Capítulo 8

*Baile Sangrento*

POV Rubby Jade

Entrei no quarto, respirei fundo, tranquei a porta e...

–LIXO DESPREZÍVEL! – A minha raiva venho à tona – Nojento, nojento, nojento... Arght!

Arranquei a roupa apertada de uma só vez e peguei o celular, teclando o número já decorado. Esperei os toques até a ligação ser atendida.

–Eu odeio a minha vida – Disse de uma forma psicótica. Ouvi um bufo exausto.

–Hey, calma Rubby! – Respondeu Moka no outro lado da linha. – Eu sei que você deve ter ficado um pouco... Molhada ao ver que seu ex está o maior gostoso... Mais gostoso do que o Tyler!

–Eu... – Respirei – ...Te mato! Como pode dizer uma coisa dessas?

–Na verdade eu não podia mesmo ter falado uma coisa dessas, até porque Ian está colocando gasolina no carro e pode ter escutado a parte do gostoso!

–Você é muito idiota...

–Eu sei, mas agora... Eu sabia que Kid ia mexer com você...

Silêncio.

–Não estou falando do lado malicioso sua hipócrita, estou falando do lado sentimental!

–Ah sim... Certo... Bem isso é óbvio que ia acontecer! – Deitei na cama, mesmo estando apenas de calcinha.

–Mas acho que você supera, tem que superar! Estamos enfrentando uma possível guerra, vocês tem que se entender pelo menos por um tempo...

–Verdade... E pensar que pelo visto vou ter que passar o natal com esse idiota!

–Rubby, você quase nunca passa o natal com a sua família! Passa na revista, como se fosse escrava de si mesma!

–Claro que não!

–Ah sim, você também passa o natal no bar quando dá vontade!

–Certo, certo, já entendi! Virei uma desviada, alcoólatra, depressiva, viciada em sexo e que só trabalha, já entendi!

–Jade... Não é isso!

–Tanto faz... – Apertei as têmporas – Bem, eu vou tomar um banho e me arrumar para a noite ridícula.

–Algo me diz que Kid vai morrer de tezão!

Rimos muito, desliguei o celular... Com raiva. Ela é uma idiota!

Kid... Mais gostoso que Tyler, da onde?

...

Droga, é verdade!

POV Death the Kid

Respirei fundo e coloquei a cabeça em baixo da água quente, o relaxamento instantâneo foi um êxtase.

A imagem de Jade descendo aquelas escadas não saia da minha cabeça, assim como a mão quente dela apertando a minha. Aquele rosto emoldurado por um anjo, aquelas coxas perfeitas, os seios... Tudo nela continuava perfeito!

E eu não devia estar pensando assim dela, eu a odeio!

Ela me deixou sozinho, sustentou uma mentira na minha cara, teria sido mais fácil se ela simplesmente acabasse tudo em paz, sem mentiras, sem loucura...

Eu pensava que ela me amava assim como eu amava ela. Eu faria tudo por ela, mas ela decidiu fazer isso...

–Uma grande idiota, grossa, hipócrita, egocêntrica, metida e mimada... – Dei um soco na parede – Eu te odeio!

Estou sendo ridículo... Controle-se, Death The Kid!

POV Autora

A ruiva mais velha se via ao lado da cama antiga da moça, apenas olhando a filha arrumando os últimos detalhes de sua vestimenta.

–Eu me lembro quando... Você tinha esse tamanho! – Demétria bateu a mão no meio de suas coxas, indicando o tamanho da filha. – Nunca pensei que se transformaria na mulher que é hoje... Forte, audaciosa... – Ela foi até a filha que sorria e apertou ainda mais o corselet amarelo, fazendo com que os seios da ruiva mais nova ficassem ainda mais visíveis e a cintura ainda mais fina.

–Por que está falando isso mamãe? – Ela perguntou se virando para Demétria que vestia um belo vestido vermelho e dourado, de estilo barroco assim como o da filha.

–Por que... – Ela sorriu – Eu ando preocupada meu anjo...

–Com que? – Jade levantou uma sobrancelha.

–Você está muito infeliz! – A mãe foi até o ponto e a filha desviou o olhar para as belas luvas de seda.

–Mãe... – Jade se perdeu nas palavras, sua boca estava tremula – Eu não estou infeliz, é impressão... Eu sou dona de uma das revistas mais requisitadas do mundo, herdeira da família mais rica do Reino Unido, tenho a melhor família e os melhores amigos que alguém poderia ter...

–Mas não tem quem você ama! – Demétria disse o óbvio.

–Se está falando do shinigami... Não, eu não o amo mais... Na verdade, eu realmente acho que nunca o amei, foi apenas... Um amor passageiro de adolescentes bobos!

–Então, por que até hoje não consegue falar dele direito, e o tratou mal hoje?

–Ora, porque ele me traiu mãe! – Respondeu, já perdendo a paciência.

–Mas você não acabou de dizer que foi uma amor tolo de adolescente? Se fosse isso mesmo, você estaria indiferente, não do jeito que está agora! Nervosa, indignada, tremula e ausente!

–Olha mãe... – Jade olhou para a porta – Temos que ir...

–Não terminamos essa conversa, querida! – Demétria a olhou com um olhar amedrontador.

–Que seja... – Ela olhou para a mãe e sorriu – Está linda! Papai vai morrer de ciúmes...

Demétria deu uma gargalhada.

–Ele sabe que eu me arrumo assim para ele... Se ficar com ciúmes vai fazer papel de bobo! E você está ainda mais bonita! – Ela olhou para a filha com orgulho.

Ela estava com belo vestido amarelo dourado, seus detalhes – como os laços e alguns babados - eram negros, e ele era gigantesco, um vestido de princesa e que seria o sonho de qualquer mulher vesti-lo. Seu cabelo se via em um alto e volumoso coque no alto da cabeça, sua franja estava solta em cachos e usava belas e caras joias.

–Obrigada... Agora vamos!

Alguns minutos depois, no outro quarto.

–Isso é tão irritante! – Soul bufou, jogado na cama – Temos que vim no seu quarto para nos ajudar a arrumar nossas gravatas!

–Isso não é irritante – O shinigami falou, enquanto arrumava a gravata de Black – É ridículo!

–Cala a boca Kid! Arrume logo essa coisa! – Gritou com raiva o azulado.

–Estou tentando, mas ela está... Toda a amaçada – Disse Death, olhando um amaço invisível na gravata do rapaz.

–Ah! Está bom! – Gritou Black Star – Digno de um Deus!

O moreno e o albino apenas bufaram.

–Valeu Kid! – Disse Soul, indo em direção a porta – Vai descer quando?

–Daqui a pouco – Respondeu o shinigami – Só vou dar uma ajeitada aqui e já vou descendo! Podem ir sem mim... – Ele sorriu para os amigos que logo fecharam a porta.

–Vai ficar bem Hachi? – Perguntou para o cão negro que estava deitado na frente da lareira. – Acho que sim...

Se olhou uma última vez no espelho e sorriu, mesmo se achando um lixo desprezível na parte do cabelo, no fundo ele sabia que era o único que odiava aquelas listras... Bem, ele e Jade Rubby pelo que ele pôde notar.

Estava usando um belo smoking, de estilo antigo, onde, no lugar da gravata avia vários babados, quase idêntico ao de Soul.

–É, nada mal... – Disse para si mesmo e saiu do quarto.

Já sentia a movimentação no andar de baixo, a música clássica do piano e dos violinos, a iluminação envelhecida e chique de velas. Andou mais alguns corredores até ter a bela visão do andar de baixo.

O salão principal estava todo iluminado por velas, o gigantesco lustre deixa a imagem ainda mais pitoresca. Homens e mulheres fantasiados se viam em colunas altas, fazendo belas performances de estátuas vivas. Dois homens com altas pernas de pau andavam pelo salão, assim como os trapezistas que voavam em cima de tudo todos.

–Esplendido... – Ele disse para si mesmo com um sorriso de canto, impressionado.

Foi em direção as escadas mais próximas e desceu, ainda olhando maravilhado cada detalhe da festa. Uma ópera tocava em um palco elegante no canto do salão e as pessoas bailavam a valsa. Um mar colorido de ternos e grandes vestidos rodeavam feito ondas por todo o salão.

E ali, no centro de todo o salão, ele viu ela...

Aquele vestido lhe caíra tão perfeitamente em seu corpo, estava tão linda, um anjo coberto pela mais divina luz. Seu cabelo escarlate reluzia ao longe e lembrava a mais bela chama do mais puro fogo, ele sentia seu calor mesmo estando tão longe.

Ela valsava com o irmão mais velho, Kid tinha se esquecido de como a mulher dançava bem, seu corpo acompanhava o ritmo da música dramática e ao mesmo tempo bela dos violinos e ela sorria. Aquele sorriso doce e ao mesmo tempo malicioso de canto, aquele olhar dourado e extremamente sexy. Ela ria e gargalhava junto de Jasper, enquanto davam rodopios e colavam os corpos... E que corpo! Os seios firmes e grandes dela estava quase pulando para fora, e como o shinigami queria que isso acontecesse se eles estivessem sozinhos, em outro lugar...

A cintura era tão fina que dava pouca diferença entre ela e o pulso da jovem. A pele alva e brilhante era desejada de longe por todos os homens, e Kid quase sentia o cheiro daquela pele, aquela mistura de canela com rosas. Ele se lembravam das noites de amor, em que o quarto misturava os dois perfumes e ele estremecia só em sentir aquele cheiro delicioso.

–Kid? – Liz deu um beliscão na bochecha do homem que despertou de seu transe. – Estou te chamando faz quase cinco minutos!

–Ah, desculpe... – Ele disse sem graça, ainda dando uma olhada na garota que começou a dançar com um homem que Kid não conhecia. Um moreno alto e de grande porte, maior que todos os outros, calvo e com cavanhaque, além dos brincos na orelha, parecia um cantor americano de hip-hop. – Quem é aquele?

–Sei lá! – Ela disse olhando para os dois. Jade voltava a ficar séria, falava algo para o homem que assentia a cada exclamação da ruiva. – Deve ser algum artesão conhecido dos Rubby.

–Alguém te falou do plano que eles planejam? – O homem perguntou para a loira, que vestia um belo vestido cinza com detalhes em rosa.

–Não... – Respondeu-lhe – Não entendo porque não nos contaram nada...

–Talvez para nós não interferirmos – Disse-lhe o shinigami, ainda olhando para a bela ruiva que rodopiava no meio do salão.

–Você ainda a ama não é, Kiddo? – Perguntou Liz, olhando-o com um sorriso doce. Ele a olhou rapidamente, assim como desviou o olhar.

–Não começa, Liz – Ele lhe disse, virando-lhe as costas.

Ali, no lado do salão se via a outra ruiva com sua cunhada, bebericando taças de vinho tinto.

–Esse shinigami... – A mulher bufou para a morena que fitava as unhas. – Nunca vai deixar Jade em paz!

–Nem ela vai deixa-lo... O sentimento é recíproco! – Ela lhe respondeu.

–Você viu o modo que ele a olhou? Parecia que... – Ela passou a mão nos cabelos – Deixe para lá...

–Não se estresse com isso agora, onde está Lauren? Vocês devem se preparar! Não sabemos quando aquelas imundas vão chegar...

–Lauren já chegou, deve estar no banheiro... Mas e você? Como vai lutar?

–Não faço a mínima ideia... – A morena bufou em frustação – James me colocou nesse plano não sei por quê... Ele sabe que eu sou inútil sem um artesão!

–Não consegue lutar sozinha? – Perguntou Demétria.

–Não sei, depende da situação – Jessye riu de si mesma. – Vamos dançar...

–Certo!

***

–Eu realmente não estou entendendo, querida – O grande moreno falou para a pequena ruiva a sua frente.

–É simples, vou dar um sinal, vocês vão perceber... Só não sei que sinal vou dar, ainda – Jade respondeu dando uma rodopio e acabando de costas para o moreno. – Cinna, preciso que nos ajude, não é todo mundo que dá socos iguais a você – Riu a mulher.

–Vou ajudar sim, só preferia que tivessem me avisado antes, seu pai... Você sabe! – Cinna riu.

–Sim, é que foi tudo, muito em cima da hora... – Jade olhou para os próprios pés e logo sorriu novamente. – A música vai acabar!

E, no momento que ela pronunciou a frase, a música foi encerrada. Os casais cumprimentaram-se e logo começou uma nova música. Jade e Cinna foram para caminhos distintos, longe da pista de dança.

–Preciso de um cigarro – Ela disse rápido, assim que avistou Moka sentada na cadeira, mexendo no celular. A azulada olhou para a amiga.

–Pegue o seu! – Ela disse.

–Não trouxe... Por favor, não tenho muito tempo! – Assim a azulada bufou e pegou a carteira de cigarros de dentro do decote, lhe entregando um cigarro e um isqueiro prateado escrito “I LOVE NY”. – Valeu...

–Já está nisso Rubby? – Uma mulher de cabelos verdes claros apareceu com um sorriso besta.

–Você sabe que sim Paloma... – Ela olhou para a mulher com uma das sobrancelhas levantada – Vai me bater?

–Hoje não, ao invés disso vou sentar com Moka e olhar os homens sarados que eu não conheço!

–É a sua cara – Disse Jade, virando-se e indo até a varanda, em completo tédio.

Respirou o ar puro e gelado do lado de fora, estava escuro e as estrelas brilhavam como diamantes. Acendeu o cigarro e logo deu a primeira tragada com prazer, fechando os olhos de satisfação, tirou o cigarro da boca e assoprou toda a fumaça para fora, fazendo uma nuvem cinza que foi sumindo com o vento.

Se aproximou mais da varanda, encostando-se no mármore frio, não que se incomodasse. Ouviu passos atrás de si e virou a cabeça por cima dos ombros, em seu campo de visão entrou uma garota pálida, seus olhos eram azuis mortos, porém muito bonitos e seus cabelos eram da cor lilás.

–Olá – Jade disse sem nenhuma animação, apenas com sua voz habitual.

–O-Oi... – A menina gaguejou.

Jade voltou a olhar para frente, assim como deu mais uma tragada em seu magnífico cigarro de menta.

–Eu não mordo – A ruiva falou para a garota, sem olha-la – A menos que tenha alguma alergia a cigarro, você sabe, pode dar câncer – Riu a elegante mulher.

A menina não respondeu, apenas aproximou-se e ficou do lado de Jade, as mãos trêmulas tocavam o mármore com ansiedade.

–Nunca vi você, é da onde?

–Shibusen – Gaguejou mais uma vez.

–Sério? – Os olhos dourados encaram os azuis – Que droga! – Jade deu mais uma de suas gargalhadas e virou-se para a moça – Sou Jade, Jade Rubby!

–Chrona... – Disse a moça de vestido azul céu. –Eu ouvi sobre a... invasão de hoje a noite... Vocês já estão com tudo certo?

–Está tudo sobre controle... – Jade disse seca – Me diga que não foi o maldito filhote de morte que mandou você vim perguntar isso para mim!

–Está falando de Kid-kun? – Ela gaguejou outra vez, nervosa – Não, nunca! Ele nem fala da senhora, muito menos quereria pedir favores, ou tirar dúvidas...

Uma tensão se espalhou e Jade terminou de fumar, suspirando fundo.

–Tem toda razão – Ela colocou uma mexa de cabelo atrás da orelha e sorriu para Chrona – Desculpe, eu estou um pouco... Que dizer... Muito, extremamente com raiva nesses últimos dias... Não anda fácil! Bem, nos vemos por ai...

–Sim...

E Chrona só pode ver a moça de cabelos vermelho sangue atravessar a porta da varanda elegantemente e entrar naquele bolo de pessoas.

***

A valsa continuava e mais uma vez Jade estava ali no meio, com um senhor de idade que ela realmente não lembrava o nome, até porque, aquela valsa consistia em uma troca de pares aleatórios por volta de três minutos cada.

Ela finalmente trocou de par, batendo-se violentamente no peitoral rígido e duro do homem, ele havia sido completamente empurrado em cima dele.

–Desculpe... – O homem disse recuperando o folego, a cabeça de Jade ainda plantada no peitoral, inalando aquele cheiro conhecido.

–Não foi nada... – Ela disse sorrindo, porém o sorriso branco logo sumiu quando viu quem estava a sua frente, apertando sua cintura.

–Jade... – O shinigami revirou os olhos, mesmo com a adrenalina de apenas toca-la, ele sabia disfarçar seus sentimentos muito bem, assim como ela.

–Death the Kid... Que honra! – Falou sarcástica.

–Deixe esse seu cinismo e sarcasmo e pelo menos finja que nos damos bem na frente dessa gente! – Disse ele agarrando-a pela cintura, fazendo seus seios espremerem em seu peitoral, com a mão direita ele ergueu a mão dela, começaram a valsa, dois para lá, dois para cá...

–Não fique me roçando desse jeito seu pedófilo! – Ela disse se soltando minimamente.

–Tenho que admitir que seus seios continuam impecáveis – Ele sorriu malicioso e ela fechou ainda mais a cara – Relaxa Rubby, até parece que você não sabe ser falsa!

Ele afrouxou o aperto em sua cintura, deixando a delicadeza tomar conta enquanto acariciava a cintura dela com os dedos, já ela levou sua mão até o pescoço dele, passando as unhas lentamente, causando-lhe arrepios satisfatórios.

–Não acha essa dança um tanto assimétrica? – Ela perguntou enquanto tentava desviar o olhar do dele.

–Sim – Ele a olhou – Mas não deixa de ser elegante e... – Ele se aproximou do seu ouvido – Sexy...

–Pelo visto você virou um idiota que sussurra nos ouvidos das garotas palavras quentes – Jade revidou encostando se nariz no pescoço do rapaz – Até onde você foi se rebaixar...

Ele não respondeu, apenas voltou a ficar sério, com uma expressão irritada e parou de acaricia-la na cintura.

–Não se faça de santa Jade – Ele a olhou novamente, ela lutando para não corar – Sei muito bem que de ingênua você não tem nada, e se eu virei ou não um cara assim não lhe devo satisfação nenhuma!

–Não me diga!– O sarcasmo mais uma vez tomou conta e ela deu um sorriso falso.

Eles se calaram, ela desviava o olhar para o resto das pessoas, suas bochechas estavam coradas. Ele ainda a olhava, ela havia crescido, não era mais tão baixinha, para falar a verdade de baixinha não tinha nada, sua cabeça, que antes terminava nos ombros do rapaz, agora ficava até a altura do seu nariz, mesmo sem salto.

–Jade – Uma voz grave e rouca interrompeu a valsa dos dois, o loiro estava com certa preocupação no rosto.

–Ty? – Ela soltou-se de Kid. – O que houve?

Ele não respondeu, apenas fez um movimento com a cabeça e ela, sem dizer nada, o seguiu rapidamente, deixando o shinigami para traz com uma carranca.

Ele saiu da pista e foi se sentar com Soul que estava sozinho mexendo no celular. Jogou os cabelos para traz e respirou fundo, afrouxando minimamente a gravata. Estava queimando, as bochechas estavam mais coradas do que nunca e estava irritado, muito irritado.

–Que corte de mestre – Soul disse, sem olha-lo – Isso que é o que falamos... Deixar plantado na pista! – Riu o albino e o moreno revirou os olhos com desgosto.

–Por que não cuida da sua mulher ou da sua vida? – Disse sarcástico.

–Maka está ajudando Tsubaki a controlar o choro – Kid engoliu em seco, lembrando-se da época que Jade estava gravida e ele não sabia – E bem, eu estou cuidando da minha vida!

–Não parece... – Um grito foi ouvido e a música parou de tocar, todos os convidados ficaram paralisados, olhando tudo em sua volta, assustados.

Os dois homens se levantaram, atentos. Soul estava com uma expressão preocupada, os punhos estavam cerrados.

–Droga, onde está a Maka? – Ele se perguntou.

–Não se preocupe com Maka, ela sabe se cuidar – Falou Kid – Liz! Patty! – Ele disse para as duas loiras que vinham apressadas em sua direção.

–Que grito foi esse? – Perguntou Liz já se transformando na pistola junto da irmã e sendo apanhada pelo shinigami.

–Não faço ideia! – Ele procurou com os olhos Jade, ou até mesmo algum conhecido, nenhum deles estava no salão.

As luzes desligaram com um “baque”, as velas se apagaram com um vento forte que ninguém soube de onde tivera vindo. Gritos de susto de todas as pessoas foram ouvidos. Agora a única luz era a da lua que passava pelas janelas de estilo gótico.

Uma risada foi ouvida e ecoou por toda a mansão, causando calafrios em todos. Luzes puderam ser vistas na multidão - armas se transformando para que seus artesãos pudessem lutar.

–Ora, ora, meus queridos conhecidos – A voz sombria foi ouvida – Não vão vim atrás de mim e de minhas amigas? – E mais várias risadas foram ouvidas.

–Soul! – Maka disse respirando com dificuldade enquanto vinha correndo em nossa direção – Transforme-se!

–Okay – E logo ele virou uma foice que foi apanhada rapidamente pela loira.

–Onde estão Tsubaki e o Black? – Perguntou Kid.

–Tsubaki está passando muito mal! Brad a levou para um quarto secreto atrás da biblioteca junto de Black, o obriguei a ficar com ela...

–Ele deve estar muito bravo – Soul riu na hora que uma bomba explodiu no canto do salão.

A correria começou, gritos ecoando desesperadamente por todos os cantos, balas sendo atiradas, assim como flechas e bombas sendo jogadas por aproximadamente três bruxas.

Uma flecha prateada atravessou como um flash toda a locomoção, atravessando a testa da bruxa negra de cabelos azuis claros, ela gritou de dor e caiu no chão, na piscina do seu próprio sangue que jorrava de sua cabeça. Todos desviaram o olhar para a ponta da escada.

Ian se via ali com uma roupa inteiramente preta com fivelas prateada, botas pesadas de cadarços e em suas mãos a besta gigantesca e prateada.

–Saiam! TODOS! – Ele gritou lá de cima, seco. E assim uma onda de pessoas começou a correr em direção a saída, esvaziando o salão rapidamente, apenas com mais algumas pessoas, contando Kid e os outros.

As outras duas bruxas voaram até Ian e eles começaram a lutar, flechas e mais flechas sendo atiradas, teias tóxicas de aranhas. Os vidros quebraram permitindo a entrada a lobos gigantescos, lobisomens. Eles correram por toda a parte, atacando as demais pessoas que ficaram.

–Vamos Maka! – Kid gritou começando a atirar.

–Sim!

Mais três bruxas apareceram, uma com uma fantasia fantasmagórica de palhaço, outra com um vestido lolita de penas e outra toda enfaixada com um olhar morto.

–Guerra aos Rubby... – Disse a enfaixada, sem nenhuma emoção. Ela juntou as mãos em uma bola de luz azul marinho e apontou para o meio onde umas dez pessoas se viam encurraladas – Vocês ainda têm alguns minutos até a energia total que vai levar suas almas, humanos inúteis!

Enquanto isso, Kid ainda abatia alguns lobisomens, porém agora estava encurralado, Patty e Liz estavam longe graças a um ataque inesperado que as jogou para longe de suas mãos e quando um grande lobo jogou-se para cima do shinigami ele apenas pôde fechar os olhos fortemente antes de um baque. Ele abriu os olhos surpresos e em seu campo de visão estavam ninguém mais, ninguém menos que Demétria e James. Ela carrega uma pistola gigante de prata detalhada com uma madeira envernizada e muito bem polida e ele carregava uma bela alabarda dourada.

–Mais cuidado Shinigami! – Disse James que jogou Liz e Patty para o artesão que estava impressionado, os lobisomens que estavam em volta dele estavam todos mortos.

–Como você...

–Anos de experiência! – Disse Demétria olhando para o alto e sem aviso prévio deu um salto até o teto derrubando lá de cima uma espécie de sapo gigante.

–Com licença... – Disse James correndo para outro canto.

O shinigami olhou para a bruxa enfaixada, ela sorria minimamente enquanto as outras soltavam fleches de luz em outras direções.

–É agora... –Ela disse em um tom que o shinigami escutou, deixando-o gelado e desesperado.

–Por Deus... – Ele disse para ele mesmo, tentando pensar em alguma coisa.

Ele ouviu um tiro e em seguida olhou mais uma vez para a bruxa que agora tinha uma expressão frustrada, a luz não estava mais em suas mãos, sumira. E lá em cima do teto ele viu uma corrente caindo, e, se prendendo nela, uma figura encapuzada e de óculos escuros, carregando duas pistolas douradas. Ele involuntariamente sorriu enquanto a corrente fazia uma descida perigosa, o capuz da mulher foi para traz revelando a bela juba vermelha amarrada em um rabo de cavalo que chegou a tocar o chão quando estava quase pousando. Ela jogou-se da corda, sendo empurrada para trás, para se equilibrar enfiou as duas mãos no chão, empinando a bunda, fazendo o shinigami ver bem de perto aquela bela visão.

Ela usava um corselete de couro negro, bem apertado, por cima um jaqueta de pregas com capuz, um shorts preto, extremamente curto que “cobria” suas partes baixas e usava meias arrastão e botas de salto alto.

–Devia ter saído daqui shinigami fresco – Ela falou sem olha-lo, concentrada na bruxa que parecia muito revoltada.

–Ninguém pode me mandar e, aliás, é bom checar que você não vai morrer!

Ela o olhou com completo desprezo.

–Fred, Brad... Adagas! – E rapidamente as pistolas se transformaram em cortantes laminas douradas. Ela atirou-se para o meio das três bruxas em uma velocidade incrível e as golpeou sem nem elas perceberem, levando três corpos para o alto.

–Quem é que poderia morrer? Inútil! – Ela gritou para ele lhe deu o dedo do meio.

–Idiota... –Ele disse com uma cara de tacho.

Várias lutas começaram, mais bruxas chegavam, assim como lobisomens e outras criaturas. Jasper carregava Tyler que estava transformado em um grande chicote de aço, Jakes usava sua espada, Sarah Stark, melhor amiga de Jakes. Ian e Moka atiravam as flechas do alto, sempre foram melhores em mira do que lutas corpo a corpo. O moreno denominado Cinna carrega uma cerra elétrica e seu terno branco já estava completamente vermelho de sangue. Jessye fazia o possível para lutar sozinha. Paloma carregava uma pela Katana prateada com detalhes em rosa, ela lutava juntamente com Jade. Kid dava cobertura para quase todos que estavam próximos dele e Maka atacava tudo que via pela frente. Spirit e Stein lutavam intensamente junto de Demétria e James e Marie foi cuidar de Tsubaki.

–Jade! – Paloma chamou a ruiva que quebrava a cabeça de uma mulher rato.

–O quê? – Perguntou ela.

–Onde estão as crianças? Bryan e Bárbara? Não vi eles irem para o quarto da biblioteca!

Jade parou, ficou piscando os olhos como tique nervoso, a respiração parou.

–Tem certeza que não viu eles? – Ela perguntou para a mulher de cabelos esverdeados e ela negou com a cabeça. – E você Yuri? – Olhou para a katana.

–Não vi nada Jay... – Ela disse tristemente.

–Droga... – A ruiva falou para ela mesma estupefata.

–Jade, vá procura-los, eu e Fred tomamos as rédeas aqui! – Disse Brad que logo se transformou carregando a outra pistola em sua mão. Ele lhe sorriu, confiante! A artesã sorriu aliviada para o loiro e sussurrou um obrigado, saindo correndo em seguida a procura dos pequenos.

–BRYAN! – Ela gritou olhando para cada canto do salão – BÁRBARA!

Nada. Apenas mais lutas sendo cravadas na sua frente.

–Droga... – Ela disse raivosa, olhando para as escadas – É melhor checar lá em cima!

–Jade – O irmão mais velho da moça gritou, em seu lado estava Tyler, e nas mãos de Jasper um grande machado, a Tia Jessye. – O que aconteceu?

–As crianças, não foram para o quarto da biblioteca! – Ela disse se aproximando, estava trêmula e o coração dava longas e dolorosas batidas.

–Tem certeza? – Perguntou Tyler apertando o ombro da mulher que estava claramente muito nervosa.

Instantaneamente Jessye se transformou, estava mais assustada do que a ruiva.

–Ai meu Deus, e agora? – Ela disse desesperada olhando para todo o salão, lágrimas brotavam de seus olhos.

–Fazemos assim... – Jade pensou – Vistoriem lá em cima, eu fico com esse andar e o lado de fora... E tia... – Ela olhou Jessye – Bryan e Bárbara estão bem, eu sei disso! Não se preocupe!

E o trio foi para o caminho das escadas rapidamente enquanto Jade atravessou pelo outro lado, começando a procurar em baixo das mesas, agora destruídas com toalhas queimadas, procurou também na dispensa e na cozinha, em cada armário do cômodo, que, por Kami-sama, estava intacto, mas infelizmente não os encontrara. Foi ao escritório antigo do pai, que estava praticamente abandonado, vasculhou cada móvel e cada esconderijo possível para duas crianças pequenas. Nada, eles simplesmente tinham evaporado!

–Ah que inferno! – Ela rosnou em completo desgosto e voltou para o salão principal, pronta para ver se eles estavam lá fora.

***

–Hey Kid! – Chamou Maka – Por que parou?

Ele saiu do transe e a olhou.

–Nada... – Ele disse – Eu vi...Algumas pessoas indo lá para fora... – Mentiu, só tinha visto Jade, ela parecia muito nervosa e isso chamou sua atenção. -Vou lá checar, pode ficar ai!

–Okay!

Ele correu para a grande porta e a atravessou, sentindo o ar frio passar por ele, e lá ele viu, o cabelo vermelho ainda mais iluminado com a luz do luar.

Ela estava com os olhos atentos e nem percebera o shinigami. Ela olhou a cada canto, para as sombras e para os jardins.

–Bryan! – Ela chamou esperançosa e esperou alguns minutos, até que um espirro familiar foi ouvido. – Bryan! É você querido?

–Prima Jade? – Perguntou o menininho saindo de dentro de uma raiz de arvore, onde fica um esconderijo que James tinha feito assim que compraram o antigo convento que virara hoje umas das maiores mansões do mundo.

–Graças a Deus... – Ela disse e ele vinha correndo para a prima até que algo inevitável aconteceu. A criatura apareceu em base de segundos ao lado do garotinho que ficou estático, sem saber o que fazer.

–BRYAN! – Ela esgoelou e sem saber o que fazer correu até o garoto, abraçando-o e fazendo de seu próprio corpo um escudo humano enquanto o lobisomem fica com uma áurea estranha e perigosa, pronto para um ataque mortal.

Jade fechou os olhos, sabendo que aquele definitivamente era a sua deixa, estava fraca, sem armas, tinha perdido o costume de se transformar em lâminas como fazia antes. Estava simplesmente de mãos atadas, não era a mesma Jade de antes e sentia raiva de si mesma por causa disso. Olhou para o menininho em seus braços, Bryan podia muito bem ser seu filho, ele tinha a mesma idade e os cabelos negros muito parecidos com os de Kid. Ela deixou uma lágrima escorrer, ele se via assustado, agarrado ao seu abraço enquanto dava alguns soluços.

–Querido... – Ela disse – Quando eu te soltar, mas só quando eu te soltar... Você corre, corre e não olha para trás em hipótese alguma! Entendeu?

–Mas prima...

–Não! – E ela esperou o inevitável acontecer, sentindo a aproximação daquele mostro e apertou ainda mais o garoto contra si, fechando os olhos até arderem.

E ela não viu mais nada assim como não sentiu, sentiu apenas o ar gelado do inverno londrino e ouviu um disparo.

Ela abriu os olhos e finalmente viu quem estava entre eles e o lobisomem que agora se via morto. Ali, com uma bela silhueta, a blusa social branca molhada de suor e com alguns respingos de sangue, o cabelo grande e volumoso ainda mais bagunçado simetricamente e o braço esquerdo machucado e sangrento. Em sua frente estava Death The Kid, o homem que lhe fez a mulher mais feliz do mundo, que a fez a mais infeliz, que a traiu e que agora lhe salvou junto de seu priminho.

–Kid... – Ela sussurrou, ainda segurando o menininho. Lá na frente ela percebeu que mais lobisomens se aproximavam.

–CORRE! – Ele gritou para ela com os nervos a flor da pele – AGORA, CORRA JADE!

E se vendo sem saída ela correu até o esconderijo, empurrando o garoto lá para dentro, onde Bárbara já estava, chorando desesperadamente.

–Não saiam dai! – Ela disse, trancando a pequena portinha de madeira e voltando para o local onde deixara Kid. Agora havia três corpos de lobisomens ao invés de um, e, sentado no chão, exausto estava ele, respirando com dificuldade enquanto segurava o braço machucado.

–Kid! – Ela falou cautelosa se aproximando e ele a fitou com aquele olhar penetrante e enigmático que ela considerava o mais sexy do mundo.

–Eu disse para você correr! – Ele disse duro - Podem vir mais e você... Está sem Fred e Brad! É perigoso.

–E porque você se importa? – Ela perguntou e ele ficou com uma expressão confusa e não respondeu. Ela se aproximou dele e lhe estendeu a mão para que ele pudesse levantar e ele aceitou minimamente relutante, levantando com um puxão que o levou a quase cair em cima da mulher. Ele lhe segurou pela cintura e ela em seu pescoço. Seus rostos estavam próximos demais...

–Cuidado... – Ele disse com um sorriso de canto – Você devia medir sua força quando vai puxar alguém! – E riu roucamente, fazendo-a sentir aquele hálito delicioso de menta.

–Idiota... – Ela sussurrou sem graça, olhando para os olhos deles.

–Você está me devendo uma... – Ele disse, chegando mais perto e a apertando ainda mais contra si. Ela sem saber o que fazer o empurrou e ele abriu ainda mais o sorriso.

–Eu... – Ela gaguejou – Eu... Tenho que tirar as crianças...

–Está bem – Ele disse – Parece que a luta já acabou lá dentro também... Não estou sentido nenhuma alma!

–Sim... – Ela respondeu desviando o olhar e logo percebendo que Jessye vinha correndo desesperada.

–JADE! – Ela gritava.

–ECONTREI ELES! ESTÃO BEM! – Ela gritou de volta e a mulher jogou-se de joelhos no chão.

–Graças a Deus! – Jessye falou aliviada – As coisas já acabaram lá dentro!

–Isso é bom... – Jade respondeu olhando para Kid que ainda a olhava de canto com um sorriso no rosto. – Vou chamar as crianças...

–Certo...

Continua...