Música: Home - Gabrielle Aplin

Epílogo

14 anos depois

O homem estacionou o carro na garagem, ele tinha a aparência exausta, apertou as têmporas e colocou os pés para fora, logo sendo recebido por um animal cinzento que latia alegremente.

—Oi, Ursinho — Falou para o cachorro gigante, só ele sabia o quanto sentia falta do seu pastor alemão — Ainda não entendo porque colocaram este nome ridículo em você — Acariciou o cachorro e logo seguiu para a porta.

Entrou na casa e se olhou no espelho, as olheiras evidentes e escuras faziam seus olhos ficarem ainda mais dourados. Ignorando isto, tirou o casaco e o colocou no cabide da porta, que, como de costume, estava cheio de casacos. Ele negou com a cabeça e não pôde deixar de fazer seu TOC falar mais alto, arrumando cada casaco de forma organizada.

—Kid? — Ouviu a voz da cozinha e não pôde deixar de dar o primeiro sorriso do dia.

—Oi amor — Gritou de volta, indo até a origem da voz da esposa — Demorei, mas cheguei!

Entrou na cozinha e logo reparou na mulher sentada em frente à pequena garotinha de cabelos negros e olhos claros, a criança de aproximadamente dois anos tinha a boca toda suja de comida.

—Hey — Ele fez uma voz meiga e chegou até a cadeirinha, pegando a menina no colo com facilidade— Que sujeira... — Limpou a boca da menina com a própria mão e a mesma deu uma gargalhada feliz — Como vai minha princesa? — Deu um beijo leve na bochecha gordinha.

—Ela não quer comer nada que eu faço — A ruiva falou de uma maneira preocupada e o Shinigami a olhou bem, pela primeira vez na noite.

A única coisa que venho na cabeça do moreno foi o quanto a esposa ficava cada dia mais linda, independente do tempo que passara e de tudo que já viveram naqueles quatorze anos. Ele se abaixou e deu um beijo nos lábios carnudos, fazendo Jade dar um sorriso bonito para o marido.

—A babá saiu que horas? — Perguntou para a esposa enquanto colocava a menininha novamente na sua cadeira.

—A hora que eu cheguei do trabalho — Respondeu, mexendo na papinha que se encontrava em um potinho.

—Vai trocar de roupa, amor — Observou que a mulher ainda usava a roupa desconfortável do trabalho e acariciou os cabelos ruivos — Eu tento fazer ela comer...

—Quero só ver — Jade sorriu e levantou — Já volto...

—Certo — Sentou no lugar onde a mulher estava — Vamos lá, Valerie, colabore com o papai!

Tentou dar três vezes a comida para a menina, que só aceitou comer na quarta vez que lhe foi oferecido.

—Eu sou muito bom — Falou para si mesmo, vendo a menina engolir a comida e percebendo que Jade já se aproximava com um vestido leve e branco — Viu isto?

—Vi sim — Ela riu e o abraçou por traz — Acho que ela não vai com a minha cara, isto sim!

—Claro que ela vai com a sua cara, ela ama você! — Olhou para a filha que olhava para Jade feliz, quase falando “mamãe” — Ela quase fala “mãe”, mas falar “pai” nada!

—Pare de ser ciumento — Sentou-se no colo do marido, ambos fitando a menininha — Como foi seu dia?

—Estressante — Revirou os olhos.

—O que ouve? — Perguntou, arrumando o cabelo dele, que pela primeira vez em muito tempo estava desarrumado.

—Kyle... — Apertou as têmporas e a ruiva o olhou surpresa, prestando atenção — É incrível como ele puxou a sua personalidade!

—Não venha me culpar — Levantou-se e foi arrumar os pratos na mesa — O que ele fez desta vez?

— O mesmo de sempre, brigas e mais brigas...

—Já tentei conversar com ele sobre isto — O olhou — Você já tentou?

—É claro... — Riu — Mas como eu disse, o lado Rubby dele fala mais alto que o lado Death!

—Cala a boca — Gargalhou e jogou um pano na cara do marido — Veja pelo lado bom, Rubby’s amadurecem muito com o tempo... Ou seja, esta fase logo vai passar!

—Você protege muito ele — Chamou sua atenção.

—Protejo os quatro — O olhou com uma sobrancelha arqueada — Não tenho culpa se o Kyle é o único que venho com a minha personalidade!

—Eu sei, eu sei — Levantou as mãos e a olhou bem — Agora venha aqui no meu colo, você está muito gostosa com este vestido!

—Não adianta vir puxar meu saco, lagartixa idiota! — Riu e o provocou dando uma rebolada rápida na sua frente.

—Quem disse que estou puxando o seu saco? — A puxou para seu colo e começou a beijar pescoço da amada.

—Kid, as crianças — Ela tentou dizer, fechando os olhos lentamente.

—Elas não chegaram ainda — Falou aos sussurros, virando a mulher para encara-lo.

—A Val... — Apontou para a meninha que brincava com o próprio prato de comida.

—Amor, ela só tem dois anos — Riu — Vai achar que estamos nos abraçando — Sorriu malicioso.

—Não, nem pensar — Sentiu ele erguendo sua saia — Pare — Ela riu nervosa, olhando para a entrada da cozinha.

—Vai ser rápido — Insistiu e a colocou bem no meio do volume em suas calças e a beijou ferozmente, apertando com intensidade todo o corpo da esposa, que se rendeu ao desejo — Estou morrendo de saudades da minha mulher — E continuaram a se tocar daquela forma íntima e quente que tanto amavam.

—G-ham... — Ouviram entre o beijo, ignorando — G-ham... — Ignoraram novamente.

—Pai... Mãe... — Ouviram a voz perplexa e conhecida, arregalando os olhos — Por que não fazem isto no quarto?

Olharam lentamente para onde viera o som, as três figuras surpresas na porta da cozinha fizeram Jade levantar do colo do marido mais que rapidamente. A menina ruiva tampava os olhos do irmão menor, que estava confuso, enquanto o mais velho segurava um riso com os braços cruzados.

—Por que não avisaram quando chegaram? — Foi a única coisa que o Shinigami conseguiu falar.

—Eu avisei — O mais velho falou, seus cabelos negros já tinham metade das listras de Shinigami na cabeça — Mas vocês não devem ter ouvido...

—Kyle — Jade o olhou — Ai da próxima vez você grita mais alto até eu ou seu pai responder!

—Desculpa, mãe — Gargalhou — Prometo que faço isto da próxima vez.

—E Jane... — Olhou para a ruiva que usava um uniforme perfeitamente simétrico e ajustado — Tate viu algo?

Ela olhou para o irmão mais novo, de aproximadamente sete anos, que ainda estava confuso com tudo aquilo.

—Acredito que não, mamãe — Deu uma pequena risada e andou rápido até os pais, dando um beijo em cada um e tentando ignorar o que tinha acontecido, o que fez o casal ficar de certa forma aliviado, pois o ato da filha fez o clima tenso se espatifar e fazer todos sentarem na mesa para jantar.

O Shinigami sentou na cadeira da ponta como de costume e começou a observar toda sua família. O clima finalmente estava calmo, os filhos davam risada de algo que tinha acontecido na escola e Jade ria junto.

De repente ele começou a repensar em todos os momentos que já viveu com aquela linda mulher, lembrou-se de cada momento e do dia que se conheceram. Involuntariamente sua mão foi até a coxa da mulher, por baixo da mesa, chamando sua atenção.

—O que foi, pervertido? — Ela lhe deu um sorriso de canto e isto lhe trouxe ainda mais nostalgia — Acha que está pegando no braço de um ovo de Kishin?

—É — Sorriu com os dentes — Não está parecendo um braço...

—Vou me vingar por ter se abusado de mim — Deu uma piscadela e ele ficou chocado com a memória incrível de sua esposa, pelo menos sobre o dia em que se conheceram naquele beco escuro, há vários anos atrás.

Terminaram de jantar e ele ajudou a esposa na louça, levou os filhos mais novos para dormir, mas não antes de dar uma lição de moral no filho mais velho sobre o incidente de mais tarde na Shibusen. Entrou no quarto do casal e se deparou com a mulher passando creme no corpo que continuava esbelto.

—Tudo certo? — Levantou os olhos para o marido, que tirava a camisa e se jogava na cama, ao lado da mulher.

—Tudo — Olhou para ela com apenas um olho — Já vai dormir?

Ela lhe deu um sorriso e terminou de passar o creme nas pernas rapidamente, o homem fitando as aquelas pernas delgadas como um felino observando a presa.

—Não sei — Continuou, deitando-se em cima dele — Você já quer dormir? — Tirou o cinto da calça social do marido.

—Não mesmo — Ele trocou suas posições rapidamente e agora estava por cima de Jade, segurando os pulsos finos da mesma.

—O que foi aquilo no jantar? — Perguntou, sorridente.

—Só lembrei-me da minha missão — Frisou e ela revirou os olhos.

—Como você é chato! — Lhe deu um beijo rápido — Também estava me lembrando disto dias atrás...

—Quem diria que aquela louca ia ser minha esposa! — Negou com a cabeça, segurando a risada — E pior... Eu ia ter quatro filhos com ela!

—Por você a gente teria oito filhos que eu sei — Gargalharam juntos — Seu bobo.

Param de rir e ficaram se medindo com o sorriso fechado, ele desceu e recostou sua testa na dela, de um jeito carinhoso.

—Como você faz isto? — A olhou bem nos olhos — O que você tem para eu te amar mais a cada dia?

Ela mostrou o sorriso brilhante que ele tanto amava e percebeu que as bochechas da amada ficaram rosadas.

—Eu ia te fazer a mesma pergunta... — E deu um beijo na testa dela.

—Eu te amo — Falaram em uníssono e não deixaram de dar mais uma risada. Eles voltaram a se beijar e quando ele puxou a camisola da mulher para cima, pronto para dar o bote... Um choro de bebê foi ouvido por toda a mansão!

Eles se fitaram novamente, desta vez sérios e Kid negou com a cabeça.

—Eu vou! — Levantou-se e olhou para a mulher, ainda deitada na cama — Mas pode ter certeza que eu volto, e rápido — A olhou malicioso e saiu do quarto às pressas.

Assim, ela não pode deixar de gargalhar mais uma vez e perceber naquele instante o quanto sua vida se tornou feliz, o quanto estava realizada.

—Nosso amor é como um fogo — Falou sozinha, olhando para o teto do quarto — Um Fogo perfeitamente Simétrico! — Sorriu abertamente e fechou os olhos, esperando ele voltar e a beijar apaixonadamente.

Ah... Como ela o amava!

Fim