Chove torrencialmente. A noite está escura. Os passos no corredor de pedra são apenas abafados pelo som da chuva do lado de fora. A capa preta ondula tal a presa com que anda pelo palácio silencioso, onde todos dormem àquela hora da noite.

Para à porta do berçário, onde no seu berço, Rosalie, a princesa com poucas semanas dorme. Ao lado do berço, a ama, ressonando um pouco, dorme num colchão de palha. Entra e aproxima-se do berço, agora devagar tentando fazer o mínimo ruído. Pega na bebé e encosta-a ao seu peito sentindo o calor do seu corpo pequeno e frágil.

A ama continua a dormir quando sai silenciosamente com a bebé nos braços. Atravessa os corredores do palácio tampando a criança com a capa para os guardas não a verem. Sai por uma das portas traseiras, agora caminhando mais rápido de novo, o capuz puxado para cima. A carruagem preta confundindo-se com a noite à espera no pátio. Assim que entra a carruagem avança saindo dos muros do palácio e distanciando-se cada vez mais.

- Achais que fizemos bem? – Pergunta o homem que a esperava dentro da carruagem.

- Eles merecem. Mataram o meu filho e agora saberão o que é viver sem o deles. – Murmura implacável.

- Eles não foram os culpados. – Defende o homem.

- Ireis vacilar agora é? – Pergunta irritada.

O homem não responde.

Já estão bastante longe do palácio quando a carruagem se despista devido a um buraco na estrada.

Na manhã seguinte. A carruagem está virada ao contrário. O cocheiro e os ocupantes sem qualquer sinal de vida. Tudo silencioso. O único som que se ouve é o choro de um bebé.