Já fazia três meses que eu não aguentava mais o ambiente que vivia. E não era em casa. Apesar de as brigas com o meu pai serem bastante constantes. Mas não era a isso que me referia. Era ao meu grupo de amigos. Desde a volta do ano letivo ando puto com eles porque não consigo entender o que a menina nova estranha fez pra eles. Sim, ela realmente é estranha, mas e o que isso vai mudar na minha vida?

Bom, ela sempre andava de preto como se tivesse de luto por alguma coisa. O cabelo sempre estava do mesmo jeito, e a maquiagem muito forte nos olhos me lembrava a Taylor Momsen. Ainda mais por ela ser loira. Não que eu reparasse, claro.

– Você tá insuportável! - Natalie disse emburrada. Ela tinha acabo de humilhar a coitada da garota e ainda tinha gente rindo dela no corredor.

– Espera que eu faça o que? Que eu caia de rir no meio do corredor? Não tem graça.

– Só você acha isso. - Peter disse rindo. Só olhei pra ele. Apesar de ele ser um babaca, ainda era meu melhor amigo. Ele sabia o quanto eu estava achando a Natalie insuportável. Ela foi na nossa frente e quando chegou no refeitório, sentou em outra mesa.

– Tá afim da estranha? - Ele perguntou sorrindo maliciosamente. Não respondi. - Andrew, você tá afim da estranha?

– Lógico que não! - E eu realmente não to. - Só acho desnecessário.

– Por ela ser sua vizinha?

– Ahn... Também. Só vejo ela chorando. É... Estranho. - Tivemos que parar de falar, porque o time inteiro chegou e sentou a mesa.

– Sabe que tem jogo amanhã né? - Alguém que não prestei atenção me perguntou.

– Lógico que sei. - Não conseguia entender por que ela sempre lia o mesmo livro. Querido John. Não andava com outro livro sem ser aquele.

– Não vai mesmo falar quem vai no ataque? - O mesmo cara me perguntou.

– Isso não é comigo. - Ele falou mais alguma coisa e não ouvi. Ela nem comia direito. Só lia o livro como se ela dependesse daquilo pra sobreviver.

– Tá olhando a estranha, Davis?

– Que? - Perguntei.

– A Mendler.

– Que tem ela?

– Estava olhando pra ela?

– Não. - Disse rindo torto.

– Até porque ia ficar mal o capitão do time pegando a excluída. - Forcei um sorriso.

(...)

Estava no meu quarto dedilhando o violão, que o Peter esqueceu aqui, depois de mais uma briga do casal daqui de casa. Até que escuto uma gritaria de novo. Bufei. Mas logo depois fiquei surpreso por ver que era na casa ao lado. Na casa dela. Desci as escadas e fui para os fundos, onde conseguia ver a janela do quarto dela.

– Mendler? - Chamei e escutei um choro vindo da primeira janela. A casa dela era térrea, então eu praticamente tinha total acesso. Ela não respondeu. Fui até a janela e dei duas batidas. Ela olhou pra mim e depois me deu as costas. - Quer falar? - Ela fez com a cabeça que não. Encostei-me no parapeito da janela. Quando ela achou que eu já havia saído, levantou-se e parou quando me viu.

– Eu disse que não.

– Eu sei.

– Vai embora. - Apesar de eu saber que ela queria me socar, sua voz estava calma.

– Se quiser falar, eu to aqui.

– Mas eu não quero.

– Tem certeza? - Ela não respondeu. Lembrei que outro dia ouvi ela chorando e falando com a mãe sobre um Will. - Quem é Will? - Ela ficou com os olhos arregalados olhando pra mim.

– Ninguém! Sai daqui! - Ela tacou o telefone em mim! Voltei rapidamente pro meu quarto. Mas quem é Will? Confesso que to curioso.