My Goodbye. escrita por Triz


Capítulo 1
One shot.


Notas iniciais do capítulo

Hey, espero que gostem!



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Já anoitecera, chegara a hora. Havia marcado com Hermione na torre de Astronomia exatamente àquele horário. Ultimamente fazíamos isso com freqüência; víamos-nos às escondidas, nos beijávamos, jogávamos horas de conversa fora, eu não sei quanto a ela, mas eu era feliz. Não por completo, claro. Eu queria poder assumir nós dois, assim como ela, mas corríamos muitos riscos. Eu sabia que ela gostava de fazer aquilo, mas eu via em seus olhos que ela não era cem por cento feliz ao meu lado, não dessa forma, o que tornava tudo tão frustrante pelo simples fato de não poder suprir todas as necessidades de felicidade que ela tinha.

Empunhei minha varinha e revisei minhas vestes da Sonserina, colocando no peito o distintivo de monitor no peito. Não era meu dia de ronda e eu sabia disso, mas caso fosse pego nos corredores essa hora era só eu falar que havia confundido o dia e o horário da ronda, e Hermione faria o mesmo, era nosso plano, fazíamos isso todas as noites que combinávamos de nos encontrar, onde quer que fosse.

Suspirei pesadamente, fechando os olhos e os abrindo logo em seguida. Eu iria acabar com a única coisa que me fazia feliz, talvez porque eu fosse tão estúpido e masoquista, mas eu não fui egoísta minha vida toda e não seria egoísta com os sentimentos dela; Hermione merecia alguém melhor que eu, alguém que não a colocasse em risco ou que tivesse que andar às escondidas. Antes de mim, Hermione era apaixonada pelo estúpido Weasley, eu nunca gostei dele, mas ele era mais merecedor dela do que eu – mais digno, e com certeza, por mais que ela sofresse, talvez fosse feliz com ele, e mesmo que não fosse, encontraria alguém melhor, alguém que realmente valeria à pena perto da mulher que Hermione sempre fora. E eu estava longe de ser o padrão ideal que a manteria sorridente e a faria feliz, além de tudo eu era um risco, e não era justo com ela.

Eu sabia que, por mais que eu conversasse com ela e expusesse tudo que eu sentia, ela não me ouviria e no final das contas eu não resistiria ao seu olhar choroso e voltaria para seus braços, enfrentando todas as dificuldades do nosso relacionamento conturbado, porque no fundo, era o que Hermione queria, e sendo ela do jeito que é, jamais me deixaria deixá-la, e eu jamais conseguiria o fazer, mas não era justo, nunca seria, o mais próximo que seria é que iria ser eternamente egoísta, porque eu era um covarde que não tinha coragem de assumir nosso relacionamento.

Caminhei pelos corredores com passos firmes e decididos, eu não a esqueceria jamais, porém eu não podia mais fazê-la se sentir insegura quanto à nós dois e quanto a si mesma, o quão boa Hermione era pra mim só Merlin é capaz de descrever, a felicidade que ela me causava nem eu consigo colocar em palavras, mas, repetindo o que eu disse anteriormente, eu não era merecedor disso. E eu a veria pela ultima vez como minha namorada secreta, veria pela ultima vez a sinceridade dos seus sentimentos em seus olhos, sentiria pela ultima vez seus lábios nos meus, e pela ultima vez, eu iria poder chamá-la de minha.

Entrei na torre de astronomia e encostei-me ao batente da porta, seu corpo estava debruçado sobre a sacada, os olhos fixos em um horizonte distante que um dia prometemos que seria completamente nosso – as estrelas. Os cabelos castanhos parcialmente cacheados cobriam seu rosto branco como mármore, flutuando diante da brisa que lhe era proporcionada pela incrível e imensa paisagem.

Fiquei ali, observando-a, encantado. Era tão linda entretida. Meu coração se apertou, eu não veria mais aquilo, não poderia me dar ao luxo de apreciar momentos como aquele, eu deveria esquecê-la.

Para quebrar o silêncio, eu pigarreei, fazendo-a se virar para mim e abrir um sorriso tão lindo que aqueceu meu coração e fez com que eu quase desistisse da ideia. Os dentes brancos e perfeitamente alinhados exposto por um sorriso cativante, as sardas enrugavam-se ao redor dos olhos quase fechados que demonstravam felicidade a me ver.

– Pensei que não viria. – Seu tom de voz soou doce como sempre e divertido.

Agora que eu estava prestes a fazê-lo, parecia que tudo tinha se ampliado: a beleza dela, a sutileza em sua voz, a doçura de suas palavras, a meiguice de seu sorriso, o calor de seu toque no momento em que ela afagou minhas bochechas. Era como se eu estivesse em uma segunda dimensão onde tudo era diferente e eu podia senti-la mais perto do que nunca, mais real, mas ao mesmo tempo, mais distante, como uma despedida – o que realmente era.

Senti vontade de chorar, e ao mesmo tempo de abraçá-la e pedir para que ela nunca me deixasse. Senti vontade de beijá-la e fazê-la minha pela segunda noite – eu havia tirado sua virgindade alguns dias a trás.

– Eu jamais a faria esperar. – Murmurei com um tom de voz embargado, a puxei pela nuca, tocando nossas testas, podendo olhar em seus olhos, castanho no azul, e me perder naquela imensidão de sentimentos e sinceridade que pertenciam ao olhar dela.

Eu tentava com todas as minhas forças não pensar que seria a ultima vez de tudo, mas era como querer enganar a mim mesmo, aquele toque seria o último, aquela troca de olhar, a última. Eu não a veria mais, não como minha namorada.

– Tenho certeza disso. – Seus lábios procuraram os meus.

Agarrei em sua nuca com urgência, a trazendo para mais perto, tornando o beijo tão intenso quanto poderia ser o nosso beijo de despedida. Um bolo se formava em minha garganta, um nó que se apertava toda vez que minha língua fazia contato com a dela, e eu senti vontade de chorar, mas ao invés disso comprimi seu corpo contra o meu, puxando-a pela cintura, desunindo nossos lábios e descendo-os para seu pescoço.

Ela inclinou o corpo para trás, apoiando-se na parede, enquanto agarrava firmemente meus cabelos. Voltei os lábios aos dela, colocando uma mão de cada lado de seu corpo na parede, a comprimindo ainda mais com meu corpo.

– Eu te amo. – Sussurrou sobre meus lábios, o que fez com que eu me rendesse à dor e me afastasse com os olhos marejados.

Doeria tanto viver sem ela.

Hermione era minha única felicidade, a única pessoa que entendia meu lado, a única com quem eu poderia ser quem eu realmente era, sem disfarces.

– O que houve? – Ela perguntou, seus olhos enrugaram-se em uma expressão confusa, ficava tão graciosa daquela forma.

Eram os mesmos olhos que me olharam quando eu disse que a amava e ela se confundiu toda, a mesma expressão, mas dessa vez, havia uma pitada estranha de insegurança cobrindo o brilho do olhar abundantemente sincero de Hermione.

– Eu não posso continuar com isso. – Sussurrei perturbado, agora sem me preocupar em segurar minhas lágrimas.

Enterrei minhas mãos em meu rosto, e me sentei no chão, encostando-me na parede e deixando que as lágrimas molhassem meu rosto e mãos, enquanto soluços violentos chacoalhavam meu corpo; eu estava fraquejando na frente dela mais uma vez, e aquilo não era justo.

– Com isso o quê? Draco, o que está havendo? – Hermione ajoelhou-se ao meu lado, colocou a ponta do indicador em meu queixo e o levantou lentamente, fazendo meu olhar ponderar sobre o seu mais uma vez.

Pisquei perturbado e me levantei, andando de um lado para outro dentro da minúscula sala. Era a decisão mais difícil que eu estava tomando em toda minha vida; encostei-me na parede e a puxei entre minhas pernas, segurei firmemente eu seu rosto e a encarei nos olhos confusos, com toda sinceridade possível.

– Hermione, o que estou fazendo com você não é justo. Eu te amo mais que a mim, e é por esse e outros motivos que eu não posso ser egoísta com você. Não mais. Você merece alguém melhor que eu, alguém que possa assumir para todo mundo que vocês estão juntos sem temer, ou alguém que não te coloque em risco. Merece alguém que te faça feliz sem uma pitada de dúvida se um dia vocês serão realmente livres para amar e sorrir como todos os casais que você vê por aí, e que não te faça sentir presa a um relacionamento porque pensa amar alguém que você sabe que lhe trás riscos e complicações. Hermione, você merece ser feliz. E eu não sou a pessoa certa pra proporcionar toda a felicidade que você merece – Um soluço repentino interrompeu o que eu estava dizendo, sequei minhas lágrimas e voltei a encarar seus olhos, ainda segurando seu rosto em minhas mãos. – Eu acho que ninguém jamais conseguirá alcançar a felicidade que você realmente merece meu amor. Mas com certeza eu não posso dar o mínimo que você merece ter. – Acariciei sua bochecha com o polegar.

Seus olhos piscaram confusos, seu rosto se desprendeu de minhas mãos e ela começou a chorar enquanto chacoalhava a cabeça negativamente.

– Você está enganado, Draco. Você me faz feliz o suficiente e...

Interrompi-a por dois motivos: eu não conseguia ouvi-la falar naquela voz embargada e triste, e ela estava errada.

– O suficiente, Hermione? – Perguntei com o nó na garganta voltando a apertar – Tem certeza disso? Aposto com você, o quanto queria dizer a todos que estamos juntos, que nos beijamos todo o tempo, que você perdeu a virgindade comigo, que eu a faço feliz, mas não pode porque isso me traria complicações. Agora, corrija-me se eu estiver errado, você sente medo porque se um dia descobrirem que eu namoro uma perfeita sangue-ruim – Ela abriu a boca pra protestar, mas eu ergui o dedo antes que ela pudesse falar – eu sou morto! Mas para você viver assim é o suficiente, porque na sua cabeça, eu a faço feliz, só que deixa eu te explicar, Hermione: Não é! Porque você está apaixonada por alguém que não pode ter um futuro com você, e você sabe disso tanto quanto eu, mas não assume isso a si mesma porque você não quer enxergar a realidade, porque isso vai te fazer sofrer!

Seus olhos brilharam em dor, tudo que eu menos queria era vê-la chorar por minha causa. Suspirei deixando mais algumas lágrimas escorrerem e a puxei para um beijo calmo e envolvente.

Eu não a faria sofrer, não a deixaria sofrer às minhas custas. Olhei em seus olhos assim que seus lábios separaram-se dos meus e eu sorri tristemente, limpando uma lágrima que escorria por sua bochecha.

– Por favor, não. – Ela sussurrou suplicante. – Nós podemos dar um jeito, eu... Eu não me importo de estar com você e não poder assumir isso entende Draco eu amo você e não me importo se isso me faz mal ou se eu corro risco, eu quero você e nada disso me importa. Nós damos um jeito, eu prometo, só, por favor, não... – Seus olhos eram sinceros, as lágrimas inundavam seu rosto pálido agora iluminado pela luz do luar. – Eu vou sofrer se me deixar, Draco. Eu te amo.

– Essa não era a última imagem que eu queria ter de você, meu amor. – Sussurrei beijando sua testa. Não queria vê-la chorando diante de mim. – Não vou te fazer sofrer. Eu prometi não se lembra? – Passei mais uma vez meu polegar por suas lágrimas.

Agora seu rosto exibia um sorriso esperançoso.

– Não vai me deixar? – Hermione sussurrou em um tom de quase alivio.

– Eu sempre vou estar com você – Toquei a ponta de seu nariz. – Mas não do jeito que nós queremos meu anjo. Não se preocupe. Você não vai sofrer. O único que merece pagar pelos meus erros sou eu.

Então seu rosto se tornou confuso e desesperado.

– O que você vai fazer? Você...

– Vou me tirar de sua memória. – Sussurrei infeliz.

– Não, isso não é justo com você Draco, eu não vou deixar você fazer isso, eu não vou agüentar ver você sofrendo por minha causa, não! – Eu me afastei consideravelmente dela e deixei algumas lágrimas caírem.

– Minha felicidade pela sua. Nada mais justo. Nada que valha mais à pena. – Sorri tristemente e saquei a varinha.

– Draco. Não...

Ela se preparou para vir em minha direção, mas o choro e a dor que eu estava causando nela a tornou fraca, dando tempo o suficiente para que eu erguesse minha varinha, apontasse para ela e sussurrasse:

Obliviate.

Seu corpo ficou parado, inerte, os olhos fitavam o vazio enquanto um feixe de luz arroxeada dançava ao encontro de seu corpo. Vasculhei em sua cabeça todas as nossas lembranças felizes, e as arranquei, deixando só minhas humilhações e ofensas para que ela se lembrasse.

E ali estava eu, acabando com tudo o que eu tinha construído, com a minha única felicidade. Mas era o certo a se fazer. Ela merecia ser feliz, e não era comigo, não era ao meu lado. Eu, Draco Malfoy, não merecia Hermione Granger.

19 anos depois.

Ali estava eu, na estação King Cross, depois de tantos anos distantes. Depois de tantas lembranças, ruins em sua maior parte.

Scorpius estava ao meu lado, esperando ansiosamente dar o horário para entrar no trem.

Então, eu a vi. A minha única lembrança boa em todos aqueles anos em Hogwarts. Ela continuava radiante. O sorriso era gigante, feliz, enquanto um casal de crianças ruivas a acompanhava, e ao seu lado... Ronald Weasley, segurando sua mão.

Ela estava feliz, bem. Não sofrera por minha causa, ela nem se lembrava de nada do que tinha acontecido. As melhores lembranças que eu tenho, em toda a minha vida.

Mas o que importa, é que ela esteja feliz. Eu consegui, afinal, ela estava feliz ao lado dele, sorria a todo instante abraçando os filhos ruivos, e beijando o marido. Sua felicidade era a única coisa que me importava, sempre foi. E saber que ela estava feliz, era o que me fazia bem.

Eu estava certo o tempo inteiro, ela merecia alguém que não a escondesse e que a fizesse sorrir sem fazê-la temer.

Mas fico me perguntando, e se eu não tivesse feito nada disso? E se nós tivéssemos dado um jeito? E se?

Hermione sempre seria meu “E se?”. Sempre foi, e sempre será.

Ajoelhei na frente de Scorpius, que olhava de cinco em cinco minutos para o trem.

– Scorpius, se quer começar bem seu ano em Hogwarts, entre na mesma cabine que os Weasley, e os Potter. – Murmurei para ele, que apenas me respondeu um “entendi.”

Levantei-me, a olhei pela ultima vez, o sorriso não saia de seu rosto.

E era esse sorriso, que fazia todo o meu sofrimento valer à pena. Meu sofrimento pela sua felicidade. Meu sofrimento se tornava gratificante diante do sorriso em seus lábios. E de pensar que um dia ela sorriu daquela forma a me ver, mas nem se lembrava disso.


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Notas finais do capítulo

E aí, o que acharam? Sei lá, comentem, recomendem flkdçlçflds parei