. Morto. Esse é o preço dele. Nada menos que isso.

– e como ela reagiu?

– ela aceitou. Disse que assim faria. Ela e Sapphire estão sempre juntas. Mas se separam um pouco quando Killian matou Mica e ela ficou ao lado dele. Sapphire e Killian brigaram feio. Genevieve e Seamus tiveram que separa-los, se não um deles ou talvez os dois estariam mortos.

– isso não seria ruim – digo rindo da situação.

– é. Mas agora com tudo isso é Daisy quem está entre eles dois. Ela é perigosa Florian!

– sei disso. Acho que sempre soube. Desde que a conheço por gente ela calcula muito bem o que faz. Não costuma agir em vão.

– é exatamente isso. Mas no momento, ela e Seamus fazem tudo o que Killian manda. Genevieve não se mete muito com ele, mas sempre acaba cedendo.

– e qual é a posição de Sapphire agora?

– ela continua seguindo o grupo, mas não se mete com Killian. Na certa ela está louca para matá-lo.

– isso é bom sabe?! Discórdia entre eles. Isso poderá leva-los à ruína.

– sim, mas quanto mais eles matam, mais sedentos de poder eles ficam.

– como ele Killian matou Mica?

– depois que ele me machucou quando me pus contra sua opinião, Mica começou a dar para trás com o plano. Ficou falando de como Killian poria tudo a perder com essa “vingancinha pessoal”. Foi assim que ele disse. Killian se enfureceu, pegou uma espada mediana e o acertou na boca. Foi horrível. A espada saiu do outro lado. Sapphire ficou lá gritando como uma louca, e eles começaram a brigar, ele a acertou no rosto e ela na barriga dele. Mica caiu ainda vivo. Depois que Seamus os separou, Killian retirou a espada da boca dele e começou a esfaqueá-lo. Ela se debatia nos meus braços e nos de Genevieve.

– e quando foi isso?

– ontem à noite. Pouco antes de o hino tocar e seu rosto aparecer sozinho no céu escuro...

É neste momento que o hino toca mais uma vez. A insígnia aparece e logo surge o primeiro rosto. É o tributo do 5. A primeira morte do dia. Depois o tributo do 10 que Colton Matou. Por fim aparece a companheira dele, a garota do 12 e a imagem se fecha ao término do hino. Ficamos quietos, imóveis...

– e Seamus - pergunto como está o ferimento que lhe causei?

– ele estava mancando nos dois primeiros dias, mas ele recebeu uma espécie de pomada como dádiva, que o curou num piscar de olhos. No dia seguinte ele já não mancava mais.

– isto é realmente uma pena não é?!

– hey... Você sabe quantos ainda estão na Arena?

– não sei não uns catorze ou treze... Por quê?

– temos que contar. Ter a noção de quantos somos.

Tudo bem, fica mais fácil se começarmos pelas duplas que ainda estão vivas.

– excelente. Primeiro Killian e eu. Mica já é morto, então sobra Sapphire. Três.

– depois Hamilton, Seamus e Genevieve. A parceira de Hamilton morreu no primeiro dia. Seis.

– isso, então vem você e Daisy, porque os tributos dos cinco e dos seis estão mortos, certo?

– não. Não me lembro de tê-los visto no holograma em dia algum.

– então com eles dois e você e Daisy são dez. Os tributos do 8 estão mortos e o garoto do nove também.

– é, com Anise dá um total de onze. Ambos os tributos do 10 estão mortos. A dupla do 11 ainda está viva e sobra o Colton. Sua parceira morreu hoje.

– então somos catorze ao todo. Dez mortes em três dias. Ainda somos muitos. O que faremos?

– agora que o grupo aumentou, podemos sair e caçá-los.

– não sem um plano antes – diz ela. Eu a observo embasbacado. Ela é tão firme e segura de si. Tão centrada e destemida.

– o que você sugere?

– não sei ainda. Amanhã pensamos nisso. Eu ainda tenho algo muito importante para te dizer... – ela põe uma jaqueta e me entrega outra, se coloca em posição de espreita, ainda que sentada. Eu faço e mesmo e pergunto:

– o que pode ser tão importante ao ponto de te fazer largar todos os outros, só pra ficar aqui comigo e correr um risco enorme?

– você! Você é o que me trouxe aqui! Você merece ganhar Florian!

– todos nós merecemos – digo sem entender. Será que ela enfrentou tudo isso só para me ajudar a sobreviver aos jogos? – e você? Acaso não quer vencer?

– há muitas coisas que você não entende Florian! Você tem muito a perder...

– e você não?

– não. – como uma garota tão bela quanto ela pode ter partido sem deixar nada para trás? – não me voluntariei para os Jogos afim de fama e glória eterna, como você mesmo disse.

– eu entendo, mas não consigo entender. Você não quer sobreviver, é isso?

– talvez morrer não seja assim tão ruim. Talvez esta Arena seja a única formo de morrer com dignidade.

– por favor, não desista assim. Por favor, lute por sua vida.

– você não entende. Não tenho vida. Nem sequer sou amada. Lá no 2, já sabemos quem será o voluntário a cada ano. Treinamos duro desde cedo para este momento.

– então foi tudo em vão. Todo o seu esforço.

– não me arrependo de minhas escolhas. Não deixei nada para trás.

– nem sua família? – neste momento percebo que ela está mais abatida do que nunca. Olhando para as ruas lá embaixo, sem rumo ou orientação no olhar.

– você tem mão Florian? – pergunta ela num tom baixo e sentimental. Isso me trás nostalgias, dores que não queria sentir novamente.

– ela se foi há alguns anos! – digo, me entristecendo com lembranças e palavras quem rodopiam em minha cabeça como um turbilhão – mas ela sempre estará comigo. Ela me prometeu isso.

– eu sinto muito. Mas devo lhe advertir que a dor de perder alguém, não é pior do que a dor de nunca ter um alguém para cuidar de você. Crescer sem ter alguém para escovar seus cabelos ou... Ficar feliz quando você dá seus primeiros passou ou... Contar histórias para você antes de dormir. Nada é pior do que isso!

– não posso imaginar o quão terrível isso deve ser – passo meu braço por sobre os ombros dela, nos aproximando um pouco mais – mas e o resto de sua família? Pai, irmãos?

– quando perdi minha mão, junto se foi meu pai. Ele não morreu, na verdade, só para mim.

– por quê?

– minha mão teve uma gestação muito complicada. E... Não aguentou. Morreu no parto. Nunca a vi. Nunca encontrei o brilho dos seus olhos. – lágrimas vertem de seu olhar neste instante. Não como um choro. Apenas como uma lembrança triste que te deixa escapar uma linha de lágrimas e um mar de tormenta.

– ele te culpa pela morte dela, não é?

– sim. Nunca se importou comigo. Gastou verdadeiras fortunas me mandando para academias especializadas longe. Nunca me quis por perto.

– às vezes ele só queria que você estivesse preparada para quando esse momento chegasse – tento ser otimista, mas nem mesmo eu acredito nisso.

– ah, claro. Me tratou como as pessoas do distrito 10 fazem... Cuidam e depois abatem seus animais.

– não é isso o que eu quis... Dizer, você sabe.

– ele casou-se novamente. Uma mulher linda. Teve um casal de gêmeos. E desde então, me sinto mais abandonada do que nunca. Não se importam comigo. Nunca se importaram. O pouco tempo que passo com eles. Me sinto uma forasteira, que deve ser dizimada na primeira oportunidade. Vejo isso em seus olhares.

– mas você pode deixá-los e seguir em frente.

– e ter a certeza de que fiz a melhor coisa possível... Para eles? Não! Eu seria atormentada pela dor por todos os dias da minha vida. Por isso escolhi vir para cá. E por isso escolhi morrer aqui, onde pelo menos serei lembrada de uma forma ou de outra.

– você não pode...

– já está decidido.

– e porque resolveu me ajudar?

– você é diferente deles Florian. Você é forte e bom. Já fiz muitas coisas erradas nessa maldita Arena, mas vou consertar tudo. É você quem deve vencer esta coisa toda. Nós vamos vencer os carreiristas...

– como?

– eles estão essencialmente fracos desta vez. Isso tudo mexeu com a cabeça deles. Ninguém esperava uma Arena tão difícil quanto esta aqui. E, os outros tributos são potencialmente fortes. É como vimos: apenas dez mortes em três dias.

– não você não desistir assim!

– olhe para mim! Preste atenção em minhas palavras. Você sabe que uma hora sua aliança deve ser desfeita. Faça logo! Eles não devem sobreviver, se você quiser sair daqui! Quanto mais rápido você se afastar deles, mais rápido isso aqui vai acabar! Se não quer matá-los, então deixe que outros o façam por você!

– eu sei, eu sei... Mas seria tão doloroso vê-los morrer. Eu tenho cuidados deles da melhor forma que posso!

– eles não são tão fortes e equilibrados quanto você. Deixe-os e eles tratarão de seu próprio fim. Porão os pés pelas mãos e simplesmente acontecerá.

– eu... Eu...

– pense nisso! Vou deitar um pouco, preciso descansar. Revezamos depois?

– claro, pode ir!

Ela se deita e eu a observo por um estante. Mas logo me concentro no meu dever de proteger o prédio... Abandoná-los. É o que venho pensando em fazer já há algum tempo. A morte é certa! Tudo bem que duas cabeças funcionam melhor que uma, mas duas cabeças de vento... Eles estão despreparados. Acabariam se matando, na tentativa de proteger um ao outro. Anise é inconsequente, pude notar, pela maneira em que saiu inadvertidamente do esconderijo hoje cedo. E Colton, bem, ele deixa o desespero tomar conta da situação e acaba colocando não só sua vida, bem como a dos outros em risco também. Mas ela está certa! Além do mais, em quase quatro dias de Jogos Vorazes poucas mortes aconteceram... Isso é ruim por dois motivos.

Primeiro: os expectadores podem se cansar de assistir toda essa monotonia e os patrocinadores deixar de nos enviar dádivas.

Segundo: com isso, os idealizadores podem manipular os jogos. E lá vem mais bestantes!

Terceiro: ficarei mais tempo neste inferno!


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