POV Ally

– Ah, qual é Ally – ele disse rindo. – Faça isso pelo nosso recomeço, e dessa vez é o único – ele disse sorrindo e pegou minha mão.

Desviei os olhos para o palco a frente que agora só tinha uma pessoa saindo. O que eu tenho a perder?

Levantei-me da mesa deixando Austin confuso e ainda mais curioso. Antes que eu perdesse a coragem andei rapidamente até o homem que cuidava do palco.

Falei o que eu queria e ele assentiu sorrindo. Subi no palco com um microfone na mão, a qual tremia mais que tudo. O que não faço por Austin? Olhei para os olhos do loiro e seu sorriso era confuso, mas ao mesmo tempo encantado.

A música que eu tanto queria começou a tocar em poucos minutos. Meus olhos ficaram fixos nos de Austin até mesmo quando ele se aproximou do palco. Isso porque se eu olhasse para qualquer outro lugar eu com certeza sairia correndo daqui.

A introdução de I Won’t Give Up preencheu o Café todo, provavelmente chamando atenção de muitos. Mas, eu apenas olhei para Austin observando sua reação. Ele sorriu surpreso, mas não fez nada, continuou apenas com seus olhos presos aos meus.

When I look into your eyes

It's like watching the night sky

Or a beautiful sunrise

There's so much they hold

Quando olho em seus olhos

É como observar o céu de noite

Ou um belo amanhecer

Eles carregam tanta coisa

Cantei, mas com a música mais adaptada a minha voz já que originalmente é cantada por um homem. Austin sorriu e fiz o mesmo, com um pouco de timidez. Essa música já era constante em todos os momentos. Acho que já poderíamos considerar, nossa música. Portanto, nada melhor terminar esse momento em que estávamos voltando a ficar juntos, com a música que sempre está nesses momentos. Estar nervosa não é nada em comparação a como eu estava.

And just like them old stars

I see that you've come so far

To be right where you are

How old is your soul?

E como as estrelas antigas

Vejo que você evoluiu muito

Para estar bem aonde está

Qual a idade da sua alma?

I won't give up on us
Even if the skies get rough
I'm giving you all my love
I'm still looking up

And when you're needing your space
To do some navigating
I'll be here patiently waiting
To see what you find

Cause even the stars, they burn
Some even fall to the earth
We got a lot to learn
God knows we're worth it
No I won't give up

Não desistirei de nós
Mesmo que os céus fiquem violentos
Estou lhe dando todo meu amor
Ainda olho para cima

E quando precisar de seu espaço
Para navegar um pouco
Esperarei pacientemente
Para ver o que você descobrirá

Porque até as estrelas queimam
Algumas também caem sobre a terra
Temos muito a aprender
Deus sabe que somos dignos
Não, eu não desistirei

Austin sabia que aquilo era como uma promessa, mais uma, como todas às vezes. Mas, dessa vez faríamos dar certo de qualquer maneira.

I don't wanna be someone who walks away so easily
I'm here to stay and make the difference that I can make
Our differences they do a lot to teach us how to use
The tools and gifts we've got yeah we got a lot at stake
And in the end, you're still my friend
At least we didn't intend
For us to work we didn't break, we didn't burn
We had to learn how to bend without the world caving in
I had to learn what I've got, and what I'm not
And who I am

Não quero ser alguém que vai embora facilmente

Estou aqui para ficar e fazer a diferença que posso fazer

Nossas diferenças, elas fazem muito nos ensinando a usar

As ferramentas e os dons que temos, sim, há muito em jogo

E no fim, você ainda é minha amiga

Pelo menos não tivemos a intenção

Para funcionarmos, não quebramos, não queimamos

Tivemos de aprender a ceder sem ceder à pressão do mundo

Tive que aprender o que tenho e o que não sou

E quem sou.

I won't give up on us

Even if the skies get rough

I'm giving you all my love

I'm still looking up

I'm still looking up

I won't give up on us

God knows I'm tough, he knows

We got a lot to learn

God knows we're worth it

I won't give up on us

Even if the skies get rough

I'm giving you all my love

I'm still looking up

Não desistirei de nós

Mesmo que os céus fiquem violentos

Estou lhe dando todo meu amor

Ainda olho para cima

Ainda olho para cima

Não desistirei de nós

Deus sabe que sou forte, ele sabe

Temos muito a aprender

Deus sabe que somos dignos

Não desistirei de nós

Mesmo que os céus fiquem violentos

Estou lhe dando todo meu amor

Ainda olho para cima

Assim que a música acabou e eu terminei de cantar, Austin foi o primeiro a bater palmas. Assim que ouvi outras palmas senti meu rosto pegar fogo. Deixei o microfone com o cara que me ajudou e comecei a descer a pequena escada. Quando estava no meio fui arrancada de lá.

Puxei o ar assustada, mas não gritei assustada porque, logo lábios cobriam o meu. Eu estava com muita saudade disso. Austin apertava minha cintura com força e eu sorri. Ouvi ainda mais palmas quando nós terminamos de nos beijar. Meu rosto com certeza estava um pimentão.

– Conseguiu chamar mais atenção – falei batendo no peito de Austin e ele riu.

– Na verdade você conseguiu chamar muita atenção sozinha. Cantou muito bem – observou e eu ri envergonhada.

– Essa música se tornou ainda mais especial do que já era – falei dando ombros e ele concordou.

– E ela demonstra muito tudo isso que passamos até agora, pois, no fim, nós não desistimos – Austin observou e eu concordei.

– Eu te amo - falei de repente. Ele riu e depois acariciou minha bochecha.

– Também te amo – respondeu e me beijou novamente.

Assim que nos separamos umas pessoas vieram me parabenizar. Algumas ficaram impressionadas com a minha voz, mesmo eu falando que não nada de mais. Assim que falei isso pela milésima vez um homem baixinho riu.

– Duvido muito que é nada de mais – disse deixando-me tão confusa quanto Austin. – Trabalho em uma produtora – ele disse nos cumprimentando – Foi uma surpresa ver uma pessoa cantando tão bem logo aqui. Tenho certeza que você tem futuro como cantora, o que acha? – ele disse e eu arregalei os olhos surpresa.

Austin parecia em dúvida. Sua mão estava segurando a minha com força. Se eu queria uma carreira com a música? Claro que eu queria. Mas, por enquanto não como cantora, apenas compositora e dando aulas de música, sempre tive isso bem claro em minha mente. Além disso, eu não queria fama, no momento, prefiro a música apenas como uma parte do meu dia a dia e não algo grandioso.

– Obrigada mesmo – falei simpática e Austin suspirou. – Mas, não é isso que quero por enquanto – completei desapontando o cara a minha frente. O homem assentiu e depois estendeu um cartão.

– Caso queira mudar de ideia algum dia – ele disse e eu assenti pegando o cartão.

O homem se distanciou sem falar mais nada para insistir e assim que ele fez isso, Austin me puxou para um abraço. Encostei minha cabeça em seu peito e senti seu coração acelerado.

– E o que você quer agora? – ele perguntou se referindo a minha resposta.

– Ahn, ficar aqui em Miami. E talvez ficar perto de você – falei em falsa dúvida e ele riu.

– Você com certeza tem que ficar, com Mary. Adam perdeu a pouca capacidade de pensar sem Mary por perto. E eu, bem, preciso de você aqui – ele disse seriamente e eu sorri.

– Então tudo bem, faço esse esforço. Vamos fazer Adam recuperar sua capacidade de pensar. E a sua de viver – disse convencida e ele riu.

– Talvez – deu ombros e depois riu.

Tudo parecia uma brincadeira, mas é assim que dizemos a verdade. Austin e eu escolhemos não deixar tudo passar sem fazermos nada. Já perdemos muito tempo separados não queríamos que mais tempo se passasse. E aqui estávamos, juntos. Há risco de nos machucarmos novamente, como há o risco de sermos felizes.

“Claro que eu vou te machucar. Claro que você vai me machucar. É claro que vamos machucar uns aos outros. Mas esta é a própria condição de existência. Para se tornar primavera, significa aceitar o risco de inverno. Para tornar-se presença, significa aceitar o risco de ausência.”

– O Pequeno Príncipe.