Deuses & Monstros escrita por Lena Lopez


Capítulo 4
Capítulo 03 – Pequenas Conversas (Madge McLean)


Notas iniciais do capítulo

Hei, tordos! Como vão? Enfim, vou aproveitar essa brecha nos meus compromissos e postar mais capítulo. Esse ficou meio grande, mas acho que vocês vão adorar. Enfim, boa leitura ♥



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Madge estava certa quando disse que o Instituto não passava de um acampamento. No pátio onde ela desembarcou, havia várias crianças correndo soltas e alguns grupos de jovens – não muito mais velhos que ela – sentados nas áreas com sombra e perto de uma grande igreja que, aos olhos da menina, era a parte central da cidade. As casas, muito parecidas com pequenos chalés, tinham várias cores e diversos formatos. Algumas eram como casas normais de Accalon, já outras possuíam designs estranhos que divertiam os olhos e a mente. As ruas, feitas de asfalto, constratavam com as calçadas, feitas de calçamento e granito. Em diversas partes existiam subidas e descidas nas ruas, que possuíam nomes próprios.

– Então, o que achou? – perguntou Sr. Reed

– É bem bonito. Lembra a universidade. – ela constatou

– Então vai se sentir em casa! Venha, temos que ir para o seu setor.

– Setor?

– Sim, seu setor. Aqui, as crianças são dividas em setores, que são cinco. As crianças de 8 a 10 anos e de 10 a 12 formam o Primeiro e o Segundo Setor, onde as tarefas são mais leves e fáceis, entende? – ele informou – Já os jovens de 12 a 14 anos formam o Terceiro Setor, e as de 14 a 16 formam o Quarto Setor, que, por acaso, é o seu.

– Mas é o Quinto Setor? – ela perguntou

– Bem, isso vai ser uma surpresa, minha querida Madge.

Então seguiram por algumas ruas até encontrarem um edifício – com forma e cor normais, graças a Deus – próximo ao Centro de Abastecimento do lugar. A residência era bem básica, sem muitos atrativos, apenas um enfeite logo acima da porta. Um par de asas cinzentas deixava a casa com um toque um pouco sombrio. Logo, Madge notou que em todas as casas havia um símbolo diferente.

– Hm, senhor Reed, o que significa aquilo? – ela apontou para as asas.

– Na verdade eu não sei, eles só me disseram que isso vai influenciar mais no meio da competição. – ele disse – Bem, é aqui que nos despedimos.

– Vo-Você não vai entrar comigo? – ela falou espantada. Como poderia deixa-la sozinha naquele momento?

– Infelizmente não. Segundo as normas do Evento você tem que se socializar sozinha, mas acredite em mim, vai ser fácil, Grace, Kyle e Scott são ótimos. – ele disse lhe entregando a mala.

– É claro. – ela pegou a mala – Vejo você em breve, Sr. Reed.

– Foi um prazer, Senhorita McLean.

E com essas palavras, ele deu um abraço apertado na garota, que recuou um pouco. Depois da demonstração de carinho forçada, ele fez uma breve continência e partiu, deixando a menina sozinha com suas malas e sem nenhuma instrução de como falar com aqueles totais estranhos que, a partir daquele dia, seriam sua nova família.

“Tudo bem, Madge, relaxa”. Ela tentou se acalmar e com sua mão esquerda, ela pegou a guia de uma das malas e com a outra segurou firmemente o guidão da outra. Madge seguia para o lugar com um pouco de desconfiança e medo. Durante sua travessia, várias crianças atravessavam seu caminho e caiam na frente dela, sempre se levantando e correndo novamente.

Quando chegou à porta da casa, Madge soltou uma das malas com cuidado e girou a maçaneta lentamente. Quando abriu a porta, deu de cara com uma sala extremamente limpa com paredes em tons de azul claro e marfim. Dentro da sala, havia um sofá relativamente grande, alguns quadros neutros e uma televisão média que passava uma programação com a qual ela não estava familiarizada.

– É o Canal do Instituto. – informou um menino que, até então, Madge podia jurar que não estava ali.

“Ah, que droga. É o Kyle”. Ele se xingou mentalmente por ter entrado na casa de maneira tão tensa.

– Meu nome é Kyle, Kyle Stryder – ele falou estendendo a mão para a garota, que continuava a encarar o menino.

– Sou Madge McLean – ela teve que se concentrar tanto para não gaguejar que se esqueceu de dar a mão para o rapaz.

– Eu sei. – ele forçou um sorriso torto, tirando a mão, um pouco constrangido.

“Ok. Ele é lindo.” Ela admitiu.

– Hm, é, onde estão... – sua memória insistia em falhar – Cadê a...

– Grace e Scott? – ele a ajudou – Bem, Grace provavelmente está na Igreja e Scott deve estar pela cidade tentando arrumar uma menina ou sei lá o que ele faz quando está fora.

– E você está em casa por que... – ela forçou interesse.

– O Reed disse que a outra menina, no caso você, viria logo, então decidi ficar e, você sabe, esperar. – aquilo a pegou de jeito – Alguém precisava te dar as boas vindas e fazer as apresentações. Posso? – ele falou se dirigindo para a mala de Madge, que ainda processava as palavras de Kyle.

– Ah, é claro. – ela anuiu confusa.

– Bem, já que você foi à última a chegar, ficou com o... – ele parecia tentar encontrar a palavra certa para explicar.

– Pior quarto? – Dessa vez, ela o ajudou.

– Pois é, mas ele não é tão ruim. Grace disse que só não o escolheria porque não havia muito espaço para seus terços e coisas do tipo. – ele dizia enquanto os dois iam para o novo quarto de Madge – Bem, espero que goste. – ele falou abrindo a porta do quarto.

O espaço não era muito menor do que o quarto de Madge na Universidade, mas mesmo assim era melhor do que imaginava. A única janela dava uma vista quase perfeita para a saída do Instituto e os móveis eram bem polidos e bem discretos. A cama era simples, mas também não era pequena. Nela, cabiam duas pessoas sem nenhum problema.

– Enfim, se precisar de alguma coisa, vou estar aqui fora. – ele falou cordial.

– Obrigado – ela respondeu.

Com um leve aceno de cabeça, ele deixou o quarto. Madge sentou na cama, sua cabeça girava, seu estomago grunhia e seu corpo tremia. Ela queria chorar, gritar e morrer, mas, com toda sua força interior, ela deitou a cabeça num dos travesseiros e fechou os olhos, evitando pensar em casa.

– Madge McLean? – uma voz feminina tirou Madge de seus lamentos – Você está ai?

“Grace”. Ela deduziu.

– Sim. – Madge tirou a cabeça do travesseiro e tentou arrumar os cabelos – Pode entrar, Grace.

E, com um pouco de hesitação, a garota entrou no quarto de Madge. Grace parecia uma boneca de porcelana. Seus cabelos eram ainda mais ruivos pessoalmente, ela era pequena e parecia ser muito frágil. Os grandes olhos amendoados eram ofuscados pelas várias sardas distribuídas irregularmente pelo rosto. Grace usava um vestido com um tom de rosa claro, quase branco, até o joelho. Suas sapatilhas eram bem comuns e as meias brancas iam até um pouco acima da canela.

– É um prazer conhece-la, moça. Sou Grace Fitzpatrick. – ela disse dando um sorriso – Vejo que você não desfez as malas. Seria muito incomodo eu ajudá-la?

– Não, de maneira nenhuma, Grace Fitzpatrick. – ela sorriu de volta.

Enquanto desfaziam a mala de Madge, as duas mantinham uma conversa descontraída e alegra. Grace disse que nasceu e cresceu em Tesser, que era neta de um pastor e que tinha orgulho de ser de Tesser, não importa o que os outros dissessem. Quando Madge disse que era filha do reitor da Universidade de Accalon, os olhos de Grace começaram a brilhar e logo a garota encheu a menina de perguntas. Logo, as duas já agiam como velhas amigas, mas, diferentemente de Jude, Grace parecia entender mais o lado de Madge. Quando a ruiva disse que não queria ser selecionada, Madge se encheu de esperança. Havia outras pessoas como ela no Instituto.

– Sabe, nem mesmo o Scott queria ser selecionada e olha que ele vivia em um orfanato.

– O Sr. Reed me disse.

– O que ele disse sobre mim? – Ela quis saber.

– Que seriamos grandes amigas.

– Bem, isso meio que está se tornando verdade, não é, Madge McLean?

– Eu concordo plenamente, Grace Fitzpatrick.

Após mais algumas horas de conversa, as duas já estavam exaustas e a noite já pairava sobre o Instituto. Logo seria feito o anúncio de começo do evento.

– Grace, eu realmente não queria incomodar você, meu doce, mas... – a risada de Madge foi interrompida pela entrada de Scott no quarto – Minha nossa, olha só, a outra garota! – ele falou espantado

– Oi, Scott. Como vai? – ela sorriu mais tranquila, estendendo a mão para ele, que tomou em sua posse e deu um leve beijo.

– Muito melhor agora, ma chèr. – ele falou com um péssimo sotaque francês.

– Nossa como você é inconveniente. – Kyle falou encostando as costas na porta. – Já pensou em iniciar uma conversa normal com uma garota sem querer cantar ela?

– Ah, Stryder, dá um tempo! Só porque você perdeu seu espirito de caçada não significa que eu vou desperdiçar o meu.

– Ok, eu não ouvi isso. – Kyle falou um pouco indignado – Espirito de Caça? O que é isso? Ah, esquece! Estamos atrasados para O Anúncio do Comando.

– Céus, o anúncio! Eu esqueci completamente. – Grace se lamentou.

– Qual o problema do Anúncio? – Madge quis saber.

– Nenhum. Grace só não gosta de ideia de ter o Comando ditando nossas regras e vidas. – Kyle explicou. – Para ser franco, eu também não gosto, dá uma sensação de abatedouro ou sei lá.

– Não importa, temos que ir de qualquer jeito. – Grace falou se levantando da cama. – Você quer trocar de roupa? – ela perguntou para a outra garota no recinto.

– Acha que eu devo? – ela indagou. Suas roupas pareciam ser tão adequadas quanto as da ruiva.

– Não. – Grace e Kyle responderam juntos

– Então, eu acho que podemos ir. – falou rapidamente enquanto calçava o par de sapatilhas na beira da cama.


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Notas finais do capítulo

Então, o que acharam? Eu gostei, adorei apresentar o Kyle, a Grace e o Scott. E, não se esqueçam de dar seus comentários! Sua opinião é muito importante pra mim. Até a próxima!
Lena;