Lord's Princess escrita por Brigadeiro


Capítulo 11
10 - Um Dia Em Tua Casa


Notas iniciais do capítulo

Heeey, pessoinhas!
É, eu sei que eu devia ter postado antes de meia noite para contar como sexta. Perdão.

O capítulo de hoje está bem interessante. Vamos descobrir um passado desconhecido de Emmett e conhecer o Jasper. Tentei dar o meu melhor na questão do culto. Tudo o que escrevi foi inspirado por Deus e ninguém mais.

O nome do capítulo foi retirado da música Um Dia Em Tua Casa, do Fernandinho!

Boa leitura.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/395552/chapter/11

 

ISABELLA PDV

— Sua mãe é um amor de pessoa. Não acredito que a fizeram parecer uma bruxa.

Rosalie passara a noite inteira reclamando do quanto a havíamos feito pensar errado sobre nossa mãe. Fiquei realmente surpresa por elas terem se dado tão bem. Desde aquele almoço Rose passou a defender minha mãe como se esta fosse sua missão de vida, e continua assim até os dias de hoje.

Mas, voltando para o tempo da história... A noite de sábado se passou sem maiores problemas. Os Masen pareciam já se sentir em casa na mansão, depois de terem passado tanto tempo aqui. Eu mesma já não os via como pessoas que contratei, mas como amigos. Principalmente Rosalie, que parecia estar mais confiante em estar perto de nós.

Acordamos no dia seguinte para um recheado café da manhã, cortesia da Felicia. Estávamos todos sentados à mesa, o sol aconchegante da manhã nos aquecia e deixava tudo mais confortável.

— Tudo bem, Rose. Você amou minha mãe. Já entendemos! — Alice riu.

— Isso porque ela gostou de você. Queria ver como seriam as coisas se ela não te aprovasse — resmunguei. Só tive um único namorado sério na vida, e mamãe fez questão de tornar a vida dele um inferno depois que decidiu que ele não servia para mim.

— Agora a vovó também é vovó da Nick! — Edeline exclamou, toda contente.

A cada dia que se passava eu tinha mais certeza de ter tomado a decisão certa. Minha filha nunca esteve tão feliz.

— Nunca vi alguém conquistar a minha mãe tão rápido — Emmett disse a Rosalie. — Tiveram muita sorte.

— A morte seria uma opção mais válida se ela não tivesse gostado de vocês — Alice avisou.

Rosalie bufou.

— Duvido que Esme fosse capaz de machucar uma mosca.

Alice começou a gargalhar, eu e Emmett a acompanhamos.

— Qual a graça? — perguntou Edward.

— Se soubessem metade do que ela já aprontou, não diriam isso — avisei. — Meu primeiro namorado se mudou para a Austrália por culpa dela.

— E como isso aconteceu? — Edward perguntou.

— Segundo a minha mãe, ele era ‘um banana interesseiro’. Embora eu o achasse boa pessoa, minha mãe soube assim que o olhou que o rapaz só estava comigo pra chegar até o meu pai... O resultado não foi bom quando bati e pé e disse que ficaria com ele mesmo que ela não aprovasse — soltei uma risada sarcástica. — Na primeira vez que levei Stuart lá, ela fez a vida do menino um inferno. Foi de viagra na comida, até fogo no cabelo dele. No final da noite ele não hesitou em aceitar cem mil dólares pra mudar de continente e ficar longe de mim.

Edward e Rosalie pareciam pensar que eu estava inventando aquilo. Olhavam um para o outro com incredulidade. Se eles soubessem...

— Oh, o Stuart não foi nada... Ela fez pior com a Cinthia — Alice opinou, fazendo-me perder a vontade de rir. Emmett ficou sério.

— Quem é Cinthia?

Olhei para o Emmett. Meu irmão estava com a cabeça baixa, mas esperei ele acenar e me dar permissão de contar a história. Era muito pessoal.

— Cinthia foi a primeira e ultima namorada do Emmett — contei.

— E qual foi o veredito da mãe de vocês?

— Na primeira vez que a viu, minha mãe nem esperou que ela fosse embora para chamá-la de vadia interesseira — Emmett foi quem falou. Olhei pra ele surpresa, não acreditando que ele iria realmente falar sobre isso. Ele nunca tocava naquele assunto. — Claro que fiquei completamente bravo com a minha mãe e não a ouvi. Não admiti que ela tivesse sido tão grossa, porque eu estava apaixonado e era muito jovem. Cheguei até a sair de casa, mudando-me para um apartamento onde morei por um tempo com Cinthia.

Eu conhecia a história, eu estava lá. Cinthia realmente parecia ser legal à primeira vista, antes de revelar quem realmente era. Ainda fico triste com o rumo que aquilo havia tomado.

— E sua mãe estava certa? — Edward perguntou.

— Esme Cullen sempre está certa. Ela nunca erra — Alice garantiu, eu assenti.

— E o que houve com Cinthia? — Rose perguntou, já começando a saber que a história não terminaria bem.

— Emm? — perguntei, preocupada.

— Estou bem, Bella. E confio neles — ele sorriu levemente antes de continuar. — Minha mãe atormentou até que ela se recusou a voltar a pisar na nossa casa, então me mudei com ela. Mas minha mãe não desistiu, ela contratou um detetive para seguir a garota vinte e quatro horas por dia e deu dinheiro a adolescentes para esbarras e derrubar coisas em cima dela, xingá-la no meio da rua e coisas assim. Um dia, Cinthia me disse que estava grávida.

— Grávida? — Rosalie arregalou os olhos. — E onde está ela agora? E o bebê?

— A história não terminou — Alice sussurrou. Olhamos para Emmett, esperando a continuação. Era importante para ele ter coragem de falar.

— As investigações da minha mãe a levaram até o amante de Cinthia, com quem ela se encontrava toda a semana. A terrível dona Esme deu um jeito para que eu os pegasse no flagra, em cima da cama. Ela sabia que eu não acreditaria se não visse. Com a pressão, o cara confessou que ficar comigo era um plano da Cinthia pra conseguir dinheiro. Ela engravidou de propósito, e quando nos casássemos ela deixaria a criança comigo, pediria o divorcio e ganharia o mundo com o dinheiro que conseguisse...

— Que coisa mais horrível — disse Edward.

— Cinthia jurou que a criança era de Emmett. Declarou que se prevenia em todas as relações com o amante, para garantir que o bebê nascesse com o pai certo. O pai rico — continuei a história, vendo que meu irmão estava começando a se entristecer. — Minha mãe não queria um neto perdido no mundo, então fez um acordo com Cinthia, onde ela ficaria conosco até o fim da gestação em troca de algum dinheiro. Era uma menina, iria se chamar Elizabeth. Cinthia ficou conosco até o oitavo mês de gravidez...

Interrompi-me, sabendo que aquele assunto nos deixava triste. Saber que minha sobrinha poderia estar conosco e não estava por culpa da infeliz da mãe dela... Suspirei. Observei Edeline, com a cadeira virada para Dominique e brincando com as colheres e algumas bandejas. Ambas totalmente alheias à conversa.

— E o que... O que aconteceu com a menina? — foi Rosalie quem perguntou.

— Ela nasceu prematura e com problemas no coração, porque Cinthia fumava e bebia escondida de nós enquanto estava grávida. Com raiva por causa das mentiras, minha mãe disse que não daria um tostão a Cinthia — Alice respirou fundo. Também era difícil para ela. — Esse foi o nosso erro. Recusar pagar a vadia, mas estávamos com raiva! Elizabeth tinha nascido com problemas porque a desgraçada não se importou em se cuidar... Cinthia ficou com ódio quando soube que não ganharia nada. No dia em que Lizzie teve alta do hospital nós estávamos em êxtase, pois teríamos nossa garotinha conosco e finalmente nos livraríamos de Cinthia. Eu dei até uma festa...

— Deixe que eu continuo daqui, Alice — Emmett tomou a narrativa. A história não era curta e nem fácil de contar. — No dia em que chegamos para pegar Lizzie, a enfermeira nos informou que a mãe já a tinha levado. Dá pra imaginar o desespero em que ficamos? Cinthia simplesmente havia sumido com a minha filha. Meus pais colocaram vários detetives atrás dela, meu pai fez anúncios na televisão... Um mês depois Cinthia foi encontrada morta.

Para a minha surpresa, Rosalie estava chorando. Edward encarava Emmett, mas eu não sabia o que estava pensando. Lembro-me de como foi difícil superar tudo aquilo. Emmett passou uns bons anos para se recuperar e só começou a se curar quando Edeline nasceu. Ele se dedicou a ser o tio mais maravilhoso do universo e conseguiu.

Mas claro que a chegada de Rosalie, Edward e Dominique em nossas vidas, tudo mudou. Afinal, é disso que se trata essa história, não é? De como nossas vidas viraram de ponta cabeça. Podíamos ter decidido esquecer naquela época, mas Deus não queria que esquecêssemos.

— Isso é... Terrível! — Rosalie comentou.

— E o bebê? O que houve com ele? — Edward perguntou.

— Foram dois anos de busca e nenhuma informação. Até os investigadores encontrarem ela perdida em um orfanato, mas era tarde demais. Dois anos sem tratamento prejudicaram sua condição de forma irreversível. Nem tivemos tempo de trazê-la para casa direito e então minha filha estava morta — Emmett respondeu. — Meu pai sugeriu que esquecêssemos. Jamais seriamos felizes de novo se ficássemos lembrando o ocorrido.

 — Eu realmente sinto muito, Emmett — Rosalie, surpreendendo a todos, colocou sua mão em cima da de Emmett. Normalmente ela evitava tocá-lo, mas a historia pareceu despertar algo nela. Isso fez meu irmão sorrir.

— Tudo bem, eu já superei.

Nós tomamos um susto quando Edeline caiu da cadeira, levando todas as bandejas e talheres juntos. Eu imediatamente corri para acudi-la, mas Eden estava gargalhando no chão então passei a rir com ela.

Eu não sabia se fora a história de Emmett ou algo que minha mãe disse a ela, mas Rosalie passou mais tempo perto de Emmett depois daquele fim de semana. E começou a sorrir mais, também. Após o café da manhã, assistimos a um filme antes que desse a hora do culto. Edward e Rosalie iriam para a casa nova depois da igreja, de forma que Edeline estava aproveitando os últimos momentos com o pai.

Não que ela não fosse vê-lo amanhã no estúdio, ou sempre que quisesse pelo resto de sua vida.

— Leah, arrume as crianças para o culto, por favor. — eu pedi, após chamá-la. — Sairemos em duas horas.

Leah assentiu e levou as duas meninas. Eu fui em direção ao meu quarto para encontrar um bom look, quando Alice entrou no meu quarto.

— O que quer, chaveirinho? Não deveria estar se arrumando?

— Eu já nasci arrumada, meu amor.

Eu gargalhei enquanto entrava no meu closet. Alice me seguiu. Percebi que ela estava usando uma calça jeans skynny, uma blusa de renda gola reta e um salto peep toe. Franzi o cenho.

— Por que está de calça jeans?

Alice nunca usava calça jeans. Ela dizia que ficava lindo em outras pessoas, mas não nela.

— Não tenho vestidos nem saias abaixo do joelho. As outras calças que tenho só combinam com blusas de decote exagerado... — ela suspirou. — Não quero usá-las. É a casa de Deus e não um lugar para se exibir.

Eu quase ri. Eu sabia que Alice visitava igrejas de vez em quando, desde que a conheci ela sempre acreditou nessas coisas... Em Deus.

— Venha, vou te ajudar a escolher algo lindo, mas que não seja curto demais e que não mostre demais, também.

Nossa caça à roupa foi demorada. Assim como as de Alice, minhas roupas se resumiam a peças curtas ou muito decotadas. No fim, Alice conseguiu encontrar uma saia longa de verão e combiná-la com uma blusa de babados amarela. Ela fez uma maquiagem simples e me indicou um colar e brincos certos.

Eu estava me sentindo completamente básica e sem graça. Sai do quarto pronta para descer, mas um tanto quanto desanimada, quando Edward me encontrou no corredor.

— Uau! Você está linda, Bella.

— Oh, pare. Estou simples— resmunguei, puxando a barra da saia para cima para poder descer as escadas.

— Pois eu acho que você fica muito mais bonita assim do que com todo aquele... Opa!

Eu pisei na parte de trás da saia no primeiro degrau e me desequilibrei para frente. As mãos de Edward seguraram firmemente a minha cintura, impedindo-me de rolar escada abaixo. Eu arfei e me agarrei na sua camisa. Levantei a cabeça e olhei para ele. Nossos rostos ficaram próximos demais, quase tocando os narizes. Senti meu ritmo cardíaco acelerar e as minhas mãos começaram a suar. Eu me afastei dele, antes que aquilo ficasse mais embaraçoso.

— É... Então, vamos descer.

Todos estávamos prontos exatamente na hora marcada. Meus pais já estavam lá também, Rose e minha mãe já pareciam íntimas. Edward iria dirigir o meu carro porque era o único que sabia o caminho. Meus pais o seguiriam atrás.

— Estão com sorte, hoje não sou eu quem vai ficar com as crianças — Rosalie disse enquanto Edward procurava um lugar para estacionar.

As ruas eram pequenas e estreitas e um tanto quanto sujas. Eu nunca tinha de fato estado no bairro onde Edward morava, mas as pequenas casas com muros pichados me trouxe uma nostalgia estranha.

— Ficar com as crianças?

— Rose cuida do grupo crianças da igreja. Há uma sala onde todas ficam juntas, fazendo coisas educativas enquanto os adultos assistem o culto.

A pequena igreja não ficava em um lugar tão horrível quanto pensei. Por sorte não ficava em South L.A., mas em um bairro um bairro próximo, muito afastado de onde eu morava, mas ainda não se afastava tanto do centro da cidade. Era uma pequena construção alta, com paredes brancas e um portão de ferro aberto dando acesso a uma escadaria curta que conduzia para dentro.

Quando entramos, todos os olhares foram para nós. Claro que a cena pareceria estranha para qualquer um. Os comentários demoraram um pouco para começar, mas logo todos estavam cochichando enquanto encontrávamos lugares.

Ouvi coisas como “É ela?”, “Meu Jesus!” e “Com Edward?”. Será que nem em uma igreja eu podia entrar sem ter paz? Felizmente ninguém se levantou e nem tentou falar comigo. Eu já estava desconfortável o suficiente sem que todos no recinto reagissem à minha presença. Logo que encontramos lugares, Edward e Rosalie se ajoelharam na frente do banco e abaixaram a cabeça. Alice os imitou.

— Onde você vai? — perguntei quando Edward levantou do chão e começou a andar.

— Você não é a única que gosta de cantar, sabia?

Não entendi o que ele quis dizer com aquilo até que ele pegou um microfone e ficou parado ao lado de mais duas mulheres, no canto direito do palco... Não, não era um palco. Eu sabia que tinha um nome certo, mas não me recordava qual. Um rapaz alto, loiro e relativamente bonito pegou outro microfone e chamou a atenção de todos.

— Boa noite, igreja — todos responderam com um amém de volta. — Como é bom vê-los aqui. E Jesus também está feliz em ter vocês aqui. Se Ele disse que só precisava de dois ou três juntos em nome dEle, imagine só o quão feliz Ele está agora em ver tantos. E eu sei que Ele já está aqui, posso sintir. Vocês não? — todos disseram amém novamente. — Então, vamos agradecer a Deus por isso.

Todos iniciaram uma oração. Eu fiquei sem jeito. Quantos anos faziam que eu tinha orado pela última vez? Eu ainda era uma criança quando tinha desistido de tudo aquilo. Fechei os olhos e tentei, mas não havia nada que eu tivesse vontade de dizer a Deus... Há muito tempo eu não pensava n’Ele. Nem sabia se ainda acreditava.

— Então... É... Obrigada pela minha vida, pela minha filha e minha família. Amém.

Vergonhosamente, foi só aquilo que consegui dizer, em uma voz muito baixa. Eu não sabia mais orar, havia perdido aquela capacidade.

— Quem é aquele? — Alice sussurrou no meu ouvido, olhando para o loiro que orava com o microfone na mão.

— Como é que eu vou saber?

— Só perguntei!

— É Jasper, o filho do pastor — Rosalie resmungou, em tom de repreensão. — Parem de falar!

Nós nos calamos, mas Alice continuou a olhar para o rapaz.  Musica começou a tocar enquanto todos acompanhavam com palmas, mas eu não prestei atenção na música ou na letra. Só prestei atenção em Edward e no quanto a sua voz era linda. Eu não conseguia acreditar que ele estava escondendo aquilo de mim!

Virei-me para falar com Alice e me surpreendi. A baixinha estava com os olhos fechados, lágrimas saiam de seus olhos enquanto ela cantava. Exatamente como Rose. Ao lado da loira, Emmett também encarava as duas. As crianças estavam batendo palmas com o ritmo.

Dei de ombros e comecei a bater palmas também, mas sem prestar muita atenção. Três músicas depois, uma moça jovem sorridente passou levando as crianças. Rosalie sorriu para ela e incentivou as meninas e seguir a mulher, então achei confiável. Edward voltou e sentou-se conosco, eu sorri para ele. O loirinho sentou-se também, em uma cadeira atrás do púlpito de madeira. Um senhor alto e mais velho tomou o seu lugar. Ele cumprimentou a todos novamente e mandou todo mundo abrir a bíblia em João 4:24.

“Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão ao Pai em espírito e em verdade, porque o Pai procura a tais que assim o adorem”.

— Sabem, eu estava refletindo outro dia... O que realmente significa estar com Deus? — o pastor iniciou a pregação, chamando-me atenção para o tema. — Sim, porque me parece que o próprio povo d’Ele se esqueceu do que é isso. Como os hebreus no deserto, que tinham a oportunidade de estar com Ele todos os dias, mas escolheram ficar longe. Escolheram virar as costas para Ele. Existem muitas pessoas que brincam de serem cristãs. Elas veem à igreja todo o domingo, sentam e fingem que são santas, mas quando saem daqui voltam para suas vidas fúteis e vazias, em busca de ter e nunca de ser. Hipocrisia, falsidade, crueldade... Elas se esqueceram. Esqueceram do Deus que sempre cuidou delas, esqueceram da boa paz que ter Ele traz.

Edward acenou com a cabeça, assim como Alice. Por que ela estava agindo como se conhecesse todo aquele mundo? Sim, ela era um pouco religiosa, mas nada como isto. Pelo olhar que Emmett me lançou, ele também não estava entendendo muita coisa. Meus pais apenas olhavam para frente, prestando atenção.

— Mas adorar em espírito e em verdade... É essa adoração que Deus procura. É a adoração simples e de coração, não por obrigação, mas por amor. É a adoração diária, onde cada decisão que você toma, cada coisa que faz, presta adoração a Ele. O Senhor não quer que O busque por interesse, Ele quer o seu amor. Estar com Ele não pode ser só da boca pra fora, Ele não morreu por nós pra isso. Ele morreu por amor a nós, para que pudéssemos estar com Ele da mesma forma que Ele está com a gente. E não duvide, porque Ele está sim. Tente busca-lo e você vai encontrar. Procure ter fé, temor e humildade. Precisamos ter fé para acreditar que Deus está lá cuidando das coisas para nós e assim confiar n’Ele. Precisamos ter temor, que significa respeito, sabendo que Ele é grande e único, e assim respeitar a Sua vontade. Precisamos ser humildes para nos humilharmos a Ele, sabendo que não somos nada mas que mesmo assim Ele nos ama, e então diminuir a nós mesmo para que Ele cresça em nós.

Naquela noite perguntei-me se eu era tudo aquilo. Eu nunca me preocupei em ir para a igreja, mas eu tinha aquelas características? Eu tinha fé? Talvez não muita, por muitas vezes já me perguntei se Deus realmente existia. Nunca consegui sentir, Ele nunca me mostrou que estava ali. Eu tinha respeito? Quase nenhum. Eu era humilde? Que piada, eu nem mesmo era cordial com meus empregados.

O que eu estava fazendo ali, sentada naquele banco e ouvindo um pastor falar sobre coisas das quais eu não tinha? Qualidades que não possuía? Deus havia me abandonado desde que nasci, era culpa d’Ele se eu tinha nascido em um lar desestruturado e ido parar em um orfanato.

Lembro-me de que quando eu era criança, eu amava frequentar a igreja com as assistentes sociais do orfanato. Eu costumava dizer a todo mundo que um dia eu seria pastora. Há! Que ridículo. Eu nunca serviria para aquilo e Jesus não podia fazer mais nada por mim.

Uma lágrima escorreu por meu olho direito. Com raiva, me recusei a prestar atenção no resto da pregação. Peguei meu celular e passei a checar meus e-mails. Quase uma hora depois, Edward cutucou-me e me olhou feio, claramente pedindo para que eu guardasse o celular.

Voltei a prestar atenção no que o pastor falava.

— ...Pessoas que julgam não saber orar. Orar é falar com Deus, é relacionamento. Não é preciso uma técnica ou um curso. Apenas fale, como se estivesse conversando com seu melhor amigo. Ele sabe o que se passa no seu coração, mas quer ouvir a sua voz. Mas lembre-se que relacionamento não é só falar, é saber ouvir também. Escute-o e desenvolva um relacionamento com Ele. Não importa o que você pense ou que você passou, Jesus te ama e Ele te quer. Ele morreu por você. Seja sincero e Ele vai te ouvir, não importa as palavras que use.

Jesus não me amava. Não mesmo. E essa convicção trazia um vazio enorme dentro de mim. Fechei os olhos e forcei minha mente a vagar, deixando de prestar atenção no que era falado ali. Vi todos se levantarem e depois sentarem de novo. Ouve outra pequena oração e então todos estavam saindo. Ironicamente, dei glória a Deus pelo fim do culto.

— O que achou? — Edward me perguntou, os olhos brilhando.

Eu forcei um sorriso.

— Diferente. Onde está Edeline?

— Ah, está lá fora com Rose, Emmett e seus pais. Elas estão comprando algo pra comer.

— Edward — o loiro, Jasper, se aproximou de nós. Suas mãos estavam cheias de papeis, que ele equilibrava na dobra do braço. Ele sorriu para Edward. — Senti a sua falta nas ultimas semanas.

— Há tanto acontecendo na minha vida, meu amigo, que nem tenho como te resumir agora. — Edward respondeu. — A proposito, estas são Alice e Isabella.

— Boa noite — Alice disse.

Ele abaixou a cabeça e a olhou. Sorriu.

— Olá. Sou Jasper Hale, muito prazer.

Apertamos a mão do rapaz formalmente. Alice se manteve olhando para ele timidamente, apertando suas mãos uma na outra.

— Muito prazer, Jasper — eu respondi, tentando ser educada. — Sou a Isabella.

— Fica um pouco difícil não reconhecer Isa Marie quando ela causa uma comoção geral nessa pequena igreja.

Para provar o que dizia, ele apontou para o canto esquerdo do salão onde um grupo de adolescentes cochichava e soltava gritinhos olhando e apontando para mim. Rolei os olhos.

— Desculpe por isso.

— Imagina, vocês são muito bem vindas aqui — ele respondeu. — Edward, como estão Rose e Nick?

— Estão ótimas, eles passaram a semana um pouco ocupadas conosco — apontou si, para mim e para Alice, que sorriu.

— Entendo. Vocês frequentam alguma igreja ou vieram apenas visitar? — Jasper voltou-se para mim e Alice.

— Oh, faz mais de dez anos que não piso em uma igreja — dei risada.

— Bem, eu costumo ir a uma igreja grande perto da minha casa, mas não estou firmada em lugar algum — disse Alice, depois de soltar um risinho.

Olhei para Alice com os olhos arregalados. Ela nunca ria daquela maneira, nunca, a menos que estivesse nervosa. Alice não era tímida e nunca corava, essa era a maneira dela de expressar nervosismo. O que a baixinha estava aprontando?

— Venham visitar mais vezes. Serão muito bem vindas sempre que desejarem voltar.

Avistei Edeline no fim do corredor do meio. Ela acenava para mim, por isso pedi licença e saí em direção à minha filha. Alice teria de me explicar aquilo mais tarde.

— Mamãe, olha só o que eu fiz!

Eden sacudia uma folha de papel na mão. Eu peguei a folha e vi o que tinha ali. Era um desenho. Eu, Edward e Edeline de mãos dadas, a palavra família estava escrita em cima em letras impressas. Edward vinha tentando ensinar ela a escrever e estava fazendo um progresso e tanto. Eden tinha desenhado um coração com uma cruz dentro do lado direito.

— Está lindo. Por que a cruz, meu amor?

— Porque agora somos pessoas de Jesus, não é mamãe?

Eu engoli em seco. Não, eu não era uma pessoa de Jesus. O que é que Edward estava colocando na cabeça da minha filha?

Sorri para ela.

— Sim, querida. Nós somos.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Então... O que acham que Alice está aprontando? O que acharam da Cinthia? O mais importante: o que acharam do que o pastor disse?


http://jornada-de-amor.blogspot.com/