Kurt amava brincar com seus Power Rangers.

Talvez Kurt brincasse de um jeito um pouco diferente, mas ainda assim, ele era apenas o um garotinho de seis anos.

– Mas pai, se o Azul ficar com a Rosa e o Vermelho com a amarela, o preto vai ficar sozinho! E se eu colocar o Azul com o Preto e a Rosa com a Amarela, quem vai ficar sozinho é o vermelho! Como ele pode viver sozinho? Ele precisa de alguém pra passar o resto da vida com ele. – o pequeno dizia em tom de insatisfação.

– Kurt, temos mesmo que passar por isso todos os dias? A coleção tem cinco bonecos, um deles tem que ficar sozinho, você não pode fazer apenas dois casamentos? – Sim, uma das coisas que Kurt mais gostava era realizar casamento entre seus Power Rangers, ás vezes até divórcio, mas ele gostava mesmo da festa de casamento.

– Eu não quero que nenhum fique sozinho... Tem que existir algum jeito de todos serem felizes para sempre!

– Bem, eu tenho certeza que você vai encontrar uma maneira, agora eu tenho mesmo que trabalhar.

Os dias de Kurt eram quase sempre os mesmos durante as férias, ele não ia pra escola e brincava em casa, porque não podia sair, e não tinha ninguém para brincar com ele além de seu pai. Desde o dia do parque, que já tinha sido a um longo tempo para Kurt, ele não tinha visto mais Blaine. Apenas rápidas passagens pela sua casa a procura de Finn.

– Kurtie? – Uma voz bem conhecida chamava Kurt enquanto subia as escadas.

– Blaineeey !! – E como sempre, o mais novo se jogou no colo de Blaine, em um abraço apertado, esquecendo completamente dos ses bonecos e de seus pensamentos.

– O que você está aprontando por aqui? – Blaine encaixava Kurt um pouco melhor em seu colo.

– Eu estou fazendo o casamento dos meus Power Rangers, mas só tem cinco bonecos, e eu não quero deixar nenhum sozinho... Espera, o que você está fazendo aqui? Finn saiu com Rach, e eu acho que eles não vão chegar tão cedo.

– Ah eu sei, na verdade hoje eu vim aqui pra falar com você! - Blaine já estava com seu sorris radiante – Quer ir ao aquário comigo?

– Aquário? Eu nunca fui lá. Você quer mesmo que eu vá com você?

– Sim! Eu vim aqui só pra te chamar, você vai poder ver tubarões e um monte de animais pra poder colocar no seu zoológico. Se você quiser ir...

Fazia tempo que Kurt não se sentia tão animado com um passeio, na verdade, o único dia que ele se sentiu assim foi quando foi ao parque com Blaine.

– Eu quero, quero muito! Espera um pouco – Kurt desceu as escadas correndo, e gritando – Paaaaaai, eu quero ir ao aquário com B, deixa eu ir! Por favor!

– Calma garoto, o que houve? – Burt estava limpando mãos com graxa da oficina.

Blaine segui Kurt até a oficina, para poder falar com seu pai.

– Ei Sr. Hummel, eu estava pensando em levar o Kurt hoje ao aquário, se o Sr. Deixar é claro, eu vou tomar conta dele, e não vamos chegar muito tarde....

– Ahn, esse não é o problema, eu confio em você pra cuidar do meu filho. Só não quero que seja um incômodo pra você ter que ficar com ele o dia todo.

– Não! De maneira nenhuma, eu que vim aqui chamá-lo. Ele pode ir?

– Hmm, não vejo porquê não. Tomem cuidado, os dois!

Kurt nem esperou seu pai falar mais nada e correu novamente para colocar sua melhor roupa, em poucos minutos ele já estava no portão chamando Blaine.

~K&B~

O caminho do ônibus era um pouco longo, os dois meninos estavam em silêncio a maior parte do tempo, Kurt estava encostado no braço de Blaine enquanto olhava atentamente a janela para não perder nenhuma parte importante da cidade.

– Como é o aquário Bee?

– É fantástico, eu acho... Tem tubarões, pinguins, vários peixes diferentes, algumas focas. Você vai gostar, eu espero.

Kurt sorriu e voltou a seu silêncio, olhando novamente pela janela até chegar ao aquário.

~K&B~

O ônibus parou em frente a um prédio todo azul, com várias janelas espelhadas. Kurt desceu do ônibus o mais rápido possível para não perder tempo.

–Uaaau! Blaaine, é enorme!

– Espera só você ver como é por dentro.

Blaine pegou na mão de Kurt e os dois se dirigiram para a bilheteria dentro do prédio. Assim que Blaine pagou os igressos eles andaram por um corredor com vários tanques enormes, cada um com vários peixes, de várias cores, tamanhos e formatos, os olhos de Kurt estavam mais brilhantes e azuis do que o normal, ele estava completamente encantado, e neste momento ele desejou com todas as forças que seus olhos pudessem filmar tudo para que ele não pudesse se esquecer deste dia.

– Bee!! Olha esse aqui, ele é enorme – Kurt apontava fascinado para um peixe laranja escondido embaixo de uma pedra.

– Vem aqui Kurtie, tem uma parte mais legal – Blaine puxou o braço de Kurt para descer as escadas. O andar estava um pouco mais frio, fazendo Kurt se encolher um pouco, mas ele esqueceu do clima assim que viu alguns pinguins deslizando no gelo com a barriga pra baixo.

– Blaaaaaine!! Olha só, eles são incriveis, eu nunca tinha visto um pinguim de perto, ele é tão... – Kurt estava ofegante e saltitante, e naquele momento Blaine sabia que tinha feito certo em levar Kurt ao aquário.

– Não são? Eu adoro o jeito que eles andam com essas perninhas curtas – Blaine acompanhava o ritmo de empolgação do mais novo – venha, tem alguns filhotes por aqui!

Os meninos caminharam mais um pouco até o fundo da sala, para poder ver um outro vidro onde estavam os filhotes. Kurt correu e encostou suas mãozinhas no vidro, olhando atentamente cada passo dos filhotes.

– Bee, eles são tão fofos! Parecem bonequinhos de pelúcia.

– Sim, eles são! – Blaine pegou as mãos de Kurt novamente arrastando ele para outro local – Vem aqui, a minha parte favorita!

Eles desceram uma rampa e andaram entre alguns tanques gigantescos e pararam em frente a uma exposição de focas, onde os olhos de Kurt passearam demoradamente, ele sabia que ele podia passar o resto do dia apenas observando elas mergulharem e expirrarem água para todos os lados.

– Ahn, não tem mais nada por aqui, vamos subir – Os dois então voltaram para o andar superior, e passaram por uma porta que levava ao lado de fora do aquário. Onde ficavam as piscinas dos golfinhos. Kurt nunca gostou muito de peixes, mas ele jamais imaginaria que poderiam ter tantos animas incriveis no aquário.

– Olha só esses saltos! Blaine esses golfinhos são demais!

– Você quer tocá-los?

– E-eu posso?

– Mas é claro, eles são muito dóceis vem aqui!

Os meninos se aproximaram da piscina e conversaram com a funcionária responsável, ela disse que eles poderiam acariciar os golfinhos desde que não dessem comida para eles.

Kurt chegou o mais perto possível da borda, e esticou sua mão levemente para tocar o nariz de um dos animais, que soltou um grunhido. O castanho soltou uma risada e se afastou.

– Blaine, eu amei, isso é... maravilhoso!

Kurt poderia honestamente dizer que ele não tinha tanta diversão em anos, mas ele não sabia se era possível pois ele viveu apenas seis anos.

– K, nós ainda não vimos os tubarões!

– Ah, como eu pude me esquecer! Blaine, vamos agora, vamos ver os tubarões!

Os dois meninos correram para a parte interior do prédio e subiram algumas escadas. Chegando no segundo andar perceberam que os pisos eram todos de vidro, Kurt olhava fascinado para a água a baixo de seus pés. De repente tomou um susto quando viu dois tubarões imensos nadando sob seus pés.

– Blaine! Bee, você tá vendo isso!! – Kurt mantinha seus olhos fixos nos animais – Eles são gigantes! Eu nunca vi um tubarão tão grande!

– Eles são mesmo enormes, pena que aqui não tem baleias, elas são maiores ainda.

Kurt ainda olhava atentamente toda a paisagem, as paredes eram tanques de vidro gigantes com centenas de peixes diferetes, e o chão também de vidro com os mais incriveis tubarões do mundo. Tudo era fantástico, era maravilhoso, Kurt jurava que nunca tinha visto nada igual. Ele amava o aquário.

– Kurt, precisamos ir. Já está ficando tarde, logo eles vão fechar – Kurt não consegui esconder seu olhar de decepção, ele apenas acentiu e acompanhou o moreno.

Em poucos minutos eles chegaram na porta de saída, mas antes de partirem Blaine passou na loja de lembrancinhas e comprou uma foca de pelúcia, e um bebê pinguim, também de pelúcia.

– Heey K, este aqui é pra você – disse entregando o bebê pinguim – Você tinha dito que os filhotes pareciam ser feitos de pelúcia, agora você vai ter uma lembrança deles. Eu vou ficar com a foca para também poder lembrar deste dia.

– Muito obrigado Bee, eu adorei. De verdade, eu adorei hoje.

– Eu fico feliz que tenha gostado, ainda vamos voltar aqui mais algumas vezes, eu amo esse lugar.

Os dois garotos sorriram e deram as mãos uma ultima vez naquele dia prontos para irem embora. Kurt não estava mais tão triste, ele sabia que existiriam outras oportunidades de sair com Blaine. Afinal, ele nunca estaria pronto para dizer adeus ao moreno.