Nos dias que se seguiram, Julia procurou ficar o mais longe possível de Barnabas. Este, no entanto, fazia de tudo para se encontrar com ela, fosse num jantar ou no corredor, apenas de relance.
Julia sabia muito bem o que queria com aquilo. Sabia que Barnabas uma hora não suportaria toda essa tensão e viria até ela. Por enquanto, era mais vantajoso ficar apenas provocando o vampiro, uma vez que essa tática nunca dera errado.
Uma semana mais tarde, Elizabeth inventou de todos fazerem uma passeio pelo centro da cidade, já que a fábrica havia ficado pronta e eles eram, novamente, os maiores donos de portos da costa leste.
- Vamos. Todos vão - disse a matriarca
- Mas eu não quero ir - devolveu a médica
Elizabeth revirou os olhos.
- Por favor - repetiu ela
Julia permanecia deitada em sua cama, e de vez em quando olhava para o corredor. As lembranças que tinha ali eram no mínimo perturbadoras. 
A ruiva pensou mais um pouco.
- O que eu ganho indo com vocês?
Elizabeth estava perdendo a paciência.
- Julia, pelo amor de Deus. Você é a única pessoa que mantém o pouco que resta da minha sanidade. Não vou suportar conversar com Jossete o caminho inteiro, muito menos aturar ela e Barnabas juntos. 
Julia riu de deboche. Mas, no fundo, bem no fundo, ela ficava triste. Triste porque sabia que Barnabas ainda era de Jossete. 
"Por enquanto" ela costumava repetir para si mesma
- Muito bem, eu vou - suspirou a médica - Mas não me peça para segurar a sua filha se ela resolver dar uma de louca.
Elizabeth se sentiu aliviada.
- Obrigada - disse ela - Vá se arrumar. Saímos daqui a pouco.
Quando a loira saiu, Julia pulou da cama para o guarda-roupa. Hoje Barnabas Collins experimentaria um pouco do que era querer algo inalcançável.

...

Carolyn e David já estavam no carro. Ah, uma pequena curiosidade. Barnabas tinha comprado um outro carro. Um conversível vermelho, para ser mais exata. E não era novidade nenhuma que Julia havia amado aquele carro.
- Eu vou no conversível - foi a primeira coisa que disse quando entrou na sala, onde se encontravam Barnabas e Elizabeth.
Barnabas adorava o jeito espontâneo de Julia. E adorava mais ainda quando ela estava associada a um sorriso lindo de satisfação ao vê-lo babar por ela.
O vestido branco realçava a cor de seus cabelos e suas curvas, uma vez que este era bem apertado na cintura. A renda dele era delicada e combinava com o salto bege que ela vestia. E, pela primeira vez, Barnabas se perguntou aonde ela havia comprado aquelas roupas.
Quando Jossete chegou. Estava com um vestido branco também, mas nada comparado ao de Julia.
- Jossete, ai está você. Vamos - falou Barnabas
Ela sorriu por um segundo e seguiu o vampiro. Julia quase riu, mas ao ver o modo com Elizabeth a olhava não o fez.
- Julia - chamou ela - Por mais que não gostemos dela, não podemos falar nada na frente de Barnabas.
A médica revirou os olhos e disse:
- Tudo bem.
Barnabas, Jossete , Willie e David iriam no Chevrolet. Julia, Elizabeth e Carolyn iriam no conversível. 
Quando Julia pulou na traseira do carro, Elizabeth arqueou a sobrancelha para ela. 
- Você vai ai?
Ela assentiu.
Carolyn foi no banco do carona e Elizabeth deu a partida. O carro de Barnabas vinha atrás e ele apenas olhava para a mulher de cabelos ruivos que sorria como uma criança.
Conforme Elizabeth acelerava, o vento da estrada fazia os cabelos compridos de Julia esvoaçavam pelo caminho e fazia Jossete se sentir uma nada. A luz do Sol realçava o ruivo do seu cabelo e seu sorriso de satisfação era lindo.
Barnabas rezou para que Jossete não percebesse o quão encantado estava com aquela mulher. 

...

Depois da viagem, Elizabeth estacionou perto da fábrica assim como Willie. Ao pular do carro, Julia olhou na direção de Barnabas. Ele lhe sorriu e ela apenas virou a cabeça para outro lado.
Enquanto a família andava pelo centro, Julia se permitia pensar nas maneiras de fazer Barnabas se apaixonar por ela. Ainda pensando nisso, não percebeu que Elizabeth a chamava.
- Julia, está me ouvindo?
A ruiva despertou.
- Ah, sim. Desculpa, repete por favor.
Elizabeth repetiu o que tinha para dizer e Julia apenas ouviu, mas sem prestar muita atenção, já que tudo o que conseguia pensar era em Barnabas.
Mais a frente, um homem vinha caminhando, quando uma moeda caiu do seu bolso e veio rolando na direção. Ela apenas parou a moeda com o salto e se abaixou para pegá-la.
- Ah, me desculpe. - disse o homem. Julia entregou a moeda para ele e parou em seus olhos extremamente azuis.
Ele sorriu para ela e a médica retribuiu o sorriso.
Os cabelos loiros do homem se espalhavam por sua testa, o que fez Julia suspirar por um momento. E quando a ruiva foi abrir a boca para falar algo que nunca viria, Barnabas fuzilou o loiro com o olhar. O vampiro ficou na esperança de que o homem olhasse para ele, para que pudesse hipnotizá-lo e mandá-lo para longe de Julia. Mas não era possível. O homem só tinha olhos para Julia e a médica parecia não ligar para o fato de que toda a família Collins estava presente num momento como esse.
- Obrigado - disse o homem, desviando o corpo para voltar a caminhar. Quando ele se foi, Julia permaneceu parada, com os olhos desfocados, refletindo sobre o pequeno momento que acabar de acontecer.
Barnabas ficou incomodado com a reação de Julia. Elizabeth não entendeu, mas mesmo assim soltou um sorrisinho malicioso assim como a filha, Carolyn.
- Então, vamos? - falou Elizabeth, quebrando o silêncio. A matriarca puxou Julia até a fábrica, porque ela permanecia parada. 
Talvez fosse o fato de saber que Barnabas ainda não era seu, ou talvez fosse os olhos azuis tão intensos, mas Julia não conseguiu esconder por muito tempo. Aquele homem não era qualquer homem e Julia certamente sabia que algo havia entre eles era forte, apensar de terem trocado apenas duas palavras.
Barnabas ficou irritado com tudo aquilo e prometeu a si mesmo que falaria com Julia aquela noite.
Julia ficou quieta o resto do passeio e da volta também. Quando chegaram em casa o sol já se punha, e Julia só desejava encontrar com aquele homem novamente.
Jossete era a única pessoa que parecia realmente feliz naquele dia. Se Julia começasse a gostar daquele homem ela não precisaria se preocupar com Barnabas. Mal sabia ela que o vampiro estava a caminho de uma conversa com a ruiva.

...

- Julia. Julia! - chamou Barnabas
A médica se virou.
- Sim?
Barnabas parou a frente dela e olhou para seu rosto. Ela não estava em seus melhores dias, mas seu rosto ainda era lindo e delicado. Os olhos da médica estavam vazios e pensativos, enquanto os olhos de Barnabas apenas diziam uma coisa:
"Eu quero você"
- Julia precisamos conversar sobre o que tem acontecido entre nós - o vampiro sussurrou
A médica fechou os olhos. Estava prestes a assinar a sua sentença de morte mas mesmo assim o fez. Pegou a mão de Barnabas e o levou até seu quarto. 
A médica fechou a porta e passou as mãos nos cabelos antes de encarar o vampiro.
- Muito bem, diga.
Barnabas não esperou por nada e puxou a médica pela cintura, beijando-lhe com luxúria. Julia ficou sem reação no começo, mas depois correspondeu na mesma intensidade. O vampiro deslizava suas mãos pelo corpo da ruiva, enquanto ela apenas massageava os cabelos negros e macios dele. 
Barnabas a empurrou delicadamente sobre a cama, prendendo-a com seu corpo. Ele beijou o pescoço pálido dela e Julia mordeu o lábio. Sabia muito bem o que aconteceria a partir dali e pensou seriamente em continuar até o final.
A ruiva segurou o rosto de Barnabas e o beijou novamente. Os lábios sempre juntos, numa sincronia perfeita. Julia girou o corpo e ficou em cima dele. Os dois novamente se beijaram e a médica gemeu contra os lábios dele quando Barnabas deslizou as mãos por suas pernas expostas. Ele foi subindo as mãos até a sua virilha e Julia teria deixado ele terminar, mas algo em sua mente ficava martelando. 
Ela se levantou mais rápido do que conseguia imaginar e ficou de costas para ele. Com a mão nos lábios e lágrimas nos olhos, Julia se lembrou da última vez que se apaixonou.
Há alguns anos, Julia havia se apaixonado por um homem casado. Ela manteve um caso com ele durante meses. Ele havia prometido um mundo de expectativas para ela, sempre dizendo que ia se divorciar e que eles viveriam juntos. E ela acreditou. 
Depois de um tempo ela descobriu que ele mantinha muito mais de um caso e isso fez com que ela desistisse do amor.
Julia havia prometido a si mesma que nunca mais se envolveria com um homem comprometido, mas neste momento estava experimentando da mesma sensação que havia sentido anos atrás.
É claro que quando ela conheceu Barnabas foi diferente. Ele era solteiro e um cavalheiro. Não seria capaz de trair a mulher que amava. E ela estava errada novamente. Sim, Barnabas estava traindo Jossete. Julia não ligava para ela, mas se ele era capaz de fazer isso com aquela que ele disse que era o amor de sua vida, porque não o faria com a própria Julia?
- Julia - chamou Barnabas
- Saia - disse ela
- Mas eu só queria...
- SAIA!
O vampiro, ainda meio desnorteado, saiu do quarto e Julia se pôs a chorar. 
Definitivamente, hoje não era seu dia.