- Julie! Como vocês estão? Deixe-me pegar minha neta. – Esme apareceu na varando, enquanto saímos do carro.

- Ela falou. Sabe qual foi a primeira palavra dela? – Contou Alice.

- Falou? Minha neta falou?

- Sim, ela falou mama. – Alice estava muito contente.

- Que gracinha! Fala vovó, fala. – Pediu Esme, mas a menina só riu. - Oi, Bella. Vamos entrar… Edward? – Ela notou o filho ao meu lado.

- Oi, mãe. Sem querer estragar o momento, mas estragando assim mesmo, eu preciso contar uma coisa. – Falou Edward entrando na casa.

- Contar o que? – Perguntou Esme, curiosa.

- Ele deve ter resolvido assumir que é gay. Não se preocupe maninho, ou agora devo te chamar de maninha? Não importa, o importante é que vamos te apoiar. – Brincou Emmett.

Emmett, Rosalie e Carlisle estavam na sala conversando.

- Idiota. – Bufou Edward.

- Que nada. Ele veio contar que está namorando. – Falou Alice.

- Namorando? Quem? – Emmett ficou sério de repente. – Por favor, que não seja nenhuma vadia.

- Sabia que era uma péssima ideia. – Resmungou Edward. – Não se meta na minha vida de novo e não se atreva a chamar a Bella de vadia.

- Vocês estão namorando? – Rosalie sorriu.

- Estamos. Quero dizer, nós estamos? – Edward me olhou de forma tão intensa.

Eu assenti, sentindo meu rosto queimar de vergonha e felicidade. Edward me deu um selinho rápido, mas demorado o suficiente para fazer Esme, Alice e Rosalie suspirarem.

- Até que enfim arrumou alguém que preste. – Bandou Emmett.

- Eu já disse para ficar na sua. – Edward ficou nervoso.

- Fica calmo filho. – Pediu Carlisle.

- Não, pai. Dá ultima vez, lembra-se do que aconteceu? – Perguntou Edward, irritado.

- Edward… - Esme tentou acalma-lo, mas foi em vão.

- A Emily foi embora, ela fugiu…

- Ela era uma vadia golpista, uma ordinária. – Interrompeu Emmett.

- Ela estava grávida! – Explodiu Edward.

- V-vo…você é pai? – Gaguejou Esme.

- Sou. Mas minha filha morreu. Quando eu finalmente encontrei Emily, ela estava de nove meses. Antes que eu pudesse fazer qualquer coisa, ela se apunhalou na barriga se matando e matando nossa filha. – Contou Edward, chorando.

Eu segurei a mão dele apartando. Ele me puxou para mais perto e me abraçou. Eu lhe dei um beijo no pescoço, numa tentativa muda de lhe tranquilizar, de mostrar que estou ao lado dele.

- Nós… nós não… nós não sabíamos de nada disso, não sabíamos que ela estava grávida nem… isso é horrível. – Alice chorava nos braços do marido.

- Eu nunca tinha contado para ninguém. – Edward disse quando estava mais controlado. – A Bella que me aconselhou a contar para vocês.

- Obrigada por isso, querida. – Agradeceu Esme.

- Não há de que. – Respondi sem graça.

- Como tem certeza que a filha era sua? – Interrogou Emmett.

- Depois que Elisa faleceu, pedi que fizessem um exame de DNA, ela é realmente minha.

- Elisa? – Sussurrou Esme.

- Sim, esse é o nome da minha filha.

- Perdão, cara. Prometo que não vou mais me intrometer na sua vida. – Falou Emmett, abatido.

- Promete nada. – Esbravejei. – Vocês são irmãos, não percebem que vocês são uma família? É isso que a família faz, um cuida do outro. Um se intromete na vida do outro por querer o melhor.

- Bella…

- Bella nada, Emmett, vocês não são crianças para agirem assim, são adultos, ninguém aqui teve culpa pelo que aconteceu. Parem de agirem como se não fossem irmãos. Eu sei o que é perder os pais e eu quase perdi meus irmãos, a dor é gigante. Aprendam a dar valor uns aos outros. – Falei realmente zangada.

- A Bella está certa. Eu sinto a falta de vocês, mas estava com tanta raiva que nem pensei em desabafar com vocês, eu deveria ter confiado em vocês. – Disse Edward, arrependido.

- Lembrem-me de agradecer ao Aro por indicar a Bella. Garota, você salvou minha família. – Brincou Carlisle, quebrando a tensão.

- O que você quis dizer com quase perdeu seus irmãos? – Perguntou Alice, ignorando a tentativa do pai.

- James saiu do orfanato um mês antes de mim…

- Por quê?

- Ele completou 18 anos…

- Não, por que ele saiu antes de você? Achei que fossem gêmeos.

- James e eu não somos irmãos biológicos, por isso temos sobrenomes diferentes. Enfim, quando ele saiu, ele levou o Jake e eu achei que nunca mais fosse vê-los novamente e teve outra vez que a Jane ficou muito doente e eu pensei que ela fosse m-morrer. Sem contar que eu quase desisti dos gêmeos quando completei 18 anos, tive medo de não saber cuidar deles.

- Você e James estão fazendo um ótimo trabalho. – Esme me abraçou.

- O papo está muito sentimental, mas eu estou faminto. – Resmungou Emmett, aliviando o clima instaurado na sala.

- Vocês ficam para almoçar? – Convidou Esme.

- Fica para uma próxima, nós já tínhamos planos. – Recusou Edward.

- Eu vou cobrar. – Alertou Esme.

- Tchau. – Acenei para todos.

- Onde quer almoçar? – Perguntou Edward, logo que entramos no carro.

- Achei que tivéssemos planos. – Relembrei-o da desculpa.

- Sim, temos planos de almoçar onde minha namorada quiser. – Edward riu e me deu um beijo rápido.

- Que tal na minha casa? – Sugeri.

- Pode ser. Assim já contamos para seus irmãos que estamos namorando. – Concordou Edward

- Os pequenos vão te obrigar a fazer um teste.

- Que tipo de teste?

- Sei lá. – Dei de ombros.

- Mas eles não fizeram esse teste com seu ex?

- Edward, você é meu segundo namorado. O primeiro foi há muito tempo. As crianças ainda usavam fraudas.

- Foi antes do… - Ele não completou o que iria perguntar, mas eu entendi o que ele queria saber.

- Depois. James e eu começamos a namorar no orfanato…

- Espere, você mora com seu ex e o apresenta como seu irmão para todo mundo? – Indagou ele, irritado.

- Sim. Tente entender, nós estávamos carentes, tínhamos acabado de perder nossos pais, não tínhamos amigos. Só tínhamos a nós mesmos. Eu não tinha ninguém da minha idade para conversar, os monólogos com os pequenos era frustrante. Depois de algum tempo, nós percebemos que confundimos tudo e que nos amávamos apenas como irmãos.

- Quando perceberam?

- Alguns dias depois que sai do orfanato, James me chamou para morar com ele e o Jake. Alguns meses de convivência foram suficientes para resolvermos terminar.

- Por quê? – Ele perguntou estacionando a porta da minha casa.

- Outro dia eu te conto. – Prometi e lhe dei um selinho.

Ao abrir a porta, me deparei com quatro crianças brincando na sala.

- Ei, tampinhas. – Cumprimentei-os.

- Mamãe! – Jacob e os gêmeos exclamaram juntos indignados.

- Oi, tia Bella. – Respondeu Sara, timidamente.

Sara é uma garotinha encantadora, ela é da mesma idade do Jake e estudam na mesma turma. Eles ficaram amigos no primeiro dia de aula e descobrimos que ela é nossa vizinha.

- O que ele está fazendo aqui? – Alec perguntou olhando para Edward.

- Eu o convidei para almoçar. Onde está James?

- Na cozinha. – Falou Jane, desconfiada.

- Vem. – Puxei Edward pela mão.

Quando entramos na cozinha, não resisti e quase repeti a mesma frase que Alice disse mais cedo.

- Tem crianças na sala.

- Bella… e Edward. – James nos olhou.

- Ah…oi Bella, Edward. – Victoria nos cumprimentou, envergonhada.

Victoria é a mãe da Sara. Ela foi abandonada grávida pelo namorado quando tinha 15 anos. O pai dela ficou chateado, mas sempre a apoiou. A mãe dela parou de falar com ela e só voltou depois que a Sara nasceu e ficou apaixonada pela neta.

James e Victoria estão juntos há algumas semanas, mas ainda não contaram para as crianças.

- Vamos contar hoje que estamos namorando. – Revelou James.

- Até que enfim. – Ri.

- Nossa conversa de ontem me fez criar coragem de encarar os pestinhas.

- Nós também vamos. – Contei.

- Como assim? – Indagou James, confuso.

- Edward e eu…

- Vocês estão… - Interrompeu Vic.

- Namorando. – Terminou Edward.

- Parabéns! – Exclamou Vic, me abraçando.

- Se fizer a Bella sofrer, te dou uma passagem só de ida para o cemitério. – James falou sério, fazendo Edward arregalar os olhos.

- Não te falei que é isso que irmãos fazem. – Sussurrei para Edward, que riu nervoso.

- Pare de assustar o Edward. Sua irmã merece ser feliz. – Ordenou Victoria.

- Obrigada, cunhadinha. – Agradeci.

- Certo, certo. – Resmungou James. – Fico feliz por vocês, mas, ainda assim, deixo bem claro que a Bella tem quem a proteja.

- O que tem para o almoço? – Mudei de assunto.

- Pensei em peixe a parmegiana, salada e de sobremesa bolo de chocolate com morango. – Comentou James.

- Precisa de ajuda? – Ofereci.

- Claro. – Aceitou James.

- O que eu faço? – Perguntou Edward.

- Você quer ajudar? – Questionou James. Edward assentiu. – Tudo bem. Pode preparar o suco?

Enquanto Edward preparava uma limonada, eu fiz a sobremesa, Vic a salada e James o peixe. Arrumamos a mesa e, quando a comida ficou pronta, chamamos as crianças. O clima estava bom, as crianças rindo, todo mundo conversando. Durante a sobremesa, James resolveu se pronunciar.

- Crianças, o que vocês achariam se a Bella e eu começássemos a namorar…?

- Um com o outro? Isso é nojento. – Jacob fez careta.

- Concordo, Jake.

- Tio James… a mamãe e você estão namorando? – Indagou Sara.

- Sim, gatinha. – Confirmou Vic.

- Então o tio James é meu papai agora?

- Sara! – Exclamou Vic, constrangida.

- Você quer que eu seja seu papai? – Perguntou James, ignorando a namorada.

- Quero. – Afirmou Sara.

- Então eu sou seu papai. – James sorriu.

- Eba! – Sara sorriu de volta.

- Espera um pouco. – Resmungou Jacob.

- Você não gostou que…

- Não é isso. – Alec tranquilizou Victoria.

- É que o Edward ainda não contou que está namorando a mamãe. – Complementou Jane.

- Tem razão. – Edward riu.

- Você num vai faze a mamãe sofrer, vai? – Indagou Alec.

- Espero nunca magoa-la. Eu gosto muito da Bella e adoraria fazer parte dessa família. Vocês deixam? – Pediu Edward.

- Você vai tirar a mamãe da gente? – Questionou Jacob, inseguro.

- Jamais. – Assegurou Edward.

- Então tudo bem. – Jane sorriu.

Quase não acreditei quando as crianças aceitaram tão facilmente. E a felicidade da Sara foi tão grande que a sobremesa ficou até mais saborosa.

As crianças foram para a sala assistir desenho enquanto nós, adultos, arrumávamos a bagunça do almoço.

- Vic, você me permite assumir a Sara? – Pediu James.

- C-como assim? – Gaguejou Victoria.

- Eu quero registrar a Sara como minha filha. Quero meu nome no lugar do nome do pai na certidão dela.