O Amor E O Ódio São Sentimentos Que Andam Lado escrita por Annye Silva


Capítulo 8
Capítulo 8 - We all roll along




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Liz's pov on

- Bola 9 fora, bye, David. – Comemorei quando encaçapei a última bola no jogo de sinuca. 
- Eu queria saber, desde quando você ficou tão boa na sinuca? - David fez bico. 
- Desde que ela joga sinuca toda sexta, depois do trabalho, com Josh. – Soph respondeu por mim e Matthew me olhou torto. Estranho. 
- Então você anda treinando, Liz? – Matthew sorriu malicioso. 
– Desde sempre, Taylor. – Sorri convencida. 
– Er... Acho que só restamos eu e você, não fique triste se seus treinos com Josh não valerem nada quando eu ganhar. – Matthew enfatizou ao dizer Josh, se eu não conhecesse meu primo tão bem, poderia afirmar que ele estava com ciúmes. Uma palavra... Hilário! 
- É feio contar vitória antes do tempo, meu querido primo, e outra, Josh me ensina muito bem. – Falei no ouvido de Matthew e então peguei o giz que estava na borda da mesa e passei na ponta do taco. 
- Wow, eu juro que queria ver essa disputa, mas eu não vou aguentar a cara do Taylor quando ele perder. Amiga, vou ao bar pegar outra cerveja, quer algo? – Soph perguntou, prestativa. 
No, thanks, no momento, quero vencer. 
- É o que veremos, priminha. – Matthew deu um gole em sua cerveja. 
- Acho que vou com a Soph, o egocentrismo de vocês dois me sufoca. – David saiu no encalço de Soph. 
- Dude, diz logo que você está louco para ir atrás da Soph e pára de usar a gente como desculpa que é melhor. – Matthew provocou e recebeu um dedo do meio como resposta. 
- Sem conversa e vamos ao que interessa, Matthew. – Falei ansiosa. Como eu queria ganhar esse jogo e ver a cara de bocó que Matthew ficaria. 
- É sua vez, manda ver. – Matthew apontou para a mesa. Eu apenas assenti. Dei uma última olhada no jogo e vi que tudo me favorecia. Me posicionei e olhei uma última vez para ver se a direção que eu iria jogar estava correta e então pressionei a bola 2 com o taco e observei atentamente minha bolinha acertar em cheio a bola 5, e essa ser encaçapada. Yeah! Eu poderia ser péssima em esportes, mas mandava bem na sinuca. Ver a cara de decepção de Matthew ao perder o jogo... Não tem preço! – Acho que alguém vai me pagar uma rodada de Heineken. – Falei contente. 
- Você só ganhou por pura sorte. – Matthew fez bico. 
– Relaxa, primo, é só um jogo e você precisa admitir que toda vez que você me desafia em qualquer coisa, você perde. 
– Será? – Matthew me encarou por alguns segundos e sorriu de canto. Por incrível que pareça, fiquei tensa. Que ele não me desafie a nada, meu Deus! – Bem... Vou até o bar pegar mais cerveja pra gente. – Dito isso, Matthew deu de ombros e saiu em direção ao bar e eu pude respirar aliviadamente. 
Sentei-me sobre a mesa de sinuca, enquanto esperava Matthew voltar com nossas cervejas. Procurei Soph e David pelo bar e pude ver os dois conversando descontraidamente e se pegando, pareciam que eles namoravam há anos, a química entre eles era tão forte. Fiquei feliz de ver meus dois melhores amigos se divertindo e, depois de tanto tempo, ainda sentirem o mesmo sentimento, e o melhor... Eles não escondiam o que sentiam e não se importavam com ninguém. Por um momento me perguntei se um dia me sentiria da mesma forma que Soph se sente em relação ao David, por alguém; de não ter medo de demonstrar meus sentimentos, de poder amar alguém. Amor, definitivamente, era uma coisa que eu não conhecia e também não me importava muito em conhecer tal sentimento. Eu realmente só gostei de alguém quando eu tinha quatorze anos, mas eu nem sabia se o que senti por Ethan foi amor de verdade. Eu até poderia ter descoberto, se Matthew não tivesse feito papai me mudar de escola e perder todo meu contato com Ethan, já que ele iria embora para Nova York. Embora as coisas não tivessem acontecido como eu gostaria, eu superei o que sentia e depois namorei outra vez, porém não senti nada demais. Não gosto de me entregar às pessoas, pois quando eu faço isso elas sempre vão embora, ou seja, amor é um sentimento complexo e tenho certeza que eu não posso lidar com ele. Entretanto, ver Soph e David daquele jeito, me deu vontade de me arriscar por alguém, um dia
- Eles não se esqueceram mesmo, huh? – Matthew me entregou a garrafa de cerveja e sentou-se ao meu lado, me assustando com sua chegada repentina. 
- Er, Matthew, há quanto tempo você está aí? – Perguntei distraída. 
- Tempo suficiente para perceber que você está perdida em pensamentos. – Matthew olhou firmemente dentro dos meus olhos, me deixando corada, quebrei o contato visual o mais rápido possível e continuei olhando para frente. 
– Eu só... Estava observando David e Soph. Eles parecem tão... Sei lá, à vontade, e olha que eles não se vêem há anos. 
- Eles sempre foram assim, lembra? – Matthew deu um sorrisinho e eu assenti. – Eles não têm medo de fazerem o que realmente querem, Liz, por isso eles ficam tão à vontade. – Acho que Matthew havia desenvolvido a habilidade de ler pensamentos como Edward Cullen, pois ele disse tudo o que eu havia pensado. Ele me olhou de canto novamente, e eu senti que aquilo foi uma indireta. 
- Isso foi uma indireta, Matthew? – Perguntei provocativa. Que raios eu estava fazendo? E se ele me desafiasse de novo? Oi, eu sou uma imbecil. 
- Se a carapuça serviu, então vista, minha adorável prima. – Ele sorriu malicioso e deu outro gole em sua cerveja. 
- Ah, Taylor, eu não preciso te provar nada. – Olhei para as minhas unhas, fingindo estar despreocupada. 
- Sabe, Liz, o que eu gostaria de fazer agora? – Matthew falou bem no meu ouvido e no ato senti os pelos do meu pescoço se arrepiarem, aquilo não era bom sinal. 
– Não me interessa, Matthew. – Minha voz saiu falha. Maldita hora que me reconciliei com Matthew Ross. 
- Mas, eu vou falar mesmo assim... – Ouvi sua risadinha baixa no meu ouvido e inalei seu perfume provocante. Segurei forte com uma mão na beira da mesa, certamente eu precisava de equilíbrio. – Minha vontade é de colar seu corpo bem junto ao meu e te beijar como se fosse a última coisa que eu precisasse antes de morrer e bem aqui no meio do bar. O que você me diz? 
No way! Você ficou maluco? – Eu queria muito beijá-lo, mas não no bar e na frente de todas aquelas pessoas. Matthew gargalhou debochado e eu fiz bico. 
- Por que não? Você me beijou ontem. 
- Mas não na frente de pessoas. 
- E qual o problema? 
- Matthew, nós somos primos, você é famoso e ninguém pode saber da gente, tapado. – Fiz careta e Matthew sorriu. 
- Não vejo paparazzi aqui. – Ele olhou despreocupado para os lados e voltou a me encarar. – Então, , o que me diz? – Abri a boca duas vezes, porém não conseguir formular uma frase sequer. Matthew era maluco ou o que? – Eu te desafio. – Matthew exclamou e acabou com o resto de distancia que havia entre nós. Golpe baixo. 
- Matthew, não começa a me provocar. – Ele sabia que eu nunca gostei de perder nenhum desafio, ele estava jogando sujo. 
- Você não se arrisca, Liz, pensei que ontem você tinha me provado o contrário, mas estou vendo que me enganei. É só um beijo em público e nada demais. – Matthew arqueou a sobrancelha, garoto cínico. Eu sabia que ele não pararia de me provocar, e eu sou uma pessoa muito competitiva, mas beijá-lo em público era complicado, eu não queria fazer isso... Não em público. Ah, quem eu quero enganar? Eu odeio me arriscar, ainda mais com Matthew. 
– Matthew... Eu... - Não sei de onde Shelley surgiu e lascou um beijo avassalador em Matthew e me deixou boquiaberta e com cara de tonta. 
- Hey, Taylor, como você está? Liz, que bom te ver, amiga! – Shelley nem esperou Matthew responder a sua pergunta e me abraçou escandalosamente. Garota fingida. Na hora de enfiar a língua na garganta do idiota do meu primo, ela nem notou a minha presença. 
- Eu estou bem, Shelley. – Falei com falso ânimo e Matthew me olhou envergonhado. – Bem, eu vou conversar com meus amigos, agora você e o Taylor podem se beijar como se fosse a última coisa que vocês precisassem antes de morrer. – Ironizei o que Matthew havia me dito minutos atrás e sorri sarcasticamente. Matthew entendendo o que eu havia dito e ficou com cara de tacho. 
- Own, sweety, você sempre tão engraçada. – Shelley falou animada. Garota tonta. 
- Perco o amigo, mas não perco a piada. – Sorri fingidamente e caminhei em direção ao bar. Soph estava sozinha, escorada ao balcão. 
- Cadê o David? – Comi a azeitona que estava dentro do copo de Martini que Soph estava bebendo. 
- No banheiro. Quem é a assanhada com o Taylor? – Soph apontou para Shelley que estava de costas, beijando o pescoço de Matthew, o safado sorria descaradamente para mim. Garoto do inferno! Aquilo, de certa forma, me aborreceu. 
- Shelley Pomroy, ela é da mesma laia que ele. – Desdenhei. 
- Sei... Você ficou sem graça, né? – Vai começar Soph e seus interrogatórios. 
- Por que eu ficaria? 
- Porque vocês estavam no maior clima, até ela chegar e agarrar o Taylor. – Minha amiga disse calmamente. 
- Não existia clima algum entre nós, macaca, pára de inventar coisas. 
- Macaca, não tente me enganar, você ficou sem graça e eu sei que você não vai admitir, então não vou insistir, mas o que vocês dois tanto conversavam? – Macaca era um dos milhares de apelidos "carinhosos" que eu Soph nos chamávamos, a tendência era só piorar. 
- Não vai insistir, porque você sabe que não havia clima e nós falávamos de você. – Dei um gole no Martini de Soph, acabando com todo o líquido. 
- Por que você não pede sua própria bebida? Macaca folgada, agora tenho que pedir outra. – Fingi que não ouvi a sua reclamação e Soph pediu dois Martinis para o barman. – O que vocês falavam sobre David e eu? 
- Que vocês dois não tem medo de se arriscar, que vocês fazem o que tem vontade, sem se importar com os outros. - Soph sorriu satisfeita. 
- Você sabe, Honey E. eu não me importo mesmo e o David... Muito menos... Deve ser por isso que a gente se entende. 
- Eu queria ser assim, sabe? Eu não me arrisco com coisas sentimentais, e Matthew me disse que eu sou muito conservadora e que eu não tenho coragem de me arriscar, e olha que a gente ficou um tempão sem se ver e ele já percebeu isso. – Encostei meu cotovelo sobre o balcão e dei um gole na minha bebida, essa coisa de não arriscar estava me incomodando. 
- É porque esse é seu jeito, desde sempre, Liz. Se alguém pedir para você pular de Bunge Jump de um prédio em Manhattan, mesmo com medo de altura, certamente você pularia, mas quando se fala de garotos, você não gosta de se arriscar. 
- É complicado, Soph, você sabe que... 
- Que você não tem sorte com os caras e blá, blá, blá, Liz, eu já cansei de ouvir esse discurso. Você não tem sorte porque não quer, está na hora de você conhecer pessoas novas e parar de paranóia, entende? Olha para o Taylor. – Soph segurou nos meus ombros e me girou para frente. Matthew estava ensinando Shelley a jogar sinuca e David estava com eles, os três se divertiam, de repente senti uma pontada de inveja. Shelley estava se dando bem com um dos meus melhores amigos e ainda se agarrando com meu primo, não que isso me importasse, mas era como se ela estivesse ocupando meu lugar, me senti desconfortável vendo aquela cena. – Olha como ele está se divertindo, é você quem deveria estar lá com ele e eu sei que ele queria que você estivesse lá, mas você dorme no ponto. 
- Quem te falou que eu gostaria de estar lá, Sophie? Matthew está pouco se importando se eu não estou lá com ele, ele é um galinha e nós não temos nada, a gente apenas se beijou, pára de viajar, Soph. – Falei tensa. 
- Elizabeth Stevens , você pode enganar qualquer pessoa, menos a mim. É obvio que ele queria que você estivesse lá, se não ele não te olharia a todo o momento, e se você não quisesse estar lá, por que você ficou nervosinha de repente? - Soph interrogou e colocou uma mão na cintura. 
- Soph, eu não quero mais falar sobre isso. – Fechei a cara. 
- Desculpa, Liz, mas você tem que parar com esse medo, se você está a fim de beijar o Matthew, vai em frente! Se não o tempo passa e você perde coisas que um dia poderiam se tornar boas lembranças. – Soph fez carinho na minha mão com o polegar direito. E naquele exato momento senti que ela tinha razão. Eu precisava mudar... Precisava me arriscar. 
- Você tem razão, hon, eu prometo que de hoje em diante vou mudar, eu quero começar o ano sendo uma nova pessoa. - Minha amiga estava certa, eu tinha que parar de ser uma burra empacada e me divertir mais. 
- Assim que se diz, amiga! – Soph disse entusiasmada e me abraçou. Senti meu BlackBerry vibrar, olhei no visor e Josh estava me ligando. – Eu preciso atender. 
- Quem é? 
- Josh. – Falei contente e vi Soph fazer careta, ela e Josh não se davam bem. 
- Bem, fale para ele não comer todo o macarrão que tem na Itália, se não ele não passará na porta do avião. – Soph gargalhou e deu de ombros. Se eu falo isso ao Josh ele mata a Soph quando chegarmos em Londres. Saí do bar e fui atender o celular. 

Matthew’s Point Of View

- Ah, Mattthew, eu não consigo encaçapar uma bola. – Shelley disse, depois de quase ter feito a bola bater na testa de David ao invés de acertar no lugar correto. Se fosse a Liz, ela já teria acabado comigo e com David, odeio admitir, mas é a verdade. 
- Olha, isso iria fazer um estrago na minha testa. – David alisava a testa, imaginando o tamanho do galo que ficaria se Shelley o tivesse acertado. 
- Se fosse a Liz, ela com certeza teria encaçapado. – Escutei Sophie dizer, olhei imediatamente para trás, achando que Liz estaria com ela, mas o que vi foi Sophie dando um selinho em David e nada de Elizabeth. Olhei para o bar e nada também, será que ela tinha ido embora? – Sophie Marks. – Soph se apresentou. 
- Shelley Pomroy. – Shelley disse enjoada. Eu tinha me divertido com ela aquele dia, mas hoje ela me parecia grudenta e burra como ela sempre foi. 
- Cadê a Liz, Soph? – David indagou. 
- É mesmo, cadê ela? – Embalei. 
- Ela está lá fora. 
- Ela vai embora? – Perguntei ansioso. Droga de Shelley, tinha que aparecer aqui? 
- Eu não sei, Matthew, ela estava no celular. 
- Ok. Vou ao banheiro. – Na verdade não iria ao banheiro, iria atrás da Liz. 
- Não demora, lindinho. – Shelley disse melosa. Lindinho? What the fuck
- É mesmo, lindinho, estamos te esperando. – David me zoou e eu mostrei o dedo pra ele. 
Quando estava chegando à porta do bar, David surgiu atrás de mim. Que droga! 
- Está maluco, dude, o banheiro fica do outro lado. 
- Está fazendo o que aqui, David? 
- Me deu vontade de ir ao banheiro também. Você não vem? – David apontou para a porta do banheiro masculino. Caralho, agora eu teria que ir junto. – Vamos lá, dude. (...) Aquela Shelley é estranha. – David disse enquanto lavávamos as mãos. 
- Por quê? 
- Ouvi a senhorita sem cérebro dizer pra Soph agradecer a Liz por ela, porque ela sempre foi a fim de você e você nunca deu bola. Então ela mandou um torpedo pra Liz dizendo que você estava no Pub e ela não sabia como agir, então a Liz deu uns toques pra ela e vocês finalmente ficaram. 
- Como é que é? Então a Shelley só foi interessante aquele dia, por que minha prima ajudou? – Dude, fiquei pasmo. Liz ajudou a Shelley e nós ainda nem estávamos nos falando, pois eu fiquei com a Shelley no Natal. Por que ela me ajudaria? 
- Isso mesmo, agora está explicado como ela pode ser tão irritante hoje, já que a Liz não está aqui para ajudar. – David enxugou as mãos, saímos do banheiro e agora realmente eu precisava encontrar a Liz. David me olhou confuso quando percebeu que eu estava fazendo o caminho inverso à mesa. – Aonde você vai, Matthew? 
- No carro, acho que esqueci minha carteira lá, já volto. – Matthew assentiu e foi para a mesa. 
Olhei na calçada e nem sinal da Liz, ela não teria ido embora sem avisar, certo? Corri até o estacionamento, olhei para os lados e nada, já estava pegando meu celular para ligar para ela, quando olhei para frente e Liz estava encostada no meu Jaguar, mexendo no celular. Andei depressa até ela, que se assustou com a minha chegada. 
- Matthew! Você me assustou. – Ela levou as mãos até o coração. 
- Desculpa, eu pensei que você tivesse ido embora. – Sorri aliviado, vendo que estava errado. 
- Eu só vim atender uma ligação. – Liz deu um leve sorriso. 
- Liz, por que você ajudou a Shelley? – Indaguei. Ela me olhou confusa. 
- Do que você está falando? 
- David ouviu Shelley dizer para Soph te agradecer, porque se não fosse por você, eu não a teria beijado. – Liz coçou a nuca, como ela fazia sempre que ficava sem graça. 
- Er... Ela ficou me enchendo na festa dela, dizendo que queria ficar com você, eu prometi ajudar e ajudei, ué. - Liz olhava para os próprios pés. – Vamos entrar, está muito frio aqui fora. – Ela tentou sair, mas coloquei um braço de cada lado do seu corpo, impedindo-a, ela arqueou a sobrancelha, estranhando o que eu havia acabado de fazer. 
- Por que você fez isso? Eu quero dizer, a gente nem estava se dando bem ainda. – Me aproximei mais do corpo dela e já podia sentir o perfume delicioso dos seus cabelos. 
- Por que eu não faria? Eu não tenho mais quinze anos, eu não preciso mais atrasar sua vida, Matthew. – Ela disse serena, sem me olhar. 
- Acho que os jogos acabaram, huh? – Passei o braço direito pela cintura dela e acariciei seu rosto com a minha mão livre. 
- Definitivamente. – Liz disse em um tom quase inaudível e nossas bocas estavam muito próximas. Quebrei a distância e dei um selinho apertado em seus lábios. Liz colocou os braços sobre o meu pescoço e então sugou meu lábio inferior e novamente eu sentia aquele frio no estômago, aquela sensação que só ela era capaz de me proporcionar. 
Invadi sua boca com a minha língua e nosso beijo continuava numa sincronia perfeita. Apertei a cintura dela com força e ela arranhou minha nuca, mas parou o beijo. Confesso que fiquei desnorteado com a parada brusca. 
- Matthew! Vamos parar, ok? Nós estamos em um estacionamento, está um frio insuportável e pode ter paparazzi escondido por aqui. 
- Pára de paranóia, Liz! não tem paparazzi aqui. – Sorri. – Vem. – Puxei sua mão. 
- Pra onde? 
- Vamos continuar, dentro do carro. – Estava prestes a acionar o alarme, mas Liz me impediu. 
- Você estava com a Shelley, Matthew. Isso é errado. 
- Ela não é minha namorada, e ela atrapalhou a gente. 
- Por quê? 
- Porque era você que eu queria beijar. – Sorri maroto e acariciei seu rosto. Eu só queria saber, por que eu sempre falava essas coisas gays quando estava perto dela? 
- É verdade, me esqueci que eu sou a garota que você quer beijar como se fosse a última coisa que você faria antes de morrer. –Ela sorriu pretensiosa e eu fiquei sem graça, pois o que eu falei era idiota e eu sei que ela estava tirando uma com a minha cara. 
- Engraçadinha. 
- Cafona. - Abri a porta do carro e me sentei no banco do motorista, iria abrir a porta do passageiro para Liz, entretanto ela foi ágil e entrou no carro, fechando a porta do motorista e sentou-se no meu colo. Fiquei atônito, ela ficou de frente comigo e passou uma perna de cada lado do meu corpo e então me beijou. Ainda entre beijos, Liz ligou o rádio e uma música começou a tocar. - Oh my God, The Maine! Adoro eles. – Ela disse contente. 
- Não faço ideia de quem eles sejam. – Disse enquanto mordiscava sua orelha. 
- Eles são bons. – Ela disse e novamente começou a me beijar. 

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I remember every night we spent on weekends 
With good friends 
We did nothing 
But it seems like we did so much 
Back then 


Liz e eu nós beijávamos calmamente, eu nem podia imaginar que um dia nós estaríamos nos dando bem e ainda nos beijando, assim desse jeito. Era tudo muito surreal, se esse momento fosse sonho, eu não queria acordar. Prestei atenção na estrofe da música que tocava e percebi que ela dizia algo em comum. Eu e a Liz nunca fizemos nada demais, nós passamos nossa adolescência inteira brigando, mas, na verdade, aquelas brigas eram nada mais que uma desculpa para manipular a tensão que havia entre nós. Ela sempre fora algo a mais para mim, eu que nunca quis admitir. 

Oh back then we were kicking and laughing 
All relaxing 
And taking things for granted 
We did anything for just a little rush 
Oh, yeah. 


Liz parou de me beijar e começou a cantarolar a música, ela era uma garota estranha. Quem pára um amasso para cantar? Só podia ser ela, mesmo estranha ela conseguia ser divertida. Ela cantava timidamente, enquanto eu brincava com os fios de seus cabelos. Ela cantarolou e ficou desconcertada ao perceber que eu olhava dentro dos seus olhos, então me abraçou e deitou a cabeça no vão do meu pescoço. Cada vez que eu sentia sua respiração quente sobre a minha pele, cada célula do meu corpo se agitava. 

Just don't forget this 
We won't regret this 
We've got one chance to get it right 


Eu não iria me arrepender de estar junto com ela, agora que nós tínhamos uma chance de fazer as coisas darem certo. Confesso que ficar com Liz era um pouco assustador para mim, pois ela tem essa coisa de uma hora te fazer bem e na outra, ela simplesmente te destrói. Eu sei que ela me pediu desculpa por ter ido embora no Natal passado, mas, acredite, aquilo me deixou muito confuso e eu não sei quais foram os motivos dela, mas dessa vez eu teria mais cuidado. 

We're alive and we drive to the center of it 
Where we know we're all fine 
And this just can't be it 
And in the end we all know 
We only breathe for so long 
So tonight is the night 
Oh, we all roll along 

Oh back too, for cigarettes 
And we can't forget all the faces that we met 
81, 23 
Means everything to me 

Take me back to the parking lots 
The sleep we fought 
All the places we got caught 
This place will always be a part of me 
Yeah, you're all a part of me 

Just don't forget this. 
We won't regret this. 
We've got one chance to get it right 

We're alive and we drive to the center of it 
Where we know we're all fine. 
And this just can't be it 
And in the end we all know 
We only breathe for so long 
So tonight is the night 
Oh, we all roll along 

I remember every day that I spent dreaming 
And bleeding 
This place behind, I was 
Away from thinking 

Adding up all the days been wasted 
Chasing the girls we hated 
Some things they, they never change 

Take me back to the sleepless nights, 
The stupid fights, 
You know, it never mattered who was wrong or who was right 
And now you're all a part of me 

We're alive and we drive to the center of it 
Where we know we're all fine 
And this just can't be it 
And in the end we all know 
We only breathe for so long 
So tonight is the night 
Oh, we all roll along 


Definitivamente, aquela música tinha tudo a ver conosco. As brigas e os raros momentos civilizados que Liz e eu tivemos juntos, sempre foram e sempre serão uma parte de mim, e disso eu não vou me arrepender nunca. A música acabou e Liz me deu um selinho rápido. 
- Me desculpe por isso, é que eu amo essa música. – Ela deu um meio sorriso e suas bochechas estavam levemente avermelhadas. 
- Ah, tudo bem. Acho que vou comprar um CD desses caras, aí toda vez que eu colocar para tocar, vou te chamar para cantar para mim, em casa e de lingerie, o que você me diz? – Liz corou e me deu uma tapa no braço. 
- Matthew, como você é idiota. 
- O que eu disse de errado? Eu apenas gostei da sua voz e da música, ué. – Disse cínico e Liz sorriu. Um rápido silêncio se instalou entre nós, Liz apoiou as costas no volante e acariciou as minhas mãos, que estavam apoiadas em suas coxas. Ela parecia pensativa. – Está pensando em que? 
- Na gente. – Ela deu um meio sorriso. – Isso tudo é tão estranho, né? 
- Por quê? 
- Nós passamos a vida inteira brigando e agora estamos aqui, nos beijando, não faz sentido. – Ela mantinha a cabeça baixa, levantei o seu queixo calmamente e ela parecia envergonhada. Ela ficava ainda mais linda quando estava com vergonha... E eu, perto dela, ficava cada vez mais bixa. What the hell
– As melhores coisas não fazem sentido, Liz. – E o Oscar de Gay do ano vai para... Matthew Ross! 
- Você tem razão. – Ela sorriu e então me beijo carinhosamente. 
Nosso beijo estava mais intenso, nossas línguas se encontravam em uma perfeita sintonia. Minhas mãos queriam explorar cada pedacinho do corpo dela, então percebi que o suéter que ela usava estava começando a me atrapalhar. Comecei a dobrar a barra da blusa dela, indicando que eu queria aquela peça de roupa longe, ela, entendendo meus sinais, levantou os dois braços para tirar a blusa e eu a ajudei e, por fim, joguei o suéter no banco do passageiro. Voltamos a nos beijar e Liz se livrou do meu casaco e também o jogou no banco do passageiro. Agora sim minhas mãos poderiam explorar aquele corpo que eu tanto desejava. Minhas mãos deslizavam por toda extensão das costas dela e quando dei por mim elas massageavam os seios dela, o que arrancou um gemidinho de Liz e aquilo me excitou. Cada toque me deixava mais aceso, puxei o lábio inferior dela com um pouco mais de forçar e então cheguei ao meu objeto de prazer; desci os beijos até o colo dela por cima do sutiã, senti Liz suspirar e automaticamente puxar os cabelos da minha nuca. Desci o sutiã e suguei vagarosamente o seio direito dela e com a mão esquerda massageava o outro. Liz se contorceu com o meu toque, em seguida ela me torturava distribuindo chupadas pelo meu pescoço e, para me matar de vez, apertou meu membro rígido. Automaticamente não dei mais atenção aos seios, levantei o queixo dela e comecei a beijá-la urgentemente. Minhas mãos puxavam o cabelo dela e ambos estávamos excitados demais. Ela continuava me masturbando e aquilo estava me matando aos poucos. Apertei a virilha dela com um pouco mais de força e Liz gemeu baixo. Eu não estava mais aguentando, meu corpo pedia pelo dela, há anos ele queria isso e agora era o momento 
- Liz... Eu não estou mais aguentando. – Minha voz saiu um pouco falha. 
- Eu também não. – Ela disse baixo e passou a língua pelos meus lábios e eu sorri como resposta. 
Colei meus lábios novamente nos dela e minha respiração já estava falha. Desci minhas mãos até o botão da calça dela, enquanto Liz tentava abrir meu zíper com dificuldade, eu estava finalmente abrindo o zíper da calça dela, me assustei com duas batidas na janela do carro. Quem era o filho da puta que resolveu encher o saco em uma hora dessas? Liz quebrou o beijo e abaixou a blusa apressada, ela parecia assustada, seus lábios estavam extremamente vermelhos, de modo que os meus também deveriam estar, ela tentou se levantar do meu colo, mas eu a impedi e ela me olhou confusa. 
- Fica aqui... Eu preciso me acalmar, se é que você me entende. – Apontei constrangido para... Er, minha zona de perigo, e Liz gargalhou. – Ok. 
Desci o vidro do carro e dei de cara com David e Sophie, eles nos olhavam com curiosidade. Estava tudo muito fácil para ser verdade, quando eu achei que finalmente teria o que eu sempre quis, o puto do David vem e estraga tudo. 
- Estou vendo que você precisou da Liz para encontrar sua carteira, Matthes. – David sorriu malicioso e minha vontade era de quebrar a cara dele. 
- Nossa, Liz, você foi rápida no gatilho, hein?! – Soph ironizou. 
- Cala a boca, Soph. – Liz disse constrangida. 
- Vocês são dois empatas, hein? – Olhei furioso para David. 
Sorry, man, mas você disse que só vinha pegar a sua carteira e voltava, aí fiquei preocupado. – David se desculpou, pois ele sabia que arruinou meu momento
- Bem, eu não me desculpo por ter ficado preocupada com meus amigos. Vocês poderiam ter avisado, né? – Soph disse direta. 
- Ah, claro que eu iria avisar: Soph, não se preocupe, estarei no carro me pegando com Matthew. – Liz ironizou. 
- Mal agradecida. – Soph fez bico. – Taylor, tem como você abrir a porta? Estou congelando aqui fora, porra! – Soph cruzou os braços e eu não pude conter um sorriso. Ela era tão temperamental quanto a Liz. 
– Foi mal, Soph. – Destravei a porta, Soph entrou e David também. 
- Vamos embora, estou com frio. – Soph apareceu no meio do banco. 
- Ok, mas primeiro tenho que pagar a conta, vamos, David? – Perguntei. Eu precisava pagar a conta e ainda tinha a Shelley, pois eu sumi e nem dei uma explicação, mas, tanto faz, ela não é nada minha. 
- Relaxa, dude, eu já paguei. – David puxou Soph para perto dele e deu um selinho nela. 
- Então, vamos. – Dei um sorrisinho para Liz e beijei sua bochecha. 
- Eu posso ir para o meu banco agora? – Ela disse no meu ouvido. 
– Por mim você ficaria aqui, mas pode ir sim. – Disse malicioso. Liz assentiu e se sentou no banco de passageiro. 
- O que vamos fazer agora? – Liz perguntou. 
- Eu vou beijar a Soph. – David gargalhou. 
- David, isso fica para mais tarde. – Soph. 
- Se fodeu, viadinho. – Gargalhei. 
- Então vou beijar o Matthew, tem problemas, Liz? – David se infiltrou no meio do banco. 
- Por mim tudo bem, eu e a Soph vamos jogar guitar hero. – Liz brincou com os cabelos de David. 
- Eba! Adoro terminar a noite com Guitar Hero, Liz. – Soph vibrou. 
- Somos dois, Soph, Guitar Hero para fechar a noite. – Falei animado. 
- Vamos fazer dois times, eu e Matthew contra vocês duas. – David. 
- Ok. Preparem-se para perder, boys. – Liz disse convencida. 
- É o que veremos. – Disse provocativo. 
- Dude... É estranho ver você e a Liz se pegando, acho que o mundo está mesmo perto de acabar. – Disse David, pensativo. 
- Cala a boca, David! – Soph e Liz disseram em coro. 
- Ok, não falo mais nada, estressadas. – David se fez de ofendido. 
- Ele ficou tristonho. – Liz disse fazendo biquinho e apertou a bochecha de David, quem sorriu satisfeito. – O beije, Soph. 
- Não. Matthew o beija por mim. Eu sei que eles curtem uma viadisse. – Soph gargalhou. 
- Opa! Deixa comigo, mais tarde passa no meu quarto, David... Algo te espera. – Olhei pelo espelho e vi David sorrir. 
- Já que a Soph não me dá um jeito, vou ceder para o Taylor, depois não reclama, Senhorita Marks. – David virou a cara, como se fosse uma garota ofendida, não contive uma gargalhada. 
Ur so gay, and yes you really like boys. – Soph e Liz cantarolaram o refrão de uma musica de Katy Perry. David se aproximou do banco e deu um beijo no meu pescoço e as meninas gargalharam. 
Com certeza, aquela seria uma noite memorável. Eu tinha dois dos meus melhores amigos e a melhor garota comigo, pelo menos eu a tinha... Nesse momento. 


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