O Amor E O Ódio São Sentimentos Que Andam Lado escrita por Annye Silva


Capítulo 25
Capítulo 25 - She's hard to resist




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Liz's Point Of View


- Não se preocupe, Elizabeth. O importante é você conseguir manter a dieta e continuar indo ao psicólogo, que aos poucos tudo voltará ao normal.
- Obrigada, doutora Mitchell. Até semana que vem. – Agradeci, com um sorriso simpático.
- Até.
Mal sai da sala da nutricionista e meu celular disparou a tocar, Soph estava me ligando. Fazia uma semana que eu tinha decidido procurar um tratamento para a minha doença: anorexia nervosa. Depois de quase ter uma parada cardíaca, eu me conscientizei e decidi que era hora de me tratar. Eu passava toda semana com a nutricionista e com o psicólogo. Estava feliz de ter tomado o primeiro passo, era importante para minha recuperação. Soph ainda não sabia e eu preferia assim. Ela é muito preocupada e eu não queria dar trabalho a ela.
- Elizabeth! Onde a senhorita está? – Disse, ansiosa.
- Eu to bem também, amiga, obrigada por se preocupar. – ironizei. – Err, eu estou saindo do trabalho agora. – Menti.
- Não sabia que você ia ficar até mais tarde. – E lá vem o interrogatório.
- Josh me pediu pra ajudá-lo em algumas coisas, Sophie. – Revirei os olhos. – Qual o motivo do desespero?
- Esqueceu que hoje é aniversário do David? Você precisa me ajudar a escolher o que vestir, então vem logo pra casa. – Ordenou e eu ri.
- Você quem faz moda e eu que acabo sendo a sua estilista. – Ri, ao prever que Soph iria me xingar.
- Sua palhaça, to nervosa e preciso de ajuda.
-Ok, to indo, sua boba. – Desliguei o celular.
Apressei-me para chegar em casa, pois Soph tinha feito uma festa surpresa para David no apartamento de Chloe e eu já estava atrasada. Ficou combinado que eu e o resto do pessoal iríamos para a casa de Chloe primeiro, e depois Soph iria com ele para lá “pegar seu celular que tinha ficado no apê da nossa amiga”. Que desculpa, huh?
Só de pensar que eu teria que aturar a cara da Maggie se esfregando no Matthew me dava vontade de morrer, mas se eu queria tê-lo de volta eu precisava estar presente e causar uma boa impressão... E claro que eu iria deixar a minha marca.

Matthew's Point Of View

- “I’ve got nowhere left to run, I’ve got nowhere left to hide…” E foi só isso que consegui escrever. – Disse Justin, indignado.
- Que tal isso: “Coz without you, everything is so hard”? – Jamie sugeriu.
- Ah, não. Acho que não ficou legal. – David discordou.
Estávamos há horas empacados nessa mesma música e nenhuma ideia boa surgia. Precisávamos sair do estúdio com aquela música feita, era nossa prioridade. Pensamos em milhares de coisas, mas nada se encaixava. Até que uma ideia muito boa surgiu na minha cabeça.
- Hey, Justin! Cante o começo de novo. – Pedi.
- Ok. – Concordou. – “I’ve got nowhere left to run, I’ve got nowhere left to hide…”
- “If you leave me, if you leave me, I’ll die”. – Completei. Os guys me olharam, surpresos. – Então, o que acharam?
- Fantástico. – Jamie elogiou.
- Então, vamos lá. – Justin disse, animado, e a partir, disso a música inteira surgiu.

 

***



- Bem, acho que isso é tudo por hoje, dudes. – Jamie se espreguiçou.
- É, vamos nessa que ‘to louco pra ir pra casa. – Disse.
- Eu também. – Concordou Justin.
- Guys, vocês não estão esquecendo de nada hoje, não? – David questionou, preocupado, e claro que ele se referia ao aniversário dele. Eu e os caras fingíamos que havíamos esquecido. Tudo fazia parte do plano da festa surpresa que Soph estava armando para ele.
- Ah, é mesmo. – Justin levou a mão à testa e notei um David feliz. – Quase me esqueci que hoje a Blair vem de Manhattan, e eu preciso pegá-la no aeroporto. – Agora o sorriso de David tinha sumido.
- E eu não posso esquecer as minhas chaves! Que cabeça essa minha! – Jamie pegou as chaves de seu carro que estavam em cima da mesinha de centro, e colocou-as no bolso da frente da calça.
- Vamos, dudes, prometi à Maggie que iríamos ao cinema hoje. – Menti.
- É, aparentemente todo mundo tem planos, legal. – David sorriu, sem humor, e desligou a luz, assim que saímos do estúdio.

 

***



- Você sabe que não precisa fingir que estamos juntos só pra Elizabeth não se aproximar, né, Maggie? – Estávamos chegando ao apartamento de Chloe.
- Eu sei disso. – cerrou os lábios. – Aquela garota é uma pretensiosa, ela ainda acha que você a deseja. O quê, certamente, é verdade. – Maggie revirou os olhos e, no fundo, ela tinha um pouco de razão. Talvez eu ainda desejasse minha ex. – Por isso precisamos mostrar à princesinha que ela é passado. – Finalizou, com descaso.
- Olha, Maggie, eu não quero que você se comprometa por minha causa, ok? Eu aprecio a sua ajuda, mas não quero te arrumar problemas. – Disse, sincero.
- Matthewzinho, pode apostar que pra mim não é nenhum problema te beijar. – Disse, maliciosa, e eu sorri.
- Se você insiste por mim, tudo bem. – Sorri, maroto, e beijei seu rosto.
Apertei a campainha do apê da Chloe e, antes que alguém nos atendesse, Maggie entrelaçou nossos dedos. Olhei confuso e ela sorriu de canto, sem mostrar os dentes.
- Lembra? Estamos juntos a partir de agora. – Eu apenas assenti.
- Hey, Matthew! – Blair disse, bem-humorada, abraçando-me, mas quando viu Maggie, o sorriso desapareceu de seus lábios.
- Hey, Blair. – Cumprimentei. – Essa é Maggie Scott. – Blair mediu Maggie de cima a baixo e deu um sorriso falso.
- Hey, sou Blair Smith.
- Muito prazer. – Maggie cumprimentou, educada.
- Vamos entrando, daqui a pouco a Soph chega com David. – Blair nos deu licença para entrar e logo em seguida fechou a porta.
Notei meus amigos todos lá, e óbvio que Elizabeth também estava. Ela conversava descontraidamente com os guys e Chloe. Quando me viu com Maggie, franziu o cenho, analisou-nos, e logo voltou a falar com o pessoal, ignorando-me. Eu devia ter feito o mesmo e tê-la ignorado, porém não consegui tirar os olhos dela, não quando ela usava um vestido curto que era tão acessível aos meus olhos quanto às minhas mãos. Eu a odiava, mas sou homem e nunca conseguiria ignorar umas pernas daquelas. Na verdade o corpo dela, o qual eu conhecia tão bem.
- Cuidado pra não babar, Taylor. – Maggie sussurrou no meu ouvido e puxou meu braço.
- O quê? Eu nem estava olhando pra nada. – Disfarcei.
- Ah tá, eu finjo que acredito. – Disse, sarcástica.
- Gente! Escondam-se, vou apagar a luz! – Liz ordenou. – Soph disse que já está chegando com David. – Dito isso, ela apagou a luz.
Sem querer, soltei a mão de Maggie e a perdi. Eu não tinha tempo de procurá-la, tinha que me esconder. Guiei-me até a cozinha com a luz do celular. Ouvi Justin dizer “Desliga isso, dude” e fiz o que ele disse, indo me esconder em qualquer canto da cozinha. Tropecei no pé de alguém e sussurrei um “desculpa”, mas a pessoa não falou nada. Apoiei meus braços na parede, e a tal pessoa estava parada na minha frente. Senti um perfume delicioso inflamar minhas narinas e a respiração dela bem próxima a mim. Assustei-me. Eu sabia que era ela... Era Liz que estava parada bem em minha frente. Porra! Quanto mais eu tento fugir, mais o acaso parecia me levar a ela. Eu tinha que sair dali. Alguns segundos perto dela e seria fatal. Fiz menção de sair, mas senti dois braços segurarem a minha cintura.
- Fica aqui. – Disse, baixinho, pra que só eu pudesse ouvir e, no ato, senti os pelos do meu corpo arrepiarem. - Eu não vou te agarrar.
- Tira as mãos de mim. – Falei baixo, afastando as duas mãos dela do meu corpo. Ela não disse mais nada.
Eu estava ficando tenso de ficar encurralado perto dela. A porra do David não chegava nunca! Eu não queria sair, se não pareceria que eu era um fraco. Dude, a situação estava foda. Aquela aproximação estava me matando por dentro. Sentia cada célula do meu corpo se agitar sem ela ao menos me tocar. Às vezes, ser homem é um caralho. Estamos sempre excitados. No entanto, eu precisava me controlar. Fiquei tão perdido nos meus pensamentos que nem me liguei quando as pessoas gritaram “surpresa” pro David e acenderam as luzes.
Os olhos dela me fitavam intensamente e sua boca entreaberta estava tirando meu ar. Liz mordeu o lábio e jogou para o lado alguns fios insistentes de sua franja, que insistiam em cair sobre seu rosto. Como ela exercia aquele poder sobre mim com gestos tão simples? Aquela garota era mesmo o meu inferno na terra.
- Hey, Matthew, estava te procurando. – Maggie me puxou pelo braço e automaticamente me beijou. Vi Elizabeth se afastar sem olhar para trás.

Matthew Pov Off

Liz Pov On

Se tem alguém que eu tenho uma vontade imensa de estripar e arrancar todos os órgãos e vender no mercado negro, era aquela girafa ruiva. Assim que ela apareceu com aquele sorrisinho de canto e beijou meu Taylor, saí como um vulto daquela cozinha. Se eu ficasse mais algum tempo ali, eu realmente iria levar a sério meu enredo à la Jogos Mortais.
Contei até cinco e inspirei e expirei o ar, tentando me acalmar. Coloque um sorriso no rosto e fui cumprimentar David. Afinal, hoje era o dia dele e eu não tinha que ficar mal por causa de vadias ruivas que roubam os namorados alheios. Tecnicamente, Matthew não era meu namorado, mas e daí? Eu poderia pensar o que quisesse. Pelo menos na minha mente ele ainda poderia ser meu.
- Hey, David, parabéns, meu amor! – Abracei-o apertado.
- Obrigado, pequena, valeu por terem organizado a festa. – Disse, sincero.
- Que nada, os créditos são todos da sua namorada. – Apontei pra Soph, que sorriu toda orgulhosa.
- Minha namorada é a melhor, né? – David disse, apaixonado, e deu um selinho em Soph. Sorri com aquele gesto fofo, mas, no fundo, me senti triste. Eu tinha saudades de alguém que costumava me olhar daquele mesmo jeito há um mês. Contudo, o olhar dele era diferente agora. Como eu me odiava por ter estragado tudo. Assim que senti que a famosa onda de melancolia iria me atingir, tratei de mudar de pensamento e mais uma vez forjar um sorriso.
- Ela é, sim. – Falei.
- Hey, David, viadinho, feliz aniversário! – Mathew gritou e David foi em direção a ele, que estava com Jamie, Justin e a girafa ruiva. Lê-se: Maggie.
- Hey, amiga, você está bem? Quero dizer, com Matthew e a sonsa da Maggie aqui? – Soph perguntou, preocupada. Só de falar na idiota da Maggie me dava nos nervos.
- Eu estou tentando. Aquela garota parece uma barata. Ela sai dos lugares mais improváveis sem você perceber. – Lembrar que ela estragou meu clima com Matthew duas vezes me dava vontade de esganar aquela magrela.
- Ai, Liz, você é a melhor! Comparar a garota a uma barata é foda. – Soph gargalhou.
- Baratas são super nojentas. – Blair pegou o fio da meada e começou a gargalhar também.
- Girls, também quero rir. – Chloe se juntou a nós, segurando uma Smirnoff Ice.
- A Liz acabou de comparar a Maggie a uma barata. – Contou Soph, rindo.
- Ela não desgruda do Matthew um minuto sequer. – Chloe revirou os olhos.
- Ela quer te atingir, Liz, não ligue pra ela. O importante é que estamos numa festa e você está divina demais com esse vestido, pra ficar curtindo dor de cotovelo. Vamos dançar. – Blair disse, divertida, e me abraçou.
- Obrigada, amor. – Agradeci, sincera.
- Mas antes você precisa comer alguma coisa. Lembra? – Chloe indagou e Soph me olhou, confusa.
- Do que vocês estão falando, meninas?
- De nada. – Disfarcei. – Vai colocar uma música legal pra gente dançar, Soph, já alcanço vocês. – Sorri, sem graça.
- Ok. – Dito isso, Soph deu de ombros e foi com Blair trocar de música.
- Sorry, Liz. – Chloe se desculpou, sabendo que tinha quase dado com a língua nos dentes na frente de Soph e Blair.
- Tudo bem. Vê se disfarça mais, por favor. – Puxei Chloe até a cozinha. Eu precisava de uma fruta, segundo a minha dieta.

 

***



Voltamos para a sala e todo mundo dançava animado ao som de Chemical Brothers. Soph e Blair acenaram e Chloe e eu nos juntamos a elas, Justin, Jamie e Matthew. Isso mesmo, a girafa não estava pendurada no pescoço dele. Essa era minha chance de me aproximar.
Chegamos à rodinha de nossos amigos e logo Chloe se juntou a Vitória, os dois dançando. Na verdade, se esfregando! Comecei a me movimentar conforme a música, sem tirar os olhos de Matthew. Ele dançava e procurava não manter muito contato visual comigo, mas seus olhos lhe traíram uma vez e outra. A sala agora estava apenas iluminada pelo globo e suas luzes coloridas. Perfeito. Fui dançando e me aproximando lentamente de Matthew, seus olhos não se desgrudaram dos meus. Nossos amigos, entendendo o que estava acontecendo, se afastaram de nós, nos deixando sozinhos. Mas como onde quer que você esteja, sempre tem uma filha da puta pra estragar tudo, Maggie apareceu, puxando Matthew, esfregando-se nele, e o safado ainda sorriu com malícia. Morri de raiva. Minha vontade era de esmagar aquela magrela do inferno. Sai marchando de ódio e fui até a mesa pegar uma bebida bem forte. Na verdade, eu estava proibida de beber, porém, a minha raiva era grande demais e implorava miseravelmente por uma bebida. Os dois continuavam se beijando e dançando. Aquilo estava acabando comigo, eu não sei até quando aguentaria ver aquela cena.
Continuei bebendo e só observando tudo de longe, meus amigos dançando e se agarrando na pista e eu curtindo uma dor de cotovelo dos infernos. Observei Matthew e Maggie saindo da sala e indo em direção ao quarto de Chloe, e aquilo foi a gota d’água. Eu não podia suportar. Eu simplesmente não podia suportar a ideia de Matthew fazendo sexo com outra garota no mesmo teto em que eu estava. Senti algumas lágrimas quererem despencar dos meus olhos, e, antes que elas caíssem, adiantei-me, pegando minha bolsa e casaco. Não havia mais motivos pra eu ficar naquela festa.
- Liz, aonde você vai? – Soph correu até mim.
- Embora. Essa festa já deu o que tinha que dar. – Tentei não chorar.
- Por favor, Liz, não vai. – Implorou. – Se você quiser, eu mando Matthew levar aquela magricela embora. – Sorri, sem humor.
- Não precisa, amor, vai curtir a festa com seu namorado. Eu vou ficar bem. – Abracei-a.
- Jura que vai ficar bem? – Soph disse, preocupada.
- Vou sim. – Dei um beijo na bochecha dela e saí, sem ao menos me despedir do resto dos meus amigos.
Apertei o botão do elevador freneticamente. Eu queria ir o mais rápido possível pra minha casa e chorar até me desidratar. Eu o tinha perdido. Matthew não me amava mais. O elevador chegou e finalmente eu podia dar o fora daquele lugar. Quando achei que podia deixar minhas lágrimas me consumirem, percebi que teria companhia. Uma mão impediu que a porta do elevador se fechasse completamente... Eu não estava mais sozinha.


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