Um Conto De Fadas Em Miami - Fic Interativa escrita por Words of a stupid girl


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura, pessoas!!!!!!!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/393710/chapter/1

16 de Dezembro de 2012, sábado, 15:30

Querido diário,

Olá, diário. Sabe que dia é hoje? Tá, eu sei que é 16 de Dezembro. Eu mesma acabei de escrever isso. O que eu, de fato, perguntei foi se você sabe o que o dia de hoje representa. Tá, como você é apenas um pedaço de papel, e não uma pessoa (embora eu desejasse com todas as minhas forças o contrário), não é capaz de responder à minha pergunta. Então, deixa que eu o farei.

Há exatamente três anos, uma garotinha pequena e franzina, com longos cabelos castanhos e descabelados, rosto sardento e óculos de grau grandes e quadrados, foi à livraria acompanhada de seus pais. O porquê disso, eu não sei. Nem lembro mais. O que importa é que, lá, ela teve o infortúnio de encontrar, passeando por uma das mais altas prateleiras(acredite, mais um centímetro e ela não alcaçaria), um simpático caderninho preto, com marca-páginas de fita vermelha e, bem na frente, um brasão metálico e extravagante da Grifinória. você sabe o que é grifinória, não é? Se sim, não é preciso nem que eu o diga o que se seguiu. Se não me engano, ela encheu o saco o dia inteiro para lhe comprarem ele. 

Pois é, hoje é seu aniversário de três anos!!!!!! Bom, pelo menos no tempo em que esteve comigo, em que foi meu amigo, meu fiel ouvinte e confidente. E ainda bem que não tem olhos para ver o sorriso bobo que eu estou dando agora.

E esse dia não poderia ter chegado em melhor hora. Estando há tanto tempo comigo, deve saber que eu adoro o mês de Dezembro. Especialmente a partir deste dia, quando começam os dias de férias que terei nas proximidades do natal, até 1 de Janeiro, ou seja, começo do ano que vem.

Aliás, época subestimada essa, concorda? Quer dizer, as férias de inverno. Bem, concordando ou não, você é o meu 

diário e, sendo assim, seu único direito é de permanecer quietinho, enquanto apenas eu falo (ou melhor, escrevo) o que penso e/ou sinto. Onde eu estava? Ah, é. Férias de inverno. 

Muitas pessoas diriam que preferem as de verão. Eu não as culpo, afinal, não dá para comparar quinze dias com três meses de pura farra. Entretanto, acho que essa época tem, sim, um certo charme próprio e especial. Sempre tive apreço pelo frio, brincadeiras na neve, roupas agasalhadas e edredrons, pinheiros e xícaras gordas de chocolate quente. Sabe, essas coisas que só podem ser aproveitadas em uma estação específica do ano.

Claro, exceto pelo fato de que não está nem um pouco frio, e que neve, no momento, pareceria loucura.

Deixe-me explicar: neste exato momento, estou sentada no banco traseiro de um carro sedan vermelho -você lembra? Aquele que o meu pai cismou em comprar ano passado, mesmo com mamãe insistindo que o antigo carro minúsculo era muito melhor. De acordo com ela, "o aperto nos deixa mais unidos". Coisas de mãe-, apoiando-o no colo enquanto passo rapidamente meu velho lápis de madeira pintada verde sobre suas páginas amareladas, me movendo a uns oitenta, noventa quilômetros por hora pelo asfalto. Estamos fazendo mais uma de nossas viagens em família anuais, do mesmo jeito que fazemos todas as vezes nessa época. E sim, esse também é um motivo pelo qual adoro Dezembro.

Sei que a maioria preferiria passar o natal em um lugar pequeno e mais reservado, na companhia avós, tios, etc. Mas o que posso dizer? Não somos nem de longe que nem a maioria. E, como amantes assumidos de cidades grandes, meus pais não poderiam ver lugar pior que nossa terra, praticamente um vilarejo no fim do mundo, ou, se preferir, Carolina do Norte. Optamos, portanto, neste fim de ano, por alugar uma casa nada mais, nada menos que na icônica cidade de Miami Beach.

Já estamos há um bom tempo com o pé na estrada (sério que eu disse isso?). A paisagem ao nosso redor já está começando a mudar novamente. Dessa vez, de um imenso campo verde para um mata mais fechada, observando-se os primeiros vestígios de palmeiras brotarem bem a frente. Devo ter mencionado que Miami é mundialmente conhecida como a cidade onde as pessoas que odeiam o frio vêm para escapar do período, pois aqui nunca neva. Não é a minha imagem ideal de um inverno, mas estou me sentindo otimista quanto a isso. Como se essa viagem fosse ser inesquecível, mas não sei exatamente o porquê... ________________

-Ei, o que você está fazendo aí? -interrompeu-a, puxando fortemente de suas mãos o caderno de capa preta, grosso e encardido, a fazendo traçar uma linha acidental pela página. -Hahaha, o que é isso? Que zoado! Hmm, interessante. -completou para, em seguida, começar a folhear o objeto.

-Rider, me devolve isso!! -retrucou a garota, enquanto tentava puxar o caderno de volta, em desespero.

-Calma, irmãzinha! Só quero ver um pouquinho!! -falou um pouco mais alto, puxando com uma força que o fez cair para um lado com o que desejava. Já a irmã se espatifou no outro lado do carro.

-De jeito nenhum! E já chega dessa história de irmãzinha! Não sou sua irmãzinha, sou mais velha que você.

-Não é, não. Eu sou mais velho, eu lembro bem. Sete minutos de diferença, era o que estava escrito no livro do bebê. -reclamou, quase que ofendido pela acusação.

-Podem até ser sete minutos, mas eu SEI que sou a mais velha. -disse a garota, limpando os óculos de armação grossa, negra e quadrada, que haviam caído na discussão. -Faz anos que eu comecei a anotar todas essas coisinhas aí, na parte de trás do diário, para que você não pudesse contestar.

Se fez um minuto de silêncio, até Rider encontrar algo para dizer:

-Isso é um diário, é? -perguntou.

-Uhum. -ela respondeu, com um sorriso simpático. -Só que você não vai ler porque eu vou pegá-lo de volta agora mesmo!!!!!!!!

A garota se lançou sobre ele, tentando agarrar o objeto de volta.

-Me dá!! -gritou ela.

-Para, Lisa!

-Não! Para você!

-PAREM, OS DOIS! -a mulher loira sentada no banco da frente virou-se para repreendê-los, fazendo o caderno, em segundos, voltar para a mão de sua dona. -Será possível! Eu e seu pai estamos aqui, ralando para encontrar o caminho certo para, enfim, termos nossas férias em paz, mas vocês, ao invés de ajudar, preferem ficar aí, brigando por causa de um caderno estúpido! Tenha paciência!

Os dois se calaram imediatamente. A mãe, Jane Price, tinha esse efeito sobre eles quando ficava nervosa, principalmente com seus olhos redondos e azuis, tão penetrantes que pareciam lasers apontados para eles. À sua direita, dirigia um homem grisalho e com postura gentil, físico de ex-musculoso, barba por fazer, rosto fino e olhos pequenos e castanhos concentrados na estrada, que atendia como o pai dos gêmeos. Incomodado com o silêncio, se ajeitou na cadeira e disse:

-Não se preocupem, crianças. Sabem como sua mãe fica quando está estressada. 

-Charles! -a mãe falou, fazendo os dois passageiros rirem.

-Ah, amor, você sabe que é verdade! -começou a rir também. -Mas saibam que ela não foi sempre assim, não! Vocês dois deviam ver quando nos casamos. Ela era um doce de pessoa. Uma princesa, isso sim! Me fazia cafuné, massagem nas costas, me deixava sair com os amigos... Pergunta se ela faz isso hoje em dia? Brincadeira, linda. Você ainda é uma princesa.

Mas Jane não ouvia. Estava bem longe dali, embromada em pensamentos. Assim como a filha, também tinha o pressentimento de que a viagem seria inesquecível. Porém, esse pressentimento não lhe parecia muito bom.

----------------------------------------//------------------------

Mais tarde, naquele mesmo dia, a lua cheia brilhava única e majestosa sobre o mar de águas claras que se quebrava em grandes ondas, golpeando a fina areia branca. A praia estava estranhamente calma, salvo poucos turistas e banhistas loucos ou insensatos o suficiente para se achar capazes de enfrentar a maré alta àquela hora da noite. A Ocean Drive, rua um pouco mais a frente, já tinha seus prédios iluminados com as luzes neon que davam um toque multicolorido e mágico a toda sua extensão. Em poucas palavras, fazia um belo tempo na praia de South Beach, Miami. Mas só o tempo, mesmo.

 

Em algum instante entre as oito e nove horas, parava, diante da praia, o que parecia ser um singelo táxi no meio dos montes de carros esporte da rua. De dentro dele, saiu uma mulher alta e bonita, usando um vestido de gala longo e escuro, um pouco inapropriado para a situação. Seus cabelos, negros como o céu noturno, estavam elegantemente presos em um coque alto, revelando o mais deslumbrante rosto pálido  e ermeticamente maquiado que se via há tempos, com seus grandes e amendoados olhos castanhos e lábios cheios e avermelhados. 

Sem pagar um centavo ao taxista, o que o deixou tanto intrigado quanto furioso, seguiu, a passos largos, seu caminho. No caso, esse caminho se referia da calçada até um posto de salva-vidas enfeitado com desenhos de flores , erguido a poucos metros da água. 

Encontrou um pouco de dificuldade para andar na areia, visto que o salto de seus sapatos ficava afundando, mas em questão de minutos, já estava subindo as escadas que davam acesso à parte de dentro do posto. 

Chegando lá, deparou-se com um cômodo sujo, apertado e mal iluminado. As paredes eram pintadas de um branco que já começava a desbotar -o que evidenciava que, quem quer que seja que cuidasse da manutenção do local, se preocupava muito mais com sua aparência exterior do que realmente com sua qualidade-, e materiais como redes de pesca, boias, binóculos, maiôs de banho e acessórios estavam espalhados pelo chão. Duas outras mulheres já a esperavam, sentadas no batente da grande janela: uma era fina e magra, com uma altura considerável e um tom de pele de um amarelo doentio, quase verde. Seus olhos, porém, se encontravam perversos e determinados. A outra, por outro lado, tinha uma postura imponente, um nariz empinado e arrogante no meio da cara enjoada e bochechuda. A primeira usava vestes longas, negras e, sobretudo, muito indiscretas, e a segunda, uma saia plissada que lhe chegava ao joelho, uma camisa regata e um colar grande com uma pedra imensa de safira em seu pingente. Inspirou e expirou calmamente, caminhou até elas ao som dos estalos e rangidos que o chão de madeira dava a cada vez que pisava nele. Olhando de uma para a outra, indagou:

-E então?

-Ela está atrasada, rainha. -respondeu a mulher bochechuda. -Achei que tinhamos sido claras quanto ao horário. Oito em ponto. São quase nove horas.

-Pois bem. -murmurou, sentando-se ao lado da magra. - Não podemos fazer isso sem ela. É uma magia muito poderosa, naturalmente. Um pouco... Complicada de se fazer. 

-Também achei que estavam esclarecidas em relação à vestimenta, Malévola. -a mulher bochechuda lançava um olhar de repreensão sobre a verde. -Deste jeito, vamos acabar sendo descobertas.

-Essas roupas são deploráveis. -respondeu Malévola. -Sem o menor pingo de dignidade, respeito. As pessoas andam praticamente nuas por aqui. Além do que, ninguém nos verá. Me certifiquei de que escolhêssemos uma hora sem movimento, e ainda mais num lugar escuro e discreto como esta casinha.

Dito isso, esperaram. Com o passar do tempo, a maioria dos banhistas se retiraram; teve início, então, o trabalho de limpeza completa da praia. Várias pessoas, entre jovens, adolescentes e adultos, eram encarregadas da tarefa de catar o lixo deixado por frequentadores mal educados e desleixados, enquanto um rolo compressor compactava a areia para o dia seguinte. Do outro lado da rua, os clubes e pubs, pelo contrário, continuavam com a mesma agitação de horas atrás.

Antes que pudessem perceber, a maré já havia subido até seu ponto mais alto, alcançando a parte de baixo do posto onde estavam. Algum tempo depois, um movimento estranho na água podia ser percebido, como se alguma coisa se movesse nela, indo em direção à costa. Fizeram-se ouvir sons de pequenos passos no piso de madeira e, por fim, adentrou o recinto uma mulher baixa, extremamente gorda e andando de forma desjeitada, com lábios vermelhos, cabelos curtos e brancos e um longo preto tomara-que-caia que a deixava ainda mais feia e rechonchuda.

-O que eu perdi? -disse, com um sorriso pretencioso.

-Úrsula! Finalmente! - aliviou-se a bochechuda. -Já estava quase certa de que não viria.

-Trouxe o que combinamos? -a Rainha levantou-se de onde sentava, indo até o meio do imundo recinto, junto a Úrsula. -Uma feiticeira tão experiente quanto você deve saber o quão essencial isso é para o que estamos prestes a fazer, estou errada?

 -E alguma vez esteve, Rainha? -Úrsula fez aparecer, com um estalo, um objeto em formato de búzio em suas mãos, que brilhou suave e rapidamente em contato com a luz. -Eu me garanto! Então, têm certeza de que este é o lugar?

-Sim. - a bochechuda respondeu no lugar da Rainha. -Discutimos arduamente, mas decidimos que este é o melhor lugar para realizar o feitiço.

-hmm, Lady, boa escolha. Mas devo alertá-la que tem muita interferência mágica por aqui. Não sei se é a umidade, talvez o calor, ou até todas nós juntas na mesma localidade, mas pode ser que o feitiço não funcione com a intensidade e rapidez que desejávamos. -disse Úrsula, ainda com o sorriso.

-Bom, não temos escolha. -Malévola se manifestou. -Eles crescem mais e mais a cada dia que passa. Receio que tenhamos que fazer logo, enquanto ainda são fracos e fáceis de serem derrotados.

-Tá bom. -Úrsula consentiu, apoiando o búzio numa mesinha encostada na parede. -Que seja feito o quanto antes! E vocês? Trouxeram o combinado?

Rapidamente, a Rainha e Malévola tiraram de suas vestes, respectivamente, um frasco de cristal contendo uma substância furta-cor e um cetro comprido e marrom, com uma pedra amarelada em cima. De repente, a tal pedra passou da cor original para um roxo intenso, quase começando a brilhar.

-Haha, o que temos aqui? -surpreendeu-se Lady, de uma maneira aparentemente agradável. -Parece que alguns dos nossos, hm, amiguinhos já chegaram antes mesmo de os convidarmos! Malévola, querida, gostaria de lhes dar as boas-vindas?

Malévola tinha uma expressão maliciosa no rosto, e logo respondeu:

-Estarei de volta em um segundo. -disse, antes de agitar suas vestes e desaparecer num vulto preto.

-Podem fazer sem ela? -perguntou Lady.

-Podemos tentar. -respondeu, calmamente, a Rainha.

O que se seguiu foi um ritual muito estranho. A Rainha abriu o frasco e derramou todo o líquido sobre o búzio, e tanto ela quanto Úrsula começaram a mover suas mãos pelo ar à medida que falavam palavras indecifráveis, provavelmente de linguas antigas. Aos poucos, o composto foi ficando cada vez mais brilhante e colorido, até ultrapassar os parâmetros da própria Ocean Drive. Um leve cheiro de canela invadiu o cômodo e, passados mais uns minutos, dispersou-se no ar um lindo vapor furta-cor, com cristais que mais pareciam glitter, saindo da janela para o mundo afora.

-Está feito. -arfou a Rainha. Esses feitiços sempre a deixavam esgotada. -Todos os renascidos serão misteriosamente atraídos por esta cidade. Creio que em uma semana todos estarão aqui, e aí, agimos.

-Uma semana? Tudo isso? Vai demorar tanto assim?

-O minha filha! -reclamou Úrsula. -Você queria o quê? Fizemos exatamente do jeito que pediu. É mágica, não milagre!

-Tudo bem, tudo bem. -Lady tentou acalmá-la. -Tomem o tempo que precisarem. Quando chegarem, estaremos esperando.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Aeeeeeeee fim do prólogo e... Sem ficha!

Desculpem, lindos leitores. As fichas seram colocadas lá pelo terceiro capítulo, but don't worry! Eu provavelmente já postei esse capítulo

Deixem reviews para eu saber se estão gostando!!!