Eu, Alice, Bia e April estávamos vendo filme na sala de estar. Claro que não era nenhum filme tipo Barbie da vida, mas dava pra Bia ver. Eu estava deitado com a cabeça no colo da Alice e quase dormia.

Alice parou de fazer carinho nos meus cabelos e eu olhei pra cima. Ela mexia no celular. Logo depois, ela me entregou. Li o que estava escrito.

“Essa daí é daquelas que parecem ser santinhas, mas são as piores!!!!!!!!”

Olhei pra ela de novo. Alice estava com cara de brava. Ri. Apaguei a mensagem dela e disse pra ela parar de neura. Devolvi o celular pra ela, que revirou os olhos e bloqueou a tela, voltando a fazer carinho nos meus cabelos.

Olhei pro outro sofá. Bia já dormia. April era a que mais prestava atenção no filme. Não sei com o que a Alice tá se preocupando. Talvez ela seja possessiva demais. Ou talvez ela ache a April bonita demais. O que de fato ela é. Mas sempre vou preferir a Alice. Virei a cabeça quando a April percebeu que eu estava olhando pra ela.

– Então… Estamos namorando? - Perguntei pra Alice em sussurro.

– Sim.

– Se minha irmã não estivesse aqui, ia ter comemoração no quarto. - Ela riu.

– Você é um safado.

– Como se você não quisesse…

(…)

– Se você apoiar essa porra de mão na minha perna de novo, eu mato você, Peter. - Ele fez cara de injustiçado.

– É assim que se trata as visitas? Já vai se acostumando, menina. - Ele disse pra April que passava pelo corredor. - Você ajuda essa pessoa e seu esforço não é reconhecido. - Vi ela dar uma risadinha e entrar no quarto. - Ela é bonitinha.

– Prefiro a Alice.

– Pode estar a mulher mais gostosa na sua frente. Você sempre vai preferir a Alice. Mas me conta. Como você pediu ela em namoro? Nem me contou que ia pedir! Belo amigo você!

– Eu não pedi nada! April perguntou se a gente namorava e ela disse que sim. Só isso.

– Ela quem manda, então.

– Cala a boca, Peter. - Disse rindo.

– Natalie tá de volta.

– E quando ela foi pra sei lá eu onde?

– Ela viajou semana passada. Achei que você soubesse. Ela tá melhor que antes. - Na língua do Peter isso quer dizer que ela tá mais gostosa.

– Mas foi só uma semana.

– E o que eu posso fazer? Hoje tem festa na casa dela. Acho que ela tava contando que você fosse, porque bufou quando eu contei sobre a perna quebrada.

– Ela sempre espera que eu vá onde ela tá.

– Você perdeu hoje na escola. Ela chegando abalando as estruturas. - Revirei os olhos.

– Você quer pegar a Natalie, então? - Perguntei rindo.

– Não to afim dela. Mas não seria ruim. - Olha a cara de sínico desse menino… Ri. - E mesmo se eu quisesse, ela nunca ficaria comigo. Pelo menos eu acho.

– Por que?

– Porque eu sou seu melhor amigo, idiota.

– Até que faz sentido. Mas a Natalie não faz o tipo que não fica por causa disso.

– Ela gosta de você. Então, duvido muito.

(…)

– Pegou tudo? Andrew, se eu tiver que voltar porque você esqueceu algo… - Minha mãe parecia uma desesperada. Isso porque eu nem vou viajar. Só to indo pra escola.

– Mãe, tá tudo na minha mochila.

– Acho bom mesmo. - Paul me ajudou a entrar no carro. April foi no banco da frente. Já que eu to impossibilitado. - Que horas seu treinador chega?

– As dez.

– Eu venho aqui e a gente fala com ele. - Quando chegamos na escola, vi a Alice impaciente batendo o pé e olhando pros lados. Minha mãe saiu do carro e desdobrou a cadeira de rodas. Depois me ajudou a sair do carro e me ajudou a sentar. April começou a empurrar minha cadeira. Alice quase teve um troço quando viu.

– Pode deixar que eu levo ele. - Ela quase empurrou a menina pro lado. E ainda jogou a mochila de quinhentos quilos no meu colo!

– Nossa! Bom dia pra você também! - Resmunguei.

– Não enche!

– Tudo isso é ciúmes? - Perguntei. April olhou assustada pra mim.

– Vá a merda, Andrew! - Gargalhei. Olhei pro corredor. Vi o Peter falando com a Natalie. E… É. Ele tem razão sobre ela estar gostosa. Não to dizendo que vai acontecer alguma coisa. Eles começaram a vir na nossa direção.

– Bom dia! - Natalie disse animada. Mesmo não olhando pra Alice, podia vê-la semicerrando os olhos.

– Bom dia. Peter, ajuda a April já que eu to preso nessa cadeira.

– Com todo prazer. Vamos? - Ele perguntou sorrindo pra ela, que corou na hora.

– Ela é uma menina de família! - Gritei quando vi que ele ia passar o braço pela cintura dela.

– Eles vão se pegar? - Natalie perguntou pra mim.

– Não. Quer dizer, não que eu saiba.

– Se ele tá afim da novata esquisita, tava me cantando por que?

– Não chama ela assim. - Natalie revirou os olhos.

– Vai querer ir pro seu armário ou não? - Alice perguntou.

– Tá, tá. Vamos. - Ela tava praticamente correndo com a cadeira! Jesus! - Dá pra ir mais devagar?!

– “Não chama ela assim”. - Alice me imitou.

– Tenho medo de você com ciúmes.

– Não to com ciúmes. - Ri.

– Tá bom, Alice. Abre meu armário, por favor? - Quando ela abriu, uma folha caiu no meu colo. Era a lista de desejos dela. - Acho que vamos ter que cancelar o desejo número seis.

– A casa tá quase pronta.

– Sobe lá, então. - Ela revirou os olhos.

– Só falta alguns detalhes. E meu pai disse que ia ajudar.

– Ele gosta de mim agora?

– Meu pai sempre gostou de você. - Sei, sei…

– Ahn… Deixa eu ver… O número sete. Fácil.

– Ah, claro. Super! Não viaja, Andy.

– Quer apostar que eu consigo?

– Hm… Qual o prêmio? Nada vergonhoso, por favor!

– E o que seria vergonhoso? - Perguntei rindo.

– Algo sexual. - Ri.

– Tá brincando né? - Ela revirou os olhos. - Uma barca de comida japonesa.

– Que?! Isso é caro pra porra!

– Isso é uma prova de que você acha que eu vou ganhar, então.

– O cacete! Uma barca de comida japonesa. - Apertamos as mãos.

(…)

– Preciso de um favor. - Falei pro Peter na aula de história. - Me passa o telefone, facebook, twitter, tudo que tu tiver da amiga da Alice.

– Que? Mas pra que?

– Vou fazer elas voltarem a se falar.

– Sei que isso tá na lista, mas acho difícil, Andrew.

– Eu quero uma barca!

– O que você tem? Demência?

– Eu e a Alice apostamos.

– Vocês dois são idiotas.

– Idiota é você! E Natalie perguntou se você vai ficar com a April.

– Sério? - Assenti. - Então ela tá querendo. - Ele sorriu malicioso e eu fiz uma careta.

– Ela é chata. Já to avisando.

– Eu ignoro. E a festa dela foi perfeita! - Não to afim de detalhes.

– Depois não diz que eu não avisei. - Voltei pro assunto anterior.

– E… Próximo final de semana vou pra Toronto.

– Pra que?

– Pra ver a Emily, ué.

– Você não presta, Peter. - Disse rindo. Ele deu de ombros.