O Despertar De Mewtwo escrita por 365fanfics


Capítulo 9
A verdade por trás das sombras


Notas iniciais do capítulo

Aí está um capítulo com um ponto de vista inédito da Agatha. O capítulo ficou meio longo, e não tem batalhas, mas mesmo assim eu gostei de escrevê-lo.



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Desde pequena, a vida não foi fácil pra você. Eu sei.

Mas tudo que eu quero, é que você entenda que nada é como parece.

E que a vida por mais que não seja fácil, não significa que não valha a pena lutar, Small Lady.

Você sempre será uma campeã para mim. E a minha heroína...

A Lady de Lavender.

E filha do guardião da Pokémon Tower com uma ex-dançarina do Ecruteak Dance Hall. Talvez essa parte da história explique o porquê ela tenha tanta aversão a kimonos e certas tradições japonesas.

Até hoje ela se recusa a tocar no nome da mãe.

Small Lady até poderia ser pequena quando tudo aconteceu, mas se lembra nitidamente de tudo. As cicatrizes em seu pescoço não a deixa esquecer.

Desde pequena, Small Lady sempre fora uma criança esperta e cheia de energia. Aos seis anos, ela já conseguia compreender uma teoria pokemon completa e ler poemas com alto grau de dificuldade.

Ela era o orgulho de mim e do pai. A mãe tentava ensinar a fazer chá e dançar, mas sem sucesso. Algum tempo depois, enquanto passeava pela Pokemon Tower, algo aconteceu e até hoje é um mistério em nossas vidas.

Encontramos Small Lady desmaiada no chão da Pokémon Tower e depois de acordada passou a demonstrar alguns sinais de telecinese. No começo tudo foi bastante difícil e sua vida tornou-se um inferno. Justamente quando ela mais precisava de todos nós, sua mãe a abandonou.

Mas antes ir, ela chamou Lavender de cidade maldita e disse que a filha estava possuída por um pokemon fantasma. Na noite em que a vimos pela ultima vez, ela tentou matar a própria filha a facadas enquanto dormia. Acordamos com os gritos de Small Lady.

Quando chegamos até seu quarto o pescoço de Small Lady estava inundado de sangue. Ela foi atacada por trás enquanto dormia. Seu pai, no mesmo instante a socorreu enquanto eu tentava entender a situação e tomar alguma atitude.

– Por que tentou matar a sua própria filha?

– Essa menina não é minha filha, é um demônio... Minha filha foi vítima dessa cidade amaldiçoada. – nada que ela dizia fazia sentido.

– Suma daqui, nunca mais apareça para Small Lady ou para o meu filho, senão você vai se ver comigo e então eu vou te mostrar o que é a maldição de Lavender. – por mais que nunca me importei com essas lendas relacionadas à Lavender, tinha que me livrar daquela mulher.

De qualquer modo, ela nunca mais apareceu e Small Lady nunca falou da mãe espontaneamente.

Mas algo que sempre me intrigou foi seu relato. Ela dissera que fora atacada por um pokémon que não conhecia, pedi para ela desenhar e eu também desconhecia.

Pesquisei em todos os livros de pokemons do tipo fantasma que existe e nunca o encontrei. Perguntei várias vezes a Small Lady se ela tinha certeza sobre o desenho e ela sempre confirmou.

Mas a minha maior preocupação era com a telecinese da minha pequena. Sabia que pessoas como sua mãe existiam de sobra. E Small Lady entrava em constantes crises consigo mesma. Eu a ensinei a controlar seus sentidos e aos poucos as coisas se caminharam para o normal.

Com 10 anos, Small Lady começou sua jornada e a rivalidade com Lance se acentuou principalmente depois do Festival do Dragão de Blackthorn, onde Lance escondeu o Eevee e causou todo um caos.

Depois que saímos de Blackthorn, a levei para Lavender. Small Lady ficou calada a viagem inteira.

Quando chegamos, ela correu para o quarto do pai e ficou deitada com ele. Nessa época ele já de encontrava bastante debilitado. Eu desconfio que a ausência da filha ajudou o seu estado de saúde piorar.

– Small Lady, não percebe que seu pai precisa descansar? – ela tinha se deitado com ele de tal forma que era como se ela pedisse proteção.

– Eu vou ter muito tempo pra descansar depois, mãe. – só depois percebi o real sentido daquela frase – Deixa ela aqui comigo.

Pouco depois de completar 11 anos, Small Lady perde a pessoa que mais amava nessa vida. Nunca a vi tão perdida como naquele dia. Ela era apegada demais ao pai.

Eu não tinha condições de cuidar dela, não tinha condições de nada, ele estava tão perto, mas ao mesmo tempo tão longe. Quem me segurou naquele dia foram Sammy e Prynce, meus dois melhores amigos.

A família do Clã também estava presente, eles chegaram um pouco antes da despedida. Small Lady continuava imóvel, ela não chorava, não demonstrava emoção alguma sequer. Apenas fitava o pai e depois seu túmulo.

Por conta própria, e sem que alguém previsse tal reação, Lance foi em direção a ela e segurou a sua mão.

Naquele dia e somente naquele dia, eles ficaram amigos.

Depois da morte do pai, Small Lady passou a se dedicar ainda mais ao seu treinamento pokémon. Além de me visitar com frequência no Planalto Índigo para aprender lições de como se tornar uma mestre nata.

Sempre quis transformar Small Lady na líder da Elite 4. Ela seria a primeira mulher a governar Kanto e Johto na história. E eu faria o que fosse possível para isso acontecer.

– Para ser a líder da Elite 4, primeiro é preciso respeitar todos os pokémons. – eu explicava enquanto a gente andava pelo jardim do Planalto Índigo. – E me refiro a desde um simples Caterpie até o mais misterioso de todos os lendários.

– Mas pokémons lendários não são apenas lendas? – ela me olhava com aquele ar questionador.

– Um dia com certeza nós teremos a resposta. Só quero que entenda a importância de cada um desses pokémons. – para minha sorte, Small Lady era inteligente e sempre entendia minhas explicações, por mais confusas que fossem – Tudo o que você vê, faz parte de um delicado equilíbrio, e como mestre pokémon, você deve impedir que qualquer coisa ameace isso. – ela sorriu, sabia que havia compreendido a lição.

– Jamais permitirei que alguém ameace esse equilíbrio. Prometo. – ela sorria de uma forma tão bonita.

– Agora está na hora de você ir, vovó tem que trabalhar. Já sabe qual será sua próxima cidade?

– Saffron.

– Tenho certeza que se sairá muito bem em Saffron querida. – ela subiu na bicicleta e partiu.

Alguns dias depois, recebi um telefonema de Lance, o que me fez pensar que Small Lady não era tão madura quanto parecia ser.

– Agatha, venha para Saffron depressa. – ele falava rapidamente – A Equipe Rocket invadiu a Silph Co e Small Lady foi até lá sozinha pará-los.

O pânico tomou conta de mim, eu estava prestes a perder a única pessoa que me restava nessa vida. Naquele momento, o Clã estava próximo de mim e escutou minha rápida conversa com o neto. E ele se ofereceu para me ajudar.

Nós dois saímos imediatamente da Elite 4 e voamos até Saffron. Quando chegamos, tudo já estava vazio, meu maior medo era ter chegado tarde demais.

– Para tudo nessa vida, há um preço a ser pago. Você perdeu para mim e agora diga adeus a sua vida de treinadora pokémon para ser a minha mais nova seguidora. – Umbreon estava desmaiado no chão e Small Lady continuava imóvel ao lado do pokemon. Até que as lágrimas começaram a cair no campo de batalha.

– Não... – ela deu alguns passos para trás. Seus olhos eram de medo.

– Por que não vem enfrentar alguém do seu tamanho? – o Clã havia tomado partida junto com seu poderoso Dragonite e eu o ajudei com o raio ofuscante do Gengar.

O hiper raio do Dragonite se misturou com o raio do Gengar e acertou a Nidoqueen e a Kangaskhan, deixando ambas fora de combate e Giovanni sem reação.

– Se você chegar perto da minha neta outra vez eu acabo com você. – acho que nunca senti tanta raiva de alguém como naquele dia.

– Diga isso para ela, se ela aparecer no meu caminho outra vez, você nunca mais vai vê-la – a parede da sala se desfez e revelou o helicóptero a espera de Giovanni. – até algum dia, Agatha.

Fomos com Small Lady até o Centro Pokémon de Saffron. Lance continuava por lá esperando notícias da rival.

Depois de todos os pokemons recuperados, saímos de Saffron. Todo o susto já havia passado, mas agora eu estava revoltada com Small Lady. Por que ela se arriscou daquela maneira? Ela em nenhum momento pensou nas consequências?

– Elder – parei de caminhar.

– Sim Agatha. – o Clã veio em minha direção.

– Obrigada por ter me ajudado, mas já está ficando tarde e imagino que Lance deva estar cansado. – respirei fundo e impus meu tom de voz – E além do mais a minha neta tem que aprender uma lição. – Olhei para trás e Small Lady abaixou a cabeça como se tivesse consciência do que fez.

– Vamos Lance. – o menino olhou para trás pela ultima vez, como se quisesse se despedir dela, mas não o fez, apenas subiu no Dragonite junto o avô e partiu.

– Small Lady! – ela estava alguns metros atrás de mim e da forma como a conhecia, sabia que ela continuaria no mesmo lugar.

Olhei para trás e ela se aproximava timidamente e ainda de cabeça baixa, até que parou ao meu lado.

– Small Lady eu estou decepcionada com você, o que foi que deu em você? Poderia ter morrido sabia? – só de pensar no pior me deixava mais angustiada.

– Eu sei. – ela continuava de cabeça baixa.

– Por que quis agir dessa forma tão irracional?

– Eu só queria ser uma mestre pokémon como você – ela levantou a cabeça e olhou para mim. Aquele olhar de tristeza me fazia ceder qualquer coisa. Sempre fiz de tudo para não deixar aquele olhar transparecer.

– Querida, ser uma mestre pokémon não significa enfrentar um inimigo que não possa vencer sozinha e muito menos ultrapassar os limites dos seus pokémons. – acariciei o seu rosto. Mesmo errando, ela era meu orgulho.

– Mas você nunca tem medo de enfrentar quem quer que seja.

– Eu tive hoje...

– Teve? – assenti para ela.

– Achei que não chegaria a tempo de te salvar. Pensei que nunca mais fosse te ver.

– Me desculpe vó – minhas palavras a fizeram enxergar a gravidade da situação.

– Apenas me prometa que não vai fazer isso de novo. – ela sorriu timidamente e assentiu.

– Agora vem cá minha pequena. – eu e abracei da forma mais calorosa que conseguia, era tão bom tê-la de volta.

– Vó

– Hum?

– Devemos esquecer aqueles que já se foram?

– Por que diz isso?

– Porque eu penso no papai todos os dias, mesmo sabendo que nunca mais o verei.

Naquele momento eu me esforcei para não chorar na frente dela. Tinha que ser forte.

– Claro que não meu amor. Seu pai vive dentro de você. – sorri para ela.

– Dentro de mim?

– Isso mesmo. E ele só vai desaparecer quando você desistir de lutar por aquilo que você acredita. – ela começou a sorrir e eu então olhei para o céu – Seu pai também está observando tudo lá de cima Small Lady. Por isso sempre que se sentir só, ele sempre vai estar lá em cima para te guiar. E eu estarei aqui.

Depois disso Small Lady nunca mais aprontou algo semelhante.

Aos 13 anos aconteceu a batalha decisiva de Small Lady contra Lance. Nunca entendi o motivo daquela derrota tão absurda. Ela usou os pokémons de forma errada, parecia uma treinadora iniciante.

Ela nunca me falou o que aconteceu e porque perdeu daquela maneira, ela sempre fugiu desse assunto.

Até tentei anular essa batalha e então fazer outra, mas Elder não permitiu e ainda disse que Small Lady serviu como treinamento para Lance se tornar forte e ocupar o seu lugar.

Isso me deixou revoltada, mas infelizmente não tinha o que fazer, e também sabia que Lance não tinha os mesmos pontos de vistas que o avô, embora eles fossem parecidos.

Eu passei a minha vida inteira tendo como rival o Clã dos Dragões, mas embora fossemos rivais nossos objetivos sempre foram os mesmos, proteger as regiões de Kanto e Johto. Achei que quando Small Lady ficasse maior ela pudesse ser com eu.

Algumas semanas depois da derrota, Small Lady disse que queria ir para Hoenn, começar do zero. Não tive outra escolha a não ser concordar. No fundo, ela sempre pensou que tivesse me decepcionado, mas isso nunca me decepcionou, eu apenas queria saber o que tinha acontecido com ela.

Quando ela partiu fiquei sozinha e isso me aproximou de Lance. E meses depois os pais dele morreram naquele acidente horrível, então o convidei para morar comigo. Mas por mais que me esforçasse, sabia que ele jamais seria o mesmo.

Nós vivemos juntos por quase um ano, embora ele ficasse sempre trancado no quarto pensando no nada.

– Agora não é hora de ficar chorando, nesse momento a Elite 4 precisa de você e mesmo chorando a sua situação não vai melhorar. – essas foram as duras palavras do Clã enquanto Lance chorava no ombro de Clair.

Pobre jovem mestre dos dragões, não tinha permissão nem de sequer demonstrar seus reais sentimentos em relação à dor que sentia.

– Elder, será que nem em um momento como esse você pode ter um pouco de sensibilidade? – perguntei indignada pela maneira como ele falava com o neto.

– Cada um que cuide da educação e do treinamento do seu neto, portanto não se meta nisso. – ele estava irritado, mas eu sabia que ele também estava sofrendo pela morte da filha.

Depois de quase um ano sofrendo calado e isolado do mundo. Apenas vivendo para o Planalto Índigo, Lance decidiu voltar para casa que era dos pais. Ele também terminou seu namoro com Liza pela primeira vez e começou a sair com várias garotas da cidade, além das líderes de ginásio e afins.

Esse comportamento me surpreendeu. A quantidade de treinadoras pokémons que brigavam por ele diariamente na Elite 4 era algo absurdo. Cheguei a pedir para que Bruno e Lorelei o aconselhassem, mas o máximo que aconteceu fora ele voltar com Liza, e depois romper de novo e ficar com várias garotas e assim sucessivamente.

Embora não concordasse com isso, eu ainda queria Lance perto de mim, pois quando ele estava comigo, sentia também Small Lady próxima de mim. Sabia que ele não era ela, mas era o que meu coração sentia.

O tempo passou, e digamos que me acostumei com a badalada vida do mestre dos dragões. No fundo, sabia que Lance se casaria com Liza, porque era assim que tinha que ser. E nem mesmo a vinda de Will mudaria isso.

Todos sabiam disso, assim como todos sabiam que a luta era desigual, pois Lance nunca brigou pela Liza, ele não precisava disso para vencer.

Eu já estava com dois empregos e me sentia meio cansada. Talvez fosse a hora de Small Lady me substituir na Elite 4 e então recebemos a chamada de Sammy sobre as ameaças de Giovanni. Aquele seria o momento perfeito para trazer minha neta de volta.

E também seria o momento ideal para ela assumir o meu lugar e se entender com Lance de uma vez por todas.

Mas agora percebo que um é o ponto fraco do outro.

Tentei convencer Small Lady de que era possível os dois trabalharem em equipe e que ela deveria ficar no meu lugar depois que tudo terminasse. Mas ela se voltou contra mim dizendo que Lance conseguiu tirar tudo dela, até mesmo eu.

Decidi fazer o aniversário de Small Lady como forma de amenizar a situação e fazer com que voltássemos a ser como éramos, mesmo sabendo que não funcionaria. Com Small Lady, nada era fácil.

– Ai Gengar, as coisas não estão boas e, além disso, você sabe que Mewtwo é mais forte que todos eles. – suspirei para meu fiel pokémon – O que devemos fazer?

– Gengar, Gengar Gengar! – ele me entregou duas fotos, uma de Lance e outra de Small Lady.

– Mas eles já estão trabalhando juntos. – respondi confusa.

– Gengaaar – ele fez não com a cabeça e juntou as fotos de ambos.

– Você quer dizer os dois juntos nesse sentido? – perguntei e esse assentiu – Ficou maluco? Você os conhece, não vai dar certo, é como misturar água e azeite.

Gengar começou a voar pela sala numa velocidade impressionante.

– Duvido que vá dá certo. – peguei minha pokebola e o chamei de volta.

Nesse mesmo dia, todos eles foram ao Arquipélago de Sevi. A tarde, Sammy me convocou para uma reunião com todos os mestres e Bill.

Fiquei bastante preocupada, pois Cynthia disse que Small Lady e Lance foram surpreendidos por Rockets armados na ilha 5. Porém a reunião seguiu normal e Cynthia me garantiu que ela já estava bem.

Depois da reunião, Bill disse que queria falar comigo a respeito de Small Lady. Já imaginava do que tratava, ele sempre fora apaixonado por ela.

– Agatha, você precisa tomar cuidado com Small Lady.

– Por que Bill?

– Eu sei que foi ideia sua aproximá-la do Lance, mas não percebe que isso faz mal a ela?

– Small Lady tem que aprender que nem tudo são flores. Um dia não estarei mais aqui, e alguém vai ter que ficar no meu lugar e ajudar Lance a governar tudo, ou você pensa que é fácil?

– Você está sendo injusta com ela. Não percebe que está cometendo um grave erro? – ele estava revoltado com a situação, era como se estivesse com ciúmes.

– Escuta aqui quem é você para dizer alguma coisa? Se minha neta era tão importante, por que nunca foi visitá-la em Hoenn? Por que não ficou ao lado dela quando ela mais precisou? Portanto não venha me aborrecer com isso.

– Você sabe perfeitamente os meus motivos – ele respirou fundo, como se criasse coragem para continuar – você não percebe que ela está a ponto de cair na conversa barata do Lance? E que na melhor das hipóteses ele vai agir com ela como age com a Liza?

– Small Lady não é burra e sabe se cuidar. – as palavras de Bill já começavam e me preocupar.

– Sua neta chama por ele enquanto dorme! Naquele dia que você chegou tarde eu fiquei deitado com ela, e durante várias vezes ela chamou por ele. – engoli seco, no fim ele conhecia a minha neta melhor do que eu.

– Isso é algo que você deve falar com ela. – de qualquer maneira, não podia demonstrar preocupação. – Já está ficando tarde Bill, preciso ir embora.

Voltei para casa e para minha surpresa Small Lady já tinha voltado e dormia. Me aproximei e me preocupei com a sua testa toda enfaixada, mas graças a Kami-sama, ela parecia bem e dormia tranquilamente.

Até que ela começou a se mover de um lado para o outro, como se tivesse tendo um pesadelo, mas seu rosto não indicava isso. Por um instante pensei em acordá-la, mas fiquei observando. Até que ela parou por um momento.

– Não pare... Lance – sussurrou.

Minha primeira reação foi acordá-la e questioná-la sobre isso, mas ela não diria, eu sabia. Apenas fui embora.

Naquela noite pensei muito, em todos os problemas que estávamos enfrentando, na rivalidade de Small Lady e Lance, nas palavras de Bill, nas consequências dos dois ficarem juntos.

Pensei até mesmo em Liza, e no que o Clã faria no meu lugar. Independente disso decidi mentir para Lance.

Menti pela primeira vez.

Eu o chamei para o aniversário de Small Lady, mesmo sabendo que ela não me autorizou fazer isso. Sabia que isso estava errado, mas somente ali eu saberia como agir.

Pensei muito sobre o assunto durante a noite, e tive o pensamento mais egoísta que já poderia ter tido.

E se Lance tirasse de mim a única pessoa que me restou?

Ela a partir de então viveria para ele, e se distanciaria de mim justo agora que voltei a vê-la todos os dias.

Não queria perdê-la de novo.

Mas quando Lance entrou no salão com aquela Eevee nos braços, notei que havia algo diferente nele. Não entendia o que acontecia, pois nunca o vi sorrir daquela maneira.

E eu também nunca o vira presentear nem mesmo Liza com pokémons. Ele sempre ia pelo mais fácil e mais caro.

Vi quando Small Lady desceu as escadas e o encontrou com o Bill. E vi sua reação, assim como vi a reação do Lance. Ele era péssimo ator, nem se preocupava em disfarçar o quanto estava encantado por ela.

Eu nunca o vi daquela maneira.

Era difícil assumir, mas...

Talvez Lance precisasse de Small Lady, mais do que eu precisava dela. E quando eu partisse, ela ficaria sozinha e também precisaria dele.

Então não seria ótimo se os dois melhores mestres pokémons de Kanto ficassem juntos?

Seria bom para a Elite 4, seria bom pra Kanto e Johto e seria bom para os dois.

Enquanto eu pensava nisso, ela dançava com Steven, e isso me deixou mais certa de que era com Lance que ela devia ficar juntos, caso contrário, ela iria embora assim que a Equipe Rocket fosse derrotada, mas se os dois dessem certo, ela teria motivos para ficar.

Ela do nada se soltou de Steven no meio da dança e foi em direção aos fundos do salão. Percebi que logo em seguida Lance foi atrás. Fiquei por um instante pensando se iria ou não atrás dos dois.

Até que decidi arriscar, fui aos fundos do salão e encontrei Lance, ele andava depressa. Por mais que estivesse curiosa, procurei ser natural.

– Oi Lance você está aí... viu minha neta?

– Eu não sei Agatha. – ele evitava me olhar e isso deixou aflita.

– Ou viu, ou não viu. – ele saiu andando.

– Desculpe Agatha, tenho que ir embora agora. Até amanhã. – ele me deixou sozinha no corredor.

Continuei indo em direção aos fundos e vi Small Lady aos beijos com Bill.

Então era por isso que Lance não queria conversa.

Como Small Lady pode ser tão tonta...

Sonha com um e beija outro... O que foi que deu nela?

Ele agora deve estar pensando tudo errado...

Fui em direção a ela. Não conseguiria engolir isso.

– Small Lady o que significa isso? – os dois no mesmo instante interromperam o beijo.

– Não precisa ficar nervosa com sua neta... a culpa foi minha, mas a senhora sabe que as minhas intenções são...

– Bill, nos deixe sozinhas – interrompi. Meu assunto não era com ele.

Sem relutar, Bill deu um beijo no rosto dela e foi embora.

Eu precisava ter uma conversa de avó para neta.

– Vó eu posso explicar...

– Me diz, o que você sente pelo Bill? Você gosta dele?

– Bem... nós sempre fomos amigos e... – pela sua expressão, já sabia a resposta.

– E o que Small Lady? Não acha que devia ser mais honesta? Sempre te ensinei o quanto é importante pensar nas consequências e se você não tomar as decisões certas ele sairá machucado. – franzi o cenho para ela.

– Tem razão... – ela abaixou a cabeça, da mesma maneira como fazia quando era criança.

Sua baka, não consegue entender nem o próprio coração...

Será que vou ter que resolver esse assunto para você?

Será que terei de fazer você e Lance se entenderem?


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Notas finais do capítulo

Para quem ficou se perguntando "quem é Sammy?". Sammy é o Professor Carvalho. O nome dele é Samuel Carvalho e às vezes se referem a ele como "Sammy" apenas.
Já o Pryce é o líder de ginásio de gelo em Johto e o Elder é o Clã dos Dragões.
Enfim, espero que vocês tenham gostado do capítulo, em breve eu postarei mais, por estou menos ocupada.



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