Um Conto De Fadas Em Miami - Fic Interativa escrita por Words of a stupid girl


Capítulo 8
Capítulo 7 - Trollando em Bayside


Notas iniciais do capítulo

Uhulll oi mais uma vez!!!!!!
saí correndo hoje, para terminar o cap, então me avisem se houver falhas na escrita!!!! na verdade, eu estou constantemente tendo que sair correndo, senão não vou conseguir terminar a fic no dia que eu quero!!!! e eu preciso terminar nesse dia, porque será o mesmo dia em que a história vai terminar!!!!!

A pergunta da semana retrasada foi, se não me engano: quem vc resgataria de uma torre. Bom, eu resgataria o Brant Daugherty, o Noel de pll, por razões óbvias. Lindo, perfeito, maravilhoso! ou então, Rick Riordan, pq amo os livros dele!!!!! O que me faz lembrar: estou lendo A Marca de Atena agora, e acho que isso influenciou o cap. Para falar verdade, a fic inteira parece com PJ, mas acho que este cap em especial, ficou mt parecido.

Enfim, está aí. Curtam o capítulo. Pensei que vcs gostariam de ouvir a história de outro ponto de vista, que não o da nossa princesa Elisabeth, então convoquei Rider, nosso lindo cavaleiro de armadura reluzente, para narrar as coisas do ponto de vista dele!

leiam as notas finais!!!!!!!!!

playlist: Reflection- Mulan
Misunderstood- Bon Jovi



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O som das ondas se quebrando. Aquele que se ouve ao colocar uma concha no ouvido. Aquele ritmo incansável que nos faz sonolentos. Aquela melodia contagiante que nos rouba a atenção e nos faz perder uma parte de nosso tempo, apenas para sentarmos em um cantinho confortável de areia e contemplarmos a beleza estontiante do mar. Definitivamente, era esse o som que ele ouvia. Que não conseguia deixar sua cabeça enquanto tentava se concentrar em coisas mais importantes, como dormir, por exemplo.

Mesmo assim, Rider nunca havia pensado como o som das ondas parecia tanto com... Respiração.

-AAAAHHH!!!!!!! -ele gritou impressionantemente alto, se afastando da cabeça enorme de tigre branco. -Alison, vê se controla esse seu bicho!!!

Mas a garota não estava ali. Não havia sinal de pessoa alguma, na verdade, fora ele e Lisa, que ainda dormia.

Parecia bem cedo. Não daria mais que cinco horas da manhã para o azul suave do céu, em contraste com as águas escuras e geladas. E ele queria dizer geladas mesmo. Se bem que na noite passada, nem se importou tanto com a temperatura. Estava sentado de mau jeito na areia, de frente para Miami Beach, que parecia vazia a essa hora. Era abrigado do sol suave e dourado pela sombra de um posto de salva-vidas. Este era particularmente estranho: era todo desenhado para parecer uma bandeira dos Estados Unidos.

Mike o contornou para chegar à sua esquerda, onde Lisa afogava os cabelos emaranhados em areia. Sentou à sua frente e esfregou a cabeça em sua barriga, como um gatinho, para que acordasse. E não é que o animal tinha arranjado um estranho afeto pela garota? Pena que só por garotas, pensou Rider. Não que tivesse medo dele, longe disso. Contudo, não pôde deixar de notar o suave rosnado toda vez que chegava perto de Alison.

Estaria mentindo se dissesse que não quis, por um segundo, que a irmã acordasse. Seria hilário ouvir o grito que ela soltaria ao ver um felino exótico tamanho família se esfregando em cima dela. Afinal, esse é o mal de qualquer relação entre parentes, ou amigos muito íntimos: o prazer na implicância. Ver a graça na desgraça alheia. De um jeito amigável, é claro.

Voltou-se para a rua, a parte civilizada e povoada daquele lugar. Ainda estava repleta de carros luxuosos, não porque as pessoas resolveram levantar cedo, mas porque resolveram dormir beeeem tarde, mesmo. Mas, ei, eram férias, não é? Os prédios baixos emparelhados já tinham as luzes neon desligadas, para o bem dos olhos de Rider. Na noite anterior, tentaram se afastar ao máximo do Colony Hotel, indo para norte. Agora, ainda na mesma rua, se encontravam em frente a um clube, uma casa noturna de cor roxa, aberta ainda de manhã. Ao lado, ele conseguiu ver um pontinho preto e dourado se movendo pela calçada. Mas espera um minuto! O pontinho ia em direção... a eles?

Felizmente, em poucos segundos, a praia foi inundada pela presença chamativa de Alison Starlling (que, na opinião de Rider, tinha uma certa tendência a desaparecer. Opa, brincadeira de mau gosto!). Ela foi logo se atirando, com um sorriso de um branco invejável, em um abraço macio e apertado bem no pescoço do... não, não foi no pescoço do garoto, embora não fosse reclamar, se isso acontecesse. Foi no do tigre.

-Oh, Mike! Você voltou! Pensei que nunca mais nos veríamos! Como conseguiu sair daquele lugar horrível? -ela falava como se realmente esperasse que ele respondesse. -Ah, não importa! Quem é o garotão mais esperto e corajoso da Ali? Quem é? Ah, é você, sim! É você!

-Dois dias seguidos... -murmurou Lisa, entre um bocejo, levantando a cabeça preguiçosamente para se sentar. -... dormindo no chão. Só espero que isso não se torne um hábito. Bom dia!

-Bom dia! -respondeu Ali. Ela estava em um tremendo bom humor naquele dia. Talvez porque, na noite passada, além de se livrar de um cativeiro de um ano, mais ou menos, ainda se tornara a primeira renascida com identidade definida, a reencarnação da Rapunzel. Eba, menos uma! Faltavam apenas... um número indeterminado. Porém, Rider estava bem orgulhoso de si mesmo por ter encontrado sua primeira companheira de missão. Imaginava se, em algum lugar, Charlie e Jane estariam orgulhosos, também. -A propósito, aproveitando que tocou no assunto: por que exatamente vocês dormiram... abraçados?

Os gêmeos se entreolharam, nada satisfeitos.

-Por que nós continuamos fazendo essa viadagem?????!!!! -indignou-se o garoto. Lisa concordou com o olhar.

-OK, o assunto não agradou. Recaptulando: enquanto vocês dormiam, eu fui dar um passeio por aí. -a felicidade era nítida em seu rosto. -Peguei emprestado, para não dizer roubei, algumas coisinhas. Rider, pega!!

Ali atirou para ele um monte de pano vermelho, que logo foi identificado como uma camisa novinha. Bom, era o mínimo que ela poderia fazer, depois de brutalmente tirar a camisa preta dele do corpo para... para cobrir sua lingerie. É, tinha um bom motivo, apesar dele ser totalmente contra. Na sacola biodegradável de loja chique que a garota segurava, ainda parecia ter algumas peças de roupa, só por precaução. E ainda tinha, pendurado no outro braço, um saco plástico contendo três cocos bem verdes. Até na hora de roubar os outros, ela era organizada.

Parecia que tivera tempo de sobra para sair por aí, pois até ela mesma já estava, digamos, vestida apropriadamente. Andou pilhando uma legging azul, que destacava seus olhos, vestindo-a por baixo da camisa preta de Rider. Tinha dobrado a camisa, para se ajustar melhor ao corpo e colocado um cinto, que servia tanto para guardar sua espada grande e dourada, quanto para marcar sua cintura. Finalmente, tinha nos pés botas de cano baixo, mesmo com o calor que fazia e que não aparentava incomodá-la. Estava até que bem sexy, pensou Rider. Mas, claro, não levou o comentário à tona, pois a espada era, de fato, bem afiada.

Os cocos verdes foram cortados pela arma com certa dificuldade, e distribuídos entre os três, e Mike ficou muito satisfeito com a água que pingava de uma torneira, lá perto. Quando acabaram, Rider se sentiu meio culpado por ainda ter fome e sede, mas as garotas também pareciam estar na mesma situação. Lisa, pigarreando, disse:

-Alison, o que fez no cabelo? Da última vez que olhei, ele era...

-... escorrido, eu sei. -a loira completou a frase, mostrando um detalhe que Rider havia pulado. O cabelo de Ali, antes liso, agora caía ondulado sobre os ombros. -Tenho meus truques. Afinal, uma garota tem que cuidar da sua beleza, não importa se não tem eletricidade, ou sabonete no lugar onde está.

-E, claramente, minha irmãzinha não sabia disso! -Rider riu do estado da garota, toda suja e descabelada. Mas riu sozinho. Como dito anteriormente, o prazer da implicância só é apreciado por pessoas muito próximas. Lisa o fuzilou com o olhar, como se dissesse "Cale a boca, seu idiota". Alison não teve escolha, senão impedir a briga:

-Bom, infelizmente, não consegui achar comida fácil por aqui. Só restaurantes caros. Agora que estamos livres, para onde vamos?

-Com o Mike? A lugar nenhum! Vemos ser presos por não ter licença! -Rider tocou em um ponto um pouquinho importante. Em reação, Ali começou a pensar. Era como se buscasse algo bem no fundo de sua mente, e não conseguisse lembrar. Com um estalo de dedos, a resposta veio a ela.

-Se eu não me engano... lembro de algumas conversas de Carl. -a garota estremeceu ao falar esse nome. Provavelmente, faria isso por um bom tempo. Compreensível, visto que ele quase a derrubou do segundo andar. -Ele conseguiu uma licença ilegal com um cara do casaco comprido, ele disse. Em um lugar... Algum lugar em Downtown Miami, perto do porto. De quebra, ainda tem uma McDonald's ótima por lá. Sabem, eu literalmente degolaria alguém por um cheeseburguer, no momento.

-Só tem um problema. -explicou ele, com ar de superior. -Downtown Miami fica muito longe para se ir a pé. Demoraríamos o dia todo para chegar. Não vamos até lá só para procurar um suposto cara do casaco comprido.

-Então, o que sugere, pessoa complicada? -Lisa cruzou os braços.

-Eu... não sei ainda. -ele admitiu, olhando para o mar. -Mas pensarei em alguma coisa.

-Tá. Enquanto você pensa, a gente vai indo. Mike, junto! -Alison fez sinal para o tigre se postar à sua direita. Rider fitou a irmã, arqueando uma das sobrancelhas.

-Lisa? -ele esperava que o seguisse, como sempre acabava fazendo. Porém,dessa vez, a garota pegou o diário, a mochila, levantou-se e ficou à erquerda de Ali. Sem falar uma palavra, os três se viraram e partiram para a calçada, deixando o garoto sozinho, sentado, de frente para a praia. Silêncio. O som das ondas era tudo o que ouvia.

No começo, ele se calou, cerrou os punhos e lá, ficou. Mas não demorou muito para que estivesse correndo em direção às garotas:

-Esperem!!! Eu não gosto de ficar sozinho!!!!!!!

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Era exatamente meio dia. As doze badaladas do relógio ribombavam em ecos demorados pelo porto de Bayside, indicando, para os desavisados, o início da tarde. Além das lanchas e barcos pequenos ou médios, privados ou cruzeiros aportados, uma estrutura se erguia sobre o pavimento como uma grande mistura de branco, salmão, azul-mar e palmeiras. As cores pastel e formas davam um aspecto feliz, animado e pacífico à paisagem, como um pequeno shopping ao ar livre, onde todos os turistas poderiam passear despreocupados com seus parentes e amigos. E vamos combinar... Quantos parentes e amigos! O lugar parecia até ter engarrafamento de pessoas!

Ao fundo, El Loro, o navio pirata vermelho, descansava nas bordas do infindável oceano, parado entre ele e um pequeno batente de concreto. Estava vazio -os passageiros já haviam saído depressa, e, então, esperava pacientemente por novos para o próximo passeio. Entre os que partiam, andava um grupo de viagens relativamente pequeno, todos (ou pelo menos quase todos) usando uma camisa marrom amarrotada estampada de canguru. Ao som das doze badaladas, iniciava-se a meia hora que o grupo teria para conhecer as fabulosas lojas do porto. Ou seja, nada de chá gelado ou garotos latinos, e nada para piorar seu dia, certo? Errado.

Os Medinner Chansen acabavam de passar pela porta baixa e estreita de madeira de uma loja de produtos naturais e ecológicos. Todos os vendedores ali pareciam um tanto estranhos e fedorentos, com seus uniformes verde-claros e pendurando avisos por toda a loja, como "Ajude os porcos-espinho" ou "reciclar é legal". Heather imaginou se todos eles não estariam reciclando banhos, também. Se sim, não seria a primeira vez que isso acontecia em sua vida.

Os pais da garota voaram para o meio de produtos que ela não tinha a mínima ideia de como foram reciclados, e não tinha muito interesse em saber. Seu estômago agradece. Ela e a irmã decidiram, então, por sentar-se em um sofá grande e verde encostado na parede.

Era esquisito como todo aquele lugar, sem exceções, tinha a cor verde.

Ao sentar-se, seus os olhos imediatamente atravessaram as janelas, no caminho para a multidão que se formava por entre os quiosques de chapinhas e artigos de beleza. A cada pessoa que passava, era uma tentativa diferente de fazê-la testar a "Super Master Chapa 2000 com Vapor e Acessórios Embutidos". Naquele momento, agradeceu por gostar do cabelo ondulado. A irmã continuava lendo o mapa, alheia a todos, como se estudasse em silêncio para uma prova de geografia. Não ficaria surpresa. Ela sempre queria se mostrar a mais inteligente.

O vidro da janela mostrava claramente o reflexo de Heather: seu cabelo se encontrava, agora, um pouco bagunçado, mas nada que um bom e velho pente não resolvesse. Sua pele, como suspeitava, queimada, mesmo depois de usar toda a embalagem de filtro solar. Os olhos grandes e redondos olhavam para o vazio com uma profundidade e um verde maior que o próprio mar. A garota deu uma segunda olhada em suas roupas: a camisa de tie-dye parecia mais amarrotada e, no pescoço, seu totem aborígene, presente de uma tia que vivia perto do deserto, pesava mais que o normal. Pensativa, apoiou a cabeça nas mãos.

É fato consumado que americanos são mais propensos a julgamentos. Como não seriam? Vivem, como ninguém, de aparências! São mestres na arte de ditar como as pessoas devem pensar e agir! Cada um que passa por qualquer local público está, a toda hora, sendo julgado por tudo o que faz ou fala ou é. Era assim que Heather se sentira mais cedo, no barco. E era esse tipo de sentimento que não conseguia deixá-la, desde então. E ela odiava esse tipo de sentimento.

Na verdade, ela nunca foi de ligar para o que os outros pensavam dela. Em um dia normal de Brisbane, estaria apenas curtindo o passeio, rindo alto, andando despreocupada, tropeçando algumas -muitas- vezes. Mas, claro, lá não era Brisbane. Não que sua cidade não tivesse um ou outro metido a superior ou a valentão, porém, poucos olhares curiosos eram uma coisa que já havia aprendido a aturar. Lembrou-se do que aquele garoto falara: "é meio constrangedor, seu pai ter uma profissão tão... Peculiar. Mas acredito que deva saber" Quer dizer, era como se tivesse dito que ela deveria sentir vergonha por não sentir vergonha da família!

Quanto mais parava para pensar naquela frase, mais começava a ficar paranoica. Agora, em toda esquina que dobrava aparecia mais um espertinho os olhando como se fossem a coisa mais esquisita do mundo. Talvez fosse somente sua imaginação, mas era essa a sensação que tinha.

Heather não admitia se sentir assim, ainda mais em um lugar tão fabuloso como aquele. Onde estava a garota alegre e relaxada do começo do dia? Se ao menos tivesse algo com o que se distrair...

De repente, seus olhos captaram uma imagem familiar: parado diante de uma vitrine de eletronicos, estava um garoto que fazia uma cara de irritado para algumas capinhas para celular. Era baixinho e gordinho, com bochechas rosadas e cabelo castanho escuro.

"Bruce!!", pensou. Olhou ao redor para certificar-se de que seus pais ainda examinavam os produtos. Pelo que viu, ficariam ainda um bom tempo na loja. Bom. Se ia ficar aqui por meia hora, pelo menos ela podia se divertir um pouco.

-Maninha, já volto! -avisou à irmã, que apenas concordou com a cabeça, sem dizer uma palavra. Heather, então, levantou-se devagar do sofá. Olhou mais uma vez a loja verde. Seus pais estavam empolgados, vasculhando uma prateleira de "dream catchers". Isso a fez sorrir. Sabia que, no fundo, eram boas pessoas, e isso transparecia, mas...

Saiu de fininho pela porta e correu para a outra loja, tomando cuidado para não ser atropelada por carrinhos de bebê ou pessoas cheias de sacolas de compras. Quando chegou, quase que tropeçava de novo na própria calça. Porém, se agarrou na parede antes disso acontecer.

-Bruce! Oi!! -ela falou alegremente, enquanto tentava se equilibrar novamente. -Lembra de mim? A garota que derramou chá gelado em você!

Ele não respondeu. Encarava, com as mãos no bolso, uma capinha de celular à mostra na vitrine. Seu olhar era de raiva, se bem que Heather conseguiu notar uma pitada de tristeza. Bruce respirou fundo, mas continuou calado.

-O que está olhando aí? -ela se esgueirou por trás dele e descobriu: era uma capinha como outra qualquer, com estampa de exército. Ele pareceu, finalmente, perceber sua presença.

-Justo quando meu dia estava começando a ficar bom... -deu um sorriso irônico.

-Ah, deixa disso! Você sabe que me ama. -ele foi andando para a direita, como para despistá-la, mas ela o seguiu. -Bom, eu não tenho nada para fazer, você também não... O que acha de sairmos por aí? Eu ia adorar ter alguém com quem conversar!

-Eu preferiria me afogar no oceano. -ele respondeu, secamente. Continuou andando, e ela foi atrás.

Vagaram por alguns minutos, entre as mais diversas lojas, todas movimentadas, o que, aliás, era o único som que ouvia. Heather olhava, nervosa, para os lados. Começava a pensar que estava demorando demais para voltar à loja de artigos naturais na qual esteve antes.

Bruce ainda estava emburrado. Passando à sua frente, ignorava-a. Heather tinha todos os motivos para ficar brava com aquela má atitude. Entretanto, estranhamente, se sentia mal por ele.

Passado um tempo, percebeu algo vindo de detrás deles. Algo que o outro garoto parecia não notar. Virou-se, e deu de cara com duas figuras conhecidas. Tinha certeza de que já havia as visto antes: dois homens altos e grandões, lado-a-lado, com os braços enormes e musculosos cobertos pelas de grandes camisetas marrons, com cangurus estampados. Rapidamente, lembrou-se de tê-los visto no passeio de barco, mais cedo. Eram os dois que ficavam olhando descaradamente para ela. Logicamente, continuaram encarando-a enquanto se encolhia, envergonhada. Normalmente, nem ligaria para isso. Mas era só pensar que a voz do garoto voltava à sua cabeça. "Seus pais não são aqueles dois doidos ali na frente?". Não se permitiria ouvir aquela voz mais uma vez.

-Ei, quer saber? Por que a gente não vira naquela esquina? -ela puxou Bruce pelo braço, forçando-o a fazer o que ela dizia. Viraram à esquerda numa esquina e, no final, acabaram por sair do alcance deles. A garota suspirou de alívio.

-Por que você ainda está aqui? -Bruce perguntou com amargura, puxando de volta o braço e parando no meio da passagem. -Eu não fui claro o suficiente?

Tá legal. Aquilo era demais até mesmo para ela.

-Por que você é tão mau comigo? Eu só estou tentando ser legal! -que se dane o resto do porto. Ela ia gritar, mesmo. -Já olhou a sua cara? Você está miserável! Sou tão irritante assim por querer ajudar?

-Talvez eu não queira sua ajuda! -ele revidou. -Talvez eu só queira que você me deixe em paz!

Bruce cruzou os braços e apenas esperou, zangado, a resposta que viria da boca de Heather. Ela acalmou-se. Lembrou-se de uma coisa que sua tia, a do deserto, a disse uma vez. Segurou nas mãos o colar no pescoço. A voz saiu automaticamente enquanto pensava:

-Sabe o que é um totem australiano, Bruce? -ele fez uma cara de confuso. -Foi o que pensei. Nenhum norte-americano sabe que também há totemismo na Austrália. Enfim, para os aborígenes, o totem é uma figura que tem algum tipo de ligação entre as pessoas vivas e seus ancestrais. Uma ligação que eles não podiam entender. Desde que eu te encontrei, hoje de manhã, senti uma ligação muito estranha entre nós dois. No começo, eu também não a entendia, mais agora, isso mudou. Eu percebi que, afinal, nós não somos tão diferentes assim.

-Não?

-Não. Veja bem, eu nunca fui do tipo de garota que tem muitos amigos. E, pelo que vejo, suponho que você não seja, também.

As feições de Bruce, de repente, suavizaram-se. Foi quando ela soube que sim, havia tocado em seu ponto fraco. Continuou:

-O que quero dizer é que fazer cara feia não vai levar nenhum dos seus problemas embora. E com essa atitude de afastar as pessoas, você só vai se tornar mais e mais solitário. Quer dizer, mais do que já é. -ela ficou quieta por uns segundos. Queria ver sua reação. - Bom, eu vou indo, se é isso o que quer. Se não for, bem, é como dizem: "Mi casa és su casa".

Já estava pronta para sair dali, quando ele a parou.

-Seu espanhol é péssimo. Um dos piores que eu já ouvi na minha vida. Pelo menos sabe o que essa frase significa? -ele a insultava, mas tinha um sorriso no rosto. Heather entendeu aquele sorriso. Era uma trégua.

-Agora eu posso dizer que esse é o começo de uma grande e bela amizade? -ela perguntou, com cara de boba.

-Não! Nunca!

-hmm... Dá para o gasto. -ela ponderou, sorrindo. Bruce revirou os olhos, mas sorriu também. Ele ficava muito melhor sorrindo.

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Rider não conseguia acreditar que existia mesmo um cara do casaco comprido.

Já passava do meio dia e, agora, Alison já podia se considerar dona de um enorme tigre branco que os seguia pelas belas calçadas da parte mais rica de Miami. Era uma dona ilegal, na verdade, mas quem é que poderia contestar? Tudo o que importava era que o grupo já estava limpo, asseado, e tinha licença para andar com Mike por aí. Rider havia vestido a camiseta vermelha que ganhara mais cedo, e Lisa não tinha mais areia no cabelo. Vestira uma camiseta colada preta com ombros caídos e estampa de lobo, que a deixara um tanto desconfortável. Seu cabelo, como sempre, estava preso.

Tinha sido uma novela para chegar até lá. Tiveram que andar por horas a fio, desde as cinco da manhã, até chegar ao seu destino. Tudo isso a pé. Se ainda restara alguma caloria dos cocos que comeram, com certeza perderam na caminhada. Passeavam, no momento, por entre as lojas do porto, onde Alison jurara ter uma lanchonete deliciosa. Até protestaria, mas tinha tanta fome que qualquer lugar servia para ele.

-Tem certeza de que estamos indo na direção certa? -se dirigiu à loira, que estava bem ao seu lado.

-Uhum. -ela assentiu. -Lembro que já vim aqui com os meus pais uma vez, numa viagem que fizemos quando eu era pequena. Sabe, antes de...

Ele queria completar "antes de você ser sequestrada", mas não julgou necessário. A garota esboçou um sorriso gentil para ele. Um lindo sorriso branco.

Rider não sabia bem o que pensar sobre Alison. Ela era, sem dúvida, uma garota linda. Seus cabelos compridos pareciam feitos de ouro, seus olhos, de safira, e seus dentes, de diamantes. E seu quadril rebolativo, então? E várias vezes, ela dava a impressão de estar flertando com ele. Porém, algumas vezes ela só... Não dava essa impressão. Como no pequeno desentendimento que tiveram mais cedo. Ele só não tinha certeza de em qual desses indícios deveria confiar.

Bobeou por um segundo, e Alison o ultrapassou. Deu uma pressa para alcançá-la, pois gostava de ir na frente, diferente da irmã, que ia atrás de todos, com o olhar voltado para baixo. Ela sempre teve uma certa dificuldade em olhar para os olhos dos outros.

Lisa, notou ele, até que estava bem calada naquele dia. Quer dizer, mais que o normal. Talvez fosse por causa dos novos integrantes do seu grupo, embora ele achasse que já havia se enturmado devidamente com Ali e Mike. Mas, também, nunca saberia o que se passava na cabeça de tímidos como ela. Abraçava protetoramente o diário contra o peito, um passo lento de cada vez.

Chegavam a algumas barraquinhas de artesanato, quando Rider percebeu que a garota, antes disputando a frente com ele, não estava mais ali. Procurou pelos arredores, e mesmo assim, não conseguiu encontrá-la.

-Alison? ALISON???!!!!! -chamou ela, beirando o desespero. Estava exagerando um pouquinho, tinha que admitir.

-Relaxe, orelhudo. Ela está ali. -Lisa respondeu, apontando para um lugar lá atrás, onde estava Ali. Ele parecia ser a única pessoa para quem a irmã conseguia olhar, cara a cara. Ela o observava de um jeito debochado, com aqueles pequenos olhos felinos e -como ele diria isso?- irregulares? Bem, deu para entender. -Se preocupa mesmo com essa garota, não é?

-Não é o que está pensando. -ele assegurou, mas só arrancou da garota um sorrisinho e uma revirada de olhos. -E, além do mais, o que você entederia disso, senhorita "futura solteirona cheia de gatos"?

-Eu não vou ser uma solteirona cheia de gatos!

-Tem razão. Você vai é para o convento, mesmo. Esqueci que tinha decidido isso, mês passado. -ele disse e, por fim, correu na direção de Alison.

Ela estava mais atrás, diante de uma máquina quadrada. Tinha um sorriso no rosto. Ao chegar mais perto, o garoto percebeu se tratar de uma daquelas máquinas de gênio que normalmente existem nas praias. Aquelas que leem a sorte.

-Oohh, Rider! -ela disse, empolgada. -Que nostalgia! Eu lembro de uma máquina igual a essa, que eu costumava usar em Nova Iorque, quando era uma garotinha! Era tão legal! Tem uma moeda, aí?

Ela estendeu a mão para Rider, esperando ele atender ao seu pedido.

-Espera um pouco. -ele abaixou a mão da garota. -Você quer gastar nosso dinheiro, a merreca que a gente tem para comer, só para usar nesse joguinho bobo? Acredita mesmo nessa história de sorte, que o que está no papelzinho realmente vai acontecer?

-Bom, eu acho que eu tenho uns 25 centavos. -Lisa disse baixinho. -Serve?

Alison fez que sim com a cabeça. Pegou a moeda, mas não antes de, numa atitude muito madura, estirar a língua para Rider. Colocou-a no brinquedo, que fez alguns sons legais de mágica. O boneco de gênio, dentro da máquina, deu um ou dois rodopios, se mexeu mais um pouco, e saiu de lá um papelzinho amarelo pequeno.

A loira, sem maiores dramas, pegou o papelzinho e o leu com atenção. Era quadrado, e menor até que a palma dela, de um jeito que Rider não achava ser possível de se escrever qualquer frase, ou melhor, qualquer letra. Ao menos, não com seus garranchos. Mas era impressão dele, ou os braços dela ficaram mais rígidos enquanto lia a sorte ali contida?

-Pessoal, -Alison falou, visivelmente tensa. -Acho bom vocês darem uma olhada nisso aqui.

Ela entregou o papel ao garoto, que o leu em voz alta:

-"Caros renascidos", -começou ele. -"é bom vocês se apressarem. Três semelhantes correm perigo no lugar onde se encontram, agora. É dever de vocês, salvá-los. Tentem não ser pegos, dessa vez. PS: O aperto nos deixa mais unidos". Assinado: FM. Não é essa a frase que a mãe sempre diz para a gente?

-Tá. Tanto faz. -ele foi cortado por Ali. -Mas, se isso é verdade, mesmo, então outros renascidos estão em perigo. Três deles!

-Temos que encontrá-los, e rápido! -Alison e Rider falaram, acidentalmente, em coro.

No exato momento em que falaram isso, alguma coisa bateu nas costas de Rider. Ele não sabia o que era, mas o fez se desequilibrar por um segundo, e a bola de cristal, que estava em seu bolso, quase foi ao chão. Sorte que duas mãos brancas a pegaram antes de se quebrar.

-Opa, desculpa. Que descuido, o meu! -disse uma voz melodiosa. Ao levantar a vista, Rider descobriu sua dona: uma garota alta (mais até do que ele), com longos cabelos pretos e olhos redondos e verdes. Seu nariz era pequeno e a pele, queimada. Um garoto baixinho surgia ao seu lado, fazendo uma careta estranha para o brilho prateado que começara a brotar da bola de cristal.

Espera! Brilho prateado?

De repente, surgiram, por trás deles, dois homens estranhos. Eram fortes, e tinham uns dois metros de altura. As caras eram cheia de verrugas e usavam camisetas com estampa de canguru, com o nome "Cangutur", embaixo. Mas que nome era aquele?

-Olha só! O que temos aqui? -o de cavanhaque falou para o que tinha as sobrancelhas imendadas. -Criancinhas como vocês não deveriam andar por aí, sozinhas. Não é mesmo, Willie?

-É isso aí, Gustav! É isso aí! -Willie respondeu. -criancinhas como vocês!

-Acho que eles têm que aprender uma lição! No estilo Troll! -Gustav tinha um sorriso maldoso no rosto.

-É isso aí! No estilo Troll!

A última coisa de que Rider se lembrou era de quatro braços enormes agarrando todos eles, de uma vez só.


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Notas finais do capítulo

Vamos fazer uma coisa diferente hoje!!!!!
como não consegui pensar em algo bom para as perguntas, resolvi fazer uma rodada de criticas!!!!

é o seguinte: deixem nos comentários alguma coisa que vcs queriam que eu melhorasse na fic. Mas com seriedade! não vale dizer que minha fic é úm lixo, sem mais nem menos. E também não vale dizer que não precisa mudar nada e que é perfeita pq, vamos combinar, não é.

vou fazer isso de vez em quando, para eu ir melhorando minha escrita, o que sempre é bom. é como vacina: dói, mas é para o seu bem! kkkkkkkkk

não sei se vou postar essa semana, pois estou em provas, agora. Mas esperem pacientemente por dois capitulos na proxima, e não vão se decepcionar!!! Quer dizer, eu acho que não!!!!!!!!



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