Just Like Heaven escrita por Vitória C


Capítulo 31
Above a raging sea


Notas iniciais do capítulo

Olá! Acho que muitos estão ansiosos por essa conversa entre a Page e o Doutor né? aushausa então, aqui está.



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Eu observava as paredes da sala, observava a madeira da mesa, era uma madeira refinada do tipo que poucos podem comprar. Ouvia o barulho dos ponteiros do relógio baterem, isso me deixava quase tão nervosa quanto estar diante do psicanalista do meu namorado.

Ele respirou fundo e se ajeitou na sua cadeira preta se inclinando para frente. Deu aquele sorriso e depois comprimiu o maxilar.

-Senhorita Watson, - ele começou - sabe que não pode continuar esta relação com o Blame. 

-Não estou entendendo. - me afundei um pouco mais na poltrona de veludo.

-Sim, você está. - ele me deu uma piscadinha irônica - Ele tem um caso de autismo que tende a piorar. Muitos acham que os quadros de autismo são irreversíveis mas na verdade os terapeutas dizem isso para tranquilizar as famílias. Ele está piorando, e devo alertar que Blame não possui controle algum sobre uma relação como a de vocês.

-Devo alertar, doutor, que estou mais que disposta a correr o risco. - ia me levantar, não queria mais ouvir estas besteiras mas o doutor pigarreou o que me levou a sentar-me novamente.

-Só lhe darei algumas características preocupantes sobre o quadro do Blame. Estou tentando ajudar, então eu agradeceria se abaixasse as armas e me ouvisse. 

-Só deixarei claro que nada que disser me fará mudar de ideia.

Ele deu uma risada fraca e levantou as mãos como se indicasse sinal de rendimento. Odiava essa ironia que havia por trás daqueles olhos verdes.

-Tudo bem. Mas de qualquer forma, tome cuidado. Você deve saber que os autistas possuem um tipo de muro, o qual usam para se isolar do mundo que os cerca. Quando algo, ou alguém consegue chamar a atenção dele, é como se passassem para dentro do muro. - ele colocou os cotovelos sob a mesa - Tudo que se encontra do lado de dentro do muro, ganha uma certa atenção. Como você por exemplo, agora a senhorita faz parte do universo particular dele, ele irá te dar um nível de atenção muito grande, irá pensar de uma certa maneira exagerada. Ele irá te observar, e irá fazer de tudo para que veja que faz parte do cercado interno na mente dele. 

Um nó se formou em minha garganta. Fiquei com medo de Blame se tornar obsessivo, possessivo. Me lembrei do bilhete e pensei se não seria algo alarmante. 

-Se você decidir sair desse muro de forma brusca, ele pode se sentir machucado, e nós não queremos isso. 

-Estou segura de que nada disso vai acontecer. 

Me levantei e caminhei em direção à porta, eu a abri e avistei Blame rindo com a balconista, eu gostava do sorriso dele, era raro vê-lo sorrindo em público. 

Dei uma última olhada no Doutor Hermon que sorria para mim com uma sobrancelha arqueada como se dissesse :"Estou tentando lhe avisar".

Blancei a cabeça tentando não pensar sobre isso e fechei a porta do consultório. Fui até o Blame que segurava uma sacola cheia de caixas de remédio. 

-Vai voltar a tomar os remédios? - perguntei para ele.

-Vou. - ele desviou os olhos e começou a andar na minha frente. 

-Ei, - puxei o seu braço fazendo com que ele o puxasse em um pulo, eu havia me esquecido que o toque não faz parte da rotina de um autista - você sempre desvia os olhos quando falamos de remédios, ou da sua terapia.

-Não quero parecer doido. - ele suspirou - Sabe por que parei de tomar os remédios? 

-Por quê?

-Queria ser normal, igual a você, não ter que tomar remédio nem fazer terapia, igual a um louco ou doente mental.

-Eu não acho nada disso de você. - toquei seu rosto com cuidado para não alarmá-lo - Por que não vamos tomar um sorvete? 


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Notas finais do capítulo

Então? kkk comentem ♥



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