Lúcio

Imagine a pior viagem de montanha-russa pela qual já passou, agora aumente isso em dez vezes, era mais ou menos assim a passagem pelo espelho. No começo era como estar no em um rio com a correnteza me puxava levemente, me perguntei se não acabaria morrendo afogado, mas de algum jeito eu não tinha problemas em respirar. Comecei a me perguntar se tinha de nadar quando senti a correnteza puxar mais forte e de repente se tornou tão forte quanto um redemoinho, logo não consegui ver mais nada, mas eu não precisava ver, sentia muito bem a força do redemoinho e parecia querer separar meus membros.

Quando quase já não aguentava mais a pressão senti como se eu tivesse sido lançado para frente e aterrissei em um tipo de piscina. Ela era curva em volta de uma pequena passagem de água que ficava a cinco metros acima da piscina, a passagem parecia muito pequena para uma pessoa passar por ela, mas enquanto eu olhava para ela o fluxo de água aumentou e vi alguém passar por ele. Era Percy, fiquei feliz em vê-lo, mas eu teria ficado mais feliz se ele não tivesse caído bem em cima de mim, mas por sorte ele se levantou rapidamente e me ajudou a levantar.

— Cara, me desculpe, não queria cair em cima de você — Ele disse apressadamente em quanto me ajudava a ficar de pé.

— Sem problemas — Disse cuspindo um pouco de água — Mas acho que você me deve alguns ossos novos, estou vendo que é verdade o que disse sobre a água te curar, você está bem melhor.

Era verdade, a maioria dos cortes que ele tinha haviam se fechado e quase desaparecido.

— Te arranjo uns ossos novos, mas primeiro vamos achar as garotas — Percy disse e assenti em resposta enquanto saímos da piscina.

Eu torcia para que saíssemos bem encima das garotas, se bem que passar pela vergonha da piscina na frente da Liz não seria legal, mas onde saímos não havia nem sinal das delas.

— Não entendo — Disse Percy — Onde estão as garotas, aquela coisa não devia nos levar direto para elas?

— Eu não sei cara — Respondi — Mas voltar não é opção, só temos que saber que caminho escolher...

Como se respondendo à minha fala vi uma luz alaranjada vindo da esquerda, não havia qualquer outra pista então tínhamos de segui-la.

— Ali Percy — Eu disse — Na direção da luz.

— Isso soa estranho — Ele murmurou enquanto começávamos a correr.

Quando chegamos próximos a luz vimos que vinha de um círculo de fogo e por trás do círculo lá estava ela, Liz, linda e incrível como sempre, usando o círculo como escudo e espantando as dracaenae de um lado enquanto uma garota loira, provavelmente Annabeth, as atacava do outro lado.

— ELIZABETH — Eu gritei correndo na direção dela, mas me arrependi muito disso, pois quando ela me viu o escudo de fogo dela caiu por um segundo, mas um segundo que poderia custar a vida dela, uma dracaenae estava perto dela e quando o escudo caiu ela pulou pra cima de Elizabeth, mas por sorte Annabeth previra isso, e antes da dracaenae alcança-la Annabeth cortou-a no meio.

— Lúcio, vamos nos dividir — Percy falou rapidamente — Vai pela esquerda e eu pela direita, vamos tirar a atenção de cima das garotas e dividir as dracaenae.

Fiz isso imediatamente, era incrível como Percy podia ser tanto lerdo como eficiente. A estratégia dele mostrou resultado de cara, as dracaenae, que eram cerca de uma dúzia, voltaram imediatamente a atenção para nós e deixaram as garotas em paz.

Cortar as mulheres-serpente-mutante não era tão difícil, até porque essas não usavam armadura nenhuma. Foi rápido, comigo e Percy as cortando pelos flancos e com as garotas acabando com elas do meio, logo não sobrou nenhuma dracaenae pra contar a história.

Quando tudo acabou eu guardei a espada e fiquei olhando para Elizabeth e ela para mim, tanto tempo parecia ter passado e agora estávamos a alguns metros um do outro, eu olhava bem para os olhos dela e sabia que ela se perguntava o mesmo que eu, se passar uma cena muito emotiva na frente dos nossos novos amigos seria muito vergonhoso, então ela sorriu pra mim como se dissesse “quem se importa”. Então eu corri pra ela, e logo estávamos um nos braços do outro, parecia que não a abraçava há anos, ela estava tão suja quanto eu, mas isso nada importava, estávamos juntos novamente.

— Ah, Elizabeth, tinha tanto medo de nunca mais te ver — Eu disse.

— Eu também — Ela respondeu.

— Nunca mais faça isso comigo, por favor — Eu disse enquanto olhava dentro dos olhos dela, por algum motivo eu nunca soube dizer de que cor eram.

— Prometo — Ela disse com um sorriso alegre, então ela se aproximou mais e falou bem no ouvido — Eu te amo.

Com aquilo demos um grande beijo, minha vontade era que aquilo durasse para sempre, mas ainda estávamos em perigo, e agora mais do que nunca precisávamos tomar cuidado. Elizabeth se tocou disso antes e com carinho empurrou meu peito e disse:

— Agora não, mais tarde.

— Você tem razão, agora onde estão o Percy e Annabeth?

De repente eles apareceram de trás de uma coluna, e a cara de bobo do Percy já declarava que eles estavam numa cena bem parecida com a nossa.

— Ehh, bem, você deve se chamar Lúcio — Disse Annabeth enquanto nos cumprimentávamos — Elizabeth me falou de você e aquele cara de capuz também.

— É um prazer te conhecer Annabeth — Eu disse — Só queria que fosse em circunstâncias mais felizes, mas muito obrigado por ajudar Elizabeth.

— E eu agradeço por ajudar Percy, sem querer ser mal-educada, mas acho melhor acharmos uma saída, afinal ainda estamos correndo risco.

— Ehh, alguém sabe para onde ir? — Percy perguntou — Porque só tem duas direções a de onde viemos e de onde as garotas vieram, não é?

— Você tem razão meio-sangue — Disse uma voz — Deixem-me mostrar o caminho.

De repente o chão desapareceu e estávamos caindo na escuridão, caindo e caindo e assim continuou por um bom tempo, minha noção de espaço não é boa, mas eu podia assegurar que pelo tempo que caímos devíamos ter virado mingau no chão, mas quando atingimos o chão foi como uma simples queda, sem nenhum osso quebrado, não que eu estivesse reclamando.

— Todo mundo bem? — Eu perguntei.

— Sim — Elizabeth disse — Mas o que que foi isso?

— Mais uma das armadilhas idiotas desse lugar — Percy respondeu aborrecido — Estou cansado disso.

— Vocês deveriam olhar para cima — Annabeth disse.

Então quando olhei para cima e vi o céu de noite perpetua daquele lugar, aberto acima de nós, estávamos em um tipo de arena de centenas de metros com várias rochas e colunas enormes espalhadas nela, mas a arena devia estar na parte superior do castelo, literalmente nossa queda nos levou para cima, acho que isso deixaria muitos físicos doidos.

— Okay — Disse Elizabeth — Alguém pode apresentar a física a este lugar?

— Eu ficaria feliz com isso — Disse Percy então pareceu se surpreender com o que havia dito.

Então ouvi o som de palmas vindo de um dos lados da arena, em uma plataforma como aquelas que os imperadores ficavam quando iam ao coliseu estava o cara de capuz nos aplaudindo sarcasticamente.

— Parabéns, parabéns — Ele disse levantando as mãos euforicamente — Nunca imaginei que vocês chegariam tão longe, destruir um acampamento inundado de monstros, resistir ao castelo, fugir das correntes enfeitiçadas e derrotar uma gárgula maligna, tudo isso em apenas uma noite, devo parabeniza-los heróis, mas sinto em dizer que sua trilha de sucessos termina aqui, esta arena será seu tumulo.

— Derrotamos seus monstros, passamos pelas suas armadilhas, estamos todos juntos e agora vamos te ensinar umas lições de como tratar visitas — Eu disse, mas como sempre minhas ameaças eram muito infantis e sem graça.

— Caham, Lúcio essa não deu certo — Elizabeth disse — Como sempre aliás.

— POR QUE? - Annabeth gritou de repente em direção ao inimigo — Por que nos trouxe aqui? E não venha com aquela explicação vaga, nós merecemos a verdade.

— O que? — Percy perguntou — Como assim Annabeth?

— É assim — Elizabeth começou a falar — Quando pudemos eu e Annabeth conversamos e chegamos à conclusão de que a explicação que ele deu não tinha sentido.

O cara de capuz começou a rir de repente e disse:

— Muito bem filha de Atena, sem dúvida a sua esperteza é tão grande quanto dizem, mas minhas intenções vocês não vão saber, já serviram ao meu propósito, e agora estou dispensando vocês.

Então monstros saíram de trás das colunas e rochas da arena, outros ainda brotaram das rochas. Sem dó nem piedade estavam nos cercando e prontos para nos estraçalhar bem no meio daquela arena.