Seasons escrita por Evye


Capítulo 4
Último Outono


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoinhas! Como vai esse domingão?! Todos preparados para estudar/trabalhar amanha?!!! É, eu também não ç.ç... Enfim, mais um capítulo, espero que gostem!!



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–Em plena sexta-feira e uma chuva dessas! Ah que coisa...

–Do que está resmungando peixinho?

–Ah, bom dia Máscara. De onde você veio criatura?

–Ah eu vim do templo de... Afrodite!

–O que?

–O-o que você...?

–O que foi homem?


O loiro deu uma volta de 360° graus procurando o que causava o espanto do moreno, olhou o chão, o teto e o próprio corpo (mesmo que desacreditasse que existisse algo em si que fosse estar fora do lugar).



–Qual o problema?

–Seu cabelo... O que você fez nele?

–Ah, isso? Cortei.


Os olhos azuis desviaram-se para o lado, suas bochechas coraram levemente enquanto enrolava um dos cachos -agora na altura de seus ombros- entre os dedos. Máscara percebeu o leve rubor na face do loiro, seu estômago brincou levemente com seus sentidos, dando uma leve reviravolta, era o mesmo sentimento da época que Saga detinha o poder, "Quando ele me pedia para cumprir uma missão, com aquele sorriso... Maldito sorriso!" . Um sutil incomodo seguiu-se do embrulho estomacal, por que diabos Afrodite corara ao falar dos cabelos?! O que o levou a cortar os cabelos? Ele estava escondendo algo... Cruzou os braços irritado, juntou as sobrancelhas, os lábios crispados em uma linha fina.


–Ficou ruim?! -Afrodite olhou para o colega com genuína preocupação, sabia que não deveria ter cortado os cabelos, mas mesmo assim...

–Não, não é isso. Está ótimo.


As palavras possuíam uma frieza palpável, o pisciano percebeu automaticamente a mudança do tom de voz do outro. Remexeu-se incomodado, se Angelo estava insatisfeito com algo ou com a mísera mudança de sua aparência, pois bem, poderia se retirar de sua casa nesse mesmo instante, não devia explicações à ninguém! Ainda mais a um bruto como ele!


–Por que você cortou?


Um frio percorreu a espinha de Afrodite, afinal, por que ele cortara os cabelos? Não sabia. Poderia mentir e dizer que estavam grandes demais e atrapalhando nos treinos, mas seria desmentido pelo fato de não treinava mais e ainda pior, seria desmentido pelo fato de que já tivera os cabelos muito maiores e treinava com a mesma graciosidade e habilidade de sempre. Então, por que?!

A cena da noite em que os cavaleiros receberam diversas missões voltou à sua mente, as palavras de Shaka ainda gravadas em sua memória, lembrava-se bem de cada sentimento, desde a surpresa, do medo até a confusão; o que fez o loiro que se isolava tanto quanto ele reparar em algo tão banal quanto seus cabelos? Essas dúvidas corroeram seus pensamentos por dias, até que teve coragem de olhar-se no espelho e sutilmente irritado (e obviamente, em uma tentativa infantil e tola de "contrariar" o virginiano, que parecia se agradar do comprimento de seus fios azulados) passou a navalha no mesmo, deixando-o na altura dos ombros. Corou novamente.


–Bem, eu quis mudar minha imagem, sabe, dias novos, visual novo...

–Mentira.


Os olhos azuis arregalaram-se tanto quanto poderiam, cerrou os punhos encarando o moreno que permanecia visivelmente irritado com suas palavras, agora estava começando a se irritar também.


–Por que diabos você quer saber?! Eu cortei sim, e daí? É o meu cabelo! Faço o que quiser com ele!

–Ah, sim, é claro. O que me intrigou, Ditezinho, é o que levaria o cavaleiro mais vaidoso de todos que adora a própria aparência acima de tudo, a cortar os fiozinhos azul celeste! É isso que me intriga...

–Saia.

–Ahn?

–Saia, agora.

–Tsc, sabe Afrodite... Essa história está me cheirando a algo que eu não gosto.

–Bem, então retire-se da minha casa, porque eu também não aprecio muito o seu cheiro, estamos quites.


Angelo apertou os olhos encarando com ódio o loiro ao seu lado, Afrodite mantinha o olhar orgulhosamente. Não fez questão nenhuma de acompanhá-lo até a saída do templo e nem mesmo moveu um músculo enquanto o canceriano retirava-se do local. Quando sentiu o cosmo afastar-se o suficiente, relaxou o corpo jogando-se contra a pilastra mais próxima, baixou os olhos encarando o brilhante chão de mármore.


–Por que eu cortei?


~


O silêncio presente no santuário não se diferenciava do comum, apesar de apenas três cavaleiros protegerem o local. O céu nublado carregava suas nuvens e pequenas gotas de chuva caiam de hora em hora, havia dias que o tempo mantinha-se naquele estado, o sol escondia-se por trás da nuvens e o vento frio levava as folhagens trazendo consigo os primeiros sinais de neve.

Afrodite descia as escadas dirigindo-se ao primeiro templo, observava tudo ao redor, os detalhes de cada templo, as lascas que faltavam, a tintura descascada e principalmente o odor autêntico. A casa de Camus tinha um forte cheiro de livros, a de Shura, vinho espanhol, a de Milo... Bem, gostaria de dizer que exalava o mesmo odor de lixo que seu dono, mas era contrariado pelo agradável cheiro de tulipas, sabe-se lá por que aquela casa cheirava tulipas! Tinha certeza que era ideia do aquariano, revirou os olhos enojando, tinha que ser o mais cuidadoso possível, desde que começara a fazer a guarda da primeira casa sempre que subia ou descia para o templo de Mu acontecia alguma coisa quando estava na do escorpiano, o primeiro dia tropeçara em um degrau logo na saída, no segundo derrubou um vaso de porcelana (quase despedaçando tudo, agradeceu aos deuses por ser rápido e flexível o suficiente para pegá-lo antes de espatifar-se no chão!) e agora no terceiro temia até as brisas que entravam no templo. "Tenho certeza de que ele deve ter colocado algum tipo de feitiço ou praga para mim nessa casa, esse Milo, eu vou é.... Chá."


Chá.


Era isso que definia o odor que exalava da sexta casa, o agradável e pacifico cheiro de chá de ervas. Trazia a paz, mas não para o perturbado coração de Peixes que saltou ao farejar a chegada ao templo de virgem, suas mãos tremeram levemente pelo simples fato de que sentira o cosmo de Shaka, nos demais dias não encontrara o loiro mas agora tinha certeza de que o veria.


–Com licença. -Sua educação ordenou que murmurasse algo para alertar sua chegada, mas seu receio fez com que cerrasse os punhos e baixasse a cabeça, apertando os passos, evitando a qualquer custo encarar o loiro que permanecia em sua posição habitual.


–Boa tarde Afrodite.

–B-boa tarde Shaka.


Afrodite parou instantaneamente ao ouvir a voz do outro, ergueu seu olhar sutilmente observando o guardião da casa de virgem, esperava que houvesse mais algum comentário mas a única resposta foi o silêncio. Suspirou, o que ele esperava?! "Ah sim, como se ele fosse se virar e dizer: Oooh Afroditezinho, você está d-i-v-i-n-o com este novo corte! Amei, gato! Até parece... Aposto que ele falou dos meus cabelos apenas para me provocar, como sou idiota, não deveria ter cortado nada! Pareço uma adolescente tentando conquistar o capitão do time de futebol e..."


–Interessante, sempre que nos encontramos seu cosmo se hostiliza rapidamente Afrodite.

–Sério?! Engraçado, mal percebi... Afinal, por que eu me hostilizaria com alguém tão gentil e amoroso quanto você?


O pisciano mantinha um sorriso irônico no rosto, os braços cruzados e a face vermelha de irritação. A simples existência de Shaka o tirava do sério, "Maldita mania de se achar superior! Mas hoje, querido, você não vai brincar comigo! Ah não, hoje não!".


–É Shakinha, eu acho que você está paranoico, eu jamais seria hostil com você, te adoro! Mesmo quando você sendo do time: "Unidos para mandar o Afrodite de volta ao Inferno".

–Acredito, Afrodite, que você esteja julgando precipitadamente minhas palavras.

–Ah, sério? Você está brincando comigo, não?! Quem você pensa que é para dizer isso, Shaka? Você, o Milo, Aiolia, Shura e Camus juntaram-se com a pedras na mão e me atacaram sem nem ao menos saber a verdade! É muito fácil me apedrejar dizendo que fui o traidor, mas ninguém se lembra de que o Máscara da Morte também foi e muito menos se lembram de que o causador de tudo isso anda desfilando por ai vestido na armadura de Gêmeos! É fácil jogar a bomba no "antipático", não?!


As palavras simplesmente jorraram de sua boca, não aguentava mais aquela situação, as palavras de virgem por mais que fossem simples e educadas penetravam suas feridas rasgando novas, estava sendo extremamente afetado pelo outro cavaleiro. Shaka permanecia indiferente em relação ao pisciano, sua expressão não mudara e nem mesmo impressionou-se com a alteração de voz do loiro.


Afrodite inspirou o ar com dificuldade, o cheiro antes tão agradável, agora arranhava suas entranhas causando-lhe náuseas, gostaria de correr de volta ao aconchego de seu quarto, sua cabeça girava e seu estômago dava piruetas, as unhas abriram cortes na palma da mão que permanecia fortemente fechada.


–Dane-se.


Balançou a cabeça virando-se para fazer o caminho ao primeiro templo, quanto mais rápido chegasse até lá, mais rápido acabaria com aquela situação ridícula. Sentia-se o mais estupido dos estúpidos, explodira toda sua raiva em frente ao cavaleiro mais frio e indiferente de todos, fraquejara, jurou a si que seria forte e não mostraria reações em relação ao que falavam e pensavam, mas era fraco... "Idiota... Idiota!!! É isso que você é Afrodite! Só tinha que aguentar mais um pouco seu imbecil, era uma questão de tempo até ir embora, era só mais um pouco, seu estúpido... Você sabe o que ele deve estar fazendo agora?! Rindo de você, seu viado fresco e iludido! Ansioso para contar aos "amiguinhos" o quanto Afrodite de Peixes é idiota! Eu não acredito que..."


–Afrodite?


Levantou o roso e à sua frente vira a última pessoa que esperava encontrar na casa de virgem, Saga. Os olhos azuis do companheiro pousados curiosamente sobre si enquanto uma de suas mãos seguravam sua braço direito, barrando sua passagem. Mordeu o lábio inferior, uma forte pontada em seu coração, o estômago embrulhando-se cada vez mais a cada segundo. "Não, isso já é demais". Deu um forte tapa na mão do guardião de Gêmeos, afastando dois passos.


–Não toque em mim.


As palavras saíram raivosas, o maxilar travado e o olhar mais perigoso que possuía, o olhar que só aparecia quando Afrodite matava, quando o desprezo por sua vitima superava o nojo.


–Encoste sua mão em mim novamente e vou garantir que não acorde amanhã.


Jogou os cabelos para trás, virou o corpo, lançando um olhar mal humorado ao virginiano que assistia a cena ainda em seu lugar, sem dizer nem reagir à nada. Saiu caminhando a passos largos, o templo de Áries que explodisse se necessário, que Hades invadisse o santuário, que Poseidon inundasse cada centímetro daquele lugar, que Zeus lançasse seus raios em cada pilastra dos templos, que Atena despencasse da decima quarta casa! Mas não iria permanecer na companhia daqueles dois nem mais um segundo!


"Eu não tenho que aguentar isso! Que me acusem de traição pela terceira vez, estou pouco me lixando!


Parou sua corrida de volta ao templo quando chegou a décima casa. A raiva esvaia-se agora e em seu lugar a velha e já tão amigável tristeza instalava-se em seu peito, há dias não via Saga e fazia o possível para evitá-lo, mas a simples ideia de ser tocado pelo colega causava-lhe arrepios, nunca o perdoaria, fora tolo e idiota o suficiente para acreditar em palavras bonitas e agora pagava por seus pecados, não apenas os seus, mas aparentemente, pagava pelos pecados de todos envolvidos na traição... "Eu nunca vou perdoá-lo Saga, nunca!"


Era definitivo, estava deixando que o ódio e a depressão o consumisse. Mas, sinceramente?! Ele já não se importava...


"Ou talvez... Eu nunca tenha me importado."


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Notas finais do capítulo

É isso ai, logo mais teremos mais um (muito provavelmente para o meio da semana). Agradeço de coração a todos que estão lendo! Titia ama vocês y.y!! Espero que tenham gostado e não deixem de comentar! *u*!!

Muito obrigada a todos, beijão e bora começar a semana! o/!

Tia Evye