Acordei com um vento gelado nos meus pés, procurei algo para cobri-los, porém nada achei. Sentei na cama e bati a cabeça com tudo na cama de cima, tinha esquecido totalmente que estava em uma beliche. Pensei que tinha acordado Yanna, mas ela continuou a dormi. Me levantei e fui ao banheiro. Até que a lembrança da noite passada invadiu minha cabeça.

Depois que saímos do dormitório, fomos para o prédio cheio de vidro, mais conhecido como o prédio E, e jantamos lá, e assim que acabamos voltamos para o dormitório. Yanna queria tanto conversar, mas eu estava tão cansada que desabei na cama.

Assim que sai do banheiro percebi que o quarto estava totalmente gelado, eu usava um short e uma regata, estava tremendo de frio, e não vi cobertor em nenhum lugar, então minha única opção foi acordar Yanna que dormia tranquilamente.

–Yanna- sussurrei em seu ouvido- Yanna- comecei a balança-la.

–Ahn- disse sonolenta- O que foi?

–Hum... É que esta muito frio aqui- disse, e pude ver uma fumacinha sair de minha boca.

–Ah, então Fanny estava certa- disse ela se levantando ainda sonolenta.

–Certa? Em que?- perguntei ajudando ela se descer da cama de cima.

–Que ia nevar- disse ela indo até o guarda-roupa.

–Nevar? Esta nevando?

–Olha pela janela- disse pegando dois mantos grossos.

Cheguei perto da janela que estava coberta pela cortina grosa e laranja, abri a cortina e avistei a neve imediatamente, ela cobria toda a quadra e o jardim. Flocos caiam sem parar, era tão lindo que perdi o folego. Nunca tinha visto a neve pessoalmente, apenas em filmes, e ao vivo é muito melhor.

–Lindo, não é?- disse Yanna me entregando um dos mantos que era preto, comprido e grosso.

–Muito lindo! Perfeito- disse sorrindo.

–É, você já conheceu a neve antes, Ruby?- perguntou Yanna.

–Não.

–Quer conhece-la?

Dei um sorriso de orelha a orelha.

–É claro que quero conhece-la.

–Bom, ela é muito fria, e acho que só esse manto não vai adiantar- disse indo ao guarda-roupa novamente.

–Talvez, mas não quero que você me de suas roupas- disse indo com ela.

–Ah, tudo bem, eu ia doa-las, preciso de novas- disse ela me entregando .

Fui ao banheiro vesti a roupa e me senti muito quentinha, quente de mais. Sai e Yanna já estava com outra roupa.

–Pronta?-perguntou.

–Sim, mas para onde vamos?

–Tomar café, já são 10:00h, espero que tenha alguma coisa ainda, eles geralmente tiram o café 9:30, mas como estamos de férias provavelmente deve ter alguma coisa- disse ela.

–Estamos de férias?- perguntei indo até a porta.

–Hoje é o ultimo dia- disse ela triste- Mas eu gosto do ultimo dia de férias porque eles sempre fazem uma festa.

–Uma festa?

–É, eles fazem uma festa para encerrar as férias, cada ano é um tema, e esse ano é da época vitoriana, aristocracia para as meninas e os meninos vão de cartola, eles odeiam a roupa dessas épocas.

–Uau, bem histórico, não?

–É, mas isso que é legal, história é um máximo- disse ela animada.

–Não, não é- disse abrindo a porta.

–É sim- disse ela fechando a porta atrás de si.

Quando toquei na neve uma sensação incrível dominou meu corpo, ela era macia e muito fria, engraçado como eu estava tão animada em senti-la sendo que era muito fria, porém era incrivelmente perfeita, branquinha e macia.

Fomos até o prédio E, subimos um andar e demos de cara com um refeitório enorme e vazio. Não tinha quase ninguém lá, só umas 3 pessoas num canto. Yanna acenou para elas e percebi que era Jean, Noa e Fanny, então fomos até eles.

–Bom dia- disse Noa.

–Bom dia para vocês- disse Yanna- Fanny, madrugo hoje?

–É, minha colega de quarto me acordo muito cedo hoje, ela é tão chata, troca comigo? Ai eu fico com a Ruby- disse Fanny sorrindo.

–Acho que a Ruby não iria gosta de fica com alguém que acorda três horas da tarde- disse Yanna se sentando.

–Três horas?- perguntei me sentando também.

–É, ela levanta essa hora e ainda reclama que esta com sono- disse Noa.

–Ué, não controlo meu sono, tá legal?- disse Fanny.

Todos riram de sua cara, e ela continuava com cara de seria, o que nos fez rir mais.

–Tá, tá... Ruby vamos tomar café?- perguntou Yanna.

–Tá, vocês já tomaram?- perguntei me levantando.

–Já, podem ir- disse Jean.

Yanna se levantou comigo e fomos até uma bancada que ficava do lado esquerdo do refeitório, em cima da bancada tinha uma maquina de café e outras coisas.

–Vai querer o que?

–Pode ser um chocolate quente.

A maquina parecia normal, mas assim que falei “chocolate quente” ela começou a se “mexer”, começou a fazer meu chocolate do nada, que esteve pronto em segundos.

–É ativada pela a voz- disse Yanna rindo da minha cara.

Fiquei de boca aberta, na verdade fiquei impressionada.

–Café com creme e açúcar- disse Yanna.

A maquina começou a fazer o café da Yanna enquanto eu tomava o meu, estava gostoso e quentinho, ou seja, perfeito, delicioso. Voltamos para a mesa.

–Então, como vocês vão hoje?- perguntou Fanny.

–Surpresa- disse Noa com um sorrisinho.

–Também- disse Jean.

–Que roupas são essas? Nunca ouvi fala- disse Fanny.

–Eu não tenho roupa, nem sabia dessa festa ai- disse.

–Ah, não se preocupe, a gente arruma um para você- disse Yanna.

–Olá, princesa- disse uma voz sedutora atrás de mim.

Levei um susto, pois não conhecia aquela voz grossa e esquisita. Me virei e dei de cara com James. Na ultima vez que o vi, briguei com ele, e estava com raiva dele. Então me virei de volta.

–Oi- disse ele, cumprimentando o resto da mesa.

–Oi- disseram em coro.

Ele puxou uma cadeira e sentou ao meu lado.

–James, cara, quanto tempo que não te vejo, onde estava?- perguntou Jean.

–Esta atrás dela aqui- disse ele apontando para mim.

–O que?- perguntei.

–Uma longa história- disse ele- E ai? O que vão fazer a tarde?

Ninguém respondeu.

–Ótimo, porque vocês já tem um compromisso- continuou.

–A é?- perguntou Fanny com um sorrisinho.

–É, vamos jogar boliche.

–Até que fim... Faz um tempo que estava tentando levar Yandra comigo, mas ela nunca ai- disse Noa.

–Mas ela não vai mesmo, ok? É só nós aqui- disse James.

–Ótimo- disse Yanna com um sorriso.

–Então... Vamos- continuou James.

Não queria ir, mas fui obrigada. Saímos do refeitório, subimos um andar em entramos na primeira porta. O boliche era pequeno, só tinha 3 pistas, porém eram compridas. Ao lado das pistas tinha uma sala de estar com a lareira acesa, mas não tinha ninguém lá.

–Estava aqui a pouco tempo, por isso esta acesa- disse James.

Fomos para a pista, dividimos meninas e meninos, e começamos a jogar. No começo eles estavam jogando e gozando da nossa cara, o que me deixou mais brava com James, então começamos a jogar melhor que eles, até que no final ganhamos.

–Não, não, vocês roubaram- disse Noa.

–Aprende a perde Noa- disse Fanny.

–Eu sei perde, mas não quando roubam- retrucou.

–Tá, tá... Vamos tomar alguma coisa- disse Jean indo até a sala de estar.

Sentamos nos confortáveis sofás vermelhos, e James colocou um filme de suspense.

–A casa dos sonhos? Sério?- perguntou Fanny.

–É muito bom, eu já assisti- disse James.

Então começamos a ver o filme, que era muito bom mesmo, cada vez eu ficava mais confusa. Estava prestando atenção em cada detalhe, até que alguém me distrai. James cutuca meu ombro e olho para ele.

–Vamos dar uma volta?- perguntou.

–Mas eu estou afim de ver o filme- disse.

–Só você, né?- disse ele apontando para o resto.

Yanna estava dormindo com a cabeça no colo de Jean, que estava dormindo também. Fanny estava dormindo em cima do tapete apoiada no ombro do Noa que estava dormindo apoiado na cabeça da Fanny.

–Nossa, não é tão chato assim- disse- Tá bom... Mas depois vou querer terminar.

Fomos para o campo, que estava muito gelado, me arrependi de sair do quentinho, para vir pro gelado.

–Ok, aqui esta muito frio, queria falar comigo?- perguntei.

–Sim, queria pedir desculpa por ontem, eu sei que você deve estar de saco cheio de mim, mas eu quero ajuda-la- disse ele.

Olhei para ele, que parecia sincero. Seus cabelos estavam cobertos por neve, assim como seus cílios, e seus olhos verdes estavam em um tom de verde intenso. Ou seja, ele estava lindo como sempre.

–Olha... Eu desculpo, se você não mentir mais para mim- disse olhando fixamente em seus olhos.

–Tem a minha palavra- disse ele.

–Vou acreditar, viu?- disse.

–Você esta tremendo- disse ele me abraçando.

O calor de seu corpo preencheu todo o meu corpo, o que era muito bom, mas quis brincar com ele um pouco. Me afastei e disse.

–Olha eu te desculpa, mas somos só amigos- disse rindo.

–A é?- perguntou- Se somos só amigos... Sai correndo.

Ri de sua cara e comecei a correr. Ria sem parar e ele foi atrás de mim, rindo também. Até que ele me alcançou e puxou minha cintura para perto da sua.

–Ah, você me pegou- disse rindo.

–E nunca vou soltar-disse dando um sorriso perfeito.

Me puxou para perto e me deu um beijo, ele foi igual, porém diferente dos outros, calmo no começo e intenso no meio para o final, mas não queria que tivesse um final, o frio sumiu do meu corpo, na verdade estava tão quente, que estava com calor.

–Mais uma para nossa coleção- sussurrei em meio dos beijos.

–Como é?- sussurrou beijando meu pescoço.

–Nos beijamos na chuva, e agora na neve.

Ele deu uma risada e continuo a me beijar com mais intensidade, o que me fez querer mais e mais...