Aluga-se Um Noivo escrita por Clara de Assis


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Aprendiz do Amor! Amei ter vc comigo aqui nessa fic também!Boa leitura!!!



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Fiquei tão sem ação que ele levantou as sobrancelhas, esperando que eu dissesse algo, como não disse, fiquei feito uma retardada na porta, Carol veio em meu socorro, puxou-me de leve para um lado e o convidou para entrar.

Senti o ar sair dos meus pulmões. Eu estava prendendo a respiração? Que ridícula!

Espera! O cara culto da livraria era um garoto de programa? Meu Deus! Esse mundo tá perdido!

— Oi, eu sou a Carol, essa é a Débora. Senta aí. — Carol indicou o sofá e ele sentou justamente onde ela havia escondido o spray.

Ele se recostou e sentiu algo o incomodando, puxou a lata de inseticida e fez uma cara de “eu hein”, deixou a lata no chão, ao lado dele e ficamos super sem graça.

Estava tão bem vestido, uma calça jeans escura, sapato preto, camisa polo preta, relógio de prata. Quando passou por mim senti um cheiro bom, tinha quase certeza de que era um perfume Giorgio Armani, mas sei lá, estava tão desorientada de ver o cara ali que me perdi nos pensamentos.

Sentei-me na poltrona de frente pra ele, Carol no sofá, mas na outra ponta.

Ele ficou com pena da gente e começou a falar, parecia que era ele quem estava nos contratando.

— Podem me chamar de Théo. Então meninas, qual de vocês precisa dos meus serviços?

Levantei a mão meio envergonhada, Deus! Voltei pra sexta série...

— Tá, é... Bárbara...

— Débora. — corrigi. Que mania as pessoas tinham de trocar meu nome por Bárbara.

— Tá legal, desculpe, Débora. Quando você disse sem vaginal, oral ou anal, o que tinha em mente? Ir em algum evento com você? É isso?

— Isso.

— E, você não tem namorado? — ele parecia incrédulo, enquanto gesticulava, era tão desenvolto...

— Nnn-não.

— Eu já vi que essa conversa vai ser longa. Posso? — ele indicou o pequeno bar que tinha próximo a televisão.

Fiz que sim com a cabeça e ele foi lá, serviu-se como se estivesse em casa. Carol, abriu a boca mais uma vez e abriu as mãos também, fazendo mímica, “nota dez”, mexeu os lábios.

— Débora, toma alguma coisa comigo? — ele estava me oferendo minhas bebidas? — Carol? — ela fez que não, ele me olhou esperando eu responder.

— Uma tequila. — eu estava aceitando?! Ai, meu coração tinha que parar de pular daquele jeito.

Ele se serviu de uma dose de Absolut e misturou com alguma outra coisa, voltou com os copos, entregou-me um, agradeci e ele os bateu num brinde mudo.

Voltou a se sentar, visivelmente mais relaxado, de pernas cruzadas.

— Que tipo de evento é?

— Meu namorado vai casar com o padrinho do meu ex irmão...

Théo virou o rosto confuso e Carol deu uma gargalhada, só então percebi as asneiras que estava falando. Segurei a boca e arregalei os olhos, que desastre.

— O irmão dela vai casar, e o ex namorado vai ser o padrinho, mas ele está namorando uma moça linda, que foi nossa amiga de faculdade.

— Mas ela não se formou! — precisava dizer aquilo.

— Tá bem... Por quanto tempo vai precisar de mim?

— O casamento vai ser no feriado em Setembro. — Carol continuou respondendo por mim.

— Mas tem tempo daqui lá. Débora. — ele me chamou.

— É que haverá uns eventos, ensaio de casamento, coquetéis, chá de panela e... e... seria estranho...

— Se você aparecesse no dia casamento, do nada com um namorado. — ele pegava as coisas rápido.

— É.

Ele deu um sorriso aberto, lindo.

— Gosto desse seu “é”.

Olhei pra Carol e ela envergava a boca pra baixo, um sinal de afirmativo surgia discretamente em sua mão direita, escondidinho dele.

— Escuta, Débora, a gente não se esbarrou na livraria na terça-feira, acho?

— É. — outra vez esse maldito “é”, mais parece um pedido de desculpas! Droga!

— Você é o cara da livraria? — Carol estava boquiaberta — Tá explicado!

— O quê? O que tá explicado? — ele olhava curioso pra ela, que me olhava e eu fazendo que não. Ele me olhou e olhou de volta pra Carol, os olhos se apertando um pouco, a cabeça levemente inclinada... Espera aí! Ele estava seduzindo minha amiga?

— Ela comprou um livro qualquer só pra ir atrás de você, na fila. — ela falou! Falou? Quase cuspiu a frase inteira!

— Jura, Débora? — Senhor! Cadê um buraco pra eu me enfiar?! — Pensei que só quisesse ver o meu livro. — Minha boca abriu de vez. Ele percebeu! Que merda do caralho!

— Eu... eu... — bebi a tequila de uma vez!

— Como não perceberia, você estava “lendo” uma revista de ponta cabeça. — escondo meu rosto em uma das mãos — Por isso deixei você matar sua curiosidade, claro, depois de ficar brincando um pouco com seus contorcionismos.

Ele ria livremente da minha cara, estava absolutamente à vontade, que homem é esse?

Ele mordeu o lábio antes de continuar falando.

— Mas achei bonitinho.

Eu ri um sorriso amarelo.

Então ele olhou no relógio, suspendeu as sobrancelhas e se levantou, instintivamente me levantei também. Théo deixou o copo no bar e se dirigiu à porta. Pelo menos consegui ir até ele e abrir a porta.

— Carol, prazer em conhecê-la. Débora, como no seu caso não tem sexo, são trezentos Reais por dia ou obviamente cento e cinquenta por meio período de evento, você tem meu telefone, se resolver alguma coisa.

Se aproximou de mim, era bem mais alto que eu, cheiroso demais, segurou no meu queixo me olhando nos olhos, pensei que fosse me beijar, meu coração pulando feito louco no peito. Fechei os olhos.

Théo se inclinou, deixou um beijo em minha bochecha pegando uma pontinha ínfima dos meus lábios, senti meu ventre contrair no mesmo instante.

— Tchau.

— Tchau. — ele se foi, fechei a porta.

Carolina me olhava com as mãos tapando a boca aberta. Arrastei meu corpo até o sofá e me sentei. O cheiro dele ficou na almofada, fechei os olhos inalando.

— Esse cara, não é de agência, não sabemos nada sobre ele, mas se você não ficar com ele, juro que fico! Dou meu salário inteiro na mão dele!

— Nem sei o que dizer.

— Amiga! Pelo amor de Deus! Esse cara é tudo! Não só combina com você como põe o João no chinelo! E a Letícia, aquela ladra de namorados, vai se rasgar inteira!

— Meu comportamento foi o de uma maluca. Como uma colegial boba!

— Tá muito explicado porque comprou aquele livro de culinária infantil. Gente que homem! Seguro, com atitude, liiiiindo, e se ele tiver aquilo que estava no site...

— Para, Carol! Não vou dormir com ele! Não vou!

— Só se você for trouxa...

— Me tira uma dúvida, na hora em que ele foi pegar a bebida, por acaso você estava mesmo manjando o pau dele ou foi impressão minha?

Carol deu uma risada e se jogou pra trás no sofá.

— Vamos sair?! Essa noite tá pedindo uma saída!

— Carol...

— Vamos!

Nós saímos, foi ótimo, dançamos, cantamos e bebemos, foda foi voltar pra casa sozinha.

Fiquei um par de tempo olhando o teto, as sombras ocasionadas eventualmente pelo farol dos carros que passavam. Théo, seria só isso mesmo ou de repente Theodoro? Ou algum nome estranhíssimo?

Théo. Adormeci com ele nos pensamentos.

*

Não eram nem oito e meia da manhã de domingo quando resolvi ligar de uma vez.

Uma voz pra lá de sonolenta atendeu, puta que pariu acordei o cara! Desliguei.

Ele retornou. Atendi. Fiquei muda. Senti que ele sorria, dá pra saber quando a pessoa está rindo.

— É você, Débora?

— É. Amm... Oi.


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Notas finais do capítulo

Pois é... foi dormir pensando no cara...