Sete Chaves escrita por Hakume Uchiha


Capítulo 13
Confissão




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Quando percebi já estava na porta de casa.

– Mãe!!! Pai!!!! – gritei alto, batendo no portão. Minha voz falhava.

– Lexi!!! – o coro da minha família foi incrível.

Todos, assim como eu, estavam chorando. Mas, em parte, não pelo mesmo motivo.

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Cap. 13

– Ah, meu Deus, Lexi, filha!!! Eu fiquei tão preocupada! - minha mãe me abraçava sem parar – Eles fizeram alguma coisa com você? Você tá bem?

– Calma, mãe, tá tudo bem. Eles não fizeram nada comigo.

Já dentro de casa, sentada no sofá, eu enxugava minhas lágrimas enquanto meus pais e meu irmão ainda tentavam encontrar qualquer sinal em mim que mostrasse que estava mal. Mal eles sabiam que precisariam ter visão de raio X para encontrar o que realmente me fazia chorar.

– Filha, o que aconteceu lá? Porque depois de tanto tempo eles resolveram te soltar? - meu pai perguntou.

É verdade. Só agora eu me lembrei do que Raul havia dito antes de praticamente me chutar do esconderijo. Ele havia dito que iria me soltar porque meu pai tinha pagado o resgate.

– É mesmo! Pai, onde você arranjou 5 milhões?

– O quê? Eu não arranjei 5 milhões!

– Como não, pai? Você não pagou o resgate?

– Não, filha. Por isso que eu estou achando tão estranha a atitude deles. Olha, mas não se preocupa, eu já chamei a polícia e eles vão ficar de prontidão para qualquer coisa. Aqui você vai estar superprotegida. Eles nunca, nunca mais vão encostar um só dedo em você!

Oh, Deus. Minha cabeça estava girando. Mal sabia meu pai que a coisa que eu mais queria agora era abraçar Raul e saber que estava tudo bem com a gente. Mas porque, porque Raul mentiu pra mim?

Ele disse com todas as letras que iria me deixar ir justamente pelo resgate. Mas meu pai não pagou nada! O que ele estava pensando na hora de me deixar ir? De que forma Joel o convenceu?

Antes de dormir, fui dar um abraço e agradecer o meu motorista Pedro, por ter praticamente dado a vida pra me proteger no dia do sequestro. Graças a Deus ele já estava bem.

Minha mãe queria dormir comigo, mas pedi a ela que me deixasse um pouco só. Queria colocar a cabeça no lugar e tentar esclarecer as coisas. Eu fechava os olhos, mas não conseguia dormir. Todo o tempo me vinha à cabeça a expressão, o olhar de Raul a me ver ir embora. E ao mesmo tempo, ouvia Joel dizer: “Desapega!”. Eu não sou idiota! Tudo aquilo que Raul disse pra mim não poderia ser verdade!

No dia seguinte, acordei com a minha cabeça doendo. Tomei café e fui subir as escadas para ir ao meu quarto. Meu pai já tinha ido trabalhar, meu irmão estava na escola e minha mãe havia me dito que ia sair pra esclarecer algumas coisas na delegacia. Pensei estar só com Pedro, quando ouvi umas vozes vindas da biblioteca, bem perto do meu quarto.

Encostei-me à porta pra ver quem era. Era meu avô conversando com alguns caras. Ele não gostava que as pessoas escutassem as conversas dele, então eu não quis entrar; iria esperá-lo terminar a conversa. Mas uma frase dita por ele me chamou atenção, e me fez ficar escondida atrás da porta para ouvir o resto.

– O sequestro da Lexi... Eu tenho certeza de que foi ele! - meu avô falou baixinho.

– Mas, sr. Smith, você tem certeza mesmo? Você sabe que quando eu faço alguma coisa, faço com perfeição. Então o senhor precisa estar certo do que quer que eu faça com esse menino. - falou um dos seus funcionários.

– Meu caro Ricardo... Eu não tenho muitos inimigos nessa vida, embora os que eu tenha valham por muitos. Entenda. Esse garoto é perigoso. Se essa história explodir na empresa, eu estou falido. Então, por favor, dê um jeito bem dado nele e nos coleguinhas dele pra mim.

– Senhor, mas do que esse menino é capaz?

– Da mesma coisa que você seria capaz se estivesse frente a frente com o homem que matou o seu pai.

Meu Deus!!! Então foi ele? Meu avô? Não!!! Isso não pode estar acontecendo!!!

– Lexi? Lexi, querida, é você? - disse ele.

Ah, que droga! Meu susto foi tão grande com o que eu ouvi que bati a mão na porta, desviando a atenção dos dois. Deus, que ele não tenha percebido que eu estava escutando toda aquela confissão.

– Desculpe vovô, estava a sua procura, não sabia que estava fazendo uma reunião... - tentei ocultar meu nervosismo, o que já parecia impossível. Minhas mãos suavam frio.

– Oh, meu bem, não se preocupe. Estava falando justamente de você. Estou pedindo a Ricardo que reforce a segurança da casa. Que bom que está de volta!!! Senti tanta saudade!!!

Sorri sem graça quando ele veio me abraçar. E o pior estava por vir: durante o abraço, meu corpo se estremeceu quando ele sussurrou no meu ouvido:

– Prometo vingar você.

Uma das coisas que eu mais amava na vida era abraçar o meu avô. Seus abraços eram sempre muito carinhosos, e eu me sentia protegida. Mas dessa vez... dessa vez seu abraço tinha um gosto amargo e cheiro de sangue. Eu não via a hora de sair correndo dali. Estava morrendo de medo dele. E apavorada com a ideia de que ele ia fazer algo ruim com Raul.

– Bem, querida, agora eu tenho que ir. Vou para a empresa e depois irei resolver algumas coisas na rua com Ricardo, devo chegar a tempo de jantar.

– Hum hum. - assenti com a cabeça.

Ainda tonta com o que havia escutado, acompanhei-os até o portão pra ter a certeza de que estaria só em casa, e não perdi nem mais um segundo. Pensei na iminência de uma verdadeira guerra entre Raul e meu avô, o meu sequestrador e... Deus, ainda não havia caído a ficha. Meu avô era um assassino. E se eu ficasse parada sem fazer nada, ele iria matar Raul. Eu tinha que fazer alguma coisa! Chamar a polícia? Não, não, eles não iriam acreditar na minha história. Contar pro papai? Bem, eles são contrários em algumas ideias, mas... meu pai nunca pensaria na possibilidade de ter um assassino dentro da sua própria casa. Então, o que eu faria?

De repente uma ideia surgiu na minha cabeça. Tinha que dar certo. Peguei minha bolsa e chamei Pedro. Nós tínhamos que encontrar aquele galpão. Tínhamos de encontrar Raul.


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