Estávamos dançando como se nada mais importasse, naquela hora não existia mais vestido pesado, pessoas “antigas”, nada mais existia, era como só existi nós dois dançando. Até que James fez algo que me despertou para o mundo. Ele deslizou sua mão um pouco abaixo de minha cintura, o que foi uma seção totalmente estranha, pois ninguém tocou “naquele lugar” antes, ao não ser eu.

Olhei para ele, porém seus olhos estavam fechados, tirei uma de minhas mãos de seu pescoço e levantei sua mão, o que o fez ficar que nem um pimentão.

–Me... Me desculpa, eu...- sussurrou ele gaguejando.

–Tudo bem, é que não estou acostumada- sussurrei.

–Ainda bem, se não ia te chama de puta- disse ele rindo- Mas desculpa mesmo, ela desceu sem querer.

Ri de sua cara e coloquei meu rosto em seu ombro, ele fez o mesmo no meu. Então pude ver Yanna dançando com Jean, eles estavam juntinhos, até que Jean puxou com delicadeza o queixo da Yanna, fazendo sua boca se aproximar mais da dele, e então ocorreu o beijo mais perfeito que já vi. Foi tão delicado no começo, depois eles começaram a “se comer”, o que me rir. Olhei para a direita e pude ver Noa e Fanny dançando como estava dançando com James agora. É, eles estavam mesmo dançando um agarradinho no outro, então a conversa deve ter dado certo. Eles formavam um casal perfeito. Até que Noa fez o mesmo que Jean, puxou Fanny para mais perto, o que me fez torcer para o que vinha depois, então ele a beijou, foi diferente do qual eu acabei de presenciar, não foi delicado, foi mais “indelicado”, porém durou pouco, pois Fanny olhou para ele assustada, e saiu correndo. Noa ficou pasmo, e pude ver um sorrisinho brotar em sua face, aquele mesmo sorrisinho que Jean dava ao ver Yanna, o que me fez sorrir também.

–É quer ir para um outro lugar?- perguntou James.

–Hum... Pode ser- disse com um sorriso.

Saímos do salão e fomos para a sacada que era enorme. Nos cantos havia casais com seus olhares apaixonados. Fomos até a grade e pude ver o campo coberto pela neve, o prédio dos dormitórios, e a floresta que estava totalmente negra, só iluminada pela luz da lua. Ah, a lua, como estava bonita naquela noite, cheia e brilhante.

–Linda, não é?- disse James me entregando seu paletó.

–Perfeita... E não precisa- disse entregando seu paletó.

–Tá frio, fica- disse ele.

Sorri para ele, e fiquei com o paletó. Ficamos em silencio por um longo tempo. Até que uma lembrança invadiu minha cabeça, o que me fez perguntar o que já queria perguntar faz tempo.

–James- disse chamando sua atenção e me virando para olhar em seus olhos.

–Já sei, você quer sentar, não é? Vamos.

Fomos até uma mesa que havia na sacada.

–James, posso te fazer uma pergunta?

–Claro.

Estava preste a perguntar, mas outra pergunta invadiu minha mente.

–O que nós somos?

–Que? Nefilins, é claro.

–Não, não é isso. O que temos um com o outro?

–Ah, isso... Ruby, eu gosto muito de você.

–Eu também gosto muito de mim- disse rindo.

–Ah, era brincadeira? Então tá bom- disse com um sorriso no rosto.

–Não, não, agora é serio. O que somos?

–Como eu já disse, gosto muito de você, Ruby.

–Eu também gosto de você.

–Então tá bom, não acha?- disse rindo.

–Não. A gente se gosta, mas idai?

–Não já tá bom para você?

–Tá, mas...

–Entendi- deu um sorriso- Você quer alguma coisa oficial, não é?

–Ah, eu não sei, só quero saber o que somos.

–Bom se você aceitar o que vou fazer agora, seremos algo oficial- disse ele rindo.

–Que? Você esta me confundindo- disse.

Ele riu da minha cara.

–Você prefere que seja bem formal, com eu ajoelhando e tudo mais, ou posso ficar sentado mesmo? É que, sabe, o chão esta muito gelado...

–Você não esta falando coisa com coisa.

–Tá bom, como não fiz um convite formal antes, vou fazer um agora- disse ele.

James se levantou, depois se ajoelhou, procurou algo no bolso do paletó, e pegou uma pequena caixa.

–Ruby, quer namorar comigo?- perguntou abrindo a caixinha revelando um anel fino, prateado, brilhante e com uma pedra vermelha, que parecia muito com um rubi.

Fiquei totalmente chocada. Como assim? Namoro? Do jeito que ele estava parecia que estava me pedindo em casamento.

–Eu... James, parece que você esta me pedindo em casamento, pode levantar?

Ele riu da minha cara, se levantou, e eu também.

–Mas então, qual é a sua resposta?- perguntou com um sorriso perfeito.

–Isso é muito sério, quanto você gastou com isso?

–Não importa o valor.

Pensei um pouco. Namorar é uma coisa, mas namorar com aliança e tudo, é muito sério. E ainda mais, acho que estávamos juntos há mais ou menos um mês, ou até menos. Não era cedo demais? Mas olhando para ele, para seus olhos verdes, que estavam tão carinhosos, seu cabelo que estava perfeito para aquele momento. O que me fez falar...

–Eu... James, gosto muito de você, mas você não acha que esta muito cedo para aliança?

–O que? Ah... Jean me falou que você ia pensar que uma aliança, como sou burro.

–Que?

–Ruby, isso não é uma aliança, é um anel, se fosse aliança eu estaria usando uma também, também acho que esta muito cedo para algo mais sério.

–Parece tanto uma aliança, é tão bonita... Ah, James, eu aceito ser sua namorada- disse com um sorriso de orelha a orelha.

–Serio?- perguntou surpreso.

–Sim, mas nada de alianças por enquanto-disse dando-lhe um abraço apertado.

O soltei, e ele colocou o anel no meu dedo o meio.

–Agora quando você ficar com raiva de alguém e mostrar esse dedinho para essa pessoa, espero que lembre de mim- disse rindo.

–Isso era para ser algo bom?- perguntei rindo.

James me puxou para mais perto ainda rindo e me deu um beijo, que foi o melhor que já demos, foi simplesmente perfeito, até que alguém nos interrompeu.

–Ahn, James?- disse o garoto.

Era baixo e usava roupa preta, o reconheci, ele tocava com Yandra.

–O que foi?- perguntou James um pouco irritado.

–O Lelo quer falar com você lá no saguão.

Lelo, o garoto anjo que achava que conhecia. Olhei para James e seu rosto ficou sombrio.

–Já estou indo.

O garoto saiu nos deixando sozinhos.

–Quem é esse Lelo?

–Ninguém que te interessa, é sério.

–Nossa, não seja groso.

–Desculpa... Eu... Só quero que fique aqui, já volto.

–Quero conhecer ele.

–Fica aqui.

James entrou no salão e despareceu no meio da multidão. Resolvi segui-lo. Quando cheguei no saguão, ninguém estava lá. Fui até uma sala que ficava ao lado, que era a sala de estudos. Pude ver James em um canto pela direita conversando com Lelo que estava de costa para eu.

–Ah qual é, você me chamou só para falar isso?- disse James.

Não pude ouvir direito, então me aproximei, e me escondi atrás de um armário que ficava atrás do Lelo, peguei uma cadeira e subi nela para ver melhor.

–É, não quero mais você com ela, você é uma péssima influencia para ela- disse Lelo.

Sua voz era grosa e firme. Conhecia essa voz, porém não me lembrava da onde.

–Lelo, não vou me afastar da Yanna, ela é como uma irmã para mim.

–Mas ela é a garota da profecia, e você com ela vai levar o mundo pra as trevas.

–Só porque sou do conselho?

Conselho? Ainda existia o conselho? E como James era do conselho? Ele era um nefilin e o conselho odeia nefilins, não é?

–É, isso mesmo. O conselho quer o mau para todos.

–Se eu não me afastar da Yanna o que você vai fazer?

–Posso fazer qualquer coisa- rangeu Lelo puxando a gola da camisa de James.

–Qualquer um sabe que eu sou mais forte que você- rangeu James também com uma risada que aborreceu Lelo.

–Vamos ver, então- disse ele dando um soco em James.

Aquilo me fez gritar baixo, não suportava ver James se machucando.

James começou a socar Lelo, e os dois começaram a brigar. Me desequilibrei da cadeira, o que me fez derrubar o armário caindo em cima dele levantando uma fumaça de poeira. Assim que a fumaça abaixou me levante dei de cara com o Lelo. Conhecia muito bem esse Lelo. Fiquei paralisada ao vê-lo e ele o mesmo, parecia que tínhamos visto um fantasma.

–Meu Deus, é você? É você mesmo? Eu estou vendo um fantasma só pode ser- falou.

–Ah MEUS DEUS! Eu não acredito!- disse me afastando dele- Wesley?!!