Sete Chaves escrita por Hakume Uchiha


Capítulo 11
Desculpas




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Eu mal conseguia abrir a boca pra falar. Além da febre, dor de cabeça e cansaço, a pele quente de Raul era como um convite pra um sono pesado. Eu queria que ele ficasse ali pra sempre.

– É que eu... eu acho que... eu gosto de você.

Nem eu mesma acreditei no que havia dito.

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Cap. 11

– Hã? – Raul questionou, incrédulo.

– Nada, me deixa dormir. Minha febre tá tão alta que eu já devo estar delirando. – tentei contornar a situação.

Raul não falou mais nada. Apenas me abraçou ainda mais forte, e cada vez mais eu me sentia melhor. Literalmente peguei no sono.

Quando acordei, estava deitada na cama e não mais no colo de Raul. Mas ele estava sentado ao meu lado, lendo um jornal.

– Ah, acordou. Tá melhor?

– Parece que sim.

– É, não tá mais com febre. – disse, mostrando-me o termômetro em que acabara checar minha temperatura. – 36,5 °C.

Tirei meus olhos dos dele pra não me lembrar do que eu tinha dito antes de dormir. Olhei pra o jornal. Peraí, essa foto... Nessa foto sou eu!

– O que eu estou fazendo na capa do jornal?

– Ora, você foi sequestrada! A manchete diz: “Sequestro já passa dos 5 dias”. Que hilário. – disse, rindo.

– Hilário por quê?

– Você está sendo tratada “a pão de ló” aqui, garota.

– Aham, com você quase me deixando morrer de febre, não é?

– Mas que ingratidão!!! Era você que não queria tomar o remédio, lembra? Estava delirando tanto que chegou a dizer que gostava de mim!

Ai, Deus. Ele lembrou. Fiquei estagnada, não sabia o que dizer. Ele olhava pra minha cara, esperando uma resposta que não se formava na minha mente. E agora meu Deus, o que é que eu digo?

– Pois é, ainda bem que você sabe que eu estava delirando.

– Você estava delirando mesmo ou isso só foi uma desculpa pra tentar reverter a situação? Hum?

Droga!! Que mania insuportável de perguntas difíceis!!!

– Acho que quem tá delirando agora é você!

– Sou eu, é?

Raul jogou o jornal de lado, sentou nas minhas pernas e imobilizou meus braços. “Ah, que jogo sujo!”, pensei. Fez aquela cara de malícia, e começou a me beijar. Eu nada pude fazer além de tentar respirar nos curtos espaços de tempo que ele me deixava.

– Então, já tem uma resposta pra mim?

– Não posso... – respondi, ainda tentando recuperar o fôlego.

– Ah é?! – Raul voltou com a sessão de beijos.

– Não, por favor, para! Eu não posso!! Eu não posso gostar de você!!!

– Porque não? – perguntou, cínico.

– Porque você tá me prendendo aqui!!!

– Sou eu ou o seu sentimento por mim que te prende aqui?

– Ah, como você é ridículo. – tentei disfarçar, mas com certeza eu já estava vermelha.

– Fala a verdade, vai, Lexi. – ele sentou e me puxou pra abraçá-lo – Você gosta de mim, eu sei.

– Porque tamanha certeza?

– Porque, bem... eu acho que – ele fez uma pausa e respirou fundo – eu também tô... assim, é...

– Fala logo!

– Digamos que eu esteja meio que, “me acostumando” com você aqui.

O olhei com cara de dúvida e sorri depois. Acho que esse era o melhor jeito que ele encontrou de dizer que gostava de mim também.

– “Se acostumando” quer dizer “eu gosto de você também”? – perguntei, rindo.

– Olha que convencimento!!! – ele riu.

Ficamos abraçados por alguns segundos. Mas certa dúvida surgiu na minha cabeça, e eu tive de perguntar. Afastei-me de seu colo, olhando em seus olhos.

– Raul, e se eu não tivesse melhorado?

– Como assim, Lexi? – ele não havia entendido.

– Bem, se eu... se eu tivesse piorado, e nenhuma medicação surgisse efeito, o que você ia fazer?

Raul olhou pra mim surpreso.

– Eu... bem... o jeito era... levar você num hospital.

– Mas isso ia acabar com o sequestro!

– Ah, Lexi, o que eu poderia fazer? Deixá-la morrer aqui? Nunca! Se houvesse necessidade, eu desistiria disso. Encontraria outras formas de vingar a morte do meu pai. Mas você é importante, não deixaria que isso lhe afetasse.

Fiquei impressionada com as palavras dele. Meus olhos se encheram de lágrimas, incrédulos. Ele sorriu de canto, contornando meu rosto com os dedos.

Eu tinha que falar alguma coisa. Mas antes mesmo que eu pudesse abrir a boca ele me beijou. Parecíamos um casal de longa data, apaixonados.

Nosso beijo foi bruscamente interrompido com um susto. O barulho dos copos e pratos caindo no chão fez nossos corpos se separarem rapidamente.

– Cortez! O que significa isso que eu acabei de ouvir?! – Joel estava furioso. Tinha deixado todo o nosso café da manhã cair no chão e parecia nem se importar.

Acho que ele ouviu a parte final da nossa conversa. Mas... ele não ia desacatar Raul, ia?


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