Capitulo 14

*Cadeira Elétrica*

Ela ainda vestia a mesma roupa de mais cedo, porém a blusa de baixo da jaqueta havia sido trocada, a maquiagem do olho estava levemente borrada, o que a fazia ter uma aparência doentia e ao mesmo tempo sensual, o cabelo estava bagunçado, porém continuavam bonitos e os lábios estavam mais vermelhos que sangue. Os olhos estavam ainda mais dourados, como o de um lobo pronto para matar a presa, estralou os dedos e lambeu os lábios enquanto descia ao subsolo. Pegou a carteira de cigarro do bolso junto do esqueiro e acendeu um, colocando imediatamente na boca.
–Onde está a vadia? - Perguntou assim que entrou pela porta de ferro.
–Já está pronta, lá dentro - O irmão indicou a sala de vidro à frente de todos. Era uma mulher de cabelos verdes, olhos azuis e com várias tatuagens.
–Beleza... - Falou por fim, assoprando a fumaça e enfiando a cigarro novamente na boca. Entrou no lugar, ali de dentro não era possível ver nada, apenas os espelhos nas quatro paredes.
–Que honra, a famosa modelo riquinha de Londres, vai fazer uma matéria minha? - Perguntou a mulher com um sorriso debochado, a ruiva deu uma gargalhada.
–Ninguém iria se interessar em uma entrevista de baixo nível como a sua, querida... - Respondeu indo até uma mesa e pegando alguns intrumentos.
–Bem que me falaram que seu nariz empinado irrita! - Falou bufando e a ruiva deu mais uma rizada, dando uma boa tragada no cigarro.
–Seu nome é... - Disse enquanto olhava uns papeis - Beggy?
–Sim... - Afirmou com uma caranga, tentando se soltar da correntes.
–Muito bem... - Jade começou, arrastando uma cadeira até a frente da bruxa - Façamos assim, a cada resposta certa, você não tem um dedo arrancado! - Mostrou o alicate em mãos e sorriu. A mulher apenas bufou, desviando o olhar - Ah e é claro... Lembremos que está sentada em uma cadeira elétrica, caso queira fazer alguma gracinha! Mas...Também, se quiser ficar com seus dedos, tenho um chicote de pregos, um garrote, facas, tesouras, uma aranha espanhola, tean zus, forquilha do herege e até mesmo... - Ela mostrou um capacete - Uma mascara da infâmia, mas esse eu não vou usar em você, porque ele tem pregos que perfuram a língua e... Queremos que você fale, não é?
–Por que eu iria falar? - Riu a bruxa - Vou morrer de qualquer jeito!
Tudo se silenciou, pois no fundo era verdade, Jade engoliu em seco e sorriu.
–Errado... - Começou - Se falar tudo que precisamos, você será solta! - Mentiu - É uma promessa!
Ali no outro lado da parede Tyler deu uma risada.
–Uma ótima mentirosa... - Disse para ele mesmo.
–Certo... - A bruxa falou, ainda meio desconfiada - E como você vai saber se estou falando a verdade?
–Digamos que sou ótima em identificar mentirosos, o jeito que eles olham para mim é diferente! Em outra vida eu devia ser um cachorro, eles são bons nisso... - Respondeu simplesmente - Primeira pergunta... Motivo disso tudo, por favor?
–Dessa guerra? - Beggy riu - Não é óbvio? Não conseguimos destruir a shibusen com o Kishin, o próximo plano foi o começo de tudo, Reino Unido! Aqui existem shokunins fortíssimos, se acabarmos com eles será um problema a menos, para ajudar seu papai pediu ajuda à shibusen, o idiota do Shinigami-sama mandou seu melhor grupo, se matarmos eles será ainda mais fácil!
–Acha mesmo que vão conseguir mata-los? Saia menos da casinha, por favor! - Riu a ruiva.
–Rubby... Não ache que é imortal, você é apenas uma mulher forte que nasceu em berço de ouro!
–Tem razão - A ruiva sorriu - Não sou imortal, mas sou a própria imagem dos anjos, isso já se torna algo que supera meu ego. Agora próxima pergunta... Próximo ataque?
–Com certeza será depois das festas, ficamos mais fortes com os rituais! Mas isso seria dito no dia de ano novo... Não sei informar corretamente!
–Okay... Quem está no comando disso?
A bruxa calou-se e engoliu em seco, desviando o olhar.
–Não sei, só recebo ordens...
–Mentira! - A ruiva falou grossa, agora com uma expressão séria.
–Eu não sei! - Gritou a bruxa.
–Sabe sim! - Jade se levantou e puxou os cabelos verdes, fazendo a mulher olhar nos seus olhos -Quem está na porra do comando?
–Vai para o inferno! - A esverdeada cuspiu as palavras, Jade apertou ainda mais a mão nos fios verdes e com a outra mão pegou uma lâmina no bolso.
–Eu já estou em um inferno a muito tempo sua piranha! - Disse a ruiva que assim que levantou a mulher até sua altura enfiou o objeto no olho da mulher, o jato de sangue foi direto para o rosto da ruiva que pouco se importou, arrancando a lâmina do olho da mulher que gritava loucamente de dor - Não vai conseguir usar sua magia aqui, então é melhor contar tudo, se não eu te mato! - E jogou a mulher na cadeira novamente.
–É um grupo de pessoas, eu realmente não sei quem... - Tentou explicar antes de receber o cigarro no ombro, a queimando com tamanha força - VITANY! - Disse em um grito protestante.
–Agora sim, boa garota! - Jade sorriu - Vitany do que?
–Vitany Margor, a bruxa da neve! - Disse com o rosto molhado de sangue e lágrimas.
–Ótimo... Agora quero saber onde fica a central disso tudo!
A bruxa desviou o olhar do único olho que lhe restava, não podia falar aquilo, em hipotese alguma.
–Para sua informação - A mulher de madeixas vermelhas começou, jogando o resto do cigarro em um lixo qualquer - Eu já sei onde é a central, só preciso que confirme! Então não adianta fazer essa expressão barata de "eu não sei de nada!".
–Duvido que saiba mesmo onde fica, Rubby! - A bruxa resmungou.
–Verona? - Jade perguntou sorrindo, Beggy estanhou o olho e a olhou surpresa, aquilo era confidencial e secreto, era impossível Jade ou qualquer um descobrir!
–Como você... - Ela não conseguiu terminar, estava extremamente confusa.
–Tenho meus contatos! - Jade sorriu - Obrigada, agora eu vou indo... - Ela se levantou e espreguiçou os braços - Pensei que seria mais difícil...
–NÃO VIRE AS COSTAS PARA MIM! EU TE FIZ UMA PERGUNTA!-Gritou a bruxa tomada pela raiva.
–Quanta violência - A ruiva riu, olhando-a de soslaio.
–QUEM TE FALOU? - Rugiu a esverdeada.
–Não te interessa... - E Jade se dirigiu para a porta.
–Você... - A bruxa riu e deixou a cabeça cair em completo desgosto, Jade parou e esperou ela continuar, queria ter algum motivo para mata-la e estava sentindo que aquele motivo logo viria - Você... Como consegue continuar de pé? Com essa pose falsa?
–Do que está falando? - Jade perguntou, ainda parada.
–Você não tem dignidade alguma, você é nada! Perdeu o próprio filho por puro luxo... Ainda considera-se uma mulher?
–Cala a boca... - Estremeceu Jade, podiam xinga-la, menos preza-la, menos falarem do seu filho.
–Todos os homens que teve, perdeu da maneira mais horrível, deve ser por isso que...
–Cala a boca... - A ruiva fechou os olhos e tampou os ouvidos com força, os orbes ardendo.
–Deve ser por isso que sua vida é um lixo e que... Nunca irá realizar seus sonhos! Você é só mais uma que... Tem medo de si mesma!
–EU JÁ DISSE PARA CALAR A BOCA! - A ruiva gritou com tamanha raiva, Maka logo viu a alma da mulher.
–Ela está... - A loira disse - Fora de controle...
Kid apenas olhava tudo com os dentes já trincados, os punhos cerrados e o coração a mil. A meses não sentia tanta raiva.
–Deixe-a - O pai da moça falou, apenas observando.
Ainda lá dentro Jade se via grudada na mesma posição, porém seu ódio era visto de longe.
–Disse alguma mentira, Rubby? - A bruxa sorriu.
Jade silenciou e olhou para o teto, deu um sorriso de canto e uma pequena risada, negando com a cabeça.
–Não! - A ruiva falou, virando-se para a bruxa com uma expressão assustadora - Você só disse a mais pura verdade... - Disse se aproximando até ficar cara a cara com Beggy - Acontece que eu sou péssima em ouvir a verdade - Falou por fim agarrando o pescoço da mulher com as unhas pontudas. Arrancou a mulher da cadeira e a jogou na parede mais próxima.
A mulher escorregou para o chão, a ruiva correu até a mulher a chutou intermináveis vezes, antes de pegar uma faca qualquer e começar a cortar a esverdeada que gritava agoniada.
–Repete agora sua vadia! -Gritou a ruiva para a mulher enquanto cortava seus lábios.
–Você disse que não iria me matar! - Falou aos prantos.
–Até pensaria no caso se você não fosse uma ordinária! - E por fim a ruiva jogou a mulher novamente na cadeira, amarrou os pulsos e pernas da esverdeada e tampou sua boca com uma bano sujo. Encheu a mulher de grampos rapidamente e levantou todos os botões da caixa de metal. Sorriu para si mesma e deu um tchauzinho para a bruxa que gritava desesperada, tentando sair da cadeira sem sucesso.
A ruiva apertou no botão vermelho e a mulher começou a tremer loucamente enquanto gritava e esperneava. Tinha colocado na potencia máxima, porém não seria suficiente para mata-la. Pensando assim, Jade foi até a torneira calmamente, pegou um copo de metal e encheu de água enquanto a bruxa ainda gritava. A Rubby voltou até a frente de Beggy e sorriu insanamente, olhou bem para o único olho que, agora, a bruxa tinha, estava molhado e totalmente branco graças ao choque que estava sofrendo. Assim, sem nenhuma explicação, a ruiva jogou a água na mulher, fazendo o peito da mesma curvar uma última vez, ela tentou respirar, porém não obteve sucesso.
A ruiva apertou as têmporas e respirou fundo, fez aquela cena idiota na frente de um monte de gente e estava se sentindo péssima, estava quase chorando na frente "dele". Jakes abriu a porta e fitou a irmã, com medo de falar alguma coisa. Ela virou-se de cabeça abaixada em direção a saída e correu, correu como se ninguém estivesse ali, como se ela fosse invisível.
–Jade... - Tyler tentou chama-la, porém ela apenas o ignorou, saindo da sala.
–Deixe ela! - Disse James, se virando para todos.
–Como assim deixar ela? - O shinigami perguntou, ainda atônito. Todos o fitaram de boca aberta. E sem dizer mais uma palavra ele se levantou com certa raiva e correu em direção a porta.
–É sério que ele vai atrás dela? - Perguntou Jasper - Ele quer morrer?
–Ele age muito por impulso... - Soul explicou - E por simetria...
–Vai ser bom pra eles... - Moka intervenho - Afinal, eles precisam conversar civilizadamente pelo menos uma vez na vida!
–Besteira... - Bufou Tyler, revirando os olhos.
–Vamos subir e deixar aqueles dois quietos... Se alguém morrer, já saberemos o motivo e o culpado! - Ian disse, abraçando a azulada.
***

Continua...