Eram apenas 6 da manhã e Allya pegava sua mala e descia as escadas, Margareth não havia chegado ainda e seu pai ainda estava dormindo, com certeza deve ter chegado tarde da delegacia. Uma SW4 estava estacionada em frente a sua casa, ela abriu a porta apertou o celular na mão, olhou uma última vez para casa e arrastou sua mala até o carro, ao se aproximar viu que era Logan. Entrou no carro e em poucos minutos eles já estavam fora da cidade. Ele ligou o som estava tocando Use Somebody do Kings of Leon. Ela olhou triste para o som, por pouco uma lágrima não caiu de seu rosto. Ela queria descobrir o que realmente era mas não queria colocar sua fámilia em risco e por causa disso teve que viajar sem avisar a ninguém. Era como se estivesse fugindo, abandonando seu pai.

" Abrir mão das coisas que amamos por um bem maior. Até que ponto esta frase pode chegar e o que ela significa? Talvez nunca tenhamos reparado mas sempre protegemos quem amamos de verdade, seja acompanhado ele por uma simples rua até uma vida inteira ou apenas contando-lhe a verdade para que não se machucasse. Não fazemos isso porque somos boas pessoas, fazemos isso porque amamos. E quando há o amor, não queremos ver o nosso tão querido companheiro machucado. Seja pai, mãe, irmão, amigo ou o amor da sua vida. O amor nos muda. E proteger essas pessoas nos faz sentir bem. Ou pior. Como estou agora. Mas sei que é necessário. Vão me levar para uma casa de praia para que eu possa descobrir e aprender o que eu tenho em comum. Ficar em Helston seria muito perigoso.E não quero que ninguém sofra mais. Dependendo do que eu descubra sobre mim , talvez toda a minha vida mude por completo." (Pensava Allya enquanto olhava as árvores e o céu nublado.)

Após muitas horas de viagem e silencio permanente, pegaram uma estrada de areia e após algumas dunas Allya já podia ver o imenso mar azul. Se apavorou e fechou os olhos. Apenas abriu-os quando o carro parou. Ela desceu. Tinha uma imensa casa com muitas janelas e portas de vidro.Entraram na casa e Logan levou suas malas. Allya mal entrou e alguém correu e a abraçou. O impulso foi tão rápido que Allya não pode esboçar nenhuma reação.

–Que bom que veio.-Era Kafira. Allya continuava sem saber como agir.-Desculpe é que nós vamos ser grandes amigas. Quer dizer nós éramos...Bom..Deixa pra lá! Vamos! Ariel e as outras estão esperando por você!

Kafira levou Allya pela mão, e ela olhou para Logan esperando como uma permissão pois ainda não confiava totalmente naquelas garotas mas lá no fundo ela sabia que nele ela podia confiar. Não sabia porque. Só sabia. Simplesmente sabia. Ela entrou numa sala que deduziu ser a sala principal. Ficava no terceiro andar, tinha moveis preto e as paredes todas brancas, pinturas abstratas em quadros enormes, Mas a parte da frente era totalmente de vidro em frente ao mar. Já era pôr do Sol e ela preferiu não olhar fixamente pra lá , já que o mar ainda estava lá. Bem no meio da sala estavam elas: Ariel sentada em uma poltrona preta com uma taça de vinho olhava para o infinito do mar, sentada no braço da mesma poltrona estava Ava e atrás da poltrona Anuzia. Porém havia mais um rapaz. que Allya ainda não conhecia. Ele também era ruivo e seus olhos eram um azul muito profundo ele a encarava com um pouco de medo. Allya ficou constrangida com o olhar dele e baixou o olhar. Logan encostou-se no Piano. Todos perceberam o clima estranho entre o rapaz e Allya. Mas só Ariel interrompeu:

–Não tenha medo Nillo. Ela é como nós.

–Exatamente! Pode não cheirar a peixe ainda mas no fim vai dar tudo no mesmo...-A voz vinha de alguém que estava fora do grupo.

Era Devonne. Os longos cabelos estavam de lado e o sorriso irônico era seu maior acessório naquele momento. Se deitou sobre um mesa que estava à frente de uma estante com livros de uma forma provocante:

–Podem continuar...Não quis atrapalhar.

–O que ela está fazendo aqui?-perguntou Logan

–Ela está com nós, afinal os poderes dela são essenciais.-Respondeu Ariel.

Logan tinha muitas coisas pra reprovar a escolha de Ariel, mas naquele momento preferiu calar-se. Kafira entrou no recinto e despojadamente sentou-se ao lado de Nillo:

–Revistei tudo lá fora. Não tem ninguém nas proximidades e o local habitado mais próximo fica há 3 horas daqui. Ninguém nos viu passar. Apaguei todos os nossos rastros e guardei todos carros dentro da casa. Se passar alguém por aqui, o que é impossível. Vai achar que a casa é inabitada.

–Muito bem. Ariel. Pode começar-Impôs Ava

–Allya. Sente-se.-Ofereceu Anuzia

Allya sentou-se no mesmo sofá que Kafira e Nillo e Ariel começou.

–Há muitos séculos atrás, nasceu uma garota muito especial. Ela cresceu entre os humanos porém não era humana. Também não era mestiça. Era filha legítima de Netuno.

–Lá vem o mesmo conto de fadas de novo !-Provocou Devonne fazendo uma careta e suspirando fundo.

Ariel continuou:

–A casa dela era o mar. Mas ela teve de ser tirada muito cedo de lá. Pois uma caçada dos humanos destruiu sua família. Uma mulher levou a criança até a praia e a deixou lá até que um pescador a encontrou e a levou. Essa mulher era eu. O pescador a criou como se fosse sua filha. Tudo estava correndo bem até que ela se apaixonou por um filho da terra. Netuno não perdoa isso. E a condenou a morte. Nós sereias só podemos morrer fora do mar, mas os que são criadas na terra perdem o vinculo com o mar os tornando meio-humano. É verdade que podemos ganhar pernas. Mas só saímos de lá quando somos ordenadas em uma missão, como agora. Essa garota não sabia o que era. Ela tomava banho todos os dias na praia, e nós esperavamos que algum dia de repente ela visse suas pernas sumirem e aparecer uma enorme cauda. Mas isso nunca aconteceu. Não sabiamos o porquê mas depois começamos a entender a vontade de nosso deus. Netuno a havia condenado. Ela era humana, totalmente humana. Ele a castigou : o mar a machucaria como todos os outros humanos. Em um fatidico dia ela se matou. Após descobrir sua verdadeira identidade e de onde veio. Resolveu negar a sua natureza por amor e não e isso não é possivél. Netuno a atormentou até que ela Pulou de um precipcio mar a dentro. Isso aconteceu a séculos atrás. Mas uma coisa não poderia passar despercebida. A mesma cena se repetia século, após século. Como um teatro para o deus do mar: A sereia que se apaixonou por um humano e negou sua natureza por amor! Mas agora é diferente por 3 séculos essa garota não voltou. Mas agora você está aí!

–Eu ?

–Exatamente. Nós entendemos que Netuno não quer que se repita mas isso. Ela já nos ensinou bastante. Precisamos te levar a se descobrir e então veremos a vontade de deus.

–Fingindo por um momento que acredito que sou essa garota. Que seria o rapaz nessa vida?

–Pitter Briel.

–Você tá bricando né ?

–O que acha?

–Eu vou embora. Vocês são loucos.

Allya já estava ficando em pé quando Devonne levantou e em uma velocidade sobre humana a jogou no sofá:

–é hora do show!

Devonne tocou com sua mão a cabeça de Allya, que fechou os olhos e teve uma espécie de convulsão na qual virava a cabeça e gritava de dor. Segundo depois ela abriu os olhos e Devonne sentou cansada:

–Ai, isso um dia ainda vai me dar rugas.-exclamou fazendo drama: -Ah!sou imortal , não posso ter rugas!-Reverteu fazendo uma careta singela.

Logan carregou Allya nos braços até a cozinha e a deitou sobre a mesa. Passaram-se 2 horas até que Allya despertou do seu transe:

–Lembro de tudo. Exatamente tudo.