O Despertar De Mewtwo escrita por 365fanfics


Capítulo 3
Lembranças


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo conta um pouco sobre a infância e adolescência de Small Lady, tudo em cima do ponto de vista dela.
Nesse capítulo não há batalhas com a Equipe Rocket e ficou um pouco longo, porém ele é fundamental para a compreensão da história e o que Mewtwo representa para as personagens de maneira geral.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/395117/chapter/3

– Eevee investida! – gritei enquanto batalhava contra Lance, nós tínhamos 10 anos.

– Dratini está fora de combate, Eevee vence. – ouvi o avô de Lance dizer e finalizar a partida.

Sempre quando vencia o Lance ele destruía algumas das minhas bonecas pokemon que carregava comigo na jornada. E hoje era o Festival do Dragão em Blackthorn e ele havia acabado de perder na frente da família. Provavelmente perderia mais uma boneca hoje.

Apesar dele sempre fazer isso eu não o odiava, o avô dele era o melhor e eu sabia da pressão que ele sofria para ser igual. Ele era o príncipe dos dragões e tinha que dar o exemplo.

Naquela noite fiquei próxima da minha avó, assim quem sabe conseguiria salvar minhas bonecas. O Eevee queria ficar fora da pokebola para aproveitar a festa e eu deixei. Porem pouco tempo depois notei que ele não estava mais do meu lado. O procurei por todo canto e era difícil andar usando kimono e aqueles tamancos que até hoje tenho dificuldade. Mas eu sabia que tinha sido o Lance.

– Lance onde está o Eevee?

– Você é quem devia saber, o pokemon é seu. – respondeu ele de forma cínica. Eu queria chorar, Eevee era meu amigo e meu único pokemon.

– Lance, eu deixo você destruir todas as minhas bonecas, mas, por favor, me devolve o Eevee. – eu implorei a ele me segurando para não chorar.

– Já disse que não sei onde está seu pokemon – eu sabia que ele estava mentindo.

Continuei a procurar. A cidade estava tão cheia e eu não sabia me localizar ali, quando notei tinha me afastado um pouco, continuava chamando pelo Eevee, mas ele não respondia. Aqueles tamancos malditos que eu odeio tanto me fizeram escorregar. E eu estava em cima da ponte de um rio.

Eu caí e não sabia nadar.

A água estava gelada e o local era afastado, eu não conseguia pedir ajuda. Era muito pequena apenas lembro que tudo ficou escuro de repente.

Só sei que quando acordei estava deitada na sala do Clã dos Dragões embaixo de uma coberta e usando roupas da Clair. Minha testa estava muito quente. Ouvia gritos do Clã, ele parecia estar furioso, e corri para ver de onde via o som, vinha de seu santuário.

Ele gritava com Lance, estava humilhando e dizendo coisas horríveis a ele, xingava. Ele permanecia quieto de cabeça baixa, imóvel. E ele começou a apanhar do avô, a porta estava entreaberta e eu vi tudo. Ele não respondia absolutamente nada e nem reagia aos tapas do Clã. O que mais impressionou foi quando notei que o canto de seu lábio inferior estava começando a sangrar. Nunca me esquecerei daquela cena.

Depois disso não vi mais nada, meus olhos foram tampados.

– Está na hora de irmos para casa Small Lady – ouvi minha avó me segurando no colo e ainda tampando meus olhos.

Quando chegamos ao carro ela me entregou a pokebola com o Eevee.

Ficamos caladas. Durante toda a viagem não parava de pensar no Lance, o avô dele estava furioso pelo que ele fizera.

Se soubesse que as coisas terminariam desse jeito, teria o deixado ganhar.

Depois daquele dia eu tentei me aproximar do Lance, mas ele sempre me empurrava falando para eu me afastar dele.

Pouco depois que fiz 13 anos, o Clã dos Dragões, até então líder da Elite 4 se aposentou e por direito a liderança da Elite 4 seria ou minha ou do Lance. Já tinha viajado por toda Kanto e Johto e estava de férias na minha cidade natal, Lavender. Faltando um dia para a batalha decisiva, fui à Victory Road fazer um treinamento leve com os meus pokemons.

Mas não esperava encontrar Lance também treinando. Ele me desafiou para uma batalha e eu aceitei.

Foi uma batalha muito difícil, pois seus pokemons tinham evoluído e estavam muito fortes. Lance era talentoso e isso eu nunca discordei. A batalha foi mais difícil e longa que eu pensava, mas no fim, meu Umbreon conseguiu derrubar seu ultimo dragão.

– Eu não acredito que perdi – ele estava paralisado.

– Reconheço que foi uma batalha muito difícil – falei como forma de fazê-lo se sentir melhor.

Virei as costas e fui em direção a saída quando de repente senti dedos no meu braço me puxando com força.

Era Lance.

Ele me jogou contra a parede rochosa da caverna e me prendeu com o seu corpo. Nunca tinha ficado tão próxima dele. Estava sentindo seu calor. Faltou ar nos meus pulmões.

Tentei me afastar dele, mas ele era mais forte e estava segurando minhas mãos e além do mais o corpo dele se apertava contra o meu.

Sua boca caiu quente sobre os meus lábios.

O calor e o perfume dele atordoavam meus sentidos, quanto mais eu me batia, mais ele me segurava.

Ele me beijava com tanta força que parecia que meus lábios iriam arrebentar. Ele conseguiu depois de já algum tempo penetrar sua língua na minha boca.

Miserável, ele me tirou uma das coisas mais importantes que há na vida de uma garota.

O primeiro beijo.

Ele tirou as mãos dos meus braços e foi em direção a minha blusa. Ele a levantou um pouco e começou a apertar a minha cintura e me arranhar.

Mas antes que ele continuasse, acertei uma tapa no rosto dele e isso fez com que ele me soltasse. Eu estava o odiando e odiava mais ainda por estar me sentido diferente.

Naquela hora estava sentindo umas sensações que até então não conhecia. Era como se alguém que não conhecesse estivesse dentro de mim.

– Maldito! O que você acabou de fazer?! – gritei com ele, tive vontade de chorar, mas não daria esse gosto a ele.

– Ah foi gostoso, não foi? – disse ele com uma das mãos apoiada na parede. Percebi que a face dele estava ficando vermelha.

– Foi a pior coisa que já me aconteceu – estava furiosa com aquilo. Jamais o vou perdoá-lo por ter feito aquilo.

– Foi o seu primeiro, não é? – seus olhos estavam repletos de sarcasmo. Ai como eu o odeio.

– Claro que não – menti para ele, nunca diria que aquele fora meu primeiro beijo.

– Então não precisa ficar nervosa, foi apenas um simples beijo.

Para ele tinha sido um simples beijo, mas ele tinha roubado uma das coisas mais preciosas que eu tinha. Sonhei tanto com o dia do meu primeiro beijo, seria algo tão especial e ele tinha acabado de destruir tudo.

Jamais o perdoarei.

– Eu te odeio tanto!!! – gritei com ele, mas sua expressão continuou exatamente igual.

– E eu gosto de você. – ele disse isso tão calmo.

– Você diz isso para qualquer uma!!! – continuei gritando.

– Não para toda loirinha bonitinha que nem você – ele andou novamente em minha direção – eu quero repetir.

Eu nunca corri tão rápido em toda a minha vida, se encontrei com algum pokemon selvagem pelo caminho nem notei. Minhas lágrimas caiam no meu rosto. Meus lábios ainda estavam doendo e meu corpo estava impregnado com aquela sensação estranha.

Consegui sair daquele lugar e fui direto para o Centro Pokemon. Fui para o banheiro feminino, me tranquei em uma das portas e chorei.

Chorei muito.

Ele roubara meu primeiro beijo!

Ele não tinha esse direito, não tinha.

Maldito Lance maldito!

Depois de passar um bom tempo no banheiro do Centro Pokemon e estar aparentemente um pouco melhor decidi voltar para casa.

Não importava quanto tempo passasse, eu sabia que nunca mais seria a mesma.

Quando cheguei em casa fui direto para o meu quarto e deitei na minha cama, mas o sono não vinha, não conseguia parar de pensar nele. Eu tinha tanto ódio, e amanhã seria a nossa batalha oficial. Como batalharia se não conseguia pensar direito e estaríamos cara a cara, frente a frente? Eu não conseguia me concentrar.

Aos poucos, meus olhos foram ficando pesados e eu adormeci.

Eu estava tão quente, meu corpo parecia que iria pegar fogo a qualquer hora. Eu mexia minhas pernas pela cama.

Alguém atrás de mim não parava de beijar meu pescoço e passar suas mãos pela minha pele.

Fechei os olhos, adorando aquela sensação. Estava tão bom.

Ele começou a me beijar e eu correspondi.

E ficamos ali por um bom tempo.

Ele tocou em meus cabelos e eu pude sentir seu peso sobre meu corpo. Seus beijos voltaram para o meu pescoço, abri meus olhos e vi seus cabelos vermelhos.

Era

Lance?

Antes de receber uma resposta acordei com a dor da queda do chão. Tinha caído da minha cama.

Aquele fora o primeiro sonho hentai que tivera com ele e infelizmente, o primeiro de muitos. Ele havia feito algo despertar dentro de mim.

E eu precisava me preparar tanto para aquela batalha decisiva.

EU TE ODEIO! EU TE ODEIO! – comecei a gritar ainda no chão socando meu Gengar de pelúcia.

– Small Lady você caiu da cama? – ouvi minha avó abrindo a porta e vindo correndo em minha direção – Quem você odeia tanto?

Eu não podia falar o que aconteceu e muito menos sobre o pesadelo hentai que tive com o Lance.

– O... – olhei para meu Gengar de pelúcia, ele não tinha culpa do que aquele miserável havia feito – Gengar, ele roubou os meus doces.

Ela começou a me olhar como se eu fosse louca.

– Foi só um sonho Small Lady agora arrume suas coisas e seus pokemons, pois precisamos ir daqui a pouco para o Planalto Índigo. Estou preparando seu café da manhã, portanto não demore muito.

Estava com medo.

Depois do que acontecera não tinha cabeça para batalhar. Por que eu tinha que sonhar com ele? Ele não prestava, gostava de flertar com qualquer uma. Comigo não seria diferente.

O time que escolhi era equilibrado até. Umbreon, Gengar, Sneasel, Weavile, Houndoom e outro Gengar.

Dos meus seis pokemons, dois tinham ataques de gelo e os Gengar seriam úteis com seus golpes de status. Sem falar que Umbreon era meu pokémon principal e já tinha lutado várias vezes contra os pokemons do Lance.

Tomei banho e depois fui tomar café. Após isso fui para a guerra. Só Arceus sabia o quanto estava nervosa.

Cheguei ao Planalto Índigo e tinha muita gente, mas muita mesmo. Até Professor Carvalho e Professor Elm estavam lá. O futuro da Elite 4 dependia daquela batalha. E um de nós teria o sonho destruído.

Quando olhei para Lance ele estava abraçado com Liza, aquilo me deixou mais desconcertada ainda, eles namoravam, acho. Ela era amiga da prima dele e as duas viviam juntas. E ela como sempre estava acompanhada por sua Charmeleon fêmea.

O juiz começou a passar as regras.

Eu estava nervosa e ele calmo e confiante.

Nós nos cumprimentamos, o toque dele me fazia sentir estranha.

– Que vença o melhor – ele estava piscando para mim.

A batalha começou, estava tão nervosa e insegura que comecei a apelar para os ataques do tipo gelo de Sneasel e depois de Weavile, mas os pokemons dele eram muito rápidos e desviavam de todos os ataques de gelo e ainda atacavam os meus e isso começou a me desesperar.

Foi então que apostei nos golpes de status do Gengar, mas ele não conseguia acertar. Eu não estava me concentrando, estava me desesperando e não usava meus pokemons da forma como deveria, eles foram derrubados um a um. Até mesmo o Umbreon disse que precisava me concentrar.

A batalha durou a metade do tempo que durara na Victory Road. No final da batalha, havia derrotado apenas dois de seus pokemons e ele tinha acabado de derrotar meu ultimo. Enquanto na Victory Road eu tinha conseguido derrubar seu ultimo pokemon usando o meu ultimo também.

Não usei meus pokemons da forma como deveria, não usei metade das minhas estratégias, estava tão confusa e desesperada. Nunca vou me perdoar por ter perdido daquela forma na frente de todo mundo, e nunca vou perdoá-lo por ter confundido meus sentimentos.

Na hora que o juiz deu a vitória a ele, Liza correu em sua direção e eles se beijaram na minha frente. Na mesma hora senti as lágrimas escorrerem por todo o meu rosto, e não importava o quanto tentava me segurar, elas desciam numa intensidade que não conseguia controlá-las.

Não sei se chorava porque perdi ou por ter sido usada por ele daquele jeito. Antes que alguém pudesse me notar eu saí de lá. E me tranquei na sala da minha avó. Ouvi barulhos de fogos de artifício. Ele tinha destruído meu primeiro beijo e meu maior sonho.

Um pouco depois ouvi gritos perto da porta, era a minha avó e o Clã dos Dragões, ela alegava que aquela que todos viram batalhar não era eu – e realmente não era – e que aquela batalha deveria ser anulada e outra ser remarcada.

– Agatha, você ainda não entendeu? Eu vou te explicar, a sua neta foi só um brinquedo nas mãos do meu.

Todas as vezes que me lembro dessas palavras sinto as lágrimas virem aos meus olhos.

Depois da batalha fiquei semanas trancada no meu quarto, apenas chorando. Não tinha coragem de olhar para minha avó, sabia que tinha sido uma decepção para ela. E não sabia o porquê exatamente chorava tanto, era por causa da derrota ou por causa da forma como ele me usou. Eu era mesmo só um brinquedo dele?

Tantos anos depois, recebi um e-mail dele, me contando que Giovanni estava tramando alguma coisa, ainda pensei em inventar qualquer desculpa, afinal, não queria vê-lo de novo, mas sabia que aquela era a minha obrigação e além do mais tinha um acerto de contas a fazer com Giovanni em relação ao assassinato da família de Cubones em Lavender.

Lance não havia mudado muito, apenas estava mais alto e mais forte, embora ele nunca tenha sido magro como Steven ou Will. Quando o reencontrei senti novamente aquelas sensações.

Por que meu corpo sempre reage de maneira estranha quando o vejo? Cada vez que meu corpo começa a desejá-lo eu sinto mais raiva dele e de mim.

Após o incidente na casa de chá, onde ele me passou vergonha na frente do Steven e da Cynthia, fui pedir ao Professor Carvalho me deixar investigar por conta própria, mas fora em vão.

Depois que fizemos as pazes, eu tive a ideia de me tornar aluna do mestre de chá, assim seria mais fácil me aproximar de Giovanni, já que ele costumava frequentar casas de chá. E Lance me levou à sua casa, em Viridian. A casa era enorme, bem maior que a da família dele em Blacktorn.

Acho que só a sala dele era minha casa inteira em Lavender. Ele pediu para esperá-lo na sala, que ele iria buscar algum kimono. Eu fiquei com um pouco de medo, pois estávamos sozinhos e ele já havia aprontado comigo uma vez.

Após uma longa espera, ele desceu as escadas e me chamou para o quarto dele. Gelei. Quando chegamos havia vários kimonos separados. Não tinha ideia que ele tivesse tantos.

– Desculpe pela demora, tinha certeza que a Clair havia esquecido um kimono dela aqui, mas não encontrei. Experimente os meus e veja se algum serve.

– Tudo bem – estava tão sem jeito.

Experimentei um a um por cima da minha roupa, ele estava sentado na cama me observando. Eram todos tão grandes. Mas um deles, não sei se fora pelo tecido, mas acabou caindo bem.

Nunca fui fã de usar kimono, quem sempre me ajudava com a escolha de tudo era minha avó. E sempre foi ela quem deu nó nos meus kimonos. Fiquei por um tempo olhando para aquela faixa tentando lembrar como ela costumava fazer.

– Não acredito que até hoje você não aprendeu a dar nó em kimono Small Lady – ele estava vindo em minha direção e meu coração disparou.

– Não dê mais um passo – elevei minha voz assustada.

Ele me olhou sem entender e continuou andando em minha direção. Pegou as duas pontas da faixa, enrolou em meu corpo.

– Assim está bom ou quer mais apertado?

– E-está bom – detesto quando começo a gaguejar.

Ele rapidamente deu um nó perfeito. Não sabia que ele fosse tão ligado a essas coisas, ainda mais depois daquela vergonhosa cerimônia do chá.

– Foi seu avô quem te ensinou?

– Não, foi minha mãe. Ela queria que eu aprendesse para caso um dia me casasse com alguma estrangeira, teria como me virar. – ele abriu um sorriso que de certa forma acalmou meu coração, era bem diferente daquele sorriso irônico que sempre via.

– Sua mãe é uma boa pessoa.

– Era. Meus pais morreram meses depois que assumi a liderança da Elite 4.

Novamente ele sentou-se na cama e eu comecei a observá-lo, ele fitava o chão, triste, seus olhos ficaram semicerrados. E eu vi uma lágrima escorrer pelo seu rosto. Ele estava chorando?

– Eu... sinto muito – comecei a fingir que arrumava o kimono.

– VOCÊ ESTÁ ARRUMANDO O QUE AÍ? – me assustei com a voz elevada dele. – Vamos logo, não temos o dia todo – ele saiu do quarto.

Ele podia até tentar ser frio e inabalável, podia estar no topo da Elite 4 e morar em uma mansão, mas eu percebi que ele não era feliz. E eu senti a mesma sensação que sentira aos 10 anos quando o vira apanhar do Clã dos Dragões.

– Small Lady? Está tudo bem com você? – Steven, Cynthia e eu estávamos numa lanchonete em Viridian.

– Sim – assenti, mas todas aquelas lembranças me deixaram tristes.

– Vamos, conte para nós, somos seus amigos – disse Cynthia com os cotovelos apoiados na mesa.

– Não precisem se preocupar, vou ficar bem – há anos que digo para mim mesma que ficaria bem depois de tudo que aconteceu.

– Não ligue para o Lance Small Lady, sua ajuda será muito útil para nós – disse Steven com um lindo sorriso.

– Escuta Small Lady, você e Will fizeram há alguns anos uma tese de doutorado sobre o Mew, não foi? Steven e eu estávamos conversando com o Will e ele disse que teve um pesadelo com uma criatura parecida com Mewtwo, o Giovanni disse ao Professor Carvalho que tem o pokemon mais poderoso do mundo. Mewtwo foi criado pela Equipe Rocket, mas ele mesmo tinha fugido, acha que ele voltou ou esse é outro clone? – perguntou Cynthia.

– Bom eu acho que pode ser os dois, se eles fizeram o Mewtwo, podem fazer um Mewtree, apesar de que um novo clone levaria anos para ser concluído.

– Mas afinal, Mewtwo é mais forte que Mew ou sua força é a mesma?

– Nunca estudei Mewtwo de forma aprofundada, mas acredito que seja. – Steven e Cynthia ficaram surpresos. – Ele é mais que um clone, ele tem forma, personalidade e habilidades próprias.

– E como a Equipe Rocket conseguiu esse feito?

– A Equipe Rocket tem muitos cientistas inteligentes e Giovanni investe muito dinheiro nesse tipo de pesquisa. Dentro de cada pokemon existem várias características e personalidades, assim como dentro de nós existe tristeza, felicidade, ira e ódio. No caso de Mewtwo os cientistas colocaram as características do Mew na medida perfeita para formar o pokemon mais forte do mundo.

– Em uma batalha de Mewtwo contra Arceus, quem venceria?

– Acho que empataria.

Os dois ficaram impressionados com meu palpite, era impossível dizer arriscar um vencedor, ambos eu considerava invencíveis.

– Nosso suposto inimigo é um pokemon tão forte quanto Arceus – Steven estava em pânico – o que vamos fazer então Small Lady?

– Mewtwo foi criado pela Equipe Rocket desde o inicio com o propósito de fazer Giovanni governar o mundo. Ele consegue destruir tudo ao seu redor com muita facilidade, pois foi pra isso que a Equipe Rocket o treinou.

– Então a solução é... – começou Steven.

– Destruir Mewtwo – completei – não temos outra opção. Ele é rebelde e desde que tivemos conhecimento de sua existência ele tem trabalhado de lado oposto a Equipe Rocket, ele deve ter sido de alguma forma que não sabemos capturado pelo Giovanni e passando por alguma transformação. O correto é destruí-lo antes que desperte.

– Você tem certeza que ele ainda não despertou? – assim como Steven, Cynthia também estava aflita.

– Se ele tivesse despertado, já teria nos atacado. – comecei a pensar no comportamento da Equipe Rocket e seus cientistas – eu descarto a ideia de outro clone, eles não desistiriam tão facilmente de capturar Mewtwo.

– Então por que ele estava diferente na visão do Will? – Steven como sempre, tão inteligente.

– Não sabemos das alterações que a amostra de DNA do Mew sofreu para se criar Mewtwo. Ele pode ter adquirido um DNA mutante.

– E mais forte. – Ele me completou.

– Não há como saber.

– Small Lady em uma situação como agora que precisamos de um líder, só podemos confiar em você.

Pisquei surpresa. Steven quer que eu seja a líder?

– É verdade, Will disse que há grande possibilidade do pokemon ser psíquico, você tem vantagem com esse tipo. – concordou Cynthia.

– Tudo bem, vou fazer o que posso – me despedi deles.

– Small Lady espere – Steven me chamou. – O Professor Carvalho nos avisou que alertou seus alunos a tomarem cuidado com a Equipe Rocket.

– Mas isso não era segredo? – perguntei surpresa.

– Ele disse que a segurança de seus alunos é muito importante também.

Revirei meus olhos com Steven dizendo isso. Desde que nenhum deles queira dar uma herói, tudo bem.

Fui embora para casa.

Mas as lembranças insistiam em voltar.

Depois de semanas chorando e isolada do resto do mundo, avisei minha avó que iria embora para Hoenn, ela concordou e me levou até o Professor Carvalho, que me instruiu e me entregou uma nova Pokedex.

Quando cheguei lá procurei o Professor Birch, que me explicou muitas coisas sobre a região. Além disso, o professor me mostrou um outro lado do mundo pokemon: a ciência. A partir de então passei a estudar mais e treinar menos.

Pedi para ele me deixar ser sua assistente. Aprendi muito com os pokemons durante aqueles meses, mas queria aprender ainda mais. Foi então que ele me falou sobre uma escola de pesquisas pokemons. Depois de muito esforço, fui aceita na escola e iniciei minhas pesquisas.

O campo que gostaria de me especializar era o dos pokemons noturnos. Mas esse campo era algo muito avançado para uma garota de 13 anos. Então comecei a estudar de forma aprofundada as evoluções do Eevee e seus comportamentos. E claro, as razões de um pokemon normal conseguir evoluir para tipos tão distintos.

Essa pesquisa até hoje é usada como referência com os estudos do Eevee em seus primeiros estágios.

Na mesma escola estudava Steven e foi nessa época que ficamos amigos. Ele sempre me tratava tão bem, dava toda a atenção do mundo para as minhas pesquisas. Ele fazia me sentir tão especial.

Embora estudássemos em turmas e áreas diferentes, Steven sempre estava no refeitório me esperando e na hora da saída também. Nessa época eu morava no Centro Pokemon da cidade e ele me convidou para morar na mansão de seu pai, o Sr. Stone.

A partir de então ficamos mais próximos ainda, ficávamos até de madrugada estudando juntos. Ele me ensinara muita coisa sobre a Geologia da região de Hoenn e depois passou a estudar as de outras regiões também. Steven também me contara que tinha conseguido ser o líder da Elite 4 de Hoenn, mas preferiu deixar o cargo para Wallace, pois queria estudar mais para ser mais forte.

Foi nessa época que percebi...

Que estava apaixonada por ele.

Mas tinha medo de revelar os meus sentimentos, ele era a única pessoa que me compreendia e sempre ficava do meu lado, tive medo dele se afastar de mim.

Mas ao mesmo tempo que estava aflita...

Estava feliz.

Porque finalmente tinha parado de pensar no Lance e ter aquele tipo de sonho com ele.

Dois anos passaram e era de madrugada. Estava no quarto de Steven assistindo com ele um documentário sobre a geologia das cavernas de Johto.

Eu não aguentava mais guardar os meus sentimentos dentro de mim. Estava insuportável olhar para ele, pois eu estava o amando demais.

E eu o beijei...

Steven pareceu surpreso quando fiz isso, mas ele fechou os olhos e correspondeu ao meu beijo.

E foi maravilhoso...

No começo me senti a pessoa mais feliz do mundo por saber que meus sentimentos eram correspondidos e, aos poucos puxei Steven para se deitar comigo.

Lembro de como meu coração estava acelerado por sentir seu corpo sobre o meu.

Mas logo percebi...

Que aquilo não estava certo.

Uma das coisas que minha avó me ensinou é que esse tipo de coisa só pode acontecer depois do casamento. Por isso me sentia culpada e suja cada vez que tinha aquele tipo de sonho com Lance.

E como se adivinhasse meus pensamentos, Steven parou e sentou-se na cama.

– Agora você entende? – essas suas palavras continuaram em minha memória por vários anos. Lembro-me dele com o seu olhar carinhoso para mim.

E naquele instante percebi que eu realmente o amava, mas não da forma que gostaria que fosse. Ele era muito importante para mim, mas não daquele jeito.

– Desculpe... –falei bem baixinho para ele, e, mesmo assim, ele balançou a cabeça, pedindo para eu não me desculpar.

– Eu te amo Small Lady, de verdade, mas nossos sentimentos são somente de amizade – suas palavras me deixaram triste, mas eu sabia que ele estava certo.

Minha vontade era tanta de amar alguém que achei que meus sentimentos por Steven eram verdadeiros, pensando que realmente o amava, mas, na verdade, eu o amava como um querido amigo.

Quando fiz 18 anos ingressei na Universidade de Hoenn junto com Steven, ele fora estudar pokemons de aço e continuou seus estudos relacionados a geologia. Eu comecei meu estudo com pokemons noturnos, mas também decidi me matricular nas aulas de pokemons psíquicos, pois achei que seria útil entendê-los.

Na turma de estudos dos pokemons noturnos eu era a melhor aluna da sala, sempre me destacava dos demais. O entusiasmo que estudava era o mesmo que eu tinha ao entrar em uma batalha pokemon quando criança.

Mas na turma dos pokemons psíquicos tinha um garoto também de Kanto que sempre empatava comigo nas notas. Por ele ser de Kanto eu não quis me aproximar dele, pois não queria lembrar do passado, estava tão feliz vivendo em Hoenn.

Não queria lembrar do Lance.

Mas ele começou a se aproximar de mim, pensei que se o ignorasse ele desistiria, mas era muito insistente. Um dia meu Umbreon estava doente e nem a enfermeira Joy sabia o que ele tinha. Estava prestes a levá-lo ao Professor Birch quando ele ofereceu uma vitamina ao Umbreon que o fortaleceu.

Isso nos aproximou.

– Como descobriu o que havia de errado com o meu Umbreon?

– Não foi tão difícil, ele só está deprimido e um pouco entediado. Talvez se você o deixasse mais fora da pokebola por alguns dias resolva.

Era verdade, meus pokemons não batalhavam tanto quanto antes.

– Muito prazer, meu nome é Will – ele estendeu sua mão para mim.

Ele era um pouco estranho, sempre usava roupas sociais – o Steven também fazia isso, mas era mais discreto – e usava uma mascara que sempre cobria seu olho esquerdo, além de sempre usar luvas.

– Me chamo Agatha, mas pode me chamar de Small Lady.

Depois disso ele sempre vinha falar comigo, ele me falava do seu sonho de se tornar um pesquisador especializado na saúde dos pokemons. Ele fora líder do Ginásio da cidade de Saffron, mas preferiu deixar o ginásio de lado para conhecer melhor os pokemons, principalmente os psíquicos.

Ele depois de um tempo também me explicou que o motivo de usar máscara era porque a precisão da sua telecinésia aumentava em 40% se eu olho direito fosse poupado da luz.

Não lembro exatamente como, mas uma vez quando criança fui a Pokemon Tower e fui atacada por um pokemon fantasma diferente dos outros, até hoje não consegui descobri que pokemon era aquele e nunca mais o encontrei, mas logo quando acordei, me senti diferente e mais sensível aos pokemons.

Eu comecei a perceber que conseguia levitar e controlar pequenos objetos com a mente, assim como também conseguia me comunicar com pokemons fantasmas. Outra coisa que descobri, é que conseguia me teletransportar, caso me concentrasse bastante. Mas nunca fui fã de fazer isso, pois já fui parar em lugares errados.

Tudo isso sem dúvidas me ajudou a nos aproximar. O que também nos aproximou foi o fato de termos um amigo em comum: Bill.

Por sermos os melhores alunos da turma conseguimos ser os mais jovens universitários a fazerem doutorado, eu não estava tão entusiasmada já que teria de ser algo relacionado aos pokemons psíquicos, mas Will me convenceu em ajudá-lo a estudar o Mew.

Não foi fácil estudar Mew, as informações eram limitadas e incertas. Conseguimos transformar com o tempo em algo sólido.E nessa mesma época conheci a pessoa que mudou minha vida para sempre.

Proton.

Ele era tudo aquilo que sempre sonhei, o meu príncipe, eu me sentia única e especial quando estava com ele. Um homem tão carinhoso, inteligente e bonito.

Ele fora o meu primeiro e único namorado e me fazia a pessoa mais feliz do mundo. Steven já namorava Cynthia e na época eu não a conhecia muito bem ainda.

Eu sentia que éramos feitos um para o outro. Nós chegamos a falar em casamento e até em filhos. O carinho e a gentileza dele me fazia ainda mais apaixonada.

E eu me entreguei a ele.

E foi como se vivesse em um conto de fadas.

De todas as coisas que minha avó me ensinou, essa foi uma das poucas que desobedeci, mas só o fiz porque sabia que tinha encontrado a pessoa certa. Nunca amei tanto alguém como Proton e nós iríamos nos casar.

Ficamos juntos por quase um ano, mas ele teve que ir embora para Unova, ele fora aceito na Universidade Pokemon mais difícil de entrar daquela região.

– Eu prometo para você que isso não é um adeus, mas também não posso dizer que é um até logo.

Nunca me esquecerei das suas palavras Proton e eu sempre estarei aqui te esperando. – sussurrei enquanto olhava para o céu estrelado.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, o próximo capítulo estará bem melhor, pois aparecerá alguém novo.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "O Despertar De Mewtwo" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.