Jack Frost

Jack deveria ser o único que não estava assim tão preocupado com Gothel. Os outros seguiam a bruxa como se estivessem a ponto de um colapso nervoso. A loira, Rapunzel, enrolava uma longa mecha de cabelo nos dedos e sussurrava algumas coisas estranhas... Merida andava com os olhos fechados e o lufano, Soluço, roía todas as unhas que conseguia.

Mas Jack estava acostumado com suspenções. Pode parecer que a subdiretora vai expusá-los mas ela não faria isso. Nunca fazem! A não ser, é claro, em casos extremos como magia negra e essas coisas de bruxos das trevas.

Ela segurava a varinha, iluminando o corredor com uma luz azul que saía da ponta do objeto. Jack se perguntou onde estava o barril de cerveja... Será que deixaram-no lá?

- Eu gostaria de lembrar - disse Gothel, abrindo a porta de sua sala - que beber cerveja é contra as regras da escola, a não ser sob a autorização de um professor, e caminhar pelos corredores é igualmente proibido!

Ela entra na sala e os quatro a seguem. Era bem espaçosa... Cheia de livros e algumas poções. Jack fica observando alguns morcegos e aranhas mortos e decepados, um pouco assustado. E resolve apenas observar o caldeirão negro no centro da sala.

Gothel se senta atrás de sua mesa. O quatro de pé, à frente dela.

- Vocês tem noção que quebraram duas regras da escola na mesma noite?

Todos fazem que sim com a cabeça.

O pior é que nem deu para beber a cerveja...

- Vou puni-los com um pequeno favor que preciso que façam para mim - ela prossegue - o Guardião da escola irá leva-los até a Floresta...

- Quer dizer, a Floresta Proibida? - pergunta Merida - mas não podemos entrar lá...

- Assim como não podiam beber no Corujal à noite, mas o fizeram! - retruca Gothel severamente - vocês estraram nos domínios da Floresta e trarão para mim uma coisa que perdi lá.

- O que é? - pergunta Soluço.

- Um amuleto. Um colar. A pedra é negra mas brilha numa luz vermelha quando este anel se aproxima - Gothel tira um anel de rubi vermelho do dedo e estende para Jack.

Jack olha para o anel e hesita antes de pegá-lo. Boa coisa aquilo não era.

Eles nem notaram que o guardião, Argo, já estava ali. Aguardando Gothel terminar suas ordens. Ela olha para os quatro e então encosta em sua cadeira.

- Retornem o mais cedo que puderem.

Os quatro já iam saindo quando ela os chamou novamente. Jack se vira assim como os outros. A subdiretora esbanje um sorriso cruel antes de dizer:

- Menos 50 pontos para cada uma das Casas.

Todos gemem. Rapunzel parecia a ponto de arrancar os próprios cabelos, ou se jogar da Torre de Astronomia. Mas não poderia fazê-lo pois Argos puxou todos os quatro, como se fossem filhotes de vira-lata.

Eles seguem Argos para fora da escola. Atravessando os jardins escuros, exceto pela lanterna que o Guardião carregava.

- Isso é tudo culpa sua - diz Jack para Soluço.

- Minha? Nada disso. É culpa de Pennelope... Isso foi tudo ideia dela.

- Por falar nisso - diz Rapunzel - onde está Penny?

- Doente - o lufano responde com um suspiro - queimando em febre. Acho que teve mais sorte do que nós...

- Certamente - diz Merida Dunbronch, quase matando todos eles com um "Avada Kedava" - não deveríamos ter vindo. Que coisa mais sem noção...

- Então por que você veio? - Jack pergunta com uma sobrancelha arqueada.

- Fui desafiada, oras! Nunca se pode desafiar uma Dunbronch como eu.

Jack dá uma risada.

- Típico dos Grifinórios - comenta consigo mesmo.

- Ora nem vamos falar o que é típico dos Sonserinos...

- Vamos parar! - exclama Rapunzel. Todos olham para ela. Então suas bochechas coram com todos os olhares em sua direção. - essa discussão não vai nos tirar do castigo...

- E que diabo de castigo é esse? - pergunta Soluço - procurar amuletos na Floresta Proibida não me parece algo muito acadêmico...

- E não é! - diz Jack - é um castigo, não deve ter nada de "acadêmico".

- Eu concordo com o Suspiro... - diz Merida.

- Soluço.

- Tanto faz. Isso está realmente esquisito! Nenhuma professora nos mandaria fazer favores para ela naquele lugar...

- A McGonagall não é uma professora qualquer - Rapunzel os lembra.

Então eles param. Já estavam dentro da Floresta e sequer perceberam. A escuridão tomando conta de tudo, fazendo a lanterna de Argos parecer apenas um vagalume. As árvores tortas e antigas fazendo rangidos por conta do vento. Um silêncio mortal exceto por esse som... e da coruja.

- Vocês vão se dividir em grupos - diz Argos - Grifinória e Sonserina. Lufa-Lufa e Corvinal.

Jack bate os pés. Não estava suportando nem dois segundos com a DunBronch... muito menos caçar pedrinhas por aí com ela. Aquilo seria irritante.

- Mas o anel só está com Jack - retruca Rapunzel. Mas Argos apenas dá de ombros.

- Se virem - é o que ele diz.

Merida e Jack saem relutantes para o lado esquerdo da floresta. Iluminando o caminho sombrio com o Lummus de suas varinhas.

.

Rapunzel

Ela e Soluço se retiraram para o lado direito. Ela tirou a varinha do bolso e sussurrou "Lummus", enquanto caminhavam silenciosamente pela escura floresta.

- Rapunzel, não é? - pergunta Soluço ao seu lado.

Ela faz que sim. Ainda assustada com a Floresta Proibida. O local mais perigoso de Hogwarts... especialmente de noite, e aquela hora.

- Eu acho que já te conheço - ele continua.

Rapunzel assente.

- Já nos vimos pelos corredores... E na aula de ontem.

- Verdade. Mas... no Primeiro Ano você... você...

Rapunzel se atreve a olhar para ele. Se não fosse a luz da varinha ela nem imaginaria que ele estava tão vermelho. Achou fofinho, mas tenta não sorrir para não deixa-lo mais envergonhado. Então apenas espera.

- Você estava me observando - ele diz - quando eu... no... quando... quando eu fui selecionado...

Rapunzel lembra-se. Ora, foi no dia que ela mesma também foi selecionada. Ela já sabia que iria para a Corvinal. Toda sua família foi. É comum que algumas famílias sejam puramente Grifinória, ou puramente Sonserinas. Mas não totalmente Corvinais e Lufanas. Aquilo foi... um caso especial.

É denominado pelo sangue dela. Ela se lembra de ouvir o Chapéu Seleteor chamando-a de "Herdeira".

- Eu achei rápido demais - ela responde para Soluço - você foi selecionado de forma muito rápida. Como eu. E, pelo o que percebi, como Jack e Merida.

- Mas... e daí?

- Toda sua família é Lufana? - ela pergunta, desconfiada.

- Não sei. Minha mãe era. Mas toda a família dela morreu. Só sou eu e meu pai.

- Ele é trouxa?

Soluço faz que sim. Rapunzel decide não tocar mais no assunto. Mestiços e Nascidos-Trouxas eram bem comuns em Hogwarts. Mas isso não os impedia de sofrer preconceito das famílias sangue-puro, como a dela.

Soluço cai. Deve ter tropeçado em alguma coisa. Rapunzel o ajuda a se levantar, então aproxima a varinha da estranha pedra na qual ele tropeçara: uma pedra negra, suspensa por uma corrente. Um colar.

- É ele - ela exclama - o colar de McGonagall.

Soluço pega pedra.

- Vamos chamar os outros.

Então um grito é escutado.