O Submundo escrita por Lis Bloom


Capítulo 8
Capítulo 8


Notas iniciais do capítulo

Acho que esse foi o maior capítulo que já escrevi!!!



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_ Tudo bem gente, é o seguinte, vamos entrar discretamente na sala para que ninguém perceba, pode ser? – Digo em frente ao meu armário para as minhas amigas a minha frente.

_ Está louca? – Pergunta Megan com uma cara do tipo “Você bebeu hoje?” – Até parece que eu vou entrar discretamente, meu bem, eu entro para ser vista.

_ Tudo bem então, as madames aí entram primeiro, que eu vou logo em seguida.

E assim mesmo que aconteceu logo depois que as minhas amigas entraram, eu entro de cabeça baixa sem perceber que David está me olhando. Sento em minha carteira e vejo alguém deixando um papelzinho na minha mesma, e está escrito bem assim:

“Soube que você foi à minha casa e conversou com a minha mãe, ela gostou muito de você e te convidou para passar à tarde lá em casa.

P.s: “Desculpe-me pelo shopping.”

Olho em direção ao David, e vejo que ele está me olhando intensamente, concordo rapidamente com a cabeça, e viro a cabeça para prestar atenção à aula.

                                         __**__

_ E então em o que estava escrito naquele bilhete que você recebeu na aula? – Pergunta Laura com um sanduíche inteiro na boca.

_ Não era nada. – Respondo, corando-me levemente.

_ Não era nada?- Pergunta Luana deixando o seu caderno de lado. – Eu vi muito bem quem deixou aquele bilhete na sua mesa.

_ Na verdade todo mundo viu. – Diz Megan, que estava olhando Hiley sentado com os populares. – Que triste, eu jurava que ele sentaria com a gente de novo. – Comenta Megan com uma voz tristonha. Olho para Hiley que acena com a mão para mim e volta a falar com os populares. Mal viro a cabeça e sinto uma mão no meu ombro.

_ Eu poderia dar uma palavrinha com você? – Pergunta David, para a minha surpresa.

_ Tudo bem. – Respondo meio hesitante.

Levanto-me da cadeira e o sigo. Depois de alguns minutos ele para perto de um bebedouro e diz:

_ Olha se você não quiser ir, por mim tudo bem, porque na verdade a minha mãe que teve a ideia, e eu não sei se realmente seria uma boa ideia a sua presença em minha casa.

_ Não, é claro que eu vou. – Digo apenas para contrariá-lo, o que deu muito certo.

_ Você não vai lá. – Grita ele para o meu espanto.

_ Ei irmãozinho, que modos são esses, se a mamãe disse para ela ir, é claro que ela vai, não é mesmo Joana? - Pergunta Hiley, que eu nem ao menos tinha o visto chegar.

_ Você sabe muito bem, o porquê que eu não quero que ela vá. – Diz David com o tom de voz mais moderado.

_ Eu sei, mas seria uma desfeita muito grande para a mamãe se ela não fosse. – Responde Hiley se aproximando de mim e deslizando os seus dedos sobre a minha bochecha.

_ Tire as mãos de mim. – Digo afastando-o. – E só para a sua informação David, eu vou sim à sua casa, e não é para te contrariar, e sim porque eu gostei muito da sua mãe, e não quero fazer uma desfeita dessas. E você Hiley. - Falo me virando para ele. Com uma fúria no olhar – Nunca mais toque em mim.

_ É o que veremos. – Responde ele com um tom de desdém na voz.

Viro-me e vou em direção a minha sala sem nem ao menos me virar para eles, não queria voltar para perto de minhas amigas para que elas não percebessem como eu estava me sentindo, com raiva da reação de David, e com raiva por Hiley ter tocado na minha bochecha, como é que ele se atrevia a tanto. Mas pelo menos uma coisa boa aconteceu hoje, eu iria conhecer a casa deles, e iria tentar descobrir a verdadeira razão deles, especialmente David, ser tão diferentes dos caras que conheci.

                                                                      __**__

Mal chego em casa e já corro para o meu quarto, tomo um banho, troco de roupa, faço um rabo de cavalo no meu cabelo, passo um perfume, e corro para a cozinha.

_ Porque toda essa elegância hoje? – Pergunta o meu pai dando um sorrisinho.

_ Eu vou dar uma passeada pela vizinhança. – Essa era a primeira vez que eu mentia para o meu pai, mas era realmente preciso. Pego uma maça, e dou um beijo em meu pai.

_ Você não vai almoçar? – Pergunta ele dando um beijo na minha bochecha.

_ Não estou com muita fome, prometo que não vou demorar. Manda um beijo para a minha mãe.

_ Tudo bem, tome cuidado viu?

_ Pode deixar. – Digo saindo porta a fora.

Olho no meu relógio de pulso e vejo que ainda são 13h30min, eles deviam estar almoçando, que burrada a minha, porque eu tinha esquecido esse pequeno detalhe? Resolvo dar uma passeada pela vizinhança, e quando deu 14h00min horas vou em direção a casa de David.

Chego à soleira da porta e quando vou apertar a campainha a porta se abre e me deparo com Lucy, vestida com um avental e com a mão cheio de farinha de trigo.

_ Oi Joana, que bom que você chegou, estava ansiosa pela a sua chegada, entre, por favor. – Diz ela com uma voz extremamente reconfortante.

_ Desculpe-me o incomodo, é que o seu filho, o David me mandou um bilhete dizendo que você queria que eu viesse aqui na sua casa, muito obrigada pelo convite.

_ Que nada, o prazer é todo meu, eu que pedi para ele te avisar, já que vocês estudam na mesma sala pelo que eu soube não é.

_ Sim. – Digo ficando um pouco corada.

_ Pode entrar, fique a vontade, estou fazendo um bolo delicioso, espero que você goste, é de chocolate.

_ É o meu preferido. – O que era a verdade, eu sempre amei bolo de chocolate.

_ Que bom, se você quiser, eu irei separar um pedaço para você levar para os seus pais.

_ Obrigada. – Digo, espantada com a gentileza que ela tem, totalmente diferente de David.

_ Entre, não precisa ficar com medo.

Entro devagar, a sala é toda decorada com fotos da família, até seus antepassados eu consegui identificar, o sofá parecia que vinha de um antiquário de tão antigo que era, sentei bem na ponta, e ela veio dizendo:

_ Fique a vontade, Hiley deu uma saidinha daqui a pouco ele está voltando, ele disse que quer se “enturmar” com o povo daqui, meu marido está no trabalho, por enquanto eu não consegui um emprego, mas estou à procura, e David deve estar no quarto dele.

_ Senhora Lucy, porque vocês se mudaram para cá? – Digo já me arrependendo da pergunta.

_ É uma longa história, um dia eu te conto. – Diz ela se virando para a escada. – Venha, vamos chamar o David para conversar com você, enquanto eu faço o bolo. – Diz acenando para me aproximar. Levanto-me do sofá e vou a sua direção.

Subo as escadas e me deparo com um corredor, com três portas de cada lado, andamos em direção a última porta do lado direito, e escuto o som de uma música baixinha, como se alguém estivesse tocando piano.

_ Desde pequeno David tem uma queda por instrumentos clássicos, no caso o piano. – Diz Lucy, ela mal acaba de falar e som para de tocar, Lucy bate na porta e diz:

_ David, abra a porta a Joana chegou. – Depois de alguns minutos, David abre a porta, por incrível que pareça, ele está mais lindo do que todas as vezes que eu já vi com o cabelo todo bagunçado como se estivesse acabado de acordar, uma camiseta com os dizeres: “Não somos o que você pensa ser”, com uma calça jeans toda desgastada e descalço.

_ Filho, é sério que você vai ficar assim na frente das visitas. – Pergunta Lucy com uma cara de vergonha.

_Lucy, eu não me importo, ele está na própria casa, tem o direito de ficar do jeito que quer. – Digo, sem me importar nem um pouco com a sua roupa.

_ Tudo bem então. –Diz Lucy, com um ar um pouco aliviado. – David, tenho que terminar o bolo, você poderia ficar com ela um pouco?

David olha para ele com a cara do tipo “Você que a convidou e agora quer que eu seja a babá dela”, mas então ele olha para ela e concorda lentamente com a cabeça.

_ Muito bem, daqui a pouco eu volto, para chamar vocês para comerem o meu bolo. – Lucy diz, enquanto se vira e desce a escadas, indo em direção a cozinha.

Fico sozinha com David, uma situação extremamente desconfortável. Olho para ele que não diz nada, então decido quebrar o gelo e digo:

_ Então, David. – Mal falei duas palavras e já estou com vergonha. – Você que estava tocando aquela música linda no piano?

Depois do minuto mais longo e constrangedor da minha vida ele responde:

_ Sim – Calando-se novamente.

_ Seria muito incômodo se eu pedisse para você tocar novamente?

_ Seria. – Diz ele friamente.

Sem nenhuma reação, ficamos olhando um para o outro por um longo tempo, até que ouço passos subindo as escadas, penso ser a Lucy, mas me deparo com Hiley, que vem com um sorriso perturbador para perto de mim e diz:

_ Finalmente, a garota difícil chegou, você sabia que eu me apaixono fácil por garotas difíceis?- Pergunta ele pegando a minha mão e a beijando.

_ Se eu soubesse você não estaria perguntando, não é? – Pergunto retirando rapidamente a minha mão.

Hiley retribui a minha resposta com um sorrisinho que faria as outras garotas perderem o ar, mas não comigo, ele se vira para David que continua parado e diz:

_ E então, meu irmão querido, porque você não a levou para o seu quarto e mostrou o seu grande talento tocando uma música no piano?- Pergunta ele rindo e indo em direção ao seu quarto. David olha para mim novamente e diz:

_ Me desculpe pelo o meu irmão.

_ Ele é sempre assim?- Pergunto, ficando um pouco contente por David estar falando comigo.

_ Infelizmente sim.

_ Que pena, deve ser horrível morar com ele.

_ Você não imagina o quanto.

_ Desculpe-me a insistência, mas eu queria muito ouvir novamente a música que você tocou no piano, é muito linda. – Digo, tentando fazer a minha melhor cara de pidona. Ele olha bem fundo em meus olhos e diz:

_ Tudo bem. – Abrindo a porta do seu quarto e fazendo um gesto para eu entrar.

Mal entro, e me deparo com vários livros jogados no chão, CDs, roupas, cadernos, a maior bagunça.

_ Me desculpe pela bagunça, é que acabamos de mudar e não tive tempo de arrumar tudo ainda.

_ Sem problemas. – Digo, tentando disfarçar a minha cara de espanto.

_ Pode sentar na minha cama. – Diz ele se dirigindo ao piano, e sentando-se ereto no banquinho.

Sento-me em sua cama, o colchão é extremamente macio, muito mais que o meu. Depois de alguns minutos, David começa a tocar uma melodia suave, deslizando lentamente os seus longos dedos pelas teclas, a melodia era tão suave que comecei a lutar internamente para não dormir. Depois de alguns minutos, David para de tocar se vira, e começa a me olhar, nem percebo que ainda estou me balançando com o ritmo da música, paro na mesma hora e digo:

_ Essa música é realmente linda. – Digo desviando os meus olhos dos dele. Ele continua olhando para mim e concorda com a cabeça dizendo:

_ Eu mesma que criei.

_Posso te perguntar uma coisa?- Digo com medo de sua reação.

_ Sim. – Diz ele, continuando a olhar para mim, como se ele pudesse ver tudo o que eu estava sentindo, me senti vulnerável, mas continuei:

_ Porque você teve aquela reação no shopping? Você saiu correndo sem nem ao menos me pedir desculpas por ter derrubado o sorvete no meu rosto. – Imediatamente ele desvia os olhos de mim e olha para o chão.

_ É complicado, existem muitas coisas envolvidas, muito mais do que você imagina, você nunca iria entender.

_ Se você me explicar eu vou entender. – Digo, tentando suavizar a minha voz.

_ Esse é o problema, eu não posso te explicar, seria muito para você, como foi e ainda é para mim, especialmente agora.

_ Eu não entendo... – Mal termino de falar, e alguém abre a porta, vejo que é Lucy dizendo:

_ O bolo está pronto, vamos descer. – Ela olha para mim e diz- Joana me desculpe, eu que te convido e te deixo com o meu filho.

_ Sem problemas, além do mais, eu não iria querer te atrapalhar a fazer um bolo tão gostoso.

Lucy dá um sorriso e passa o braço em volta da minha cintura e diz:

_ Sabia que o bolo preferido de David é de chocolate também. Mas agora vamos descer e comer o bolo tenho certeza que você vai adorar.

Dou uma olhada para David, que está parado olhando para o chão, e sigo mais a Lucy em direção a cozinha, imediatamente sinto o cheiro do bolo, e tenho certeza que estará uma delícia.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado!!!



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